🔒Em busca das brechas

Um dos grandes problemas do Golden State Warriors na série contra o OKC Thunder foi a dificuldade em trocar passes. Com seu adversário usando quintetos que, somados, tinham uns 29 metros de braços estendidos, muito fôlego e velocidade, o Warriors cometia muitos erros ao tentar dar passes simples pela quadra. Em determinado momento da série o time começou a errar bolas tolas simplesmente por hesitar na hora de passar, com medo de ser engolido por aquele mar de braços.

Mas, como bem lembramos, eles sobreviveram! Precisaram de sorte, muita defesa e dúzias de arremessos milagrosos, mas sobreviveram. Passaram para a final da NBA e agora estão vivendo um alívio: meu deus como tudo parece mais espaçoso por aqui!!!

Pense que você está na sala da sua casa com mais umas 4 ou 5 pessoas. Cheio, né? Agora pense como é estar nessa mesma sala, só que depois de ter passado o ano-novo em Copacabana, ou a semana antes do Natal na 25 de março. Não parece tão lotado agora. O Warriors vive isso nessa série contra o Cleveland Cavaliers: eles deixaram a MUVUCA, o CAOS e agora estão enfrentando uma defesa comum. O contraste é tão grande que eles parecem estar tendo ainda mais prazer em enxergar esses buracos e espaços para girar a bola e marcar suas cestas.

Separei para esse post especial para nossos AMADOS assinantes nada menos do que QUINZE cestas dos dois primeiros jogos da decisão que mostram como o Warriors está enlouquecendo o Cavs com bons passes e muita, incessante, movimentação de seus jogadores sem a bola. O Warriors se mexe, passa, se mexe, passa e apenas espera o vacilo. E o vacilo sempre aparece…

1- Parem esses homens!

O técnico Tyronn Lue nem disfarçou, já disse até em entrevista no meio do jogo, que o foco do seu Cavs nos primeiros jogos da final da NBA é parar a dupla Steph Curry e Klay Thompson. Depois de ver os Splash Bros. marcarem, juntos, mais de 15 bolas de 3 pontos nos dois jogos mais importantes da temporada para o Warriors, os últimos da série contra o Thunder, Lue não queria ser vítima da mesma arma.

Para isso, ele ordenou que seu time exagerasse nas trocas de marcação. Mas o que isso quer dizer? Significa que quando Curry ou Thompson corressem pela quadra, usando corta-luzes para ficarem livres, os jogadores que inicialmente não seriam responsáveis por eles teriam que assumir a função no meio do lance. Isso pede muito entrosamento e, mais ainda, comunicação. Um cara grita para o outro que ficou preso num corta-luz e o outro assume de lá. Mais fácil no papel do que num jogo ultra veloz e com torcida barulhenta.

O primeiro exemplo é um bem basicão: Steph Curry recebe a bola enquanto é acompanhado por Tristan Thompson, aí JR Smith vê Curry correndo para receber o passe a assume a função de defendê-lo, sem ver que Thompson não havia saído da defesa do MVP ainda. O resultado é que Shaun Livingston ficou solto, livre, e recebeu o passe para uma cesta fácil:

Mas a jogada onde isso acontece de maneira mais escandalosa é a que coloco abaixo: Iman Shumpert fica preso em um bloqueio enquanto marcava Steph Curry, aí ao invés de apenas gritar isso para o companheiro que está mais próximo de Curry, Kyrie Irving, e assumir a defesa de outro jogador, ele tenta correr e se recuperar correndo atrás do prejuízo.

No meio do caminho, porém, Andre Iguodala aproveita que seu marcador, Irving, está protegendo o passe contra Curry e corre para o espaço vazio da quadra que sem companheiro criou. O resultado é Irving defendendo Curry, Shumpert PERDIDO e Iguodala LIVRE para uma bola de 3 pontos.

O frame do vídeo, antes do play, mostra o momento em que Shumpert erra ao correr atrás de Curry ao invés de seguir Iguodala. É pra trocar tudo, meu filho! E trocar direito!!!

Às vezes não é tão claro assim, mas basta um passo dado na direção errada para o lance ir por água abaixo. Na jogada abaixo vemos Tristan Thompson achando que deveria assumir a marcação de Klay Thompson, sem se dar conta de que Kyrie Irving ainda estava na jogada. O momento em que os dois vão para cima do ala do Warriors cria um espaço vazio grande o bastante para Draymond Green entrar no garrafão e pontuar:

Mas o que acontece quando Klay Thompson está com a bola ao invés de correndo no meio de corta-luzes? Bom, nesse caso o Cavs também está respeitando demais o seu adversário e fechando seus espaços custe o que custar. O preço tem sido deixar Draymond Green absolutamente livre e está saindo bem caro…

Veja como os lances abaixo são IDÊNTICOS: alguém deixa Draymond livre para poder atrapalhar Klay em sua infiltração

O próximo lance mostra em close como JR Smith e LeBron James estão tão focados em acompanhar a corrida de Steph Curry que não percebem que estão deixando Andre Iguodala absolutamente livre embaixo da cesta. O passe de Shaun Livingston está para mostrar que não é tudo culpa da defesa do Cavs, mas que tem um time absurdamente talentoso lendo esses erros:

