[Resumo da Rodada] A virada do Toronto Drakes e os 18 minutos de fúria do Hawks

O clichê da NBA diz que o basquete é um “game of runs”, o que quer dizer que muitos jogos são um conjunto de séries, sequências de pontos de um mesmo time. Não é sempre assim, mas acontece bastante: um jogo pode chegar no último quarto empatado, mas antes um time abriu 20, depois outro empata com uma sequência de 25 a 5 em meia dúzia de minutos e por aí vai. São incontáveis as vezes que uma dessas sequências define jogos.

A rodada desta terça-feira, composta de apenas dois jogos, pode ser resumida em duas incríveis runs. A primeira aconteceu em Toronto, onde o Raptors enfrentou o Indiana Pacers numa matinê de Playoff. O jogo foi tão cedo que Masai Ujiri, manager do Raptors, criou um documento para que os torcedores usassem com seus chefes na firma. Dizia que cada um deles estava indo no jogo porque era importante para o Raptors e eles tinham um trabalho para fazer no ginásio. Criativo e divertido, mas não resolvia nada: quem iria ter que fazer as cestas eram aqueles jogadores apavorados que parecem PIORAR quando a torcida está ensandecida.

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Com a série em 2-2 e um futuro Jogo 6 em Indianapolis, era claro que esse era um jogo-chave para o Raptors. Mais uma derrota em casa e era capaz de tudo implodir: mais uma eliminação precoce e um possível desmanche a caminho. Playoffs trazem jogos decisivos quase todo dia, mas esse para o Raptors parecia ter um peso extra. E é ÓBVIO que eles responderam do pior jeito possível.

Tomaram uma sequência de 35 a 20 logo no primeiro quarto. Tudo o que você não precisa para começar um jogo decisivo é acertar só 6 dos seus primeiros 16 chutes. E vejam só, isso foi com FINALMENTE o técnico Dwane Casey assumindo que deveria começar com Patrick Patterson no time titular. Ele tomou a decisão certa e mesmo assim o time continuou todo errado. Não há acerto tático que corrija jogadores que hesitam antes de tomar qualquer decisão, nem time que sobreviva aos Playoffs com sua super estrela, no caso Kyle Lowry, acumulando seu QUINTO jogo ruim seguido.

Por sorte, o DeMar DeRozan leu o post especial do Danilo sobre seus problemas e resolveu finalmente estrear na pós-temporada. Com seu time apavorado e jogando mal, no desespero, ele resolveu que não ia mais bater a bola cem vezes e deixar a defesa do Pacers se posicionar como quer, iria atacar antes e com mais certeza. Foi assim que ele marcou 34 pontos e cobrou 13 lances-livres, três mais do que em todos os 4 primeiros jogos somados.

Foi sob o comando de DeRozan que o Raptors conseguiu não ser massacrado nos períodos seguintes, mas mesmo assim o time chegou ao último quarto bem atrás no placar e precisava de alguma forma do tal run para dar um jeito no jogo. Não sei se pensando na defesa para liderar essa virada ou apenas fazendo uma rotação natural de começar o último quarto com reservas, mas Casey jogou a primeira metade do último quarto com Cory Joseph, Kyle Lowry, Terrence Ross, Norman Powell e Bismack Byiombo. Quatro reservas e mais Lowry, todos MUITO atléticos, alguns excelentes defensores, como Byiombo e o novato Powell. Em 8 minutos, esse quinteto meteu 21 pontos no Pacers, sofreu apenas DOIS, forçou 5 turnovers e basicamente salvou todo o ano da franquia.

Esse menino Norman Powell foi um dos grandes achados dessa temporada. Escolhido na segunda rodada do último Draft pelo Milwaukee Bucks, chegou em Toronto na troca de Greivis Vásquez e passou os três primeiros meses da temporada indo e voltando da D-League. A lesão de DeMarre Carroll o fez ganhar mais espaço no time e, de repente, virou titular em vários jogos e se tornou um dos defensores de confiança de Casey. Agora está aí, anulando Paul George durante a maior prova de fogo que já passou.

