>Análise dos técnicos – Divisão Noroeste

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Acabaram as análises e o Isiah não apareceu. Que pena...

Finalmente chegamos ao fim da nossa semana especial de técnicos. É a vez da divisão Noroeste do estreante (e ridículo) Thunder. Aproveitem essa última parte e parem de nos cobrar posts sobre os técnicos!

George Karl, Denver Nuggets
Parece minha sina: O George Karl também treinou o Bucks. Será que é pré-requisito treinar os veadinhos antes de ir para o Oeste? Bom, mas antes do Denver e do Bucks, o Karl já treinava fazia um tempo, desde a temporada 84-85, quando treinou o Cavs, depois o Warriors e o Sonics, onde realmente ganhou mais fama.
O engraçado desse time do Sonics que o George Karl fez era que ele não tem nada a ver com o atual Nuggets. Era um time equilibrado! Tinha o sétimo melhor ataque da NBA e a segunda melhor defesa! É sério, George Karl e melhor defesa juntos.
Acho que podemos dar um mérito também para os jogadores naquele Sonics, o Gary Payton era o armador principal e antes de ficar velho (para quem só lembra dele no Lakers e Heat) foi um dos melhores defensores de todos os tempos, merecendo até o apelido de “The Glove“, ou “A Luva”, tal era a forma que ele marcava seus adversários. Mas se aquele time tinha o Payton, o Nuggets tem o Camby, que foi eleito melhor jogador de defesa por duas vezes e nem assim o Denver chegou a ter uma defesa próxima do razoável.
O lado negativo da passagem do Karl pelo Sonics foi em 1994, quando levou o Sonics a 63 vitórias na temporada regular mas foi o primeiro time cabeça-de-chave número 1 a perder para o número 8, quando perderam para o Denver de Dikembe Mutombo.
O que dizem é que os jogadores do Nuggets não respeitam mais o George Karl e ele mesmo parece já ter desistido. Esses rumores ficaram ainda mais fortes nos playoffs da temporada passada quando o Lakers destruiu e humilhou o Nuggets. Dizem que caras como o Kenyon Martin, o Carmelo, (principalmente o) JR Smith e até o Iverson não davam ouvidos a ele, que com o tempo parou de se importar, o que não me deixa entender porque ele ainda trabalha lá.
Não duvido do talento do George Karl porque ele treinou um timaço no Bucks, aquele com o trio Cassell, Ray Allen e Glenn Robinson, que era um time com uma defesa fraca mas com o melhor ataque da NBA e que mesmo assim ficou a uma vitória da final da NBA. Todos os times de Karl eram bons no ataque, mas só o que era bom na defesa chegou na final. Aposto que ele sabe disso, mas ele precisa enfiar isso na cabeça de seus jogadores, para que comecem a jogar decentemente na defesa e com um pouco menos de improviso no ataque.
E não é que eu tenha algo contra o improviso no jogo, acho lindo, mas quando feito por quem sabe. O Nash sabe improvisar, o Kidd sabe, o JR Smith não sabe, o Carmelo acha que improviso é arremessar de onde ele recebe a bola. O George Karl não tem o menor controle desse time e a melhor coisa pra ele era simplesmente dar o fora!
Ah, ele tem o site DemitaGeorgeKarl.com! Parabéns pra ele!

Randy Wittman, Minnesota Timberwolves
Em seus 4 anos como técnico, Wittman perdeu 2 jogos em cada 3 que disputou na carreira, um lixo. Mas não foi só culpa dele.
Seu primeiro time foi o Cavs do final do século passado, aquele time que tinha Shawn Kemp e Danny Ferry em fim de carreira e Andre Miller em começo (ruim) de carreira. Era um elenco péssimo e a 3° pior defesa de toda a liga. Mesmo assim ele continuou no time no ano seguinte, que tinha o Andre Miller jogando bem mais e já tinha o Zydrunas Ilgauskas no elenco, mas Kemp, o cestinha, tinha ido embora e o recorde do time piorou de 32 para 30 vitórias. Wittman foi mandado embora.
Então ele voltou para o Wolves. Sim, voltou. Wittman foi assistente técnico do Wolves em três ocasiões diferentes, somando 10 temporadas pela equipe. Depois de tanto tempo por lá, até foi natural colocar ele para treinar o time.
Randy Wittman é considerado um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento do Garnett na NBA, ele chegou lá como um adolescente magrelo e com a ajuda de Wittman, entre outros, claro, chegou a ser quem é hoje. Talvez até pensando nesse relacionamento entre os dois é que tenham colocado ele como técnico, mas a relação só durou uma fracassada temporada, depois Garnett foi para o Boston.
Não foi tão ruim para o Celtics, afinal eles receberam outro pivete vindo do colegial em troca, Al Jefferson, e o Wittman tem a experiência necessária pra fazer ele virar uma potência na NBA, só vai faltar mais quatro jogadores e banco de reservas.
Fucei por uns fóruns do Wolves na internet e quase todos os fãs sempre reagem a um pedido de demissão do técnico com a resposta “Mas não é culpa dele, esse time é muito ruim!“, ou “Não é culpa dele, não foi ele que mandou o Garnett por nada!” ou ainda “Ninguém faria melhor que ele, olha quanto cara ruim!“.
Então o Wittman deve ficar por lá mais um tempo, já que todo mundo sabe que não é culpa dele. O seu emprego só corre risco porque se o bicho pegar, o verdadeiro culpado, o manager Kevin McHale, irá demitir o técnico antes de admitir que só fez merda e dar o fora. Só para ilustrar o que o McHale fez, antes do draft de 2006 ele recusou uma oferta que seria a 4° escolha daquele draft mais Tyson Chandler e Luol Deng pelo Kevin Garnett. Se você lembrar que o Wolves tinha a 6° escolha naquele ano e a usou para pegar e logo depois mandar embora o Brandon Roy, o McHale teve a chance de montar um Wolves com:
Brandon Roy
Corey Brewer (escolhido no ano seguinte)
Luol Deng
LaMarcus Aldridge (aquela 4° escolha!)
Tyson Chandler
Que tal? Daria até pra colocar a culpa no técnico em caso de fracasso.

