Botão do apocalipse

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Caron Butler chora uma lágrima de sangue pelos seus companheiros do Wizards

Durante o fim de semana do All-Star, o Wizards resolveu apertar o botão do apocalipse. Com 17 vitórias e 33 derrotas, o time tem a segunda pior campanha do Leste e a quarta pior de toda a NBA. A equipe aturou o Gilbert Arenas contundido por muito tempo com a esperança de que, com ele de volta, pudesse competir pelo título do Leste. Afinal, Arenas, Jamison e Caron Butler são todos All-Stars e não é qualquer time que consegue ter tantas estrelas juntas ao mesmo tempo. Mas nessa temporada o Wizards aprendeu duas coisas: a primeira é que contar com o Arenas é impossível, porque ou ele vai estar contundido ou vai ter caído numa piscina de xarope, bebido água da privada ou colocado pó-de-mico na cueca de algum companheiro de equipe. A segunda coisa é que nas raras vezes em que Arenas, Butler e Jamison estão juntos em quadra, eles simplesmente não são muito bons. Falta de química, entrosamento, esforço, defesa, não faltam razões para o fracasso de um trio que parece nunca ter entendido o papel de cada um em quadra e que nunca se levou muito a sério. Vendo que não adiantava esperar pela volta do Arenas, então, o Wizards criou um par de bagos, esgotou a paciência, apertou o botão do apocalipse e resolveu se livrar dos jogadores. Como o Arenas ganha 16 milhões e o Jamison ganha 11 milhões (e vai ganhar 15 num contrato que dura ainda mais duas temporadas, fora essa) só sobrou o Caron Butler para interessar algum time na NBA.

