🔒Ganhando na loteria

No passado o Bola Presa se arriscava mais em prever o futuro dos novatos de cada ano. Era divertido, mas também um desastre. Eu não acreditava que Steph Curry seria mais do que um bom jogador, enquanto seu parceiro de Draft 2009, Tyreke Evans, nos iludia de que seria a mais nova estrela da NBA. Naquele ano isso foi verdade, mas depois virou vergonha. Apesar de alguns acertos, desistimos da abordagem futuróloga aqui no blog, mas um apanhado dos novatos dessa temporada parece ser uma boa para contextualizar e analisar quem chegou para o mundo da liga neste ano. A NBA é um mundinho tão pequeno e falaremos desses nomes por tantos e tantos anos que vale a pena esse tratamento especial para os novinhos.

Além do carinho para com os mais novos, falar dos novatos do Draft 2015 pode ser uma obrigação daqui alguns anos. É difícil lembrar de um grupo de novatos que tenha causado tanto impacto tão cedo em suas carreiras! Isso não é garantia de que esse ano será comparado aos grupos históricos de 1984, 1996 ou 2003, mas mandaram bem demais no primeiro ano e nos obrigam a ficar de olho. De qualquer forma, mais do que a qualidade, me surpreende a velocidade com que se tornam relevantes. Gosto de citar o Draft 2006 para mostrar como é difícil analisar a qualidade de uma classe de jogadores.

Os melhores jogadores daquele ano devem ser, sem ordem definida, LaMarcus Aldridge, Rajon Rondo, Kyle Lowry, JJ Redick, Brandon Roy, Paul Millsap e Rudy Gay. Se eles têm o talento em comum, não tem o timing. Roy e Aldrigdge estouraram logo de cara, Lowry e Redick foram ter agora, 10 anos depois, suas melhores carreiras na vida. Rondo começou devagar, já teve seu auge e agora tenta inflar suas estatísticas no Sacramento Kings para recuperar o respeito. Millsap demorou anos para sair do banco do Utah Jazz e se firmar como um All-Star, muito tempo depois de Rudy Gay passar de estrela para maçã podre. O que quero dizer disso tudo é que a nossa análise da qualidade geral de uma ‘classe’ de Draft é dinâmica a ponto de ter de ser reavaliada uma década depois. Não vai ser um mês antes do fim do seu primeiro ano que vamos cravar a qualidade dos novatos de agora. O que dá pra analisar é o que eles nos ofereceram: quatro meses. Nesse caso, IMPRESSIONANTES quatro meses.

Destaco a parte do Draft chamada de lottery picks, as 14 primeiras escolhas destinadas aos 14 times que não se classificaram para os Playoffs no ano anterior. Até aqui, possivelmente pela primeira vez na história (ou ao menos em muito tempo), todos os jogadores da lottery estão tendo algum destaque por seus times logo de cara. Não há nem Fran Vásquez (ala espanhol que nunca sequer jogou pelo Orlando Magic) e nem Anthony Bennett (que é como se nunca tivesse jogado) dessa vez.

 

O futuro dos pivôs

Já foi tema de inúmeras discussões aqui no Bola Presa a questão do small ball e de como os pivôs parecem perder mais espaço na NBA. Mas é bom dizer que os pivôs não acabaram e nem vão acabar tão cedo, apenas mudaram muito. Primeiro que existem menos vagas de emprego para eles. Se antes cada time tinha ao menos três pivôs, talvez quatro gigantes no seu grupo de 15 atletas, agora a maioria tem uma dupla, alguns um só. Os que sobram precisam se adaptar a um mundo onde precisam sempre pisar fora do garrafão e aprender a fazer algo por lá, seja arremessar, defender pick-and-rolls ou fazer bons bloqueios. Quanto mais agilidade, melhor e menos chance de um time baixinho te colocar na roda.

