Na Parte 1 da análise falamos do draft de Cavaliers, Bucks, Sixers, Magic e Jazz
Na Parte 2 analisamos as escolhas de Celtics, Lakers, Kings, Suns, Wolves, Bulls e Hornets
A tradição dos posts do Draft é assim: Analisamos time por time, na ordem das escolhas, e damos a cada equipe um selo de qualidade que resume o que achamos das escolhas no geral. O tema dos selos muda todo ano, já foi baseado em mulheres, números, Michael Jackson, memes da internets e até seleções brasileiras em Copas do Mundo. No ano retrasada usamos usando Redes Sociais como parâmetro e em 2013 apelamos para as manifestações de rua.
Nesse ano, mantendo a tradição, fizemos selos de qualidade baseado em um assunto do momento: futebol. Viva as Copas!
7 a 1: Você vai lá, se prepara, monta um timaço e atropela o maior vencedor de todos os tempos, na casa dele, por um placar humilhante. Simplesmente não dá pra ser melhor do que isso. Selo para os times que tomaram a decisão perfeita no dia do Draft 2014.
5 a 1: Revanche de goleada? Sobre o atual campeão mundial que te derrotou na última final? Só um 7 a 1 supera. Faltou repetir a grande atuação mais pra frente, mas já é um placar se orgulhar. Selo para os times que acertaram, mas não entraram para a história.
1 a 0: Não conquista o público, não vira trauma nacional de ninguém, mas é o bastante pra vencer. Pode ser feio ou bonito, golaço ou de canela, impedido. É o necessário para sair com os 3 pontos ou a classificação. Selo para os times que fizeram o que dava na hora.
1 a 2: Placar honesto, justo, jogo disputado. Mas uma derrota é sempre uma derrota e não dá pra ficar satisfeito depois de ser chutado pra fora do campeonato. Selo para os times que até tentaram fazer tudo certo, mas podem acabar quebrando a cara daqui um tempo.
1 a 7: Afinal, o que poderia ser mais traumático do que perder uma final? Ah é, isso! Selos para times que tomam bola nas costas do Marcelo sem parar.
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Adreian Payne, PF (15)
Walter Tavares, C (43)
Lamar Patterson, SG/SF (48)
Na temporada passada o Atlanta Hawks e seu novo técnico, o ex-Spurs Mike Budenholzer, decidiram que era hora de arremessar um pouco mais de 3 pontos. Eles passaram de 23.2 arremessos longos tentados por jogo para 26, mas mais importante foi a mudança de quem faziam esses arremessos. Em 2012-13, dos 10 jogadores que arremessaram, em média, ao menos 2 bolas de 3 por partida, só 1 era considerado um ala-de-força, um jogador de garrafão, Josh Smith, famoso por tentar (e errar) arremessos de longa distância. Foram só 30% de acerto dele naquela temporada.
Mas com Budenholzer e sem Josh Smith, dos 10 jogadores que tentaram ao menos 2 bolas de 3 por jogo na temporada, 3 deles jogavam nas posições 4 ou 5, tradicionalmente de garrafão: Mike Scott, Paul Millsap e Pero Antic. E depois que Al Horford se machucou, era este trio que rotacionava nos quintetos do Hawks, causando o terror dos adversários que tinham que marcar pivôs que nem pisavam na área pintada. Pergunte para o Roy Hibbert se aquela série de Playoff foi divertida pra ele.
Claro que eles querem Horford de volta, mas o sucesso do time aberto, poderoso nas bolas de 3 com seus grandões, agradou. Então nada mais natural do que reforçar a posição com Adreian Payne, que tem essa mesma característica. O ala de Michigan já tem 23 anos e espera-se que pela ampla experiência universitária ele tenha menos dificuldade em pegar o ritmo de jogo da NBA. Na Summer League, porém, ele não brilhou, sofrendo com má pontaria nos arremessos em uns dias, excesso de faltas em outros. Terá tempo para se ajustar até se tornar o que o Hawks espera dele, um bom e confiável reserva para Millsap e Horford.