Nate McMillan, Portland Trail Blazers
Lembra que eu falei do Sonics do George Karl no começo do texto? Um dos pilares daquela defesa, além do Payton, era o Mr.Sonic, como era conhecido Nate McMillan.
McMillan foi draftado pelo Seattle Sonics em 1986 e ficou lá por toda sua carreira. Depois, em 1998, virou assistente técnico do time e em 2000 virou técnico. É uma história única. Ele foi jogador, assistente e depois técnico do mesmo time, sem nenhum ano de intervalo. O Avery Johnson fez quase isso no Dallas, mas ele não tinha passado a carreira toda no Mavs.
Depois de anos discretos treinando o Sonics, vendo acabar a era Payton e o início da era Ray Allen, mas sempre sem resultados expressivos, com apenas uma visita à primeira rodada dos playoffs. Mas então, finalmente, no seu quinto ano como técnico, ele comandou o time mais surpreendente que eu já vi jogar.
A equipe tinha Ray Allen e Rashard Lewis, grandes jogadores, mas completavam a equipe Luke Ridnour, Reggie Evans e Jerome James. Uau! Claro que ainda tinham as valiosas ajudas de Vlad Radmanovic, Antonio Daniels e Flip Murray, mas mesmo assim é absurdo. Eles conseguiram 52 vitórias, foram para a segunda rodada dos playoffs e deram uma canseira no Spurs, que venceu em 6 jogos. Eu nunca entendi esse time, não sei porque fez sucesso e admiro eles demais, principalmente o Nate McMillan, que ganhou muita moral comigo desde então.
Mas todo mundo resolveu sair por cima e não mostrar que eram uma farsa. Jerome James assinou um contrato milionário com o Knicks, Evans foi para o Nuggets, Daniels foi para o Wizards e para acabar com tudo, o próprio McMillan, pela primeira vez na carreira, iria sair do Sonics.
Para desespero geral do povo de Seattle, ele decidiu ir para o Blazers, o mais fervoroso rival de divisão do Sonics. Isso deu muita discussão na época, era impensável o “Mr.Sonic” virar um Blazer, mas ele foi, talvez já sentindo que as coisas em Seattle não iam pra frente.
No Blazers ele tem tido uma melhora a cada temporada. Foram 21 vitórias no primeiro ano, depois 32 e no ano passado impressionantes 41, além de uma sequência de 13 vitórias seguidas e outras tantas boas atuações. O Blazers dessa última temporada não foi um time muito estável mas fez partidas espetaculares, chegou a ganhar de times muito fortes com atuações convincentes. Agora é esperar a consagração, se com Reggie Evans e Jerome James no elenco o McMillan foi longe, com Aldridge e Oden o céu é o limite.