O Draft de 2015 viu ao menos três pivôs que fazem TUDO isso e talvez muito mais. Karl-Anthony Towns foi a primeira escolha e hoje ninguém duvida que essa foi a decisão correta para o Minnesota Timberwolves. São 4 meses de temporada, 4 prêmios de melhor novato do Oeste e números que muito veterano só alcança nos seus melhores anos: 18 pontos, 10 rebotes e 1.8 tocos de média. Ele vive fora do garrafão, onde seus bloqueios para Ricky Rubio costumam ser o ponto de partida do ataque do Wolves, e de lá pode fazer qualquer coisa. Ainda sofre um pouco para pontuar direto no pick-and-roll porque os times sabem da falta de arremesso de 3 pontos do seu time e povoam o garrafão, mas mesmo assim ele tem média de 70% de aproveitamento em arremessos no entorno do aro, 48% em chutes de meia distância e 35% nos 63 arremessos de 3 pontos que tentou até hoje. Como visto no gráfico abaixo, ou ele está acima ou na média da NBA em todas as distâncias possíveis. Nos lances-livres? 82% de acerto para jogar na cara da sociedade.

Karl-Anthony Towns ainda precisa pegar milhagem na sua defesa, mas sua cobertura em infiltrações e a mobilidade na hora de sair e cobrir pick-and-rolls já são visíveis, e isso faz dele o protótipo do que podemos imaginar como o pivô do futuro. O nosso querido “cincão” para os próximos anos, se quiser fazer a diferença, precisa saber conviver com o small ball do seu próprio time e não ser explorado por essas formações mais baixas do rival. No ataque, como cada vez mais esse pivô vai ser o único cara realmente grande no time, é importante que ele seja ágil o bastante para ir de um lado para o outro da quadra executando bloqueios para os jogadores que controlam a bola. Também ajuda se essa velocidade for combinada com explosão para criar o eterno medo das pontes aéreas, que obrigam defensores adversários a não ficarem grudados na defesa de arremessadores, mas sempre com um pé mais perto do garrafão para impedir o passe pelo alto. O pivô ideal também saberá arremessar de longa distância para poder criar a dúvida na cabeça do defensor (após o bloqueio vai para o garrafão ou vai ficar Nowitzkeando aí fora?!) ou mesmo para continuar sendo uma ameaça ao adversário mesmo quando não estiver envolvido no lance. Imagine se Dwight Howard pudesse ficar aberto para o chute sem ocupar o garrafão que James Harden quer tanto que esteja livre de defensores. Por fim, já que citamos Howard, o pivô do futuro precisa saber bater lance-livre para poder receber a bola sem pressa de se livrar dela.

Na defesa, o pivô do ano 3000 (tá, pode ser antes) precisa ser veloz o bastante para poder acabar em algumas trocas de marcação sem virar um bobo da corte na frente dos armadores mais habilidosos; também é preciso ser rápido para poder voltar para o garrafão e usar seu (agora raro) tamanho para bloquear arremessos e intimidar infiltrações. Em outras palavras, imagine o estrago que não faria um Draymond Green com 2,13m de altura.

Nosso querido KAT não é perfeito ainda, mas aos 20 anos de idade já faz um pouco de tudo isso. No começo da temporada estava mais tímido na hora de mostrar seu arremesso de longa distância, culpa de um técnico e um sistema tático um pouco defasado, mas nos últimos tempos se soltou. Com o gosto de Andrew Wiggins de jogar de costas para a cesta, seu chute tem sido importante para ele não atrapalhar o companheiro e tirar um defensor de dentro do garrafão. Se ele juntar sua assustadora parte física e o repertório com a inevitável experiência, pode começar a entrar naquela categoria Monocelha de jogadores ideais para se construir um time em volta. O problema? É o trágico Minnesota Timberwolves, especialista número 1 da NBA em desperdiçar talento, que deverá fazer esse trabalho. O Wolves é o time que até acerta na hora de selecionar talento, e aí não sabe o que fazer depois. Veremos nessa ERA Towns-Wiggins-LaVine. O homem do futuro eles já têm!

Sabe quem também soma defesa, arremesso de longa distância e uma agilidade e velocidade que poucos previam? Kristaps Porzingis. Calhou que o mesmo Draft visse outro pivô do futuro em seu Top 5. A diferença é que o cara que Kevin Durant chamou de “Unicórnio” por somar características tão únicas, é 10 centímetros mais alto e talvez tenha um arremesso ainda mais refinado que o de Karl Towns, além de estar liderando a disputa em média de tocos contra o pivô do Wolves: 1.9 por jogo contra 1.8. Em outras palavras, sétimo e oitavo em tocos em TODA A NBA nesta temporada.

