Análise do Draft 2016 – Parte 1

Depois não rolar em 2015, voltamos com a nossa gloriosa análise do Draft no Bola Presa! Para quem não conhece, funciona assim: analisamos, time a time, todas as escolhas feitas durante a última seleção de novatos da NBA. Tentamos ir além da mera nota, do “foi bom” ou “foi ruim” e falamos um pouco da história da escolha e as características técnicas de cada atleta.

Os selos de qualidade, uma marca registrada dessa análise, já referenciaram mulheres, números, Michael Jackson, memes da internetsseleções brasileiras em Copas do MundoRedes Sociais e até manifestações de rua. Na última edição, em 2014, falamos do glorioso ludopédio. Neste ano, sempre inspirados pelo assunto-do-momento, nossos selos são inspirados em Game of Thrones. Mas com um mero detalhe: NUNCA VI ESSA MERDA! Então é tudo sob a visão de alguém que só sabe o que está acontecendo pelo o que vê pipocando na rede mundial de computadores e pelas conversas da primeira-dama do blog. Pessoas de bom coração, as que assistiram o Jogo 7 ao invés de seriado de mentirinha no último domingo, compartilham comigo a ignorância.

Outra coisa importante para lembrar nessa análise do Draft: tudo pode estar errado! É Draft, amigos. São times tentando prever como adolescentes vão se portar profissionalmente pelos próximos dez anos. Achamos uma coisa, acontece outra. Sempre foi assim, sempre será, mas isso não nos impede de analisar a percepção que temos de cada decisão hoje. Vamos aos selos!

Daernerys

A loirinha do dragão – Ela está em toda matéria que fala da série! É bonita, mata geral, manda no mundo e TEM DRAGÕES. Se um dia for assistir esse negócio, será por ela.  Selo para os times que tomaram a decisão perfeita!

Jon-Snow

João das Neves – Era o herói. Morreu. Não morreu. Todo mundo agora o chama de bastardo. Não sei o que diabos está acontecendo, mas pelo jeito o mundo gira ao seu redor. Faltam dragões. Selo para os times que acertaram, mas não dá pra ser perfeito se você morreu no meio do caminho.

Hodor

O cara da porta – Nunca tinha ouvido falar, mas de repente a internet estava de luto por sua causa. Não sei se ele era tão importante, mas parece ter feito a coisa certa quando precisou. Selo para os times que fizeram o que dava na hora.

Anão

Anão invocado – Parece ser um cara legal, está toda hora na TV, mas pelo jeito não manda nas bagaça. Selo para os times que não parecem que vão ter sua vida alterada pelo Draft 2016.

Arya

A mina que não tem nome – Não sei se ela não tem nome, se não quer falar o nome ou se chama a si mesma de garota sem nome. Mas se eu vejo alguém assistindo a série, lá está essa guria apanhando, sofrendo, chorando ou apanhando mais um pouco. Selo para os times que apanharam de seus próprios General Managers.


Daernerys

Philadelphia 76ers

Ben Simmons, SF/PF (1); Timothe Luwawu, SG/SF (24); Furkan Korkmaz, SG (26)

Não tem como dar uma nota diferente quando seu time sai com o jogador que é, na opinião de todas as pessoas no planeta Terra, como o melhor jogador disponível neste ano. Ben Simmons é o motivo pelo o qual Sam Hinkie se sacrificou e fez esse time sofrer nos últimos anos: o plano do finado manager era perder o máximo de jogos possível para que o time, eventualmente, tivesse a primeira escolha no Draft e pudesse selecionar um jogador com o potencial de ser um desses caras que alteram o rumo da história de um time. Onde estaria hoje o Cleveland Cavaliers se não fossem os fracassos que levaram ao Draft de LeBron James e Kyrie Irving? Foram derrotas valiosíssimas.