Na segunda rodada o Hawks pegou o pivô Walter Tavares, nascido em Cabo Verde e descoberto na sua terra natal por um turista alemão em 2009, que se impressionou com a altura do nativo e o indicou para um conhecido que tinha na Espanha. Tutorado pelo mesmo técnico que lapidou Fran Vásquez e Marc Gasol no passado, Pedro Martínez, ele cresceu no basquete e ganhou o Hawks após um bom workout antes do Draft. Apesar de chegar com fama de grandão sem jogo ofensivo, Tavares mostrou, mesmo sendo pouco acionado, alguns bons momentos na Summer League de Las Vegas, especialmente recebendo passes em velocidade no pick-and-roll, algo tradicionalmente difícil para alguém de 2,21m! Não brilhou, porém, e ainda se aposta que ele passe pelo menos mais um ano jogando na Espanha antes de ser incorporado pelo Hawks.
Com sua outra escolha de segunda rodada, o Hawks escolheu Lamar Patterson, ala de Pittsbourgh que chegou com fama de faz-tudo. Mas Patterson jogou muito mal na Summer League, perdeu a titularidade ao longo do torneio, acertou só 34% de seus arremessos e marcou exatos 7 pontos na soma de seus últimos 3 jogos. Difícil imaginar ele conseguindo uma vaga no time nesta temporada.
Jusuf Nurkic, C (16)
Gary Harris, SG (19)
Nikola Jokic, PF/C (41)
Arron Afflalo (via troca)
Lembra da análise do Bulls, quando dissemos que eles arriscaram bastante ao trocar as duas escolhas que tinham para ter Doug McDermott? Então, o mesmo vale para o Nuggets, que foi quem fez a troca para receber as seleções 16 e 19. Se Jusuf Nukric e Gary Harris não derem em nada, eles que vão receber as críticas futuras e fáceis por terem desperdiçado a chance de ter o ótimo arremessador de Creighton.
Embora só o imprevisível futuro possa dizer se o Nuggets se deu bem nesta tentativa, a princípio parece que eles conseguiram transformar a troca em algo bom pra eles também. Nukric, de apenas 19 anos, não disputou a Summer League porque estava jogando a Série B do Campeonato Europeu Sub-20, onde ele liderou a sua Bósina-Herzegovina ao título e foi o MVP da competição com médias de 21 pontos, 12 rebotes, 3 assistências, 1.8 roubos e 2.6 tocos por partida. Tá bom que ele não jogou contra as melhores seleções do continente, mas ele fez o que um (agora) jogador da NBA deve fazer: dominou o torneio de ponta a ponta. Naquelas tristes comparações típicas de Draft, o chamaram de DeMarcus Cousins: enorme, habilidoso e difícil de lidar. A que tudo indica, o Nuggets já pensava em pegar ele mesmo na 11ª posição e não irá esperar para vê-lo em quadra, já deve tê-lo no elenco nesta temporada lutando por minutos com Timofey Mozgov e JaValle McGee.
E se eles perderam a chance de contar com McDermott, conseguiram um outro tão bom arremessador, Gary Harris, lá na distante 19ª colocação. Harris teve 41% de acerto em bolas de 3 pontos em seu primeiro ano em Michigan, mas caiu para 35% no segundo ano quando, dizem os que acompanharam de perto, tentou ser um pouco menos secundário e passou a criar mais chances de arremesso para si. E foi isso que o Nuggets tentou fazer com ele, também, na Summer League de Las Vegas. Mesmo sabendo que ele tem melhor aproveitamento como um spot-up shooter que fica lá parado no canto esperando sua chance, desenharam inúmeras jogadas para ele em bloqueios, hand-offs (quando o pivô solta a bola na mão do arremessador para o chute) e diversos outros lances. Após estrear com 33 pontos e uma mão quente, seu aproveitamento caiu um bocado, mas ele se manteve com 18 pontos por jogo graças, também, a muitos lances-livres cavados. A transição não vai ser fácil e há concorrência no Nuggets, mas há um talento aí a ser explorado.
É curioso que o site da CBS Sports havia classificado Gary Harris como, num caso de sucesso, se tornando um jogador parecido com Arron Afflalo. Acabou que ele foi selecionado pelo Nuggets, onde Afflalo já havia jogado e para onde retornou após troca com o Orlando Magic. É a hora de Brian Shaw achar seu Football Manager interior e pedir para Afflalo ser um tutor para o jovem Harris.
Bruno Caboclo, SF (20)
DeAndre Daniels, SF (37)
Nosso principal alvo, o canadense Tyler Ennis, já foi escolhido, quem poderemos selecionar aqui na 20ª posição de um Draft amplamente divulgado como um dos mais ricos em talento dos últimos anos? Ah, que tal aquele brasileiro que NINGUÉM nos EUA jamais ouviu falar? É isso! Bruno Caboclo neles.