Embora Towns tenha sido mais regular que Porzingis ao longo do ano, o pivô letão do New York Knicks, possivelmente pela experiência entre profissionais na liga espanhola, parece ser um jogador mais ligado na defesa. É impressionante ver um novato como ele sabendo quando deixar o seu jogador para cobrir uma infiltração, por exemplo, mesmo que isso ocasione eventualmente em umas enterradas na cara. Parece bobagem, mas é típico de novato o medo de fazer bobagem numa rotação defensiva e ficar naquele pensamento de “quer saber, vou grudar no meu jogador e pronto”. Porzingis sabe flutuar, cobrir regiões inteiras da quadra e voltar para o seu adversário designado quando preciso. Não diria que essa é uma daquelas coisas que não se ensina, mas ter um moleque tão novo já ter noção disso economiza muito trabalho. Já disse isso, repito e deixo aqui escrito: com o possível (provável) sucesso da dupla Towns e Porzingis, até aqui os grandes nomes desse ano, o Draft de 2015 tem tudo para entrar para a história como aquele que revelou de vez o tipo de pivô padrão do futuro.

Não são apenas os dois que entram nessa lista, porém. Myles Turner, do Indiana Pacers, deslanchou de um mês para cá. Seu momento de glória foi o toco numa enterrada de LeBron James, mas ele tem feito bem mais. Seu arremesso de 3 pontos ainda está tímido, ele quase não tenta embora isso estivesse em todos os seus scout reports de antes do Draft, mas da cabeça do garrafão ele está com média de 50% de aproveitamento, uma maravilha contra a média de NBA de 39% na região e um alívio para um time que tinha tantas jogadas desenhadas para David West naquele exato ponto nos últimos anos. Se tudo continuar dando certo, o Pacers pode ver, nos próximos anos, uma soma da sua última grande dupla de garrafão em um mesmo jogador: a versão ideal de Myles Turner é um híbrido de David West e Roy Hibbert, protegendo o aro como o segundo, mas muito mais completo e ágil como o primeiro em seus bons tempos.

Por fim há o cara que destoa. Jahill Okafor, terceira escolha no Draft 2015, não é o pivô do futuro. Pelo contrário, ele é old school em todos os sentidos. Mais lento que os rivais citados, já é um dos jogadores da NBA que mais faz jogadas de costas para a cesta e está a anos-luz de ter a participação deles no lado defensivo da quadra. E nem estou falando dos tocos, que podem ser uma estatística vazia às vezes. Okafor tem sido um desafio para o técnico do Philadephia 76ers, Brett Brown. Por um lado ele é um dos poucos jogadores do time capazes de parecer um jogador da NBA no ataque, talvez o único com potencial para ter média de 20 pontos por jogo, mas por outro, todas as estatísticas defensivas da equipe despencam assim que ele coloca o pé em quadra, independente de quem se põe em volta de Okafor. Ele é um alvo gigante que os outros times usam para pontuar, seja o chamando para defender o pick-and-roll, seja infiltrando quando ele está (não) protegendo o aro.

Será que só existe lugar na NBA para pivôs arremessadores agora? Acho exagero. Como bem diz o David Thorpe da ESPN, pivôs que jogam de costas para a cesta assim podem ainda ser muito úteis no basquete de hoje, mas precisam somar isso com duas outras características: (1) defesa, para conseguir ficar em quadra sem comprometer do outro lado e (2) passe, já que é muito mais fácil dobrar a marcação sobre jogadores que jogam no pivô, então ele precisa ter um bom passe para envolver os caras do seu time que ficam sem marcação. A defesa não precisa ser do nível Dikembe Mutombo e o passe não precisa ser na mesma qualidade que Tim Duncan, mas essas características são as que Okafor precisa alcançar para que ele entre para a história com o grande asterisco: talvez 2015 tenha sido o ano dos pivôs do futuro, mas veio com um da velha guarda de brinde.

[image style=”fullwidth” name=”on” link=”” target=”off” caption=”O segredo de Winslow para defender? Não piscar nunca”]http://bolapresa.com.br/wp-content/uploads/2016/03/Rookie5.jpg[/image]

Os especialistas em defesa

Embora os pivôs sejam o grande tema dos novatos desse ano, estou ainda mais impressionado, para não dizer assustado, com essa dupla de alas que apareceu no Top 10 do Draft da NBA. Justise Winslow e Stanley Johnson, alas que hoje são reservas no Miami Heat e no Detroit Pistons, respectivamente, são excelentes defensores. E veja só, eu não estou dizendo “vão ser” ou “tem o potencial para”. Eles são. Hoje. Ponto.