As dúvidas em relação ao sucesso de Ben Simmons não são poucas, porém. Cotado para ser a primeira escolha do Draft desde antes de entrar na faculdade, sua temporada fosse analisada sob um escrutínio pesado. Não há jogador de 19 anos de idade que sobreviva a uma análise minuciosa de seu jogo, os defeitos vão aparecer. No seu caso os alertas vieram para falar sobre o seu arremesso de média e longa distância, que ainda são pouco confiáveis, e sobre sua capacidade de liderança e vontade de crescer. Ao longo de uma péssima temporada de seu time, a LSU, Simmons foi se mostrando cada vez menos interessado e muito frustrado. Enquanto muitos queriam ver fogo nos olhos e um desejo de levar o time nas costas, Simmons foi levando as coisas com a barriga até que seu time sequer se classificasse para o NCAA Tournament.

Coletivamente foi mesmo uma péssima temporada, mas culpa de uma decisão tomada meses antes, a de sequer ir jogar por LSU. Embora seja uma universidade com renome histórico, que já revelou desde Pete Maravich até Shaquille O’Neal, eles não vivem um bom momento hoje. Nos últimos anos saíram de lá apenas os discretos Johnny O’Bryant, Jordan Mickey e Jarrell Martin e, segundo quem acompanha o basquete universitário mais de perto, nenhum deles saiu de lá realmente satisfeito com a organização e com a comissão técnica local. O repórter Aaron Torres, que cobre o assunto para a Fox Sports gringa, disse que o desempenho do técnico Johnny Jones foi, neste último ano, “o pior trabalho já feito por um treinador na história do basquete universitário moderno”.

E por que diabos Ben Simmons foi para a LSU apesar disso tudo? Bom, seu padrinho é assistente de Jones e isso bastou para que ele recusasse ofertas de Kansas, Duke e Kentucky. Acabou sendo uma péssima decisão e ele parecia muito desmotivado no fim da temporada. Apesar das discussões, não foi o bastante para tirar o seu status de melhor jogador do ano. Mesmo num time onde estava cercado de jogadores fracos, num esquema tático confuso e nenhuma confiança, ele teve médias de 19 pontos, 12 rebotes, 5 assistências e 2 roubos de bola por jogo, números ABSURDOS, especialmente para alguém no seu primeiro ano de basquete universitário. Também não podemos esquecer que, vindo da Austrália e sem a carga cultural do basquete universitário americano, é bem compreensível que ele estivesse vendo seu tempo na LSU mais como um passo obrigatório e burocrático do que com aquela gana de disputar um March Madness.

Agora mais interessado e finalmente um profissional, o Philadelphia 76ers pode ver o que se espera de Simmons: um jogador muito alto, de 2,08m, mas com habilidade de driblar, passar e com uma visão de jogo ABSURDA. Impossível não associar de cara com LeBron James, embora a gente ainda tenha que descobrir se ele terá a mesma capacidade de pontuar de LeBron e a mesma consistência do atual MVP das finais para comandar o ritmo de um ataque por jogos e jogos em sequência. Lamar Odom, por exemplo, outra comparação fácil, era mais um armador de ocasião do que alguém que assumisse o comando de um time por jogos inteiros.

O elenco do Sixers ainda é muito confuso, com poucos arremessadores, uns 25 pivôs e pouca experiência, mas a falta de um armador pode ser boa no começo. Pode-se jogar Simmons para comandar o ataque e ver no que dá. A ideia inicial do time era trocar Nerlens Noel ou Jahill Okafor para ter o novato Kris Dunn para comandar o ataque do time, mas não rolou negócio nem com o Boston Celtics nem com o Minnesota Timberwolves.

No fim da primeira rodada, com as escolhas que eles ofereceram a esses times, o Sixers acabou selecionando dois gringos. Primeiro o francês Timothe Luwawu, que parece ter todas as ferramentas para ser o que a NBA convencionou chamar de “3-and-D“, um ala que defende bem e que no outro lado funciona como arremessador de longa distância. Foram honestos 35% de acertou na linha dos 3 pontos na última temporada, mas muitos acreditam que seu arremesso tem potencial para melhorar demais. Joel Embiid também ficou feliz de ter alguém com quem falar francês:

Por fim, o escolhido foi outro ala, o turco Furkan Korkmaz, que estava cotado a ser escolhido até mais 10 posições antes da 26ª posição em diversos mock drafts de especialistas. Provavelmente ele caiu porque deve ser obrigado a ficar na Turquia por mais um ano, mas com ou sem Sam Hinkie, sabemos que o Sixers é o time menos apressado da NBA. Ainda mais se Dario Saric vier este ano, eles não ligam esperar por mais uma temporada. Korkmaz é um arremessador de longa distância que teve espetaculares 42% de acerto de longa distância na sua última temporada. Cercar Simmons com alguém que dizem ser um “pontuador nato” soa uma boa ideia, mas vamos ter que esperar.

