[Resumo da Rodada] A História dos dois Kellys

No Jogo 1, o Wizards venceu o primeiro quarto por 14 pontos – e perdeu a partida por 12. No Jogo 2, o Wizards venceu o primeiro quarto por 13 pontos – e perdeu a partida por 10. Foram 38 pontos marcados pelo Wizards no primeiro quarto do Jogo 1 e 42 pontos marcados no primeiro quarto do Jogo 2. Foram inícios avassaladores em que o Celtics pareceu um time pequeno fisicamente, intimidado e sem possibilidades de resposta. Mas eventualmente a defesa do Celtics se encaixou, o gás do Wizards acabou conforme o banco de reservas não contribuiu, e o Celtics acabou comandando viradas históricas de placar, incluindo um épico que foi para a prorrogação. Se conseguisse impedir ou limitar o atropelamento no quarto inicial, parecia que o Celtics não teria grandes dificuldades de vencer outra vez.Como foi então o primeiro quarto do Jogo 3? Simples: o Wizards venceu por 22 pontos, marcando 39 pontos no período. A primeira jogada da partida foi a equipe de Washington errando dois arremessos consecutivos, pegando dois rebotes de ataque e aí finalmente abrindo o placar. Parecia de novo que o Celtics era uma equipe de duendes de meio metro de altura. Acertando alguns arremessos de fora e apertando a defesa, usando Gerald Green no quinteto titular para espaçar a quadra para Isaiah Thomas, parecia que o Celtics havia controlado o estrago até o placar chegar em 12 a 12. A partir dali, a defesa do Wizards simplesmente ENGOLIU o ataque do Celtics de uma maneira constrangedora. Foram 22 pontos a zero – a sequência só foi quebrada com um lance livre de Isaiah Thomas, que errou o segundo. Mas Bogdanovic fez questão de acertar um arremesso de três pontos do outro lado para mostrar que a sequência não havia acabado. Com uma corrida de 25 a 3 no primeiro quarto, o Celtics havia se enfiado num buraco inédito nessa série.

Já comentamos em outros posts que John Wall recebeu da comissão técnica, ao longo de toda a temporada, o desafio pessoal de se tornar um melhor defensor, especialmente na transição. Ontem vimos John Wall mostrar que pode, de fato, ser um defensor implacável: lutou contra cada corta-luz que recebeu e usou sua explosão e longas passadas para se recuperar a tempo de impedir Isaiah Thomas de criar o próprio arremesso. O armador do Celtics não teve um minuto de sossego, a ponto de desistir de vários arremessos NO MEIO, ainda no ar, para não ser pregado no chão. Wall ditou a tônica da partida e o resto do time correu atrás, com uma defesa nem sempre brilhante, mas extremamente ativa e agressiva. Sempre que algum jogador do Celtics deixava de dar um arremesso para girar a bola em busca de um arremesso melhor, esse arremesso melhor NUNCA aparecia porque a defesa do Wizards estava correndo na cobertura sem parar, de um lado para o outro. Quanto mais o elenco de apoio do Celtics abria mão de arremessos medianos, mais o ataque afundava e mais o time acabava obrigado a dar arremessos HORRÍVEIS no estouro do cronômetro.

Foi essa defesa que iniciou os contra-ataques do Wizards e foi expandindo a diferença no placar. Enquanto isso, na meia quadra o Wizards seguiu aquilo que alertamos que seria necessário em nosso podcast gravado ontem: John Wall assumiu a responsabilidade de jogar de costas para a cesta, abusando da falta de tamanho de Isaiah, algo que parecia que ele nunca seria capaz, e Bradley Beal e Otto Porter Jr. passaram a cortar pela linha de fundo para lutar pelos rebotes ofensivos, o que acabou expondo o “box out” do Celtics e gerou muitos rebotes ofensivos para Gortat também. Essas simples escolhas fizeram o Wizards parecer ainda mais alto e mais forte. Com John Wall acertando arremessos de média e curta distância marcado por Isaiah, o Celtics não teve outra escolha que não fosse dobrar no armador toda vez em que a troca faria Isaiah sobrar contra Wall. O problema é que o armador do Wizards BRILHA sob marcação dupla, acionando Gortat como se fosse a coisa mais fácil do mundo para uma série de bandejas.

Enquanto o Celtics fugia dos arremessos duvidosos e não encontrava nada melhor, com jogador algum capaz de dar os arremessos sem hesitação, o Wizards era um poço de intensidade. Não apenas atacava a cesta e lutava por rebotes de ataque como também forçou a mão no jogo físico – até quando as regras não deixavam. Quando sofreu um corta-luz mais forte de Kelly Olynyk, seu xará Kelly Oubre levantou QUERENDO VINGANÇA. Conseguiu foi uma expulsão:

O engraçado é que o lance tirou Olynyk do jogo – não literalmente, por expulsão, mas em sua capacidade de fazer qualquer coisa em quadra. Sem espaço no perímetro, o pivô já estava sendo obrigado a infiltrar e trombar no garrafão e estava visivelmente desgostoso com a situação. Depois de tomar esse EMPURRÃO ATÔMICO, então, Olynyk só queria ir pra casa. Pareceu nitidamente desconfortável, no limite do assustado. A reação dele no chão, com Kelly Oubre LATINDO quase em cima, é fantástica – só perde para a reação do banco do Wizards, que parecia estar assistindo a coisa MAIS NORMAL DO PLANETA:

