[Resumo da Rodada] Em resgate do seu técnico

A rodada do fim de semana teve 8 jogos e não dá pra deixar nenhum escapar! Dividimos por aqui as análises dos jogos de sábado e daqui a pouquinho saem as análises de domingo. Estamos a todo vapor, então aproveitem!


por Danilo

Toma esse dado: os 43 pontos, 8 rebotes, 3 assistências, 7 bolas de três pontos e SEIS ROUBOS de Kawhi Leonard não foram suficientes pra vencer o Grizzlies em Memphis. Toma esse outro dado: o “take that for data” do técnico David Fizdale simplesmente virou essa série de ponta-cabeça.

Após Fizdale ter feito a reclamação de “desrespeito” por parte dos árbitros, o Grizzlies pela segunda vez consecutiva converteu mais lances livres do que o Spurs na partida. E pela segunda vez voltou a usar Marc Gasol e Zach Randolph juntos em quadra, intercalando um para brigar no garrafão e outro para espaçar a quadra de acordo com as escolhas defensivas do Spurs. Sem Dewayne Dedmon, doente, o Spurs teve que tentar conter as duas torres com David Lee como titular, já que Popovich acredita que Pau Gasol é melhor utilizado com os reservas – e os números de aproveitamento de Pau Gasol corroboram a tese. Lee é um defensor muito, muito fraco e foi frequentemente explorado pela dupla de garrafão do Grizzlies e por jogadores infiltrando em transição. Mike Conley abusou dessas oportunidades para conseguir bandejas, floaters antes de David Lee se posicionar e para acionar companheiros embaixo da cesta sempre que havia alguma falha defensiva. Conley jogou de maneira agressiva e forçando arremessos de três pontos para punir o Spurs por tentar não trocar a marcação nele durante os pick-and-rolls. Seus 35 pontos, 9 rebotes e 8 assistências mostram que deu certo: Conley jogou um absurdo, criou problemas que a defesa do Spurs não previa e ainda assumiu pra si a responsabilidade de dar os arremessos difíceis nos momentos mais importantes. Ao fim do jogo, disse que Fizdale, seu técnico, tinha corrido em sua proteção ao fim do Jogo 2, e que agora era hora de retribuir o favor, jogando de modo a defender seu técnico. O discurso de Fizdale deixou os árbitros apavorados e alimentou o jogo não só da defesa do Grizzlies, mas também do armador mais tranquilo do planeta.

Em parte pela defesa do Grizzlies, em parte porque o Spurs não conseguiu entrar num ritmo decente, as bolas de três pontos da equipe de San Antonio simplesmente não caíram de jeito nenhum. Danny Green errou todas as 6 que tentou, Ginóbili errou todas as suas 4 tentativas, Patty Mills acertou apenas um em 4 arremessos de fora. Kawhi Leonard assumiu então todo o fardo ofensivo, mostrou-se imparável, o Grizzlies não tinha nenhuma resposta para ele e as tentativas de marcação dupla foram facilmente esquivadas por Kawhi com passos para trás e uma leitura quase SOBRE-HUMANA do posicionamento de todo mundo em quadra. Se o Grizzlies conseguiu criar uma vantagem no placar foi só porque seu ataque, movido a Mike Conley, funcionou como nunca, com cestas fáceis onde estamos tão acostumados a ver cestas sofridas e quase aleatórias.

Ainda assim, Kawhi simplesmente evitou uma marcação dupla para fazer o que parecia a cesta da vitória a 12 segundos do final do jogo. Todo o esforço do Grizzlies fora em vão. A própria essência do Planeta Terra chorou. Mas Mike Conley foi ao resgate de David Fizdale para fazer a cesta da prorrogação a 4 segundos do fim em cima de Tony Parker, outro elo fraco na defesa ao lado de David Lee que o Grizzlies soube explorar com inteligência e agressividade. As cestas dos minutos finais mostram quão absurda foi a partida de Conley, e como ela co-existe com uma partida AINDA MAIS surreal de Kawhi Leonard:

Na prorrogação, Kawhi mais uma vez foi todo o ataque do Spurs: primeiro salvou uma jogada quebrada (em que Patty Mills escorregou e quase perdeu a bola) convertendo uma bola de três pontos para diminuir a vantagem pra 1 ponto, e depois se aproveitou do desespero da defesa do Grizzlies, já cansada e correndo em cima de todas as bolas, para enganar a marcação e converter uma segunda bola de 3 pontos da zona morta que empatou o jogo com 12 segundos sobrando no cronômetro. É a maldição dos 12 segundos, sempre aparece alguém pra virar o jogo depois disso.

Mike Conley, na jogada final da partida, abriu mão da bola para acionar um Marc Gasol em movimento, que recebeu o passe já girando em direção à cesta. Esse giro em movimento fez com que LaMarcus Aldridge precisasse tirar o corpo pra não cometer a falta e Gasol converteu o arremesso no meio da passada para ganhar o jogo. Sério, olha quão ESPERTO é esse arremesso para impedir que a defesa tire o ângulo de ataque à cesta:

Destaque para o fato de que Kawhi só não dobrou em Marc Gasol porque teve que perseguir Troy Daniels, que é um ZÉ NINGUÉM mas tinha acertado duas bolas de três pontos no jogo e era um perigo real naquele momento. Ainda assim, não era melhor ter dobrado?

Quem diria que essa série estaria empatada? Que a reclamação sobre a arbitragem acenderia a chama de Mike Conley? Que Dewayne Dedmon faria falta num jogo de Playoff? O Grizzlies está sempre aí pra nos lembrar de que o mundo NÃO FAZ SENTIDO. Aproveitemos.


Hawks e Wizards insiste em tentar se fazer interessante – mas ainda não consegue impedir nossos olhos de sangrarem. Se a graça da série até aqui foi ver John Wall puxando contra-ataques e fazendo o esquema ofensivo do Wizards funcionar como uma máquina bem calibrada, o Jogo 3 nos tirou até esse pequeno prazer: Wall ainda teve uma partida excelente, mas enfeiada e enrugada pela defesa de Dennis Schroder. O armador do Hawks tomou como missão pessoal limitar as opções de passe de Wall, com o restante do seu time inteiramente focada na defesa de transição para impedir as bolas de três pontos no contra-ataque. Basicamente o Hawks forçou John Wall a infiltrar sozinho, trombar contra a defesa, e acabou levando o armador a segurar o ritmo de jogo, esperar seus companheiros, tentar encontrá-los e, com isso, dar mais chances da defesa do Hawks se posicionar de maneira correta.

Por que a série, sem os contra-ataques do Wizards, ainda deu um jeito de ficar minimamente interessante? Porque John Wall passou o jogo inteiro puto com Schroder, batendo boca com ele em toda jogada, enquanto Millsap continuou se estranhando com Markieff Morris em todas as suas bilhões de infiltrações na marra tentando cavar faltas. O Wizards foi eliminado nos Playoffs pelo Hawks há duas temporadas atrás e parece que o time ainda se lembra, ainda rola um rancorzinho, capaz de salvar essa série da inexistência. Depois do jogo, nos vestiários, Morris disse que Millsap consegue todas as marcações da arbitragem ao seu favor porque é um “bebê chorão”. A reação de Schroder ao saber disso na coletiva de imprensa é muito, muito engraçada:

Dessa vez Millsap nem passou tanto tempo cobrando lances livres (foram apenas 9), mas o Wizards ainda não sabe o que fazer com ele quando o ala infiltra agressivamente no mano-a-mano. Foram 29 pontos, 14 rebotes e 5 assistências para Millsap (além de 1 roubo e 2 tocos), o símbolo de um Hawks que cada vez gira menos a bola e cada vez mais tenta infiltrar aos trancos e barrancos. Pode não ser bonito (e não é!) mas pelo menos é mais objetivo e efetivo do que o ataque MELA-CUECA que eles mantiveram pela maior parte da temporada regular. Schroder jogou uma de suas partidas mais agressivas na temporada, jogando sem pensar, nível DESCEREBRADO, tentando devolver na mesma moeda qualquer jogada legal que o John Wall fazia. E quer saber? Isso FUNCIONA, porque a defesa do Wizards não é boa o bastante para ter que tomar decisões rápidas e rotacionar com velocidade. Schroder saiu de quadra com 27 pontos e 9 assistências na mais pura correria, enquanto sua defesa de transição ajudou a segurar Bradley Beal a apenas 6 acertos em 20 tentativas.