Por fim, que tal nosso amado Leandrinho Barbosa se aproveitando do fato de ser ESQUECIDO em quadra? Reparem como JR Smith e Richard Jefferson VOAM na direção de Klay Thompson na zona morta, sem nenhuma ideia de que um deles deveria estar ao menos contestando a linha de passe para o brasileiro. Como disse o comentarista David Thorpe, da ESPN, é como se o Cavs defendesse achando que existe um Rudy Gobert embaixo da sua cesta. Bom, eles não têm:


2- O pesadelo do contra-ataque

Por mais que um time tenha como princípio trocar as marcações a cada corta-luz, sempre existem os confrontos individuais pré-estabelecidos. Cada um marca um, a princípio, antes que comece a trocação. Mas é um erro ENORME tentar seguir essas demarcações de matchup no meio de um contra-ataque. Enquanto você corre atrás do “seu homem”, alguém fica livre e aí já era!

Nesse lance abaixo vemos TRÊS jogadores correndo na direção de Klay Thompson num contra-ataque, mas nenhum acompanha Festus Ezeli, que só recebe a bola embaixo da cesta e enterra.

Reparem que Tristan Thompson, que seria naturalmente o cara a marcar Ezeli, é obrigado a defender Iguodala simplesmente por ter sido o primeiro a voltar para a defesa. O segundo cara mais indicado para marcar o pivô do Warriors, pelo seu tamanho e posição, é Kevin Love, mas ele não pode deixar o cara que caiu do seu lado, Klay Thompson, sem marcação. Ele então segue Klay, mas outros dois jogadores do Cavs têm a mesma ideia e ninguém vê o adversário passando por trás da defesa:

Já nessa próxima jogada vemos que Kevin Love volta para a defesa sem observar quem deveria marcar, o que deixa Klay Thompson livre na linha dos 3 pontos. O único a ver o estrago antes dele acontecer é JR Smith, mas ele não pode fazer nada porque está marcando Iguodala, que já estava embaixo da cesta pronto para receber um passe e enterrar. Tudo isso acontece em uns 3 segundos…

Querem outra assistência de Steph Curry para Klay Thompson? Outra sequência onde ninguém do Cavs sabe quem deveria estar seguindo num contra-ataque? Então toma aí:


3- Em busca da brecha

Às vezes não é desespero na busca de Klay e Steph e nem o caos do contra-ataque, às vezes é só muita gente se mexendo no ataque e muito jogador perdido na defesa, sem ter noção de quem deveria estar marcando. A impressão desses primeiros jogos é que bastava o Golden State Warriors rodar a bola por algum tempo, com seus jogadores se movimentando bem, que uma hora o espaço ia aparecer.

No lance abaixo Kyrie Irving faz boa defesa em Andre Iguodala, mas o Cavs cede o rebote ofensivo e ninguém tem a mesma rapidez da raciocínio de Klay Thompson, que corta em direção à cesta para dar a opção de passe para seu companheiro. Essa é na sua conta, JR Smith!

Já no próximo lance é a vez de Irving olhar para o lado errado por meio segundo e não perceber Harrison Barnes cortando nas suas costas para fazer a cesta:

Já nesta próxima jogada bastou que Tristan Thompson deixasse a marcação de seu jogador por um segundo, para cobrir um possível passe para Festus Ezeli, para que Shaun Livingston se visse sem marcador e aparecesse no lugar certo para uma finalização fácil. É como se estivessem sempre um passo (e um passe) na frente:

Para finalizar, que tal mais dois lances idênticos? Tivemos os contra-ataques semelhantes para Klay Thompson, os passes gêmeos para bolas de 3 de Draymond Green e agora mais um lance que o Cavs cai de forma igual seguidas vezes: o bloqueio falso.

Vejam como um jogador do Warriors, no primeiro caso Draymond Green, no segundo Harrison Barnes, finge que irá fazer um corta-luz para seu companheiro, mas, na Hora H, gira e corre na direção da cesta, pegando seu marcador, que pretendia marcar o bloqueio e o arremessador, de surpresa:

REPEAT:

O Warriors tem um arsenal ofensivo de dar inveja aos melhores times da HISTÓRIA da NBA, é verdade, mas o Cavaliers poderia começar a fazer um favor para si mesmo ao não facilitar ainda mais as coisas. Não precisa cair nas mesmas jogadas em sequência. Um mesmo golpe não deveria funcionar duas vezes contra um Cavaleiro de Ouro!

Muitos dos lances acima são virtuose do Warriors, os jogadores são entrosados, confiantes, velozes, inteligentes, incansáveis. Mas tem muito de falta de atenção do Cavs e um sintoma que é difícil de tratar nessa altura da brincadeira: entrosamento defensivo. Isso é algo a ser cultivado ao longo da temporada, não é todo mundo que consegue dar uma de OKC Thunder e virar a melhor defesa do mundo de um dia para o outro. Nesses dois jogos o Cavs jogou como a 10ª melhor defesa que foi ao longo do ano. Nesse estágio, contra esse time, não é o bastante.

 

 

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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