PJ Carlesimo, Oklahoma City Thunder

O Carlesimo tem quatro momentos em sua carreira como técnico. Um bom, um médio, um ruim e o outro surreal.
O momento médio foi quando treinou o Portland Trail Blazers. Foram três anos comandando um time mediano, que chegou nos playoffs em todas as temporadas mas sempre perdeu na primeira rodada. O típico caso do time que não é nem bom e nem ruim, não ganha título e não tem escolha boa no draft. Um tédio.
O momento bom foi entre 2002 e 2007, quando foi o principal assistente técnico do Gregg Popovich no Spurs. Ele esteve presente nos títulos de 2003, 05 e 07.
O momento ruim foi no ano passado. Apesar do elenco fraco, o Carlesimo passou vergonha com o Sonics: foram apenas 20 vitórias e uma quantidade infinita de partidas humilhantes. Eles chegaram a tomar 168 pontos do Denver em uma partida sem prorrogação! Por mais jovem e incompetente que seja um time, não pode tomar 168 pontos! Aliás, nos 4 jogos contra o Denver na temporada passada o Sonics tomou uma média de 143 pontos por jogo. Meu time do ginásio não tomava tanto ponto.
O momento bizarro da carreira do Carlesimo foi no Golden State Warriors. Lá ele já tinha fama de não saber lidar com jogadores jovens (o que torna a contratação dele para comandar Durant e cia. uma atitude digna de nota!), de ser grosseiro e de não saber tirar o melhor da equipe. O mal-estar chegou ao limite no dia 1 de dezembro de 1997, quando ele criticou o Latrell Spreewell, então estrela do time, por causa de um passe no treino.
Spree não pensou duas vezes, partiu para cima de Carlesimo e começou a enforcá-lo. Foram 15 segundos de ataque, que só parou quando os jogadores conseguiram afastar o companheiro. Um tempo depois o Sprewell comentou o assunto dizendo que ele estava tão descontrolado naquele momento que se não o separassem ele teria enforcado o técnico até a morte. Sério, nem o Djalminha foi tão longe.
Depois de ver no ano passado o Carlesimo deixar o novato Jeff Green tomar 48 pontos do Kobe na cabeça sem ser substituido pelo Carlesimo, acho que ele está mais próximo de ser enforcado por um jogador do Thunder do que de ganhar títulos como na sua época de assistente técnico do Spurs. O PJ Carlesimo tinha que ter ficado no Spurs e ter sido o Murtosa do Popovich.

Jerry Sloan, Utah Jazz
Dois times marcam a carreira de Jerry Sloan. O primeiro, claro, é o Jazz. Ele é técnico do Jazz desde a temporada 88-89, ou seja, completará 20 anos como técnico do mesmo time e foram 20 anos brilhantes. Desde 89 até 2003, Sloan não deixou nem por um ano de ir para os playoffs, chegando em 5 finais de conferência e duas finais da NBA.
O time, como todos sabem, era liderado pela dupla John Stockton e Karl Malone, dois dos melhores jogadores de basquete em todos os tempos. O esquema tático do Sloan era conhecido e usava e abusava do talento dos dois craques. O principal artifício era o “pick and roll”, jogada que se utilizava do entrosamento dos dois, da visão de jogo do Stockton e da combinação de bom arremesso de meia distância e de infiltração do Malone.
Então soma-se a isso bons arremessadores e jogadores sempre usando a força para cortar em direção à cesta para receber os passes de Stockton e você tem um time eternamente competitivo. Todos os anos o Jazz estava lá incomodando todo mundo, não tinha erro, podiam entrar e sair jogadores mas se tinha Malone, Stockton e Jerry Sloan, o Jazz estava na briga. O título só não veio por causa do outro time na vida de Jerry Sloan.
Por dois anos seguidos, o Jazz perdeu a final da NBA para o Chicago Bulls de Michael Jordan. O mesmo Chicago que tem a camiseta número 4 aposentada por causa de Sloan.

Sloan nasceu no estado de Illinois, onde fica Chicago, e jogou apenas uma temporada no Baltimore Bullets antes de se transferir para o Chicago Bulls no ano em que o time nasceu, até por isso o seu apelido era “O Bull original”. Lá ele fez fama defendendo como um doido, indo para dois All-Star Games, levando o time para os playoffs e como líder do único título de divisão do Bulls fora da era Jordan.

Em uma história parecida com a do Nate McMillan, Sloan logo que se aposentou (por causa de contusões no joelho) virou olheiro do time e logo depois técnico, treinou por 2 temporadas e meia, depois foi mandado embora.
No Jazz, depois de perder os títulos para o Bulls, não conseguiu mais repetir o sucesso de antes e mesmo sem Jordan na liga, o Jazz já não conseguia mais passar pelas novas potências do Oeste, como Spurs e Lakers. Aí foi a hora de Stockton se aposentar e do Malone levar seu pé frio para Los Angeles.
Todo mundo pensava que era a desculpa certa para o Sloan pedir as contas e ir embora, mas não, ele permaneceu fiel ao time e comandando um elenco ridículo não foi para os playoffs pela primeira vez em 2004. Não foi de novo em 2005 e 2006, mas nesse tempo ele não abandonou aquele mesmo velho esquema tático que deu certo durante mais de uma década e aos poucos foi montando o time com as peças necessárias para o esquema dar certo de novo. Veio o armador com visão de jogo (Deron Williams), o ala de força com potência e arremesso (Boozer), os arremessadores (Okur e Korver) e os jogadores de força que estão sempre cortando em direção à cesta (Brewer, Kirilenko, Harpring).
Se fosse pra definir Sloan com uma palavra, seria “estabilidade”. Sempre o mesmo esquema, a mesma calma, a mesma cobrança por defesa e jogo físico. O título pode não vir nunca, mas enquanto ele tiver jogadores nas mãos vamos ver ele e seu Jazz nos playoffs. E acho que ele só pára quando morrer.

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