[Resumo da Rodada] O dia do garfo no olho

Depois de perder as duas primeiras partidas em casa, eis que o Boston Celtics consegue vencer sua terceira partida seguida para virar a série e ter a chance de avançar para a próxima rodada com uma vitória em Chicago no Jogo 6. O mais engraçado é que essas vitórias estão vindo da maneira mais inesperada possível para a equipe: com pouco protagonismo de Isaiah Thomas.

Se não bastassem os percalços psicológicos de perder um ente querido, Isaiah ainda teve que lidar nas duas primeiras partidas da série com uma defesa exemplar do Bulls para pará-lo, comandada por Rajon Rondo. Ainda que sem o armador, fora mais uma nesse Jogo 5, o Celtics se viu obrigado a adotar a tática de deixar a bola o mínimo possível nas mãos de Isaiah Thomas, a identidade ofensiva do time.

O plano é simples: Isaiah só recebe a bola em movimento, após receber um ou mais corta-luzes de seus companheiros, e ao tocar na bola tem um mísero segundo para tomar uma decisão. Em geral o armador já recebe a bola cortando em direção à cesta, ou juntando os pés para o arremesso, ou já procurando um companheiro livre para o passe. Qualquer traço de indecisão ou recuo e o Bulls será capaz de dobrar a marcação, afastar Isaiah do garrafão, gerar desperdícios de bola e puxar contra-ataques, arma importante para um time que tem sofrido amargamente para conquistar qualquer ritmo no jogo ofensivo de meia quadra.

Com Al Horford armando mais uma vez o jogo em boa parte da partida (dessa vez foram 9 assistências), Isaiah girou de um lado para o outro da quadra sem a bola e, mesmo recebendo poucos passes, acabou criando muita confusão na defesa do Bulls e gerando diversas trocas de marcação. Essas trocas machucaram demais o Bulls nos últimos jogos e não foi diferente dessa vez. Olha a defesa do Bulls quebrando, Dwyane Wade ficando perdido em quadra, Isaiah Thomas encontrando o homem livre com um passe rápido e depois Wade DESISTINDO DA VIDA e deixando o rebote ofensivo para o Celtics:

Esses erros defensivos machucam ainda mais porque o Celtics tem sido eficiente em acionar os “mismatches”, jogadores menores marcando por equívoco jogadores maiores, para pontuar dentro do garrafão. A resposta do Bulls dessa vez foi dobrar a marcação a qualquer sinal de “mismatch” em qualquer lugar da quadra, mas especialmente no garrafão. Enquanto isso, o Bulls tentou fazer uso da altura de seu time para se aproveitar de Isaiah Thomas, tentando colocar Jimmy Butler para atacá-lo diretamente. E é com imenso HORROR e DESGOSTO que informo que nenhum desses planos funcionou.

Ao invés de assistir ao primeiro quarto do jogo, eu preferia ter enfiado um GARFO NO OLHO, que doeria menos. O Celtics não sabe o que fazer quando sofre marcação dupla, a bagunça que Isaiah causou na defesa criou espaço para arremessadores de 3 pontos, especialmente Gerald Green, incapazes de acertar um simples arremesso e Isaiah Thomas, após alguma frustração inicial, passou a tentar arremessos malucos para “aproveitar” os raros momentos em que tinha a bola em mãos, todos sem sucesso. O Celtics acertou apenas um dos seus DEZ PRIMEIROS arremessos de três pontos. E para não ficar fora do SHOW MEDONHO, Jimmy Butler resolveu mostrar-se totalmente incapaz de se aproveitar do seu tamanho, errando arremessos simples por cima de Isaiah Thomas. Robin Lopez, que acertou alguns floaters por cima da defesa do Celtics, quando foi minimamente pressionado chegou a tentar um floater que SEQUER TOCOU NA TABELA, passando por cima dela rumo à arquibancada. Parecia saque de vôlei. E eu achando que a série do Hawks é que a gente não deveria assistir…

 

Oportunidades para o Celtics abrir uma larga vantagem não faltaram, especialmente porque o Bulls resolveu concentrar toda a defesa no garrafão para impedir as infiltrações de Isaiah Thomas e o armador acionou com precisão companheiros bem posicionados no perímetro. Só não caiu NADA. Por mais que o Bulls errasse as rotações defensivas múltiplas vezes em uma única posse de bola, o Celtics não parava de amassar o aro. Ao todo, acertou apenas 9 arremessos de três pontos em QUARENTA tentativas, um aproveitamento de míseros 22%. E quando Isaiah Thomas resolveu arremessar ele mesmo, não fez muito melhor: acertou apenas uma bola do perímetro em 10 tentadas. Se conseguiu 24 pontos foi porque o Bulls não apenas não sabia o que estava fazendo defensivamente como também resolveu, no quarto período, perder infinitas bolas que deixaram o armador puxar contra-ataques.