Foi esse simples e singelo cenário que rendeu a escolha mais corajosa e surpreendente do Draft 2014. O choque já era enorme para todos, e pegou de jeito os comentaristas da ESPN que estavam em parte surpresos e em parte envergonhados, porque tinham que comentar a escolha e não sabiam quem era o menino. E foi nessa confusão que surgiram as frases que irão ainda acompanhar o Caboclo por um tempo: “É o Kevin Durant brasileiro” e “ele está a dois anos de estar a dois anos de estar pronto para a NBA”. Doeu até aqui em mim.
Antes de comentar sobre o Caboclo, precisamos enfatizar de novo como essa escolha foi corajosa. Algumas vezes tentamos entrar na cabeça dos General Managers e entender o que eles pensaram antes de cada contratação, troca ou dispensa. Costumamos ir para a parte técnica e estatística, mas tem uma outra coisa que não podemos esquecer, esses caras não querem perder o emprego!
Sim, talvez um dia ele tenha pago um salário alto demais para um cara mediano, mas só ele sabe a pressão que tinha nas costas para contratar alguém, ao preço que fosse, para mostrar que o time está melhorando. Ou como teve que manter um jogador que ele não gosta tanto, mas é ídolo da torcida. Managers, assim como a CBF, gostam de contratar escudos que digam “fiz a coisa certa, uma pena que eles perderam depois”. E foi exatamente isso que Masai Ujiri, GM do Raptors, não fez no Draft 2014. Ele poderia ir com o admirado, embora limitado, Rodney Hood, poderia garantir o campeão Shabazz Napier já que ainda não sabia se iria renovar com Greivis Vásquez e Kyle Lowry. Com qualquer um desses o time poderia não dar um salto de qualidade, mas seria uma aposta segura para enriquecer um time já bem montado. Mais importante, ninguém iria criticá-lo.
Mas não, Ujiri se tornou o centro das atenções (e das críticas) ao chamar um jogador completamente fora do radar da crítica norte-americana. Aliás, fora do radar de todo mundo. O próprio Ujiri disse que poucos times, talvez eles e mais uns 3, já tinham dado uma olhada em Caboclo. A melhor reação da imprensa americana foi a do SB Nation, que assim avaliou o Draft do Raptors:
Quem? Eu não sei, assim como quase ninguém assistindo ao draft. Seus melhores momentos parecem ter sido filmados com um celular Nokia N8. Ujiri é um troll ou um gênio. Ou os dois.
E Bruno Caboclo nem estava no Draft na hora! Tinha chegado a pouco nos EUA e estava num táxi, ficou sabendo que tinha sido escolhido por um tweet do Bala na Cesta lido no celular. A história é pirada. Após a decisão, Ujiri deu uma coletiva explicando que observou Caboclo muitas vezes, incluindo aqui na LDB Sub-22 organizada pela Liga Nacional de Basquete, e que se impressionou pelo garoto. Gostou do seu físico, da parte técnica, de como ele aprendeu tudo muito rápido no seu workout, mesmo ainda sem falar inglês, e que não queria perder a chance de ter ele no time. Quando ficou sabendo que Ennis já tinha saído e que o Phoenix Suns cogitava ter o brasileiro antes de chegar a escolha de 2ª rodada do Raptors, decidiram se antecipar e levar o brasileiro. Foi um all-in do tipo que poderia custar o emprego de alguém. Ujiri usou sua moral de ter reconstruído um time em tão pouco tempo.
Na Summer League de Las Vegas a função de Caboclo era mostrar para o mundo que ele não estava tão distante de poder contribuir na NBA, e foi o que ele fez. Com bons jogos, nenhum fora de série e nenhum ruim, ele se estabeleceu como um bom jogador que pertencia completamente ao ambiente. Ainda com uma mecânica estranha, acertou até arremessos de longe, não pareceu nervoso (embora tenha ficado muito frustrado após tomar uma enterrada na fuça); quando usou sua envergadura kilometral (essa palavra existe?!), impressionou na defesa também, embora, claro, ainda precise aprender muito. Todos os textos gringos que pipocaram durante os jogos falavam a mesma coisa: ele não é tão cru assim e, meu deus, fisicamente ele é perfeito. Típico comentário quase sexual que nós, basqueteiros, fazemos ao falar de jovens jogadores.