Nenhum dos dois parecem ser jogadores que mudam sua vida, mas se acertarem os arremessos que Ben Simmons parece ser bom em criar para seus companheiros, já terão valido a escolha. Talvez o ideal teria sido trocá-los por Kris Dunn, mas a oferta das duas escolhas e mais um de seus jovens pivôs era o máximo que poderiam ter oferecido. Se os outros times não toparam, paciência.


Daernerys

Los Angeles Lakers

Brandon Ingram, SF (2); Ivica Zubac, C (32)

Se tinha um time que não tinha muito como errar, era o LA Lakers. O consenso geral era de que esse Draft tinha dois jogadores muito acima da média, Ben Simmons e Brandon Ingram, cabia ao Sixers escolher seu favorito e deixar o Lakers só pegar o que sobrou. O time ainda levou outros jogadores para treinar, como Buddy Hield, queridinho de Kobe Bryant, mas não me parecia que o General Manager Mitch Kupchak, do jeito que está o time, iria querer inventar muito. Nessas horas é melhor errar junto com todo mundo do que inventar e talvez errar sozinho.

A grande possibilidade do Lakers chocar alguém seria com uma troca. Dizem que aconteceram conversas com o Chicago Bulls envolvendo Jimmy Butler, e no passado apareceram boatos sobre Paul George, mas na hora nada pareceu muito sério e Ingram logo vestiu um belo boné preto do Lakers.

O jogo das comparações é sempre difícil e injusto com esses novatos, mas é difícil evitar. Vemos Simmons como um ala criativo e logo pensamos em LeBron James, vemos Ingram como um ala alto, de braços gigantes, magro e que pontua com facilidade, tendo um jogo típico de caras mais baixos, e é inevitável pensar em Kevin Durant. Acho que devemos ter o bom senso de pensar na comparação só como um paralelo de estilo e potencial, cobrar isso já é demais. Se Ingram não for um dos maiores cestinhas do basquete em alguns anos, não é pra sair por aí chorando decepção. De qualquer forma, facilidade de pontuar, criar seu arremesso e chutar de qualquer posição é tudo o que o time precisava após ver Kobe dizer adeus. Se alguém nesse elenco do Lakers tem chance de, um dia, talvez, marcar 60 pontos num jogo, provavelmente é Ingram.

Taticamente é difícil comentar porque ainda não sabemos como o técnico Luke Walton vai tentar montar essa equipe. Assim como Ingram, D’Angelo Russell adora arremessar, e Jordan Clarkson (se continuar no time) também. O time precisa criar entrosamento e ter um sistema de jogo definido para que o grupo não vire um mero revezamento de jogadas individuais, mas nessa altura do campeonato o Lakers precisa só acumular talento, o resto se corre atrás depois.

Na segunda rodada o Lakers foi atrás do pivô croata Ivan Zubac. Muitos o colocavam para ser selecionado no meio ou final da primeira rodada, mas foi caindo até o colo de Mitch Kupchak na 32ª escolha. O que se disse no dia é que Zubac queria vir para a NBA já, enquanto os outros interessados nele queriam mais deixá-lo um ano na Europa para amadurecer e não roubar espaço no teto salarial desde já. A que tudo indica, o Lakers, que precisa DESESPERADAMENTE de pivôs, topou trazê-lo imediatamente.

Não é o momento mais fácil da NBA para que pivôs de 2,16m comecem sua trajetória. A velocidade do jogo atual da liga deve limitar o impacto inicial de Zubac, que parece técnico, mas bem mais útil em jogos mais lentos e focados no jogo de costas para a cesta. De qualquer forma, não é ruim ter no elenco um cara que saiba atuar no post-up, e o Lakers não está em condição de negar caras altos no elenco. Hoje, o titular do time seria Robert Sacre.

