[Resumo da Rodada] LeBron James, o rei

Existe um motivo para times de LeBron James terem ido para a Final da NBA nos últimos seis anos: é muito fácil parecer um bom jogador ao lado dele, e existem dúzias e mais dúzias de combinações de jogadores ruins, medianos ou bons que de repente parecem geniais ao lado do King James.

Na rodada desta quinta-feira, o Indiana Pacers, que foi um timaço em casa ao longo da temporada regular, estava confiante de que poderia finalmente roubar uma vitória do atual campeão da NBA. O time começou bem, com movimentações rápidas e muita troca de bola para compensar as dobras de marcação constantes sobre Paul George –tática que o Danilo mostrou bem neste post. Assim que George estava começando a tocar na bola, a defesa do Cavs já partia para a dobra. Ao mesmo tempo um jogador do Pacers corria em disparada para a cabeça do garrafão para receber o passe e então arremessar ou passar para um segundo jogador. A movimentação sem a bola do time de Indianápolis foi o grande diferencial em relação às primeiras partidas. A enterrada MONUMENTAL de Myles Turner começa num lance assim:

A dobra chega logo em George, que passa para Turner, que tem a opção de Thad Young na cabeça do garrafão. Só que ele prefere arremessar e depois faz a jogada do dia no rebote ofensivo.

O time já jogava bem no miolo do segundo quarto quando Lance Stephenson entrou em quadra. Aí tudo melhorou ainda mais. O time acelerou o ritmo do jogo e usou dos contra-ataques para conseguir envolver Paul George em situações onde ele não recebia a dobra na marcação. Foi com esse espaço que ele marcou 21 dos seus 36 pontos e liderou uma sequência absurda do Pacers, que fez 72 pontos no primeiro tempo (maior marca da história da franquia nos Playoffs) e foi para o vestiário liderando por 25.

O segundo tempo não parecia tão animador para a o Cleveland Cavaliers. Embora o Pacers tenha esfriado muito no ataque, não aproveitando os muito rebotes ofensivos conquistados, especialmente por um incansável Thaddeus Young, o Cavs sofria com um dos piores jogos de Kyrie Irving nos últimos tempos. Nos últimos minutos do quarto a vantagem ainda estava na casa dos 20.

Tudo mudou quando o técnico Tyronn Lue resolveu apelar para um dos modelos mais básicos de ataque da NBA: coloque LeBron James com a bola na mão e o cerque com arremessadores de longa distância. Então Kyle Korver, Deron Williams e Channing Frye criaram todo o espaço necessário para LeBron atacar, dar passes fantásticos e até enterrar. Olha o poder do MEDO de tomar uma bola de 3 de Korver: a galera dá enterrada de graça!

A reação miraculosa do Cavs entrou na cabeça do Pacers, que, no desespero, parou de jogar basquete e começou a segurar a bola sem propósito torcendo para o tempo acabar logo. Não acabou, eles foram obrigados a tentar arremessos difíceis e viram o Cavs empatar, virar e depois abrir e matar o jogo com mais uma infiltração e passe para um arremesso de longe. Dessa vez de JR Smith para Channing Frye:

Com 3 a 0 e depois da MAIOR virada da história dos Playoffs em um segundo tempo, é ainda mais seguro cravar que essa série já era. LeBron James (41 pontos, 13 rebotes, 12 assistências), com uma atuação histórica e cercado de coadjuvantes, volta a fazer o resto da Conferência Leste chorar de medo.


Um dos times que já deve ter se desanimado é o Toronto Raptors. Há umas semanas a gente se iludia que o Leste estava aberto a outros concorrentes, hoje, no mesmo dia em que LeBron é deus, o Toronto Raptors tem uma das mais embaraçosas atuações dos últimos tempos. E a vergonha já começou antes do jogo, quando a galera de Milwaukee apresentou a equipe visitante sob a música de um dinossauro bem pouco assustador, o BARNEY:

Os jogadores do Milwuakee Bucks trataram de seus adversários como se fossem meros personagens infantis mesmo: Giannis atacou a cesta como se fosse marcado por novatos, Thon Maker, esse sim um novato, enterrou na cara de Serge Ibaka, Greg Monroe fez o que quis com Jonas Valanciunas e Khris Middleton arremessou na cara de qualquer um que tentasse o defender. O atropelo foi tamanho no primeiro tempo que em determinado momento chegou a marcar CINQUENTA a DEZENOVE! Pensa bem, pessoal, não é uma mera vantagem de 31 pontos, é uma vantagem de 31 pontos na metade do SEGUNDO QUARTO e com um dos times sem sequer alcançar vinte pontinhos.

