[Resumo da Rodada] Colocando a cabeça no lugar

Com DeMar DeRozan assumindo o ataque da equipe e conseguindo pontuar mesmo sob forte marcação, parece que o Raptors não tem nada a temer. As infiltrações que ele inventou na marra criaram espaços para a equipe e deram ao Raptors um ritmo ofensivo que, quando acontece, o Bucks não tem muito o que fazer. O mais impressionante sobre o DeRozan foi que a forte defesa do Bucks atrapalhou demais seu jogo de infiltração, mas ao contrário de anos anteriores, ele CONTINUOU ATACANDO A CESTA. Pra gente ter uma ideia, rumo aos seus 32 pontos DeRozan errou 12 arremessos – metade deles com tocos tomados em meio à defesa adversária. E mesmo assim lá estava ele, nos dois minutos finais decisivos, fazendo infiltrações no meio de dois ou três defensores e dando a enterrada que selou a partida.

Essa resiliência e capacidade de manter o plano de jogo mesmo na adversidade são as marcas de um time SÉRIO, desses que a gente não acha que vai perder partidas por puro despreparo emocional mesmo quando estão vencendo partidas 25 pontos de vantagem. Mas o Raptors sempre dá um jeito de nos surpreender, né? Vencendo por 25 pontos no meio do terceiro quarto, o Raptors errou alguns arremessos, cometeu alguns erros, e o Bucks veio pra cima como um TRATOR. Conforme a vantagem no placar ia diminuindo, o Raptors foi simplesmente IMPLODINDO. Com a vantagem no placar em 10 pontos, a equipe de Toronto já não era mais capaz de pegar um mísero rebote defensivo. O Bucks chegou a pegar 3 rebotes ofensivos em uma única posse de bola, chegou a ser engraçado o nível de DERRETIMENTO da defesa do Raptors. O estrago só não foi maior porque o ataque do Bucks não é tão bom assim e porque, do final do terceiro até o final do quarto período, o time da casa errou 7 dos 11 lances livres que tentou.

Ainda assim, o Bucks saiu de estar perdendo por 25 para estar VENCENDO por 2 pontos a 3 minutos do final – uma corrida de 34 a 7, um daqueles eventos inesquecíveis que só se explicam com um time em estado de glória enquanto o outro virou chorume. Qualquer um em sã consciência cravou a vitória do Bucks assim que passaram à frente no placar. Como é que o Raptors, famoso por seus desmantelamentos emocionais, iria conseguir colocar a cabeça no lugar?

O Raptors então pediu um tempo técnico e Cory Joseph, o “pedacinho do Spurs em Toronto”, alegadamente começou a mandar todo mundo só se acalmar, que se fizesse o que tinham feito no resto do jogo, de boa na lagoa, tudo daria certo. E o Raptors optou por colocar o armador calejado ao lado do reserva Patrick Patterson no quinteto responsável por fechar a partida. O resultado não poderia ter sido melhor: DeRozan voltou a infiltrar, Joseph acionou Patterson para uma enterrada e depois o armador converteu uma bola de três pontos na zona morta numa movimentação ofensiva perfeito. Quando DeRozan encontrou espaço para uma última enterrada, o Raptors tinha feito 11 pontos e tomada apenas 2 num período de pouco mais de 2 minutos.

O Bucks foi obrigado no final a enfrentar o Raptors de verdade, não a sua versão GELEIA. E nesse momento, o veteraníssimo Jason Terry assumiu a responsabilidade: primeiro roubou uma bola de DeRozan numa infiltração do ala, e depois acertou uma bola de três numa jogada ligeiramente quebrada pensada para um arremesso de Khris Middleton. O arremesso cortou a vantagem para 2 pontos e DeRozan, que sofreu falta imediatamente, acabou errando um lance livre a 16 segundos do fim. O Bucks tinha uma chance.

O problema é que quando Jason Terry roubou aquela bola de DeRozan, sobravam 25 segundos no cronômetro e a equipe de arbitragem precisou conferir no replay pra ter certeza de que a bola era do Bucks. O técnico Jason Kidd teve a oportunidade de preparar uma jogada – a tal bola de três que acabou sobrando para o Jason Terry – e guardar um tempo técnico para uma emergência final. Mas não, preferiu usar o tempo da análise do replay e MAIS o tempo técnico. Ou seja, a 16 segundos para o fim o Bucks não tinha nenhum tempo para pedir.