Com o Butler no mercado, o Mavs ficou com água na boca. Adicionar o Gooden e o Shawn Marion não adiantou bulhufas particularmente porque o resto do time não defende grandes coisas e porque o Josh Howard cai de produção mais e mais a cada ano. Não faz muito tempo ele era um pontuador excelente com momentos geniais na defesa, com roubos e tocos decisivos e potencial ilimitado. Mas depois de sua polêmica afirmação de que fumava maconha nas férias, problemas com a torcida do Mavs e uma complicada cirurgia no tornozelo durante as férias, ele nunca mais foi o mesmo, joga sem vontade e parece um jogador comum com um salário muito gordo. Trocá-lo por um ladrão de bolas (talvez o melhor de toda a NBA) com mais talento ofensivo que o Josh Howard não foi uma decisão difícil, até o Isiah Thomas conseguiria acertar nessa.
De brinde, o Wizards ainda mandou DeShawn Stevenson, que está velho, se acha a última bolacha do pacote, mas ainda é um defensor razoável, e o Brandon Haywood, que é um ótimo defensor no garrafão e tem tudo para acompanhar melhor o ritmo do Mavs no jogo de transição. O atual pivô do time, Erick Dampier, tem cada vez mais problemas nos joelhos e precisa ser poupado em jogos seguidos, então a chegada do Haywood é essencial para o garrafão do Mavs. O Dampier até que quebra um belo de um galho, especialmente com a ajuda de Jason Kidd (que faz qualquer um render melhor no ataque), e bem provavelmente vai continuar sendo o titular da equipe. Mas o Haywood vai acabar tendo mais minutos do que ele, porque embora nunca tenha sido um gênio nos rebotes, sempre teve um bom tempo de bola e pés bem rápidos na defesa. O pessoal em Dallas já fala de planos de usar os dois ao mesmo tempo contra garrafões mais fortes, o que torna a equipe muito mais versátil.
Para isso, o Mavs teve que perder também o Drew Gooden, mas ele não faz falta para a equipe. O Gooden é muito bom, mas o coitado sempre teve que jogar improvisado a vida inteira. No Grizzlies, equipe que o draftou, tinha que jogar de ala-armador porque não tinha outro mané para ocupar a vaga (o coitado teve que aprender a arremessar de três, sem sucesso), no Cavs e no Mavs tinha que quase sempre jogar de pivô para tapar buraco. Seu jogo sofre muito embaixo da cesta, ele prefere ficar nos arremessos de média distância, mas no Mavs seu talento nos arremessos era meio inútil frente à quantidade de arremessadores na equipe, especialmente o Nowitzki que também joga fora do garrafão sempre que pode. O resultado era o Gooden sendo pago para brigar por rebotes e defender o aro, coisa que ele não faz muito bem e que Haywood vai executar com muito mais facilidade. O Mavs manda também o Quinton Ross, bom defensor de perímetro, e o James Singleton, um ala brigador para dar pancada quando tiver briga com a torcida ou quando alguém não pagar uma dívida.
Pro Wizards, a troca é para começar de novo. Os contratos de Ross e Singleton são praticamente simbólicos e, assim como os contratos de Drew Gooden e Josh Howard, terminam nessa temporada. De repente, com apenas uma troca, o time entra na brincadeira para contratar alguém na imensidão de estrelas que estarão desempregadas ao fim dessa temporada. É um excelente ano para reconstruir, tendo em vista a quantidade de talento disponível, e o Wizards vai ter uma graninha para tentar a sorte. E, por enquanto, só pra não perder demais, fica torcendo para o Josh Howard mostrar que todo o potencial que se via nele não foi ilusão de óptica.
Na tentativa de reconstruir a equipe antes que se diga parangaricutirimirruaru, o Jamison também está disponível para ser trocado e, se conseguirem mandá-lo por mais contratos expirantes, o Wizards vai poder construir um time inteirinho novo com a grana. Mas vai ter que ser em volta do Arenas, porque dele não vai dar pra se livrar. Já cogitam que o Jamison vá para o Cavs ou para o Celtics, por exemplo.
Essa é uma daquelas trocas que pode parecer um assalto, mas que deixa os dois lados felizes. O Mavs se transformou num time muito mais forte. Agora Shawn Marion, Butler e Haywood podem tornar o Mavs uma equipe mais defensiva, Butler vai render tudo aquilo que se esperava de Josh Howard no ataque para desafogar Nowitzki (que não é das estrelas mais constantes em pontos), e o garrafão fica mais versátil porque terá dois jogadores capazes de brigar lá dentro, ao invés de ter um ala improvisado. Ainda acho que não é o bastante para que o Mavs pense em título, mas a aquisição de Haywood é essencial para um eventual confronto com Lakers e Nuggets, donos de um garrafão que faz todo o resto do Oeste fazer xixi na cama. O Mavs tem agora um elenco muito mais forte do que tinha na temporada passada, prova de que seu dono Mark Cuban não poupa verdinhas em busca de um título. O teto salarial dessa temporada é de 57 milhões, e o Mavs passa a pagar 90 milhões! São mais de 30 milhões acima do limite, o que resulta em 30 milhões a mais gastos só com multas (daria pra estacionar uma caralhada de carros fora da vaga). Com o esquema tático favorecendo um pouco mais Jason Kidd e um elenco cada vez mais grandioso ao seu lado, esse Mavs deve ser levado a sério, ao contrário de ser um time invisível que todo mundo sabe que não dá em nada como era até pouco tempo atrás. Ainda não acredito, sou um incrédulo infiel sujo, mas quero mais é que essa equipe prove que estou enganado. Agora, ao menos levo o time a sério. Vai demorar um pouco para todas as peças encaixarem, Haywood e Butler não conseguiram treinar com a equipe ainda, e nesse Oeste mais disputado do que mulher sem gonorreia no carnaval é bem capaz que percam várias posições na tabela, mas para os playoffs estarão firmes e fortes. Enquanto o Wizards assiste tudo em casa, tentando garantir que o Arenas não apronte nenhuma e convencendo alguma outra estrela para jogar com o armador. Vai ser difícil, mas pelo menos foi corajoso – melhor do que o Pistons que não decide se renova ou não renova, manteve o Hamilton e torrou a grana antes de poder brincar na temporada que vem. Funhé.

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