O croata começou bem sua carreira ao dizer que é fã do Lakers desde criança, que tem camisetas de Kobe Bryant, Pau Gasol e Andrew Bynum (essa já jogada pelos cantos da casa) no time e que CHOROU quando o Black Mamba fez 60 pontos em sua despedida. Só por essas declarações já ganhou uns dois anos de paciência por minha parte.


Anão

Boston Celtics

Jaylen Bronw, SG/SF (3); Guerschon Yabusele, SF/PF (16); Ante Zizic, C (23); Demetrius Jackson, PG (45); Ben Bentil, PF (52) e Abdel Nader, SF (58)

Nem sempre o sentimento dos torcedores no ginásio durante o Draft bate com o dos especialistas que analisam de fora, mas dessa vez isso aconteceu.

Nenhum site gringo deu uma nota melhor do que C. Enquanto a maioria foi de D pra baixo. A decepção está completamente ligada à expectativa: com um bom elenco, muitas peças de troca em CINCO das primeiras 35 escolhas do Draft, era esperado que o Celtics chacoalhasse o dia e saísse de mãos cheias do evento.

O time esteve no centro das maiores discussões do dia, com quase negócios saindo de conversas com o Philadelphia 76ers e com o Chicago Bulls. A negociação com o Sixers parece não ter rolado porque ela se baseava muito mais em escolhas de Draft que o Sixers tinha (como a 24 e 26 deste ano) do que em jogadores de peso, o objetivo do manager Danny Ainge. Já o Bulls tinha esse jogador, Jimmy Butler, mas as negociações não andaram e morreram de vez quando o Celtics pegou Jaylen Brown, e não Kris Dunn, com a escolha 3. Era Dunn que Sixers e Bulls miravam.

O Celtics está numa posição favorável, mas não exatamente fácil. Favorável porque o time é bom, está cheio de jovens talentos e um bom técnico, mas não fácil porque uma troca pela super estrela que falta não acontece de uma hora para a outra. Sem conseguir o negócio que queriam, decidiram seguir o rumo da paciência: selecionar quem acham melhor, de qualquer posição, e seguir a reconstrução. Exige paciência, vai irritar muita gente, mas basta acertar essas escolhas para que a sonhada troca fique mais próxima e real. Mas eles acertaram?

O ala Jaylen Brown era um dos muitos jogadores que inspiravam mais dúvidas do que certezas entre os escolhidos a partir da terceira posição. Em frase que geralmente relacionamos com os Dion Waiters da vida, não questionam a qualidade dos seus arremessos, mas quando e como ele decide tentá-los. Considerando que Brad Stevens tem tido sucesso em tirar o melhor de seus jogadores de perímetro, dá pra ficar otimista. Sua escolha, porém, pode significar um adeus de Evan Turner. Vendo seus melhores momentos gostei de sua agressividade e poder físico, mas ainda não boto fé no seu controle de bola. É preciso treinar essa agressividade e melhorar (e deixar mais rápida) essa mecânica de arremesso:

Meio na brincadeira, pelo desespero das coisas não estarem acontecendo do jeito sonhado, meio na esperança delas começarem a dar certo, os torcedores do Celtics começaram a chamar o ala Guerschon Yabusele de “Draymond Green Francês”. Ele não estava na lista de muita gente, em alguns aparecia na segunda rodada, mas o Celtics resolveu que ele era essencial na 16ª posição! Essa é daquelas onde o manager vira herói ou vai ter que se explicar até o fim da vida. Mesmo que ele não vire uma potência defensiva como Green, e se torne apenas um “Boris Diaw Francês embora o Diaw já seja francês”, já pode ser uma boa escolha. Não estou otimista para que isso aconteça tão cedo, porém. O garoto parece um pouco longe de poder ter um impacto na NBA.

Os outros jogadores selecionados não parecem que terão impacto imediato. Com um elenco já carregado de jogadores, e ainda com a esperança de trazer novos nomes via Free Agency, o Celtics escolheu trazer o croata Ante Zizic com a escolha 23. O jogador não tem opção para sair de seu time neste ano, então fica como opção para o Celtics para os próximos anos. O mesmo vale para a antepenúltima escolha geral, Abdel Nader, que tem tudo para sair dos EUA e jogar um ano fora ou ficar sendo observado na D-League.