 

Al Horford, único jogador do Celtics que parecia disposto ao jogo físico, foi exposto no pick-and-roll, mostrando-se incapaz de bloquear as rotas de infiltração de Gortat. Sua limitada velocidade lateral nunca ficou tão evidente e o Wizards usou isso para atacar o aro e, com isso, criar espaço para os arremessos de três pontos. Bogdanovic, que teve uma série esquecível até aqui, acertou 3 bolas de três pontos só no primeiro quarto fatídico, rumo a 19 pontos e 10 rebotes na partida. Foi o único jogador do Wizards a acertar essas bolas com constância – Beal ainda permanece incapaz de vencer a defesa celta – mas a equipe nem precisou de mais ajuda. Com o placar elástico na base da defesa, John Wall finalmente descansou um pouco mais – seu reserva, Brandon Jennigs, não brilhou mas não comprometeu – e parece que o Wizards finalmente encontrou a solução para a queda de produção final vinda do cansaço: entrar no quarto período ganhando por mais de 20 pontos.

O mais impressionante é que perder por 27 pontos foi até barato para o Celtics frente ao poder defensivo do Wizards que vimos nesse jogo. Se Bradley Beal tivesse acertado seus arremessos e John Wall tivesse uma porcentagem digna do perímetro, o estrago teria sido ainda maior. Beal está devendo demais nessa série e por enquanto só lembraremos dele contra o Celtics por conta de sua cavada de falta MARAVILHOSA, o agora famoso “FLOP DA FOCA”:

 

Incrível como a dinâmica da série mudou drasticamente depois dessa partida. Se antes o Celtics parecia ter um incrível poder ofensivo, fruto de um elenco em que todo mundo é capaz de acertar seus arremessos, agora parece que não tem ninguém nesse elenco que QUEIRA dar esses arremessos – com exceção de Avery Bradley, que não acerta nada – quando a defesa do Wizards está correndo como um trem desgovernado mirando seus cangotes. Após esse jogo, a história agora poderia se chamar “A História das duas Kellys”, já que o Wizards parece Kelly Oubre e o Celtics parece Kelly Olynyk. Aguardemos os próximos capítulos dessa incrível novela do SBT.


 

Warriors e Jazz foi, com exceção de alguns poucos detalhes, um repeteco do Jogo 1. O placar foi relativamente apertado outra vez – o Warriors venceu por apenas 11 pontos – mas nem por UM SEGUNDO, nem por uma PISCADA, parecia que o Jazz realmente poderia vencer o jogo. E não é nem pela história dos times, pelo recorde, pela nossa admiração pelo Warriors, nada disso. É porque o Jazz simplesmente não consegue fazer aquela coisa básica para a vitória, que é FICAR NA FRENTE DO PLACAR. Olha que dados assustadores: nessa série até aqui, o Warriors liderou o placar por 94 minutos e 8 segundos, e o placar esteve empatado por 1 minuto e 52 segundos. Já o Jazz liderou por ZERO SEGUNDOS. Z-e-r-o. Nada. Necas de pitibiribas. Niente.

E olha que dessa vez Gordon Hayward finalmente ACENDEU e desafiou a defesa que o Warriors vem fazendo sobre ele. Mesmo recebendo espaço apenas para arremessos difíceis e de baixo aproveitamento, Hayward não parou de atacar, de converter bolas absurdas e de dar à equipe algo que de longe, no escuro e na neblina até lembrava ESPERANÇA. Olha a quantidade de bolas difíceis, caindo pra trás, que o moleque acertou rumo aos seus 33 pontos:

Mas a única coisa que isso causou foi o Warriors ser obrigado a jogar com vontade. Ao contrário da primeira partida tivemos Draymond Green pilhado a um pulinho de um surto psicótico e Stephen Curry BERRANDO ao converter jogadas e comemorando o acerto de suas tradicionais BOLAS IMPOSSÍVEIS:

Draymond Green foi essencial na defesa, já que o Warriors perdeu muitas bolas e gerou alguns contra-ataques, mas também no ataque, onde foi continuamente deixado livre porque a defesa do Jazz tinha mais com o que se preocupar, além de insistir com jogadores de garrafão incapazes de esticar até o perímetro. Com 5 bolas de três pontos, Green foi o grande responsável por parar as tentativas de encostar no placar do Jazz, mas seus 4 roubos de bola foram igualmente importantes porque o Jazz passou a temer passar demais a bola – o que talvez até seja uma coisa boa, enfim.

E o surreal é que o Draymond Green fez seus 25 pontos, 11 rebotes, 6 assistências, 4 roubos e 1 toco mesmo tendo saído inicialmente do jogo com dores no quadril e ganhando uma massagem em pose erótica de Titanic:

E depois ainda lesionou a perna sozinho, levantando depois de um tombo – ou então tomando um tiro invisível de sniper na perna, o que também faz sentido:

Draymond Green chegou a ter que deixar a quadra rumo aos vestiários, mas voltou depois como se nada tivesse acontecido. Foi legal ver o Jazz – especialmente Hayward – forçando o Warriors a jogar com vontade, a vibrar, a correr e até Draymond Green a jogar num ocasional sacrifício, mas ainda falta muito para termos uma série de verdade. Liderar algum jogo por um par de segundos já seria um bom começo.

 

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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