O brasileiro ganhou uma garantia de que está nos planos do Raptors para já, que não vai se desenvolver no exterior. Talvez ganhe algumas passagens na D-League para ganhar tempo de quadra, já que o Toronto, com ambições de ir longe nos Playoffs, deve procurar uma rotação bastante eficiente. Mas não se surpreenda de ver o brasileiro conquistando seu espaço aos poucos. Como já comentei aqui no blog, Masai Ujiri tem uma história curiosa: depois de se aposentar das quadras, virou técnico na Nigéria, sua terra natal e depois virou scout internacional. Ao levar jogadores estrangeiros para a NBA, acabou se aproximandodo Orlando Magic e passou a trabalhar com eles. Depois de um tempo, foi para o Denver Nuggets, onde passou a participar das decisões da diretoria. Ele, que fez carreira em enxergar talento nos outros, agora tem a chance de ajudar um a se desenvolver em seu próprio time.
Todos nós que vimos o Caboclo aqui na LDB, poucos minutos de NBB, Mundial interclubes e até no Campeonato Paulista Sub-19 enxergamos um potencial absurdo no menino, Ujiri foi o que arriscou tudo e viu que dava pra dar uma de Giannins Antetokounmpo e pular algumas etapas. Espero que dê certo!
Na segunda rodada, o Raptors selecionou DeAndre Daniels, jogador de um estilo que o San Antonio Spurs consagrou no passado e que agora já tem nome: 3-and-D. É o cara que defende bem de um lado da quadra e ajuda com bolas de 3, não mais que isso, do outro. Todo time precisa de alguém assim! Tirando um jogo para esquecer contra o Houston Rockets, Daniels fez boa Summer League e pode sonhar com um espaço na rotação do time na próxima temporada caso Nando De Colo e/ou Lucas Bebê não consigam contratos.
Mitch McGary, PF/C (21)
Josh Huestis, SF (29)
O Thunder já descobriu o seu estilo favorito de jogador de garrafão: ágil, focado na defesa e se conseguir ser rápido o bastante para acompanhar o time na transição e pegar uns rebotes de ataque, melhor. É assim com Nick Collison, foi o que os encantou em Steven Adams e exatamente o que buscaram em Mitch McGary. Eu vi uma discussão sobre se ele poderia ser pivô ou não na NBA, mas acho esse tema cada vez mais irrelevante. O time precisa de rebotes e proteção de aro no garrafão defensivo, se ele e, digamos, Ibaka, providenciam isso como dupla, não importa muito qual é teoricamente a sua posição. Na Summer League, McGary foi muito bem no ataque, se envolvendo bem nos pick-and-rolls e deu quase 2 tocos por jogo também.
Creio que a escolha por um jogador de garrafão com essas características é mais um de muitos indícios de que a “Era Kendrick Perkins” está perto do fim. Sim, ele é um líder, importante para o time e sabe marcar, especificamente, alguns bons pivôs na liga. Mas é isso, o time melhora com Collison, brilhou com Adams em muitos momentos e parece ser importante para eles ter mais opções para manter o estilo por mais tempo.
Com a escolha 29, o Thunder inventou uma moda que pode render algumas mudanças de regra no futuro. A decisão merece uma análise mais profunda outra hora, mas conto a versão resumida. Os agentes de Josh Huestis tinham medo de seu cliente nem ser escolhido no Draft, primeira ou segunda rodada; então eles receberam uma proposta curiosa do Thunder: escolhemos Huestis, mas ele não assina com o time agora e, ao invés disso, joga por nosso time na D-League por ao menos um ano. Acordo de cavalheiros. Que tal? Que fique claro, a maioria dos jogadores assina com o time da NBA e depois é mandado para a D-League, neste caso o contrato de Huestis seria diretamente com a D-League.
O Thunder não queria ultrapassar o teto salarial com essa escolha e, portanto, ela mais parecia mais um fardo do que uma chance de melhorar o time. Eles poderiam trocá-la por uma escolha futura, por uma de 2ª rodada e até vender, mas resolveram inovar. O preço da inovação foi usar a posição para selecionar um jogador que não era bem cotado o bastante para aceitar a loucura. Quem em são consciência abriria mão de 1 milhão de dólares e um ano de NBA? Alguém desesperado para chegar lá.