Os que devem ter chance de ao menos lutar por vaga no elenco são o armador Demetrius Jackson e o ala-pivô Ben Bentil. O primeiro é um daqueles jogadores que fazem a NBA atual morrer de medo, um criador de jogadas que tem um péssimo arremesso de média e longa distância. É possível ser útil na NBA como armador sem essa ferramenta? Alguns acham que não, outros que sim, mas só se você compensar com muitas outras coisas acima da média. Outrora visto como talento de primeira rodada, ele caiu até a metade da segunda, e irá brigar por uma vaga (e depois por minutos de quadra) num time que já tem Isaiah Thomas, Avery Bradley, Terry Rozier e Marcus Smart. Se duvidar ele preferia não ter sido draftado e, assim, podido escolher outro time para lutar por espaço na Summer League.

Por fim, Bentil é um bom pontuador da posição 4, um cara que gosta de entrar e arremessar sem parar no maior estilo Mareese Speights. Se fizer boa Summer League pode ganhar espaço para brigar no elenco, é um dos que torcem para que Jared Sullinger e Amir Johnson não fiquem no time. Se ficarem aí complica, porque, amigos, HAJA GENTE nesse elenco!!! Isso até explica o último negócio do Celtics no dia, enviar as escolhas 31 e 35 para o Memphis Grizzlies em troca de uma escolha (originalmente do Clippers) de primeira rodada de 2019. Embora ainda tivesse gente boa naquela altura, o Celtics não tinha como arcar com todos.

A vontade do Celtics, ou ao menos de seus torcedores, era sair do Draft com algum grande negócio feito, um jogador renome e mais certeza sobre o futuro. Não deu. Depois disso, houve a nova decepção de ver favoritos como Kriss Dunn, Damian Jones ou Henry Ellenson serem preteridos em favor de nomes que trazem, ao menos hoje, muitas dúvidas. Difícil sair de tantas frustrações seguidas com um bom selo, mas nem tudo está perdido.


Arya

Phoenix Suns

Dragan Bender, C (4); Marquese Chriss, PF (8) e Tyler Ulis, PG (34)

Existem duas maneiras de analisar esse Draft do Phoenix Suns. Uma envolve a habilidade deles em conseguir os dois jogadores que mais queriam, a outra em decidir se eles sequer DEVERIAM QUERER esses caras.

A primeira parte foi perfeita. Todo mundo sabia que o Suns queria Dragan Bender, mas havia a dúvida se não deveriam pegar o também intrigante Marquese Chriss. Eles então souberam ler o mercado para pegar logo de cara o que tinham mais medo de perder, Bender, e depois conseguiram uma troca para levar o segundo. O custo da escolha 8, vinda do Sacramento Kings, foi razoável: as escolhas 13 e 28 deste ano e mais o ala Bogdan Bogdanovic, que tem enrolado pra sair da Europa e ir para a NBA.

Embora a tentação seja a de dar uma boa nota quando um time sabe manobrar para conseguir o que quer, ainda não fui convencido que esses caras serão realmente bons jogadores. Dragan Bender anima por ser um cara de 2,13m que mostra agilidade suficiente para ser o protótipo de pivô do futuro que pode trocar a marcação em bloqueios e sobreviver marcando jogadores mais baixos em uma NBA cada vez mais veloz. Por outro lado se viu muito pouco dele em alto nível, ainda é muito fraco fisicamente e, dizem, inconsistente com seu arremesso. Eu queria dizer que parece um caso de talento bruto que ainda não é acima da média em nada e precisa de muito desenvolvimento, treino e que um time defina como ele deveria jogar.

Queria dizer tudo isso acima, mas dizendo fico sem ter como definir Marquese Chriss sem repetir tudo! Este é um daqueles caras que me dão arrepio, os de físico perfeito que só precisam “sacar o que devem fazer em quadra” para estourar. Estamos esperando Tyrus Thomas e JaValle McGee entenderem o que fazer com seu físico perfeito até hoje, não é? Ele deve se beneficiar na NBA, onde o jogo é mais rápido e mais baseado no pick-and-roll que o basquete universitário, mas precisa amadurecer muito para fazer a diferença em quadra.