O quarto período começou com uma sequência de 5 a 0 para o Celtics em três desperdícios de bola amadores para o Bulls. O estrago só não foi o mesmo ao longo de toda a partida porque Dwyane Wade jogou armando para o Bulls e tomou mais cuidado com a bola do que isso. Conforme o desespero de estar perdendo tantas bolas no último quarto foi batendo, o Bulls foi dependendo cada vez mais da defesa. O engraçado é que na hora de arrumar o lado defensivo e pegar pesado, o que o Bulls conseguiu fazer foi cometer FALTAS ATRÁS DE FALTAS. Foram umas 5 faltas em jogadas consecutivas, duas delas com faltas técnicas de bônus por reclamação com a arbitragem. Um jogo que estava 91 a 89 para o Celtics ficou de repente, após todos esses lances livres e faltas técnicas, 104 a 89 para os verdinhos. Wade até tentou em algumas isolações cortar a vantagem, mas era tarde demais. Teria sido menos desastroso a defesa do Bulls continuar a porcaria que foi no resto do jogo se esse fosse o preço a pagar para não cometer faltas – até porque, tirando os contra-ataques, não era como se o Celtics estivesse tendo um alto aproveitamento em coisa alguma.

De ponto positivo pelo Celtics, apenas o pick-and-roll bem alto, quase no meio da quadra, que eles inventaram para dar espaço para Isaiah Thomas infiltrar, e que eu não faço ideia do motivo de não usarem o tempo todo. Força o garrafão do Bulls a se afastar quilômetros do aro e abre espaço para o Celtics não ter que ficar errando bolas de perímetro. Pelo Bulls, de positivo, só Dwyane Wade e seus 26 pontos, 11 rebotes e 8 assistências para mostrar que se tiver ajuda o velhinho ainda pode fazer estrago. Mas sem Rondo no Jogo 6, não há motivo algum para achar que o resultado da partida será diferente do que foi ontem: horrível, esquecível, e com vitória da equipe de Boston.


Mas pelo menos a vitória do Celtics não foi uma partida entre Hawks e Wizards, o que pra mim já tem virado PUNIÇÃO. Assim que o Jogo 5 começou, os dois times não paravam de acertar arremessos. Pensei comigo mesmo: “será que estou livre desse martírio?, será que o jogo vai ser BOM?”. Mas é claro que não durou, né. Depois de acertar 5 dos seus primeiros 11 arremessos de três pontos, o Hawks acertou apenas 4 dos outros DEZENOVE. Bradley Beal não parou de arremessar de três pontos pelo Wizards e terminou com um acerto em NOVE tentativas. Kelly Oubre Jr. recebeu uma bola livre de três pontos na zona morta, ameaçou o chute e de repente, como num passe de imagem, ACORDOU e percebeu que estava num jogo em que NINGUÉM iria acertar uma bola de três pontos. Mudou de ideia e foi para uma infiltração, que Dwight Howard ficou olhando como se seus pés estivessem PLANTADOS no chão, tipo mandioca.

Pior é a cara do Dwight de alguém deveria ter tentado impedir a cesta. É claro que deveria, mas que tal ELE que está BEM NA FRENTE DO GARRAFÃO? A reação do Dennis Schroder atrás é impagável, é um misto de frustração e aceitação do tipo “fazer o que, é o Dwight, né?”. Mas sabe o que mais me enlouquece nessa série, mais até de quão OFENSIVAMENTE MAL o Dwight Howard está jogando? Como o Washington Wizards não sabe fazer corta-luz. É sério, assista qualquer jogada aleatória e veja como eles fazem os corta-luzes mais INEFICIENTES da NBA, qualquer um passa, são feitos nos lugares errados, não servem pra nada. Pra compensar, Marcin Gortat é um dos melhores no quesito em toda a NBA, então o time depende EXCLUSIVAMENTE DELE para uma das coisas mais BÁSICAS do basquete. Sério, olha que fantástico esse corta-luz fora da bola do Gortat para a enterrada de John Wall:

Pra tentar salvar o jogo do desastre completo, Bradley Beal passou a intercalar sua chuva de erros da linha de três pontos com arremessos de dois, a maioria arremessos longos de dois, vindo de corta-luz, típico arremesso de quem quer estar mais perto da cesta porque está sem confiança. Se ele só acertou 1 de 9 no perímetro, foram 10 convertidos em 13 tentados valendo dois pontos. Ao todo Beal teve 27 pontos e, mais do que isso, foi disparado o melhor defensor da partida. Se não bastassem os 3 roubos e 3 tocos, ainda conseguiu defender bem no garrafão até Paul Millsap, muito mais alto do que ele, e foi responsável pela melhora defensiva no quarto período que selou o jogo.

O Hawks até se manteve vivo graças a arremessos inconscientes de Dennis Schroder, que acertou 5 das suas 6 bolas de três pontos rumo a 29 pontos e 11 assistências, mas quando ele sentou no banco o time MORREU, não tem criação de jogada, decisão, objetividade, nada. Já o Wizards teve mais uma injeção de ânimo de Brandon Jennings, que realmente transformou o banco da equipe, que era um dos piores da NBA e agora é bastante DIGNO. Que por favor Jennings ajude a acabar logo com esse nosso sofrimento e a série se encerre de uma vez. A gente quer, a gente pede, a gente MERECE jogos melhores do que esses.

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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