>Summer Leagues – Os novatos

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Se eu não contar na legenda ninguém vai saber quem é esse cara

Acabou na última semana a Summer League de Las Vegas, a mais longa e importante do calendário de verão americano. Antes dela foi disputado outro torneio, menor, em Orlando. Atualmente essas são as duas competições de verão disputadas pelos times da NBA, mas até pouco tempo atrás era diferente.
Antes existiam várias ligas ao redor dos EUA e alguns grupos de times da NBA iam se encaixando onde mais convinha. Então vários times do Leste disputavam a de Orlando, os do Oeste disputavam uma em LA e ainda tinham outras espalhadas por aí, como Rocky Mountain Revue, em Salt Lake City. A liga de Los Angeles nem tinha só times da NBA pra você ter uma idéia do nível amador da coisa! Além de Lakers, Clippers, Warriors e outros times da região, tinham uns combinados amadores que juntavam jogadores não draftados e veteranos da região, uma bagunça.
De uns anos para cá a NBA começou a dar mais atenção para os eventos e passou a dar sua chancela. Então hoje só existem duas, a de Orlando e uma em Las Vegas. Ambas com cobertura no site da NBA (antes você tinha que caçar box scores em PDF para saber de alguma coisa) e transmissão ao vivo pela NBA TV, o que é um avanço absurdo se você pensar que até o ano passado tinham apenas algumas transmissões e elas eram feitas com apenas uma câmera! Para saber o placar era só no intervalo, quando a câmera focalizava o painel eletrônico do ginásio. Mas valia a pena porque os jogos eram comentados por dois caras hilários que passavam a tarde vendo os jogos e contando piada, com a transmissão oficial fomos reféns do Rick Kamla, Chris Webber e outros malas da NBA TV. Em compensação, foi um alívio poder assistir ao resumo de todos os jogos e ver as estatísticas no site oficial da NBA, ficou bem mais fácil de acompanhar.
As ligas de verão são uma criação que visa apenas a testar jogadores, simples assim. Não tem campeão e a vitória nos jogos pouco importa, é um campo de testes. Times com o elenco já formado jogam lá seus jogadores mais novos para que ganhem ritmo de jogo e testem na prática o que fazem nos treinos. Times que ainda buscam por novos jogadores para fechar o time observam alguns jogadores sem contrato para ver quem se encaixa. A maioria dos jogadores que disputam os torneios nunca terá vaga na NBA, é fato, mas alguns conseguem aí sua oportunidade na liga. As estrelas do torneio são os que já estão dentro da NBA, os jogadores que já disputaram a temporada passada e seus times querem vê-los jogando por mais tempo ou espiar os novatos draftados há menos de um mês que terão seu primeiro gostinho de NBA.
Sabendo disso, explico como vou fazer a minha análise das ligas de Orlando e Las Vegas: vou separar os jogadores nos grupos “novatos“, que engloba os recém-draftados, “veteranos“, que tem os que atuaram na NBA no ano passado e “Outros“, que pegam aqueles que nem foram escolhidos no draft ou que já tentaram a sorte na NBA mas estavam de fora. Hoje falo dos novatos, que são muitos, e no próximo post falo do resto.
Novatos
John Wall (PG – Washington Wizards) – Foi eleito o melhor jogador da Summer League de Las Vegas, a única que disputou, e com razão. Fez 23.5 pontos por jogo (cestinha do torneio), 7.3 assistências (também líder em assistências) e dominou quase todos os seus jogos, apenas foi mal contra o Dallas Mavericks. Estava claramente um nível acima de todos que disputaram a Summer League. Por outro lado, já deixou claro dois aspectos que vai precisar cuidar até começar sua carreira oficialmente: desperdiçou muitas bolas tentando forçar infiltrações e errou muitos arremessos de média e longa distância.
As duas coisas estão relacionadas. Com um arremesso ruim os times vão dar espaço para ele e só vão fechar quando ele tentar infiltrar. Penetrar no garrafão adversário fica muito mais difícil quando sabem que é só isso que você sabe fazer. Um bom arremesso de meia distância já será o bastante para desafogar o seu jogo, um pouco de ritmo de jogo e entrosamento com os companheiros também deve fazer o número de erros (5.2 por jogo em Las Vegas) cair bastante.
