[Resumo da Rodada] ‘Não venha para minha cidade vestindo preto’

No preview da série entre Boston Celtics e Washington Wizards contamos todo o histórico de ódio entre estes dois times, desde o dedo de Jae Crowder no nariz de John Wall até o time da capital americana usando roupas pretas para ir a um jogo em janeiro deste ano porque “estávamos vestidos para o funeral do Celtics”. Nesta série, porém, as provocações estavam até controladas. Tirando o empurrão de Kelly Oubre em Kelly Olynyk, o máximo que tivemos foram encaradas, algumas trombadas e outras sutilezas mais comuns.

Mas não nesta sexta. O Celtics resolveu pagar na mesma moeda e foi para Washington com todos seus jogadores vestindo preto para o funeral da temporada do seu rival:

Se o Celtics vencesse, seria não só a primeira vitória de um time visitante neste duelo após 10 encontros, mas também realmente seria a morte desta temporada do Wizards. E ao longo desta temporada todos os outros 10 times que tiveram que vencer um jogo em casa para sobreviver perderam, incluindo o Houston Rockets na noite anterior. Tinha tudo para ser um jogo tenso.

Algumas coisas na partida seguiram o roteiro dos últimos jogos: o Celtics tirou vantagem dos poucos minutos em que o Wizards ficou sem seus titulares em quadra, o time da casa abriu 10 pontos de frente em algum momento do primeiro tempo. O Wizards venceu os rebotes ofensivos, o Celtics ganhou as bolas de 3 pontos. Al Horford deu bons passes, Wall foi responsável pelas jogadas de efeito:

Mas uma coisa foi diferente: chegamos nos minutos finais com o jogo EMPATADO! Finalmente a série voltava a ter um jogo pau a pau como aquele Jogo 2 que foi para a prorrogação, com a diferença de que dessa vez ninguém chegou a abrir 18 a 0 no comecinho! Os últimos 7 minutos de jogo foram de tirar o fôlego e vamos usar os melhores momentos separados pela NBA.com para analisar como tudo aconteceu. Se quiser ver o vídeo completo, sem nossa picotação toda, é só ir aqui na página deles.


Os dois primeiros lances mostram jogadas que os dois times exploraram muito ao longo do jogo. De um lado Isaiah Thomas utilizou seu matador step back para maltratar defensores mais altos, do outro Bradley Beal abriu mão das bolas de 3 pontos para ter seu dia de DeMar DeRozan com uma porrada de arremessos de meia distância. Sério, olha isso:

shotchart (1)


 

Abaixo vemos já alguns indícios da GENIALIDADE de John Wall. Primeiro ele finaliza uma ótima posse de bola defensiva do Wizards com um toco num arremesso de 3 de Avery Bradley, depois queima seu cosmo até alcançar o sétimo sentido para ter força de finalizar uma bandeja dificílima sobre a defesa verde. A resposta, porém, foi rápida: Al Horford não só pega um importante rebote ofensivo, mas usa sua visão de jogo rara em um pivô para imediatamente achar Isaiah Thomas, que recoloca o Celtics na frente.


 

Aqui temos uma raridade! Esta bola de 3 de Markieff Morris é a única feita por um jogador não chamado John Wall ou Bradley Beal pelo Wizards no último quarto!!! Nos últimos 12 minutos de jogo, Wall marcou 10 pontos, Beal fez 13 e Morris estes 3. Só. Aliás, só quatro jogadores sequer TENTARAM um arremesso no último quarto, colocando aí Brandon Jennings, que começou o período quando Wall ganhava um respiro.

A resposta do Celtics, porém, foi rápida mais uma vez: o rei do último quarto Isaiah Thomas fez mais um step back ultra veloz à la Allen Iverson para fazer Morris parecer que se mexe embaixo d’água de tão lento. Depois ele usou o espaço que teve após Wall e Morris se embananarem em um pick-and-roll para meter uma bola de 3 e levar a vantagem o Celtics a 5. Parecia replay do Jogo 2, quando Thomas fez 53 pontos: uma sequência de jogadas onde o armador recebe bloqueios contínuos até se ver em posição de arremessar sobre algum desesperado.


 

Foi então que o técnico Scott Brooks pediu tempo para tentar pensar numa resposta para defender Isaiah Thomas. E ela veio rápido: logo na primeira posse de bola do Celtics após o timeout, o Wizards dobrou agressivamente a marcação sobre Thomas, que se desesperou e jogou a bola fora. No contra-ataque, Beal fez sua primeira e única bola de 3 pontos no jogo.