Tirando o jogo individual de John Wall, o Wizards mais uma vez viu seu poder ofensivo depender de Brandon Jennings, com 13 pontos e 4 assistências em apenas 17 minutos de jogo. É cada vez mais óbvio que o Wizards depende demais do jogo pessoal de seus armadores e arremessadores, e o Hawks já se tocou que cortar as opções de passe torna o Wizards um time muito mais frágil. Mas chave para a equipe de Washington ainda está na defesa: se eles conseguirem elevar a movimentação defensiva para onde esteve nos melhores momentos da temporada e parar o ataque agressivo mas meio desfuncional desse “novo” Hawks, não há muito que o time de Atlanta possa fazer.


por Denis

O Toronto Raptors, time oficial da MATINÊ nos Playoffs da NBA, começou a rodada deste sábado visitando o Milwaukee Bucks numa tentativa de não retornar ao Canadá com um deficit complicado de 1-3 na série. O cenário era preocupante: time em má fase, Bucks voando e com um bando de jovens descompromissados e ansiosos para fazer história.

Se o cenário parecia legal e pronto para um jogo ótimo e emocionante, ficamos só com o emocionante mesmo, a qualidade passou longe: ao longo de um arrastado jogo feio, o Bucks fez sua torcida sofrer com míseros 37% de aproveitamento GERAL dos arremessos! Não foram surrados de quadra porque o Raptors só fez 41%. Número ridículo, mas o bastante para igualar a série em 2 a 2.

O Bucks ainda conseguiu a surreal marca de ter mais turnovers (20) do que assistências (16). Nem Giannis Antetokounmpo, que ao longo da série estava com um bom aproveitamento, se salvou: fez só 6/19 arremessos e cometeu 7 desastrados turnovers em infiltrações forçadas:

[image style=”” name=”on” link=”” target=”off” caption=”Arremessos de Giannis: olhos sangram”]http://bolapresa.com.br/wp-content/uploads/2017/04/Giannis.jpg[/image]

Nós costumamos exaltar a tal “intensidade de Playoff”, mas temos que admitir que às vezes o efeito é contrário, e times sentem a pressão e entregam atuações péssimas. Nessas horas resta fazer o que o Toronto Raptors fez neste sábado: atacar, atacar, atacar e torcer para eventualmente as coisas darem certo.

Depois de sua pior atuação nos Playoffs, com apenas 8 pontos (todos em lances livres), DeMar DeRozan se redimiu com 33 pontos e 5 assistências, sendo responsável assim por mais de 40% dos 87 que o time fez na vitória. Não canso de me admirar em como DeRozan assumiu uma nova persona de Playoff nessa temporada, bem diferente dos últimos anos. Ele tem chamado o jogo, atacado e até feito carinha de mal. Nem sempre rende boas atuações, mas ele nem de longe parece o cara passivo e assustado dos últimos dois anos.

Taticamente foi legal ver o Raptors tentar compensar a velocidade e capacidade atlética do Bucks com jogadores mais baixos. Vimos muito mais Norman Powell, PJ Tucker e até Delon Wright, e nada de Jakob Poetl ou Lucas Bebê. Até Jonas Valanciunas e Patrick Patterson jogaram menos que o normal para dar espaço para os baixinhos. Se no ataque não fez tanta diferença assim, na defesa foi bom para oferecer menos mismatches ao Bucks, que estava atacando os pivôs do Raptors na infiltração a cada troca. Sobrou ao Bucks forçados arremessos de longa distância, onde o time não estava NADA inspirado: foram 5 acertos em 21 tentativas, e todos acertos de Tony Snell. Ninguém pode depender tanto de Snell num jogo e sair ileso.


