[Resumo da Rodada] A surra

A segunda rodada dos Playoffs começou para muita gente, mas ainda não para o San Antonio Spurs. O time de Gregg Popovich foi simplesmente MASSACRADO pelo Houston Rockets na primeira partida do duelo texano, em San Antonio. O jogo acabou 126 a 99, e isso porque o Spurs VENCEU o segundo tempo da partida por 3 pontos de diferença.

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Essa liderança de 30 pontos no intervalo é a terceira maior da HISTÓRIA de um time visitante num intervalo de jogo nos Playoffs. Essa também foi a maior derrota da vida do Spurs em casa, incluindo os tempos do time na ABA.

Entre muitas coisas, o Houston Rockets conseguiu essa vantagem com bolas de 3 pontos. Foram VINTE E DOIS acertos de longa distância (o recorde é 25) em 50 tentativas, este um recorde dos Playoffs. Para se ter uma ideia, até este ano NUNCA na história da NBA um time tinha tentado 50 bolas de 3 em um jogo. Nesta temporada isso aconteceu TREZE vezes, sendo que ONZE foram feitas pelo Rockets. A máquina de 3 pontos montada por Mike D’Antoni estava justamente enfrentando o Spurs, o terceiro time da NBA que menos permite arremessos de longe, o terceiro que menos sofre arremessos de 3 pontos e o 7º que permite o pior aproveitamento do adversário. Ontem não só o Spurs não conseguiu impedir o Rockets de tentar esses chutes, como não foi capaz de parar de fazer eles entrarem na cesta. Foi uma surra.

A receita foi muitíssimo bem descrita por Manu Ginóbili após o jogo:

Eles ganharam confiança e nós ficamos meio frenéticos. É uma bola de neve quando isso acontece. Você começa a acelerar o jogo, a forçar arremessos para se recuperar e isso só joga mais combustível no fogo deles. Eles passaram a correr mais e a entrar no garrafão também. Precisamos ser mais espertos, controlar mais o ataque, nos movimentar melhor. Se nós jogarmos contra eles no 5-contra-5 toda posse de bola, ficará um pouco mais fácil. Hoje, na correria, eles nos mataram

A análise é bem mais parecida, mas bem menos engraçada, que a de Gregg Popovich:

Depois de uma boa SAPATADA no repórter, Pop diz que se seu time forçar arremessos precipitados e errar esses chutes, o jogo vira uma grande correria e nisso o Rockets é bem melhor do que o Spurs. A análise dos dois é precisa, mas assusta porque imagino que os dois perceberam o problema logo no começo do jogo e mesmo assim não foram capazes de parar o trem de Houston.

Veja nesse lance como o Spurs não aproveita um lance onde deveriam ter vantagem, Aldridge contra Anderson. No ataque o Rockets entra duas vezes no garrafão deles sem suar muito. Primeiro Patrick Beverley movimenta Aldridge e David Lee, depois Eric Gordon aproveita o mismatch criado pela primeira infiltração para atacar os pivôs do Spurs e encontrar Clint Capela, livre, embaixo da cesta.

Em outro lance, um rebote defensivo do Rockets vira rápido contra-ataque que nunca deixa o Spurs posicionar sua defesa. A ameaça de um chute de longe de Gordon faz Kawhi Leonard e Ginóbili se mexerem, Anderson sobra livre e encontra o também livre Trevor Ariza, que usa o desespero de Pau Gasol para impedir o arremesso de 3 pontos para encontrar uma linha reta e direta para a bandeja:

Por fim, uma jogada onde o Rockets consegue tudo o que quer sem precisar lutar muito: basta um bloqueio simples para tirar Leonard da marcação de James Harden, que não tem dificuldade em se aproveitar da ânsia de Ginóbili de cortar o passe para pegá-lo pelas costas, e aí fica fácil para o Barba encontrar Clint Capela quando Aldridge está no meio do caminho sem saber se sai para a ajuda ou se fica segurando o pivô do Rockets:

Em resumo o jogo foi assim, o Rockets tentando jogadas e, sem precisar suar ou sofrer, achando o que queria, pegando sempre a defesa do Spurs um passo atrás. As bolas de 3 mataram o jogo, mas as infiltrações fáceis que definiram o jogo, até por serem responsáveis por criarem boa parte desses arremessos.