Na posse seguinte, com receio da dobra na marcação, o Celtics resolve fazer uma jogada onde Thomas corre sem a bola, exatamente aquela que mostramos no nosso último post especial. Mas o Wizards estava preparado, ninguém sobrou livre e John Wall conseguiu acompanhar Thomas e dar mais um toco num arremesso. No contra-ataque, Wall saiu correndo, cavou uma falta e empatou o jogo com dois lances-livres.

Aqui da pra ver mais a jogada completa para tentar deixar Thomas livre:


 

Aí foi a vez de Brad Stevens pedir tempo e fazer a sua mágica. O técnico do Celtics é um dos melhores de toda a NBA nos últimos anos em arrancar uns pontos de jogadas ensaiadas de lateral. Dessa vez ele fez Avery Bradley fingir que faria um corta-luz para Thomas, mas na verdade ele contornou um bloqueio feito por Al Horford para receber uma bola na zona morta e acertar o arremesso. Chute difícil, diga-se de passagem, já que recebeu a bola da lateral, com o corpo indo em direção à linha de fundo.

O Wizards respondeu e empatou o jogo com Bradley Beal, que se aproveitou da troca de marcação para tirar Kelly Olynyk para dançar e fez um floater de meia distância. Com Marcus Smart e Avery Bradley no time, Stevens deve ter ficado bem frustrado de ver Olynyk marcando Beal numa posse de bola tão importante. O hábito de trocar a marcação cria essas coisas, não tem jeito.

Por fim, o Boston Celtics retomou a liderança com um arremesso meio CAGADO de Al Horford: quando John Wall e Marcin Gortat fecharam a porta para Isaiah Thomas, ele achou o pivô num simples pick-and-pop, mas nada me convence que ele realmente mirou na tabela! Nem Tim Duncan faria isso daquela posição!


 

A derrota do Wizards parecia certa quando Otto Porter demorou demais para bater o lateral, que claramente visava achar Bradley Beal, que ficou preso na marcação. Mas aí é que as estrelas devem se espelhar em James Harden para saber o que NÃO fazer! Pode perder, mas ninguém vai te perdoar se a insegurança tomar conta. Então Wall se apresentou, pegou a bola e sem qualquer pingo de hesitação levantou uma bola de 3 pontos na fuça de Bradley. Ele é um bom arremessador de 3 pontos? Não. Dava pra infiltrar? Dava. Era mais prudente buscar o empate? Sem dúvida. Mas ele foi para o chute com tanta confiança, com tanta certeza, que me fez acreditar por um segundo que foi realmente uma boa ideia. Nessas horas o importante é que deu certo e que Wall teve doze bolas no saco para salvar a temporada.

OBSERVAÇÃO: adoro o Mark Jones narrando!


 

O Celtics ainda tinha alguns segundos para tentar reverter o resultado, e tinha a seu favor as jogada de lateral desenhadas por Brad Stevens. Aqui a coisa fica interessante! A jogada desenhada pelo técnico envolve um improvável passe para o garrafão, que só não vira cesta porque Kelly Oubre usa a última falta que o time tinha antes de ceder lances-livres para impedir a cesta. Oubre então sai do jogo e dá lugar a Marcin Gortat, que vai usar seu tamanho para atrapalhar o passe.

Mas aí John Wall se toca do que está acontecendo! O Celtics quer ir de novo para o passe alto no garrafão, já que Olynyk segue marcado pelo baixo Beal. Ele então corre para a defesa e manda Gortat marcar o cabeludo do Celtics, que tenta, sem sucesso, se posicionar entre o marcador e a cesta. O Celtics então é obrigado a ir para a segunda opção, um arremesso difícil, distante e contestado de Isaiah Thomas:

Como Wall percebeu tudo isso? TRAUMA! Em entrevista dada imediatamente após o jogo, ele disse que foi com uma jogada dessa, um lobby para um jogador entre a defesa e a cesta, que o Celtics bateu o Wizards pela última vez em Washington, ainda na temporada passada!!! Olha como é dolorido perder no último segundo, nunca sai da memória! E ele tinha toda razão, foi assim aquela cesta de Jae Crowder:

Foi por pouco, foi suado e foi o jogo disputado e emocionante que essa série merecia. O Celtics jogou bem, executou jogadas com perfeição nos minutos finais e só não venceu porque Wall fez um arremesso difícil, improvável e porque o armador tem ótima memória! Uma partidaça que ganhou também a sua frase de estimação: “Não venha para minha cidade vestindo preto e falando em funeral”. 


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