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Bynum tenta abraçar Barea para dar parabéns pela vitória

Eu sei que o último post foi sobre o Lakers e que algumas pessoas vão se irritar que falamos sobre eles de novo. Mas podem ter certeza que dessa vez é a última pra valer. O atual campeão está eliminado, varrido pelo Dallas Mavericks e só joga na temporada que vem, que nem sabemos quando começa. Mas é que a repercussão da derrota categórica do Lakers na série, 4 a 0, e no jogo 4, 122 a 86, está rendendo mais comentários do que qualquer outra nos últimos anos. São todos os tipo de espécimes achados na fauna torcedorística: os indignados, os que colocam a culpa em tudo, os conselheiros da ONU que só querem saber da paz entre os atletas, os piadistas, os torcedores adversários, os Kobe-haters, os Kobe-lovers, os que sempre vão achar que o Lakers perde só para si mesmo, as viúvas de Phil Jackson, os que querem explodir tudo e começar do zero, os que culpam a arbitragem e por aí vai. Sério, ficar bem do lado de fora e só ver o circo pegar fogo pode ser uma experiência interessante sobre o comportamento humano diante de eventos que não podem controlar.

Vamos ter outras chances de comentar o Dallas Mavericks, no mínimo mais uma série, mas antes de falar do Lakers temos que lembrar que eles jogaram contra outra equipe de basquete e ela jogou bem demais. Eu sempre digo que vitórias muito expressivas em um jogo não são só mérito de um time e nem demérito de outro, diferenças de quase 40 pontos são uma soma das duas coisas, o mesmo vale para varridas em séries inteiras. Se só o Dallas fosse melhor a série poderia ter sido 4 a 2, se só o Lakers tivesse mal e o Dallas não espetacular poderia ter sido 4 a 1, sei lá, mas quando as duas coisas acontecem ao mesmo tempo dá no que deu. O Lakers foi superior mesmo nos três primeiros quartos do jogo 1 e durante pelo menos metade do jogo 3, só.

O interessante é que é muito normal um time começar uma série mais forte e o outro mudar algumas coisas, deixar mais difícil e aí o outro time responde e essas pequenas mudanças táticas ou de atitude que deixam uma série divertida. É o Zach Randolph e o resto do garrafão do Grizzlies dominando o jogo 1, sendo anulado no 2 e vencendo o 3 na série contra o Thunder. Ou o Celtics tomando pau em dois jogos para, em casa, vencer com um armador de um braço só. E isso é que decepcionou nessa série entre Lakers e Mavs, a série começou com uma estratégia tática do Dallas, o Lakers não conseguiu responder e a série acabou. Histórico para a NBA, sensacional para os torcedores do Mavs, mas uma série bem desinteressante de assistir.

A análise tática pode ser vista um pouco no nosso último post e nesse excelente texto do Fábio Balassiano em seu blog. A defesa do Mavs forçou os arremessos de longe, impediu a entrada da bola no garrafão (Kobe só fez uma bandeja e nenhuma enterrada em toda série!!!) e forçou o Lakers a arremessar, mas as bolas nunca caíram e a série acabou. Funhé. Fim de papo. Mas aí começa a parte difícil de aguentar e de responder: De quem foi a culpa e o que mudar para o ano que vem.

Culpa, antes de mais nada, do Rick Carlisle que reconheceu uma deficiência no jogo do Lakers e a explorou. Culpa também de enfrentar um garrafão que tinha defensores bons o bastante para segurar Gasol e Bynum, coisa que boas duplas como Perkins e Garnett, Boozer e Millsap ou K-Mart e Nenê não conseguiram no passado. Mas ok, ok, tem gente aí querendo tacar pedras, então vamos lá.