Uma das regras básicas da NBA é não cobrar demais de novatos quando o assunto é defesa, afinal precisam aprender muita coisa nova. Imagina a transição entre defender no basquete universitário e entre os profissionais! Em um mundo você, de vez em quando, algumas vezes por ano, encontra um cara que está no seu mesmo nível, que tem a sua idade e o sonho de virar profissional. Alguns meses depois você precisa marcar Kevin Durant, um dos maiores pontuadores de todos os tempos. Não há nada que te prepare para isso, é preciso ser atropelado e aprender.

E não que Winslow e Johnson não precisem aprender muita coisa, mas diz muito que seus técnicos os coloquem em quadra quando precisam parar o adversário, e o fazem em equipes já com veteranos e com ambição de Playoff. No Miami Heat, os adversários marcam, em média, 107 pontos a cada 100 posses de bola quando Winslow NÃO está em quadra; quando ele entra a média despenca para 100 pontos. Claro que esses números podem e são influenciados também pelos outros jogadores com quem ele costuma jogar, mas não é um dado que todo mundo pode se gabar de ter. Talvez o fato de Erik Spoelstra confiar nele para defender LeBron James, Kevin Durant e Paul George diga mais que qualquer número.

 

O que não podemos esquecer é que embora eles impressionem por se destacar na defesa tão cedo, não são reservas à toa. Winslow tem enormes dificuldades ofensivas, especialmente nos arremessos de longa distância, o que obrigou o Heat a ir atrás de Joe Johnson e que tira um pouco dos minutos do novato nesse fim de temporada. Stanley Johnson ainda tem um arremesso um pouco melhor da zona morta, mas muito pouco para o que Stan Van Gundy espera de seus jogadores no Pistons. Jogar em times minimamente bons tem dessas coisas: melhor ambiente, melhores técnicos, mas menos minutos em quadra para aprender errando.

[image style=”fullwidth” name=”on” link=”” target=”off” caption=”Escolhi essa foto só para o Warriors aparecer só um pouquinho nesse post”]http://bolapresa.com.br/wp-content/uploads/2016/03/Rookie3.jpg[/image]

Gringos

Os pivôs estão bem. Os defensores de 19 anos de idade estão bem. Pelo menos os gringos tem que sofrer para se adaptar nos EUA, certo? Mais ou menos. O já citado Kristaps Porzingis está voando, ele nem conta. Emmanuel Mudiay, nascido no Congo e que jogou na China ao invés de ir para o basquete universitário, chegou ao Denver Nuggets e logo viu Ty Lawson ser trocado, se tornando de imediato o armador titular. Até aqui Mudiay tem sido um novato um pouco mais normal: sofre muito em alguns aspectos do jogo (arremesso de 3 pontos e lances-livres) e claramente melhora em outros (leitura de jogo e turnovers). A coisa se encaixou tão bem para os novatos desse ano que provavelmente Mudiay sofreria mais com outros técnicos ou situações, mas o Nuggets sem ambições para o ano foi a situação ideal para ele cometer seus erros sem que ninguém ligasse. Assim que ele cortar os desperdícios de bola já irá brilhar, aprender a arremessar é o que pode o colocar na elite.

A mesma sorte não teve Mario Hezonja, mas não era tanta surpresa assim. O técnico Scott Skiles tem fobia de novatos e era esperado que o croata teria que ralar para conquistar seus minutos em quadra. Demorou, esquentou banco, mas neste mês ele ganhou algumas chances como titular e não desperdiçou: em 4 jogos foram 12 pontos por jogo, com 40% de aproveitamento nas bolas de 3 pontos e apenas 3 turnovers TOTAIS! Ao contrário do começo da temporada, quando Hezonja tentava fazer demais driblando, agora tem aceitado uma função sem a bola na mão, como arremessador e também com movimentação intensa sem a bola. Sei que não é o que o Orlando Magic, ainda em busca de uma identidade, queria ouvir, mas ele se encaixa melhor com Elfrid Payton do que Victor Oladipo. Quanto mais minutos ele ganhar, mais pontos, parece inevitável.