Podem preparar as piadas e trocadilhos que vamos falar muito do João Paredão na próxima temporada.
Evan Turner (SG – Philadelphia 76ers) – Nada de elogios para a segunda escolha do draft. Tirando uma partida decente em que marcou 13 pontos, o resto foi uma droga. Ele mesmo admitiu que suas atuações estavam um lixo depois das duas primeiras partidas. Mas apesar de perceber o fedor, não soube contorná-lo. Ele só teve 9 pontos de média por jogo e 33% de aproveitamento nos arremessos. Pra fechar, o número de assistências, 2.8, foi menor que o de erros, 3.4.
Em defesa do Turner, pareceu que ele estava bem fora de forma e sem ritmo de jogo. O garoto já mostrou muito talento no basquete universitário e é melhor deixar ele ter tempo de treinar e melhorar o condicionamento antes de sair chamando ele de Darko 2.0.
DeMarcus Cousins (PF/C – Sacramento Kings) – Quando se é uma escolha Top 5 no Draft como foi Cousins, vive-se uma experiência bizarra: ao mesmo tempo que é sua estréia no mundinho da NBA, todo mundo sabe quem você é e de brinde até ganha marcação dupla, pelo menos na Summer League. Foi assim com Wall, Evans, Favors, e não seria diferente com Cousins. Mas ele, como poucos, gostou do papel de estrela do time.
O ataque do Kings passou muito pelas mãos de Cousins e ele soube o que fazer na maior parte das vezes. O aproveitamento ficou nos 33% assim como o de Turner e os turnovers foram até mais altos que o armador do Sixers, 4.8 por jogo. Mas não dá pra medir o impacto dele no jogo, sempre começando a rotação da bola do lado certo quando a marcação dobrava nele, acertou bons arremessos de meia distância, abrindo o garrafão para os companheiros, e foi um líder dentro do jogo. Quem estava lá disse que ele comandou vocalmente o time de dentro da quadra. Para ter pelo menos um ponto numérico e mensurável ao seu lado, liderou as Summer Leagues com média de 9.8 rebotes por jogo.
Hassam Whiteside (C – Sacramento Kings) – O “Lado Branco” também se destacou em Las Vegas, apesar de confirmar que ainda precisa aprender muito de basquete e que é uma negação ofensiva. Mas pelo menos compensou com rebotes e muitos tocos. Um crítico americano até o chamou de “a presença de garrafão mais intimidante do campeonato”. Aprendendo com Samuel Dalembert no Kings tem tudo para melhorar ainda mais nos tocos e nunca fazer uma cesta na vida.
Derrick Favors (PF – New Jersey Nets) – O Favors jogou mal na maior parte dos jogos, mas acabou com uma atuação tão impressionante que apagou quase tudo de ruim que fez antes. Depois de 4 jogos só tinha alcançado uma vez a marca de 12 pontos e em um dos jogos acabou com mais faltas, 7 ( não há limites de faltas nas ligas de verão), do que pontos, 4. Mas no último jogo, contra o Celtics, fez 23 pontos, pegou 11 rebotes, acertou 10 dos 17 arremessos que tentou e não cometeu nenhum erro.
Antes do draft muitos diziam que o Nets havia escolhido um grande talento, mas ainda incapaz de contribuir com regularidade em alto nível. Isso sim é scout bem feito.
Damion Jones (SG – New Jersey Nets) – Ao contrário do seu parceiro Favors, Jones foi o jogador mais regular do Nets nas Summer Leagues. Acabou com média de 18.8 pontos e quase um roubo por jogo, além de uma atuação espetacular de 30 pontos, uma das melhores de todas da competição. Ele ataca muito bem a cesta, cobrando trocentos lances livres. Todo time precisa de um Maggette e o Nets parece ter achado o seu.
Indiana Pacers – O Pacers levou três novatos para a Summer League de Orlando e todos tiveram atuações fantásticas. A escolha de 1º round Paul George (SF) fez 15.8 pontos por jogo e pegou 7.2 rebotes, além de ser o homem que decidiu todos os jogos apertados que o time fez no torneio.