O Pau Gasol não jogou nada e ele admitiu isso, ao final da série disse: “aprendi a não deixar problemas de fora da quadra interferirem no meu jogo”. Não sabemos exatamente do que ele está falando, mas as Sônia Abrão e os Nelson Rubens dos EUA afirmam que a história é a seguinte: Pau Gasol queria que sua namorada fizesse mais amigos em Los Angeles, ela então começou a sair com Vanessa Bryant, mulher de Kobe. A senhorita Bryant, porém, teria dito coisas sobre os bastidores do Lakers que teriam feito a namorada de Gasol dar um pé na bunda dele. Gasol então culpou Kobe por falar demais para a sua mulher e o clima teria ficado péssimo. Não sabemos se isso é verdade, de confirmado só a frase do Gasol dizendo que algo na vida pessoal dele tirou o foco do basquete. Só que eu preciso realmente me dar ao trabalho de responder todos os torcedores que estão xingando ele? Sério? Como disse um cara gringo no Twitter, “Quem reclamar do Gasol e exigir trocas merece ter Kwame Brown e Smush Parker de volta”. Se o Lakers é um time de elite hoje é porque o espanhol chegou por lá.

O próximo alvo é Kobe Bryant, claro. E aqui mais do mesmo: “Ele deveria ter carregado o time nas costas”, “ele não envolveu os companheiros”, “ele não é capaz de carregar o time nas costas” e todo aquele papo que eu escuto desde que ouvi o nome de Bryant pela primeira na vez na vida. Sinceramente, Kobe teve nessa série os mesmos defeitos e qualidades que teve durante toda a temporada e durante boa parte da carreira, nada de novo. O que acontece é algo que pode surpreender muita gente: não se ganha ou perde jogos sozinho. Mas ei, shhh, não conta esse segredo pra ninguém, poucos sabem. Outro segredo de bônus para os assinantes VIP: Kobe Bryant não é o centro do universo, coisas podem acontecer sem que ele esteja diretamente envolvido.

Próximo tópico: O Lakers não sabe perder. Primeiro foi a falta dura de Ron Artest sobre o JJ Barea no jogo 2 e ontem duas expulsões, Lamar Odom e Andrew Bynum. Ambos, com o jogo já perdido faz tempo, fizeram faltas covardes sabendo que seriam mandados para fora do jogo. Coisa de gente nervosa, frustrada, que não sabe perder e que certamente merece e terá punição. Mas que note-se a diferença: Ron Artest ficou claramente arrependido e decepcionado no mesmo segundo que fez a falta, Odom e Bynum saíram com ares triunfantes de “foda-se o mundo, eu bato mesmo”. Então por favor, xinguem o Artest por jogar mal, por não conseguir ser nessa série o bom defensor que geralmente é, o critiquem por não saber arremessar mesmo depois de uma década como profissional, mas não venham com o papo de que ele nunca mudou e pra sempre será um bad boy. E outra coisa, Kobe e outros jogadores do Lakers foram, depois do jogo, atrás de Barea para pedir desculpas por Bynum e perguntar se ele estava bem. A atitude idiota de uns não quer dizer que o time inteiro não sabe perder.

Alguns estão colocando a culpa dessas agressões no Phil Jackson, já que o comportamento dos jogadores em quadra deveria ser controlado pelo técnico. E isso vale principalmente para o Bynum, já que o Odom tinha sido expulso antes e dado uma razão para Phil chamar todo mundo de canto e dizer para eles se acalmarem. Mas quem diz isso nunca viu o Zen Master em uma partida de basquete. O Phil Jackson é o oposto daquela sua ex-namorada controladora e acha que os jogadores são homens adultos com capacidade de aprender sozinhos, se for pra chutar eu diria que Phil acha que o Bynum aprendeu e amadureceu mais sendo o vilão idiota e imaturo da noite do que se tivesse tomado só um puxão de orelha no banco de reservas. É como quando ele vê o seu time errando sem parar e não pede tempo para que eles aprendam a se virar sozinhos. Para um torcedor em desespero essa atitude pode parecer suicida, mas a longo prazo sempre vemos os times dele como um dos mais autoconfiantes da NBA. Autoconfiança que facilmente vira frustração se os resultados não confirmam sua expectativa, diga-se de passagem.