Na escolha 29, ainda na primeira rodada do Draft, os novatos tem contrato garantido por ao menos 2 anos. Segundo a escala salarial dos rookies, ele ganharia 918 mil dólares nesta temporada e 943 mil na próxima, podendo então ser estendido por mais 2 temporadas depois disso. Mas o Thunder o convenceu a não assinar e, ao invés disso, ir lá ganhar os 30 mil dólares que a galera ganha pra jogar na liga de desenvolvimento onde ele pode, bem… se desenvolver. Huestis poderia dar uma de espertão, pegar o contrato e assinar, era seu direito. Mas ele abraçou a proposta do Thunder e causou um bafafa ao redor da liga: isso violaria as regras que proíbem a discussão de compensações de contrato no pré-Draft? Prejudica a liga, e o Draft, que as últimas escolhas de primeira rodada sejam usadas pra pegar jogadores fracos? A escala salarial deve ser revista? É esse o começo de um movimento que um dia irá realmente transformar a D-League numa liga menor, como acontece no beisebol? E, por fim, Josh Huestis vai, um dia, chegar na NBA?
Jordan Adams, SG (22)
Jarnell Stokes, PF (35)
Como bem definiu o pessoal do NBADraft.net, o Grizzlies é um time que olha mais para a performance e números de um jogador do que para o seu lado físico, atlético. E é isso que define Jordan Adams, que chamou a atenção em UCLA por pontuar bem, defender de maneira inteligente e conseguir muitos roubos de bola, mesmo não sendo nenhum monstro fisicamente. Na Summer League, foi o que Adams fez: 14 pontos por jogo, 2.2 roubos de bola. Forçou um pouco o jogo no ataque e pareceu instável nos arremessos de longe, mas pode virar um bom jogador de rotação no Grizzlies.
Na última temporada era engraçado como Dave Joerger colocava Mike Miller no time para ter bolas de 3, aí depois Tony Allen para a defesa e sempre parecia faltar alguma coisa. Seria bom ter alguém que faz um pouco dos dois, mesmo que não vire alguém fora de série. Talvez a única crítica à escolha seja a de que Rodney Hood tem algumas características parecidas, mas com melhor movimentação sem a bola e mais poder atlético. Hood saiu uma escolha depois, para o Jazz. Veremos quem se sai melhor.
Na segunda rodada, Jarnell Stokes é mais um da máquina de fazer Maxiells: baixo para jogar no garrafão, mas é pesado, forte e vai na marra. Na Summer League conseguiu ótimos números, com 12 rebotes e 9 rebotes de média. Para um time que deu emprego para Hamed Haddadi por tanto tempo, e que perdeu James Johnson e Ed Davis na offseason, é de se esperar que ele arranje um lugar no elenco. Eles tem 14 jogadores assinados (alguns ainda não garantidos) e Stokes é candidato a última vaga, mesmo que acabe não participando muito dos jogos.
Shabazz Napier, PG (24)
LeBron James nunca disfarçou o quanto era fã de Shabazz Napier. Falou disso antes, durante e depois do Draft, especialmente durante a ótima sequência de Napier em UConn, onde levou sua universidade, comandada por Kevin Ollie, outro queridinho de LeBron, ao título.
O armador chamou a atenção pelas grandes performances e grandes jogadas nos momentos mais importantes de sua universidade. Mesmo quando não era o melhor do jogo, fazia as jogadas que todo mundo lembrava depois. Bom sinal ou só disfarçava falhas? Mas LeBron pediu, LeBron recebeu, até com direito uma troca no meio do caminho. Napier foi originalmente escolhido pelo Hornets/Bobcats, mas imediatamente trocado com o Heat, desesperado por agradar seu melhor jogador. Como todos sabemos, porém, não foi o bastante para manter os talentos dele em South Beach. Para Napier, menos pressão, mas menos ajuda também. Jogar ao lado de LeBron James facilita muito a vida dos outros. Agora ele, junto de Mario Chalmers e Norris Cole, vão comandar o ataque de Erik Spoelstra, que será obrigado a aplicar uma abordagem mais tradicional na criação de jogadas.
Importante lembrar que Shabazz Napier era um senior na última temporada, já tem 23 anos e, por isso, todos terão menos paciência ao avaliá-lo. É esperado que um cara assim jogue melhor em seu último ano universitário e esperado que se adapte mais rápido à NBA. Todos os olhos estarão em seu desempenho.