O Phoenix Suns, que esperou anos para Alex Len finalmente começar a parecer um pouco melhor em quadra, pegou dois PROJETOS de jogador. No mundo perfeito, Dragan Bender irá acertar arremessos de 3 pontos no ataque e proteger o aro na defesa, enquanto Chriss vira Amar’e Stoudemire no pick-and-roll e usa seu físico para cobrir espaços na defesa. Vai acontecer? Quantos anos até começarmos a ver o rascunho disso? Não é aqui que vocês vão achar otimismo, mas admito que é raro ver um time conseguir sair de um Draft com seus principais alvos na mão.

Na segunda rodada o Suns pegou o armador Tyler Unis, que já havia sido companheiro de Devin Booker na Universidade de Kentucky. Nada mal agradar a sua mais preciosa joia, mas vai ser difícil para Ulis achar espaço numa armação dividida entre Brandon Knight e Eric Bledsoe. O histórico de lesões dos dois, porém, fazem a escolha ser bem compreensível. O menino parece ser bom e as preocupações em relação a sua altura, míseros 1,80m (sendo generoso) não são aceitáveis num mundo onde Isaiah Thomas é All-Star.


Jon-Snow

Minnesota Timberwolves

Kris Dunn, PG (5)

O Philadelphia 76ers estava oferecendo uma dúzia de coisas para ter Kris Dunn, o Chicago Bulls quase abriu mão de Jimmy Butler para ter o armador (mas queria Zach LaVine junto) e o novo técnico do Wolves, Tom Thibodeau, tinha o menino de Providence como a sua primeira opção para esse Draft 2016. Não é à toa que muita gente o colocava como o terceiro grande talento deste ano, o menino é muito bom!

Ele não parece ser o tal do armador clássico, mas como isso está cada vez mais fora de moda, vamos ignorar. Ele prefere pontuar a passar, comete muitos turnovers e não é conhecido por uma visão de jogo acima da média, mas temos que lembrar que os quatro armadores restantes na NBA nessa temporada foram Kyrie Irving, Steph Curry, Kyle Lowry e Russell Westbrook. Isso diz tudo, né? Os tempos mudaram. Kris Dunn é forte fisicamente, gosta de atacar a cesta e deve agradar Thibodeau por ser um armador alto, que pode marcar jogadores de outras posições quando isso for necessário.

Eu sou a favor de sempre pegar o cara que você considera o melhor jogador ao invés de um cara que se encaixa melhor no seu elenco. Digo isso porque elencos sempre mudam, aí o tal “fit perfeito” parece uma bobagem seis meses depois do Draft. Mas nesse caso não dá pra não imaginar como Jamal Murray ou, mais ainda, Buddy Hield poderiam se encaixar nesse grupo. Os dois são excelentes arremessadores, e Hield poderia ser um sexto homem dos sonhos nesse jovem e promissor time do Wolves que tanto precisa de ameaças de longa distância. Mas vamos ser sinceros, depois de tantos anos de fama como um dos piores lugares para se viver e jogar, o time não ia abrir mão de um cara que disse que QUERIA jogar em Minneapolis. Tem louco pra tudo.

Por fim trazemos a estranha questão de Ricky Rubio, um dos jogadores que mais divide opiniões na NBA. Alguns acham eles fantástico (como a gente por aqui), outros o veem como um jogador razoável e perfeitamente dispensável. Ao que tudo indica, Thibodeau está pendendo para o segundo grupo e não deve demorar para vermos Rubio ser trocado. Se o espanhol quiser se salvar, sua única chance é a troca não rolar na offseason e ele mostrar seu valor para o técnico no começo da temporada. Se não mostrar nada, Kris Dunn está aí para assumir o serviço.

E sei que é difícil recusar um jogador fora de série e esforçado e raçudo como Jimmy Butler, mas acho que o time fez certo em não ceder LaVine e Dunn. No último ano o time melhorou e LaVine cresceu demais, especialmente quando virou titular e deixou de fingir ser armador. Ele se tornou parte importante do grupo e todos os envolvidos deixaram claro como parte importante da melhora do time era a sintonia, dentro e fora da quadra, do trio de Karl-Anthony Towns, Andrew Wiggins e LaVine. Gosto de amiguinhos jogando juntos e não há entrevista onde eles não realcem a mesma coisa.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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