Lance Stephenson (SG), o cara que a gente avisou que era bom mas que tinham medo da sua “atitude”, se mostrou um excelente defensor e atacou a cesta com segurança e velocidade. Magnum Rolle (SF/PF), o campeão nominal da NBA inteira, conseguiu sólidos 13 pontos e 7 rebotes por jogo e tem jeitão daqueles bons jogadores de garrafão que vem do banco para mudar o jogo. As ligas de verão foram o primeiro momento de alegria e esperança dos torcedores do Pacers desde que Ron Artest subiu na arquibancada do Palace of Auburn Hills para bater em uns torcedores folgados.
Ed Davis (PF – Toronto Raptors) – O coitado vai sofrer por um bom tempo as comparações com o Chris Bosh, já que chegou no time logo depois que o Bosh saiu, mas se depois de um tempo esquecerem disso ele deve se dar bem. Teve média de 12 pontos e 6 rebotes por jogo em apenas 25 minutos e mostrou bastante técnica no ataque. Ainda falta juntar força com essa técnica, ganhar experiência e mais muitas outras coisas, mas vejo ele como titular desde seu primeiro dia em Toronto.
Luke Harangody (SF/PF – Boston Celtics) – Eu acho que o Harangody tem cara de jogador de rugby, apostaria 100 pratas nisso se o visse na rua, mas perderia feio. O cara joga basquete e joga bem! Apesar de ter sido só a 52ª escolha no draft, se destacou em todos os jogos do Celtics. Teve média de quase 17 pontos por jogo, 6.6 rebotes e um aproveitamento assustador de 50% nas bolas de três pontos. Para um time que já chegou a colocar o Scalabrine em quadra para ter mais opções de bolas de longe, o Harangody cai como uma luva.
Los Angeles Lakers – Com a maior folha salarial da NBA e todo o Mid-Level Exception gasto com Steve Blake, era essencial que o Lakers conseguisse bons jogadores no draft para suprir as possíveis saídas de Jordan Farmar, Shannon Brown, Adam Morrison, Josh Powell e DJ Mbenga do banco de reservas. David Ebanks (SF) não conseguiu manter o ritmo durante todos os jogos, mas foi ótimo em alguns momentos. Quem o comparou com o Trevor Ariza pela primeira vez merece um prêmio, até o jeito de correr e de arremessar é o mesmo, é assustador! Para o garrafão o Lakers tem agora a ajuda de Derrick Caracter (PF), que fez double-double em 3 dos 5 jogos que disputou e acabou com média de 15 pontos e 8 rebotes.
O técnico do Lakers na Summer League, Chuck Person, disse em entrevista que a Summer League para o time não era para vencer ou perder, era pra descobrir quem sabia jogar dentro do esquema dos triângulos. Quem sabia quando cortar em direção à cesta, quem sabia passar a bola e quem só queria saber de jogar individualmente. Segundo ele, tanto Ebanks quanto Caracter passaram no teste, mas nem falou nada do Gerald Green, ex-campeão de enterradas que jogou pelo Lakers e pouco se destacou. Mais uma vez deve ficar de fora da NBA apesar de todo o talento que tem, mais uma vez por falta de cérebro. Esse é o exemplo desse ano de como os times usam a Summer League, no ano passado o melhor exemplo foi o Wizards, em que cada jogador desempenhava o papel de outro que não estava lá, lembro do Nick Young dizendo “Eu sou o Arenas e sei lá quem é o Jamison”, pareciam crianças brincando de faz-de-conta.
Dominique Jones (SG – Dallas Mavericks) – O Mavs já tem Kidd, Barea, Beoubois e Butler. Não sei onde diabos vão achar espaço e tempo para o Dominique Jones jogar na próxima temporada, mas deveriam dar um jeito. Ele teve momentos ótimos na Summer League, não só atacando (fez 17 pontos por jogo), mas também defendendo. Na melhor partida que fez, contra o Wizards, marcou 28 pontos e forçou John Wall à sua pior partida na competição. Ah, e ele é o cara da foto do topo do post.