Clint Capela, PF/C (25)
Nick Johnson, SG (42)
Alessandro Gentile, SF (53)
Assim como o OKC Thunder não queria usar sua escolha de primeira rodada para torrar espaço salarial, o Houston Rockets também não parecia interessado em consumir espaço que seria usado para a possível contratação de Chris Bosh. Mas ao invés da bizarra estratégia da D-League, o Rockets foi com um velho clássico: seleciona um gringo, deixa ele no seu contrato na Europa por alguns anos.
O Rockets então selecionou o suíço Clint Capela, de 2,10m, um pivôzão forte e reboteiro, bastante atlético. Ninguém que o viu jogar parece esperar grandes coisas dele e não o vimos de perto na Summer League, onde o Rockets não contou com ele após um leve desentendimento: o time queria que ele ficasse na França por mais uma temporada, Capela queria a NBA. Acabou que, após Chris Bosh escolher o Miami Heat e deixar o Rockets na mão, Capela acabou ganhando o que queria e assinou desde já. Sabemos pouco dele e não sei ao certo o que esperar, mas talvez ele não faça mais do que simular o papel de Dwight Howard no Rio Grande Valley Vipers, afiliado da D-League do Houston Rockets, uma das franquias com menos medo de usar a liga de desenvolvimento.
Na segunda rodada veio um jogador de quem podemos falar mais. Nick Johnson foi um dos jogadores que mais atuou em Summer Leagues neste último mês. O Rockets jogou tanto a liga de Orlando quanto a de Las Vegas e foi longe na segunda, Johnson teve destaque na maioria dos jogos e mostrou toda sua explosão com uma das melhores jogadas do torneio da Flórida:
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Nick Johnson também teve o único triple-double da competição, em um jogo contra o Brooklyn Nets fez 15 pontos, 10 rebotes e 10 assistências. Como ele ficou um pouco abaixo dos 30% no aproveitamento de 3 pontos e não é nenhum monstro defensivo, acho que o Rockets ainda não vai usá-lo desde já, mas sua agressividade para atacar a cesta e jogar em velocidade garantiram um contrato para ele na próxima temporada.
Por fim, o Rockets escolheu o italiano Alessandro Gentile, MVP das finais da última liga italiana. O ala ainda tem 22 anos e parece pontuar com facilidade pelos poucos vídeos que vi dele no YouTube. Não dá pra garantir nada, mas conseguir um dos melhores jovens jogadores italianos, que já está ganhando prêmios por aí, com a longínqua 53ª escolha? Nada mal.
CJ Wilcox, SG (28)
Com apenas uma escolha no Draft e um elenco já bem recheado, o LA Clippers era outro time que poderia se interessar em não usar sua escolha de fim de primeira rodada, daí a ideia de que algumas regras podem mudar. Mas como ainda não mudaram, hora de escolher algum bom jogador, né?
O ala/armador CJ Wilcox foi um dos destaques da Universidade de Washington, com boas médias de 18 pontos por jogo e 40% de acerto em bolas de 3 pontos. Sua função em quadra seria um pouco parecida com outros dois jogadores que o Clippers já tem no elenco, JJ Redick e Reggie Bullock, que até é mais parecido com Wilcox na potência atlética. Aliás, é uma posição que também pode ser ocupada pelo veterano (mas ainda em forma!) Jamal Crawford.
O cara tem chance de ser um bom jogador, então até ele provar o contrário, não é necessariamente uma escolha ruim. Mas o Los Angeles Clippers não estava em busca de um bom reserva de pivô desde o meio da temporada passada? Um terceiro armador para jogar atrás de Chris Paul e Jordan Farmar (na época do Draft ainda poderia ser Darren Collison, que acabou indo para o Kings) também seria bastante útil. Como disse no outro post, sempre vou ser a favor de escolher o melhor jogador disponível ao invés de um cara para uma posição carente, mas em alguns casos isso pode ser reconsiderado. Por exemplo, não vai ser ruim para a carreira de Wilcox (e talvez até de Bullock) ficarem presos sem tempo de jogo? O valor de troca dos dois não cai pelo fato de ninguém vê-los jogar muitos minutos? O Clippers, time ansioso por disputar o título, não deveria, nesse caso, pensar a curto prazo?
No fim das contas tanto Bullock quanto Wilcox, machucados, nem entraram em quadra durante as Summer Leagues.