Ninguém garante que o Raptors é, de repente, o time sensacional da temporada regular, mas eles finalmente conseguiram um daqueles grandes momentos que todo time precisa. Perdendo por mais de 10 pontos, em casa, num jogo-chave, venceram um período por ABUSIVOS 25 a 9. E mais importante do que isso: tiveram também MUITA SORTE, o que é sempre uma fonte de confiança para qualquer elenco. O jogo só não foi para a prorrogação porque Solomon Hill esteve UM DÉCIMO DE SEGUNDO atrasado para empatar o placar:

Bom passe de Paul George, nada afobado e nem um pouco egoísta. Lance certo, arremesso perfeito, faltou um décimo. Uma vez na vida as coisas deram certo para o Raptors nos Playoffs! O alívio não dura muito, porém. Se não fecharem a série logo, terão um Jogo 7 em casa, exatamente como aquela vez contra o Brooklyn Nets. Será que Lowry acorda até lá?

Pelo Pacers, uma pequena tensão no ar. Ao ser perguntado sobre o que aconteceu no último quarto, Paul George (39 pontos, 8 rebotes, 8 assistências) disse, com algum cuidado e educação, que “individualmente, nossos jogadores sabem que precisam aparecer pra jogar”. Não sei vocês, eu li como “não posso fazer tudo sozinho, rapeize”.


O outro jogo do dia, o interessante duelo entre Atlanta Hawks e Boston Celtics, também foi decidido numa sequência insana e até inexplicável de pontos. Essa, porém, durou mais de um quarto, foram DEZOITO minutos. Nos primeiros 18 minutos de partida (um quarto e meio de jogo), o Hawks foi sua pior versão, aquele time que passa a bola só por passar, sem criar nada de interessante. Nos 18 seguintes (da metade do segundo período até o final do terceiro) eles foram uma cópia perfeita dos melhores dias dos melhores San Antonio Spurs do passado recente.

Eu poderia encerrar por aqui, é só ver esses números e pronto. Num mesmo jogo, durante um mesmo período de tempo, esse Hawks é capaz de marcar DEZENOVE ou SETENTA pontos. Acertar 16% ou 66% de seus arremessos de 3 pontos. O placar estava 29 a 19 para o Boston Celtics quando o Hawks resolveu tomar o espinafre do Popeye (pior desenho, pior exemplo), e começou seu run de 74 a 33 (!!!!!!) que culminou com todos os reservas em quadra e um raro garbage time de Playoff. Até enterradas consecutivas de Tim Hardaway Jr. contra um apanhado de novatos rolou:

Embora essas surras sejam uma combinação raríssima de tudo-junto-ao-mesmo-tempo-agora (acerto de um lado, erro de outro, sorte, azar, acaso, deuses do basquete, carma e coentro), ficou de novo a sensação de que o ataque coletivo e cheio de passes do Celtics não vai funcionar muito nessa série. Os melhores momentos do time nessa série aconteceram quando Isaiah Thomas exerceu um certo “estrelismo” no ataque e resolveu tomar conta do jogo. Seu modo de ataque que abriu os buracos na defesa do Hawks que, em outros jogos, Marcus Smart, Evan Turner e até Jonas Jerebko aproveitaram. Mesmo que não fique com a bola na mão sempre, Thomas precisa atacar e fazer a defesa do Hawks reagir de alguma forma.

Ontem não foi o caso, Thomas acertou apenas 3 dos 12 arremessos que tentou e ainda saiu de quadra mancando após uma leve torção de tornozelo. Parece que não é grave (depois dos últimos dias é melhor ter cuidado com os armadores), mas fica a dúvida pra vermos se ele estará 100% no próximo duelo.


RODADA DE HOJE

Charlotte Hornets @ Miami Heat (21h, SporTV)

Portland Trail Blazers @ LA Clippers (23h, League Pass)

Houston Rockets @ Golden State Warriors (23h30, ESPN)


CHEERLEADER DO DIA

O Toronto Drakes pode se orgulhar que seu mascote, Drake, está completamente ENGAJADO em fazer sua parte para que o time da casa vença uma série nesses Playoffs.

O mais perturbador da cena é que não consigo olhar para o Rodney Stuckey sem lembrar que ele é a cara do 50 CENT! Parece uma estranha briga de rappers numa quadra da NBA.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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