Se o Phil Jackson errou nessa série foi ao não conseguir mudar o time taticamente para conseguir furar a defesa do Dallas Mavericks, mas quando a coisa chega ao ponto que seus jogadores não acertam um arremesso sem marcação, a coisa complica pra qualquer técnico. Não diria nem que Phil Jackson errou, mas que ele só não conseguiu ser fora de série como sua fama e história sugerem. História essa que acabou na humilhante derrota de ontem, como prometido antes da temporada ele é agora um senhor aposentado. Até cheguei a pensar que talvez Phil Jackson ficasse envergonhado em sair de cena desse jeito e pensasse em continuar, mas logo mudei de idéia. Lembrei de Michael Jordan e Yao Ming: Jordan teve o final de carreira mais cinematográfico que alguém poderia imaginar, um arremesso vencedor depois de um drible desconcertante em um jogo de final da NBA, e mesmo assim não ligou de voltar, velho e sem metade do físico anterior, para jogar em um time horrível e passar dois anos sem ver a cara dos playoffs. Era a vida dele, a vontade dele e o cara foi lá e fez. Se alguém está preocupado com legado, imagem e em endeusar alguém somos nós, não eles. Mesma coisa com o Yao Ming respondendo aos tristes com sua centésima contusão que ele está bem, vivo e feliz. Imagino o Phil pensando da mesma forma, ele queria se despedir com um título (quem não quer?), mas não deu, paciência, hora de ir pra casa, descansar, fazer sexo e fumar charuto.

Ou seja, tentamos dar muita importância para essa derrota do Lakers mas os motivos são meio tolos. São muitos torcedores a favor, muita gente contra, muita expectativa sobre nomes como Kobe Bryant, Pau Gasol e Phil Jackson e aí tudo o que acontece fica muito grande. Mas o Kobe perde como outros jogadores perdem, o Lakers perde por motivos que outros times perdem. E esse pensamento é importante na hora de pensar o futuro da equipe, se fosse outra equipe, com menos pressão e atenção em cima, alguém pensaria que é hora de destruir tudo e começar do zero?

Eu acho que não. O Andrew Bynum e o Pau Gasol tiveram momentos ótimos na temporada e são claramente talentosos, com saúde física para um e mental para o outro podem ser a melhor dupla ofensiva da NBA. Kobe Bryant aos poucos vai perder mais e mais sua potência física, mas ainda faz muito estrago. Lamar Odom foi o melhor reserva da temporada com méritos. Ron Artest não jogou bem na maior parte do ano, mas em determinados momentos também foi ótimo, talvez seja o caso de procurar um titular para que ele fique no banco, mas trocá-lo seria não só tolo como inviável. Quem jogou mal durante quase o ano todo e precisa de mudanças é o banco de reservas, o Steve Blake foi a maior decepção do mundo pra mim, o Matt Barnes não fez grande coisa e chegamos a um ponto triste da nossa vida como torcedor quando ficamos sonhando em ter Vlad Radmanovic ou Sasha Vucjacic no banco só para acertar pelo menos uma bolinha de três num jogo. Só não me venham com esse papinho de torcedor megalomaníaco do Lakers de “Por que não trazemos Deron Williams e Dwight Howard?”. Se fosse tão fácil eles não estariam esperando perder para o Mavs para contratar os caras, acreditem.

Eu sei que tem gente que vai discordar, que vai dizer que os adversários já sabem os defeitos do Lakers e que o time está velho. Para esses eu digo, de novo, olhem para o outro lado da quadra, o Lakers não joga sozinho. Para quem eles perderam? Para um time velho, que perdeu anos seguidos na primeira rodada e que toda temporada decide adicionar peças ao seu bom grupo ao invés de se desesperar e explodir tudo. Me parece um bom exemplo a ser seguido.

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