Greg Monroe (PF/C – Detroit Pistons) – Falaremos mais do Detroit no próximo post, que viu muitos de seus jogadores de segundo ano terem ótimas atuações, mas hoje basta falar de Greg Monroe. Depois de um primeiro jogo péssimo, passou dois jogos sendo ignorado por seus companheiros de time, mas respondeu com duas atuações memoráveis nos últimos jogos: 20 pontos e 6 rebotes contra o Heat e 28 pontos e 14 rebotes contra o Knicks.
Apesar de bons momentos, ele ainda não pode ser um pivô na NBA. Não é aceitável um cara que quer jogar lá embaixo da cesta dar apenas 2 tocos em 5 jogos. Já seria um número ruim para um ala de força, para um pivô é digno de pagar suicídio no próximo treino.
Larry Sanders (C – Milwuakee Bucks) – O garrafão do Bucks fica cada vez mais com a cara do Scott Skiles. Feia e babando por defesa! Eles trocaram para ter o brucutu Jon Brockman com o Kings ontem e o segundo-anista chega para brigar por minutos com Larry Sanders, que além dos rebotes e dos tocos que todo mundo esperava ainda fez 14 pontos por jogo. Ele era tudo, absolutamente tudo, que o Bucks queria no ano passado quando o Andrew Bogut quebrou o braço. Sanders foi o líder das Summer Leagues com 3.2 tocos por partida!
Landry Fields (SF/PF – New York Knicks) – Nem citei o Fields e nem outro novato do Knicks no meu post de ontem sobre o time porque nenhum deles tem contrato garantido. Mas Fields saiu na frente para conseguir o seu salário mínimo e poder comprar pão com mortadela para as crianças. Ele se destacou pela raça, pela vontade, por fazer o trabalho sujo e cometer pouquíssimos erros. O Mike D’Antoni já teve jogadores assim antes e acho que vai gostar de tê-lo no banco de reservas.
Al-Farouq Aminu (SF – Los Angeles Clippers) – O Clippers começou a Summer League com um buraco na posição três em seu elenco oficial, era a chance de Aminu provar que poderia ser titular desde o primeiro dia. Mas depois de ver suas atuações e da contratação de Ryan Gomes pelo time 2 de LA, acho que fica pra próxima. Aminu não jogou mal, longe disso, mas não pareceu pronto para ser titular. Gomes é um jogador mais inteligente, mais completo e o Aminu deve fazer mais estrago vindo do banco de reservas. Ele ainda parece tomar más decisões com a bola na mão. Compensou os arremessos ruins batendo pra dentro e ganhando pontos fáceis na linha de lance livre, é verdade, mas tem muito o que aprender ainda.
Apesar das críticas estou mais empolgado com a escolha do Clippers hoje, depois de vê-lo em ação em Las Vegas, do que no dia do Draft. Ele tem futuro e não duvido de que ganhe a posição de titular sim, mas só mais perto do fim da temporada.
Clippers é Clippers, né? Aminu teve sua melhor partida no último jogo contra um combinado de jogadores da D-League. No mesmo jogo o armador Eric Bledsoe teve seu jogo mais completo. Mas não só o Clippers perdeu como foi do jeito mais dolorido, vejam o vídeo. E, claro, foi a única vitória do combinado da D-League no torneio.
Novatos que não jogaram
Cole Aldrich (C- Thunder) – Foi draftado pelo Hornets para ser mandado para o Thunder, mas como a troca só poderia ser finalizada no dia 8 de julho, não teve tempo de ser inscrito.
Xavier Henry (SG – Grizzlies) – O Grizzlies e o jogador estão com discussões sobre bônus no contrato e por isso ele ainda não foi assinado, sem contrato o ala não pode jogar.
Ekpe Udoh (PF – Warriors) – Com uma cirurgia no pulso não pode jogar e talvez fique fora até o começo da temporada.
Wesley Johnson (SF – Wolves) – Até começou uma partida, mas logo machucou a coxa e não jogou mais.
Avery Bradley (SG – Celtics) – Com uma contusão no tornozelo está fora de ação pelos próximos meses.
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