Mas apesar de todo o sucesso ofensivo do Houston, o Spurs também precisa que seus jogadores acordem para a vida e ganhem alguns duelos individuais no ataque. Danny Green errou arremessos sem marcação, Patty Mills não viu a cor da bola e LaMarcus Aldridge fez uma de suas piores partidas dos últimos tempos. Não só não tirou proveito de momentos como o citado duelo individual contra Ryan Anderson, como também sofreu até quando foi marcado pelo nanico James Harden após trocas:

Tony Parker, que tinha sido decisivo nos últimos dois jogos contra o Memphis Grizzlies, teve duas de suas jogadas PATENTEADAS, aquelas que NUNCA dão errado, arrancadas na unha pelo Rockets. Primeiro Patrick Beverley roubou a bola naquele corte da direita pela esquerda, com a bola alta, que Parker sempre faz em contra-ataques:

Depois Lou Williams (!!!!!) deu um toco no floater mais famoso do século:

Foi um dia daqueles! O que pode servir de consolo para os torcedores do Spurs é lembrar de um trauma do ano passado: também num Jogo 1, também na 2ª rodada, o Spurs MASSACROU o OKC Thunder por embaraçosos 124 a 92. Calhou que o Thunder estava só dormindo, acordou na partida seguinte e levou a classificação por 4 a 2. Assusta, mas foi só um jogo.


Ficou famosa na temporada passada a história em que LeBron James DESPREZA a ameaça do Toronto Raptors no Leste. Com a final da conferência empatada em 2 a 2, o rei de Cleveland foi perguntado sobre a situação de adversidade e respondeu: “Eu já enfrentei adversidades antes, essa não é uma delas”. E então seu time venceu com certa tranquilidade as partidas seguintes e foi para a Final.

Desde então o Raptors ficou mais experiente, viu DeMar DeRozan fazer a melhor temporada da vida e adicionou os veteranos Serge Ibaka e PJ Tucker para chegar aos Playoffs com mais chance de fazer frente ao atual campeão. Deu certo? Vamos ver:

Como tem sido comum nos jogos do Cavs nos últimos tempos, eles conseguiram criar qualquer arremesso que querem, a qualquer momento, em qualquer canto da quadra. Não houve um ajuste sequer que o Raptors tentou que tenha feito LeBron James ou Kyrie Irving hesitar. Os dois entravam no garrafão, faziam bandejas e soltavam passes para arremessadores que detonavam bolas de 3 pontos atrás de bolas de 3 pontos. Foram 9 chutes feitos de longa distância só no primeiro tempo!

Essa jogada mostra bem o desespero do Raptors: quando parece que eles conseguem tirar o ritmo de Irving, ele acha, sabe-se lá como, Kevin Love livríssimo na zona morta. BINGO:

No segundo tempo até que o Raptors conseguiu segurar as bolas de longa distância do rival, mas o shotchart abaixo mostra que outro arremesso bem eficiente foi liberado. No famoso cobertor curto das defesas da NBA, a agressividade nos “closeouts“, as contestações de arremesso, renderam 9 acertos em 12 tentativas de bandeja ou enterrada do Cavs na segunda etapa:

shotchart

Poucos times têm chance de bater de frente com esse poder de fogo do Cavs, e o Raptors mostrou ontem que provavelmente não é um deles. Segundo dado do SportVU, programa que mede a posição dos jogadores durante cada ação da partida, indica que o Toronto Raptors tentou 41 dos seus 89 arremessos sem nenhum defensor próximo do arremessador, mas acertou somente 19 deles, aproveitamento de 46%. Dois jogadores chamam a atenção aqui: Kyle Lowry acertou somente 2 dos 7 arremessos sem marcação, já Patrick Patterson fez somente 1 das 5 chances livres que teve.

Mas Patrick Patterson teve um bom momento no jogo, um ótimo toco sobre Irving que… esquece.

O aproveitamento do Raptors em arremessos sem marcação importa porque do outro lado está um time muito capaz de fazer arremessos mesmo quando é bem marcado. O Cavs acertou os MESMOS 19/41 arremessos que o Raptors fez livre, mas nos chutes MARCADOS de perto! Pensa bem em como isso é louco. Destaque, óbvio, para LeBron James, que fez 8 dos 14 arremessos contestados que tentou.

Foi só o primeiro jogo, mas ainda não sabemos se o Raptors vai conseguir colocar a bola na cesta o bastante (os erros de Patterson e Lowry tem sido recorrentes na pós-temporada) e nem se eles vão encontrar maneiras de ao menos diminuir a produção de Irving e LeBron. Há uma maneira de tentar, pelo menos: o técnico Dwane Casey voltou a tentar usar Jonas Valanciunas como pivô titular, mas a experiência durou míseros 7 minutos, divididos em dois momentos curtos e pouco eficientes do lituano. Talvez, ao invés de insistir na dupla Serge Ibaka e Patterson para cobrir Valanciunas, valha mais a pena arriscar um time mais baixo com Normal Powell passando mais tempo com os titulares. Deu certo contra o Milwaukee Bucks. O time tem um saldo de pontos MUITO melhor com ele em quadra:

Ontem Powell saiu de quadra com saldo de +14 pontos. Aconteceria o mesmo se ele jogasse contra os titulares do Cavs e não estivesse lá no garbage time absoluto dos últimos 3 minutos do jogo? Acho que está na hora de descobrir. Até lá LeBron James segue preocupadíssimo com o Raptors…

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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