Spencer Dinwiddie em busca do lugar mais concorrido

Neste domingo o Brooklyn Nets derrotou o Detroit Pistons, fora de casa, com uma cesta no segundo final de Spencer Dinwiddie. Com pouco tempo no relógio, o armador atacou a cesta, se livrou de um defensor e fez um contorcionismo maluco para fugir do corpanzil de Andre Drummond. A bola saiu alta, delicada, com um longo arco que gastou décimos de segundo valiosos e caiu dentro da cesta, colocando o time visitante na frente. Foi uma vitória do orgulho ferido.

Exatamente onze dias antes desta partida, o Nets havia recebido o mesmo Pistons em Brooklyn e tomado uma sarrafada histórica: 114 a 80, fora o baile. Se você quer uma dica para apostas esportivas, fique com duas: (1) não aposte e (2) se for cometer esse erro, aposte no time que precisa restaurar sua honra. Nesse caso a vingança era dupla: não só o Nets queria mostrar que era um time de verdade, mas Spencer Dinwiddie precisava desta partida em especial para se validar como um jogador de verdade na NBA.

A história de Dinwiddie não é a de alguém que sai por aí fazendo game-winners. Ele foi draftado apenas na segunda rodada do Draft de 2014 pelo próprio Detroit Pistons e logo foi mandado para a G-League para ganhar experiência. Entre idas e vindas da liga de desenvolvimento, jogou só 34 partidas no seu primeiro ano e míseras 12 no segundo. Ao fim desses dois anos foi trocado para o Chicago Bulls por Cameron Bairstow, um cara que hoje está lá na bela liga AUSTRALIANA de basquete. Em Chicago a sequência foi triste: dispensado, recontratado para a pré-temporada e dispensado de novo na hora dos últimos cortes para fechar o elenco do ano.

Foi só em 8 de dezembro de 2016, com a temporada passada já em andamento, que o Brooklyn Nets chamou Dinwiddie para fechar a sua DÉCIMA QUINTA e última vaga no elenco. No PIOR TIME da última temporada ele conseguiu faturar um pequeno espaço na rotação e só agora, depois de inúmeras lesões, finalmente conseguiu minutos consistentes em quadra. Com a chance da vida, Dinwiddie disse que se viu em uma encruzilhada típica de quem está sempre no limite de ser dispensado: ser burocrático e evitar arriscar para poder continuar recebendo minutos de quadra ou ser agressivo e correr o risco de irritar o treinador?

É fácil ver o caminho que ele decidiu. Dinwiddie tem médias de 14 pontos, 6.4 assistências por jogo. São 12,5 infiltrações por jogo, ele é o 14º jogador da NBA que mais ataca a cesta, quase empatado com Chris Paul, Reggie Jackson e Damian Lillard. E mesmo que esse protagonismo não tenha sido previsto pelo técnico Kenny Atkinson, ele não tem como reclamar: o armador comete apenas 1,4 turnover por jogo, número ABSURDAMENTE baixo para um jogador jovem, que está sempre com a bola na mão e cuja característica é se enfiar no meio de garrafões congestionados.

Quem tem o gosto por times-arrumadinhos-embora-ruins e assiste bastante o Brooklyn Nets já percebeu que ele se tornou também o homem do time nos minutos finais. Os números comprovam: ele lidera a NBA ao lado de CJ McCollum, do Portland Trail Blazers, em arremessos feitos para empatar ou virar um jogo no minuto final de um jogo: SEIS!

Apenas no mês de janeiro ele fez as cestas da vitória também contra o Atlanta Hawks e para bater o fortíssimo Minnesota Timberwolves:

Em um divertido texto do The Ringer descobrimos que o apelido de Dinwiddie no time é “Siri“, como a assistente virtual da Apple. A razão é simples: se alguém no time tem alguma pergunta durante um papo, sobre QUALQUER ASSUNTO, o armador é quem aparece com a resposta. E Dinwiddie é esperto há tempos: filho de professores, ele teve notas altíssimas na escola e só não foi estudar na Universidade de Harvard porque achou que lá não teria a visibilidade para ir para a NBA. Em uma ironia do destino, o único cara de Harvard na NBA hoje é Jeremy Lin, seu companheiro de time que precisou se machucar para dar espaço para Dinwiddie.

O CDF da turna acabou indo para a Universidade do Colorado, onde jogou bem mas sofreu com uma lesão grave no joelho em seu terceiro ano, algo que certamente não ajudou na sua difícil transição para a NBA no ano seguinte.

O caminho de zé ninguém até o estrelato da NBA nunca é fácil. Parece ser ainda mais difícil para alguém que joga do estilo agressivo de Dinwiddie. Nas últimas semanas ele está em uma CRUZADA contra os árbitros, dizendo que ele e todo o Brooklyn Nets não são respeitados e que muitas faltas são passadas em branco. Sua maior reclamação veio após uma derrota para o Boston Celtics, por essa sequência de lances decisivos aqui:

No jogo seguinte ele novamente não ouviu o apito quando queria, justo na hora de tentar ganhar mais um jogo no segundo final. Restou cair no chão, olhar para a câmera e mandar um “é disso que eu estou falando”:

O jogador vai além da reclamação tradicional de todo o jogador e diz que os juízes realmente não o respeitam COMO HOMEM:

Nós erramos passes, árbitros erram lances, acontece. Mas quando você tenta falar com alguém e ele te manda ficar quieto ou te IGNORA como se você nem fosse um homem, isso é frustrante.

Este parece um momento-chave para a sequência da carreira de Dinwiddie. Se ele se acertar com os árbitros, entender como eles agem, sacar como cavar faltas e se livrar dessa BIRRA, pode se tornar uma máquina de cobrar lances-livres e, logo, um pontuador ainda mais eficiente. Se isso não acontecer ele perde poder de fogo e ainda ganha de brinde essa fama de briguento e reclamão, algo que não bate com sua postura de quem quer ser líder e ter a bola na mão nos minutos finais. Cada detalhe é importante quando o próprio time tem dois caras importantes (e bem pagos!) na sua posição esperando para voltar.

Após a vitória contra o Detroit Pistons, Dinwiddie disse que o resultado era importante para todo o elenco, que precisava compensar a vergonha da derrota do começo do mês. Mas ele foi sincero e não ignorou o valor pessoal extra: “Aquela troca foi como se eu tivesse sido dispensado pelo Pistons”. Na busca por espaço na posição mais concorrida da NBA, o armador tem boa meia temporada, alguns arremessos decisivos e um clássico “revenge game” contra o time que o dispensou. Vai ser o bastante para ele se manter em destaque com a volta de D’Angelo Russell e Jeremy Lin?


Já viu as novas camisetas do Bola Presa em parceria com a iTees?

Comece o ano com uma de nossas estampas exclusivas clicando aqui!  


Calendario

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

Como funcionam as assinaturas do Bola Presa?

Como são os planos?

São dois tipos de planos MENSAIS para você assinar o Bola Presa:

R$ 14

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

R$ 20

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Como funciona o pagamento?

As assinaturas são feitas no Sparkle, da Hotmart, e todo o conteúdo fica disponível imediatamente lá mesmo na plataforma.