Antetokounmpo, exausto após jogar 46 minutos, recebeu a bola, considerou arremessar mas recusou um arremesso contestado e de baixo aproveitamento. Acabou infiltrando, completamente livre e no último instante desistiu de acionar Middleton na zona morta, por medo de ter a bola roubada pelo DeMar DeRozan, que estava na rota da bola e já tinha 5 roubos de bola na partida. Ou seja, Antetokounmpo ENTERROU a bola a 3 segundos do fim, seu time um ponto atrás do placar, e não restava nada a fazer a não ser cometer mais uma falta para parar o cronômetro.

Dois lances livres convertidos por DeRozan depois, o Bucks precisava de novo de uma bola de três pontos, mas sem tempo para pedir precisava passar a bola lá da linha de fundo e forçar um arremesso sem chances provavelmente do meio da quadra. Receita para fracasso – que sequer se concretizou porque, pressionado, o Bucks não conseguiu nem acertar o passe na saída de bola.

Antetokounmpo teve 34 pontos, 9 rebotes, 3 assistências, 2 roubos e 2 tocos – mas no final o único assunto era ele ter acertado apenas 7 dos 13 lances livres que cobrou e ter enterrado uma bola idiota quando era preciso um arremesso de três – já que Jason Kidd tinha gastado mal um tempo técnico valioso. Coisas de um time jovem, que ainda tem muito a aprender e poderá pensar nisso agora nas férias. O Raptors, por exemplo, parece estar aprendendo um pouquinho, na marra. Agora eles já sabem se recompor no final dos jogos, vamos ver se eles evoluem um pouco mais e conseguem evitar virar GELEIA de repente nas partidas da próxima fase  contra o Cavs.


Outra série que terminou na noite de ontem foi Spurs e Grizzlies, e apesar da eliminação a equipe de Memphis tem muito a celebrar. Com mais uma partida agressiva de Mike Conley (26 pontos, 5 assistências em 44 minutos), ajuda na linha de três dos arremessos de James Ennis (que converteu 3 em 4 tentativas) e uma defesa focada em Kawhi Leonard, o Grizzlies construiu uma vantagem de 10 pontos no placar logo no início do primeiro tempo.

É claro que o Spurs iria dar um jeito de se ajustar, e se na série tivemos ajuda eventual de Manu Ginóbili, na noite de ontem foi a vez de Tony Parker assumir. Se aproveitando do foco em Kawhi, Parker usou corta-luzes altos para converter arremessos de média distância e manter o Spurs perto no placar.

Até que Kawhi, que teve 29 pontos, 9 rebotes, 4 assistências e 3 roubos, subiu uma marcha. É surpreendente quão pouco cansado ele parece nos quartos períodos em geral, e de repente estava correndo mais do que toda a defesa do Grizzlies somada. Em duas arrancadas, arrumou uma cesta e falta e uma bola de três pontos (tendo errado todas as suas 4 tentativas do perímetro antes disso) para marcar 6 pontos em menos de um minuto. Com LaMarcus Aldridge enfim topando o bate-cabeça no garrafão do Grizzlies e garantindo um par de rebotes ofensivos, a vantagem do Grizzlies que era de 7 pontos a 5 minutos do fim do jogo se tornou um empate no placar nem dois minutos depois.

E ainda assim o Grizzlies manteve o plano de jogo (e a língua pra fora) pra tomar novamente a liderança no placar, basicamente em infiltrações de Mike Conley, que tornou a vida de Danny Green um inferno. Mas não foi suficiente porque Parker e Kawhi pareciam estar totalmente no controle. O Spurs tomou a liderança a um minuto do fim do jogo e, precisando defender e ter a última posse de bola da partida, o Grizzlies fez uma defesa IMPECÁVEL numa infiltração de Kawhi, mas a estrela do Spurs passou tranquilamente a bola para Parker. A defesa de Conley em Parker foi outra vez IMPECÁVEL, Parker não conseguiu infiltrar mas arrumou um arremesso forçado que caiu como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Ao todo, Parker acertou 11 de seus 14 arremessos.

O que mais dá pra pedir do Grizzlies? Tomou a liderança, foi batido por Kawhi Leonard, tomou a liderança mais uma vez, marcou bem Kawhi Leonard, e mesmo assim perdeu o jogo. Foi o máximo que poderia ser feito, o Spurs apenas tem mais armas, mais técnica e, claro, o melhor jogador dos Playoffs até aqui, Kawhi Leonard.

Foi brigado, foi épico, foi bonito, mas acabou. Agora é hora de pensarmos em Spurs e Rockets – pera aí que vou suar frio ali no cantinho.

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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