No último jogo do dia, o Golden State Warriors, novamente sem Kevin Durant, foi para Portland enfrentar o Blazers, que teria a volta de Jusuf Nurkic, jogando no sacrifício. O termo “jogar no sacrifício” é um clichê esportivo magnífico, mas não dá pra usar outro aqui: o pivô bósnio estava parecendo dolorido e mais lento que o Yao Ming embaixo d’água. Foi triste. No fim das contas ele pouco participou e não fez tanta diferença, como sempre o time foi todo Damian Lillard e CJ McCollum, que estavam PEGANDO FOGO durante praticamente todos os três primeiros quartos. Lillard arremessou suas bolas de quase do meio da quadra e fez 31 pontos, McCollum parecia imparável e fez 32, acertando 6 dos primeiros 7 arremessos de 3 pontos que chutou.

O time da casa dominou o jogo até o final do terceiro quarto. Forçou erros do Warriors, segurou Steph Curry e Klay Thompson a um baixo aproveitamento e conseguiu sair em velocidade para cestas fáceis. Em parte até parecia que o Warriors não estava muito engajado na partida, mas era difícil não dar os méritos para o Blazers e sua boa execução ofensiva. É difícil pontuar quando o adversário sabe que o plano é ver só dois jogadores chutarem, mas com contra-ataques e intensa movimentação sem a bola, eles estavam conseguindo. Até Kevin Durant tinha que reconhecer que McCollum estava em outro nível:

Mas quando McCollum sentou no banco de reservas para um leve respiro no fim do terceiro quarto, o Warriors virou a chave e montou com tudo na jugular do adversário: defesa sufocante, muitos turnovers forçados, contra-ataque, arremessos de 3 pontos e muitas, MUITAS enterradas de Andre Iguodala e JaValle McGee. O quanto é surreal que esse time conseguiu transformar o pivô desengonçado numa arma ofensiva tão difícil de ser marcada? Ontem ele fez 14 pontos em 15 minutos e teve um saldo de assustadores +24 pontos nesses 15 minutos. Quando ele entrou o Warriors AMASSOU o Blazers! Uma das jogadas mais difíceis de marcar nos últimos tempos tem sido esse pick-and-roll entre Curry/Klay e McGee e o apoio de Draymond Green:

A dobra tenta impedir o arremesso, a cobertura vai para cima de Green e enquanto isso McGee está absolutamente livre em volta do aro.

Com o jogo já sob perigo, McCollum voltou para quadra para tentar salvar a pátria, mas já era tarde e o Warriors estava naquele modo defensivo que ninguém passa nem o sal. Como na série do ano passado, quando chegou a hora H, o time de Steve Kerr (que, doente, nem ficou no banco ontem) decidiu dobrar a marcação na cara dura sobre a dupla dinâmica do Blazers e pagar pra ver se o resto do dia aparecia pra jogar. Nisso Al-Farouq Aminu errou chutes sem marcação, Evan Turner ganhou protagonismo excessivo e até Lillard cometeu turnovers bobos. No fim das contas um time tem opções demais e o outro não. O torcedor de um vibra, o do outro vira meme:

A lista de razões para para ser tão difícil bater o Warriors já é gigante: as bolas de 3 pontos, a defesa, os contra-ataques, os turnovers que eles provocam, etc. Mas ontem também ficou clara outra coisa: eles podem descansar seus jogadores e ver os reservas, comandados por Iguodala, McGee e David West, fecharem a defesa de modo impressionante. Poucos times podem se dar ao luxo de fazer o mesmo, e o Blazers deixou o jogo escapar quando deu um respiro para McCollum. Resta tentar repetir tudo no Jogo 4, segurar a vantagem por mais tempo e tentar evitar uma varrida em casa.

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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