Embora claramente incomodado com a defesa física do Bucks, que tira proveito do fato de ser um time mais jovem é MUITO mais atlético, o Raptors até conseguiu criar alguns arremessos, mas simplesmente NINGUÉM estava num dia inspirado. Pela segunda vez na série o Bucks atropelou, venceu e viu o adversário frio, congelado, nos arremessos de média e longa distância. O Raptors tem patéticos 24% de acerto em arremessos de fora do garrafão nos Jogos 1 e 3 somados.

O pior caso foi o de DeMar DeRozan, um All-Star, um dos grandes pontuadores deste ano e até destaque dos jogos iniciais. Ele errou TODOS os OITO arremessos que chutou na noite de ontem. Quando Giannis Antetokoumnpo parece o melhor jogador da série e o Raptors vê sua maior estrela ter menos impacto que um reserva qualquer, o que esperar do resto do confronto? O Bucks é muito bom e tem potencial, mas repito o que disse na outra derrota do time canadense: não há defesa que justifique aproveitamento tão baixo e atuação tão ridícula. O Raptors precisa parar de perder para si mesmo para ao menos ter chance de competir, e terá que fazer isso contra um time que transborda aquela confiança irracional dos jovens.


O último jogo da noite foi entre San Antonio Spurs e Memphis Grizzlies, o primeiro desde que o técnico David Fizdale mandou seu “Take that for data” em uma épica reclamação sobre a arbitragem. Não sei se foi só isso, mas deu resultado, o Grizzlies voltou a atacar o garrafão mas, dessa vez, conseguiram ao menos alguns apitos a seu favor. Foram 20 lances livres cobrados (18 feitos!) contra 28 do Spurs, uma diferença bem menos chamativa que na última partida.

A reclamação valeu a pena, assim como a multa de TRINTA MIL dólares. O dono do time, Robert Pera, não reclamou:

Mas não foi isso que resolveu o jogo. A vitória bem tranquila do  Grizzlies veio, antes de tudo, na defesa. Em noite muito pouco inspirada, o Spurs não conseguiu tirar proveito da nova tática do Grizzlies, que resolveu dobrar a marcação com muito mais intensidade tanto em Kawhi Leonard como em LaMarcus Aldridge. As duas estrelas do time texano fizeram o que fazem quando sofrem esse ataque, eles tocaram a bola para quem estava livre, que rapidamente tocou a bola para outro que estava mais livre ainda, etc. O porém é que o resto do time não estava lá muito afim de ACERTAR. Tony Parker e Manu Ginóbili ZERARAM, Danny Green estava pouco preciso de longa distância e os três importantes jogadores somados acertaram míseros 3 de 15 arremessos. Assim, Leonard, só conseguiu espaço para 16 arremessos tentados e pecou um pouco no terceiro quarto por não tentar tirar um pouco da desvantagem na marra. Claramente ele não tem marcador a altura e poderia ter atacado com mais velocidade, antes das dobras chegarem.

Vale também elogiar o ataque o Grizzlies, que embalou no terceiro quarto e transformou um jogo pegado e comandado pelas defesas em uma vitória com vantagem de 20 pontos para o time da casa! O Grizzlies conseguiu o jogo perfeito, com Mike Conley agressivo…

Zach Randolph transformando a vida de David Lee num filme de terror e até contribuições sólidas de caras que eu tinha minhas duvidas se tinham capacidade de jogar longos períodos contra esse Spurs, Wayne Selden (10 pontos) e James Ennis (12 pontos), a maioria na base da infiltração.

No total, o Grizzlies acertou 50% dos seus arremessos, 40% dos 3 pontos (DEMAIS pra eles) e cometeu míseros CINCO desperdícios de bola! O ataque do time tem dificuldade para alcançar um desses números, imagine três deles contra uma boa defesa. Foi um dia mágico, onde o time juntou a intensidade necessária para se manter vivo na série com muita precisão, desde os passes até os arremessos e a disciplina defensiva. Foi pensando nessa capacidade do time ser maior do que suas partes que a gente apostava num duelo disputado, o difícil é só imaginar tudo funcionando nesse nível DE NOVO por mais vários jogos seguidos. Não apostaria nisso, mas fui muito legal ver nosso Memphão da massa jogando bem por uma noite.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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