[image style=”fullwidth” name=”on” link=”” target=”off” caption=”Frank Kaminsky é um dos 8 pivôs brancos do Hornets”]http://bolapresa.com.br/wp-content/uploads/2016/03/Rookie2.jpg[/image]

Espaço limitado

O Charlotte Hornets recusou uma oferta surreal do Boston Celtics no dia do Draft. Eles queria manter sua 9ª posição para selecionar Frank Kaminsky. Não parecia que ele teria muito espaço em um time que já tinha Al Jefferson, Cody Zeller e Spencer Hawes para jogar no garrafão, mas com o tempo descobrimos que o técnico Steve Clifford estava ambicionando um time mais leve, veloz e com pivôs que pudessem se mexer mais na defesa e no ataque, um misto interessante com a velocidade de um small ball, mas sem perder a altura. Assim o experiente Al Jefferson, o pai conceitual de Jahill Okafor, perdeu muitos minutos e Kaminsky apareceu como peça importante. Não é que o Hornets, uma ótima defesa, fica muito melhor com o Frank the Tank, mas ele é o coringa que consegue entrar no lugar de qualquer jogador de garrafão e não à toa é o reserva com mais minutos no time ao longo dessa temporada. Talvez tivesse sido melhor trocar a chance de pegar Kaminsky pelas TRÊS escolhas que o Celtics ofereceu, incluindo a do Nets do ano que vem? Não tenho dúvidas, mas vamos julgar o jogador pelo o que ele faz em quadra, não pelo negócio do qual ele poderia ter feito parte.

O Utah Jazz descobriu, em meados da temporada passada, que o garrafão de Derrick Favors e Rudy Gobert era um potência defensiva. Não seria fácil, portanto, para Trey Lyles chegar e arranjar muitos minutos de jogo, mas depois de um início de ano beeeem discreto, ele foi agraciado com o azar do time. Lesões de Favors e Gobert, em momentos diferentes, deram, na marra, a chance que Lyles queria. Mais ou menos o que aconteceu no mesmo Jazz com Raulzinho: não queríamos dar tanto tempo para novatos, mas a falta de opção clama por vocês!

É interessante que Lyles tem 29 jogos como reserva e 31 como titular, como os números são parecidos, dá para comparar bem o desempenho em cada situação. É diferente de Hezonja, que antes quase não entrava e de repente virou titular com a lesão de Evan Fournier. O número de Lyles que mais assusta é o aproveitamento nos 3 pontos: são 30% de acerto como reserva e 43% (!!!) como titular. Vejo esses números como um elogio à capacidade de criação de Gordon Hayward, Raulzinho e Rodney Hood, responsáveis por 67 das 89 assistências recebidas pelo novato. Trey Burke, líder do banco de reservas, deu apenas 8 assistências para Lyles em todo o ano. O que fazer com um jogador que rende tão melhor ao lado dos titulares mas que não é bom o bastante para roubar a vaga de Favors e Gobert?

[image style=”fullwidth” name=”on” link=”” target=”off” caption=”Cousins, Cauley-Stein e Derrick Rose se unem para chamar o Capitão Planeta”]http://bolapresa.com.br/wp-content/uploads/2016/03/Rookie1.jpg[/image]

Tudo pra dar errado

O último destaque dessa absurda safra de novatos da lottery vai para aqueles que tinham tudo para dar errado e mesmo assim estão chamando a atenção. Faço questão de destacar tudo o que conspirava contra esses pobres adolescentes;

Willie Cauley-Stein – O pivô chegou na NBA no time mais desfuncional da liga, sem saber se seu estilo de jogo bateria com a única estrela do Sacramento Kings, DeMarcus Cousins, e que teria que disputar espaço e minutos com jogadores experientes como Kosta Koufos. Isso num time desesperado por voltar aos Playoffs o mais rápido possível, e onde o técnico George Karl deve mostrar resultados de maneira imediata para não ir para o olho da rua. Uma dorzinha de cabeça na adaptação e lá estaria WCS esquentando banco pra sempre. Mas como esse é o ano dos rookies, Karl se apaixonou por seu novato, fez de tudo para encaixá-lo no time titular e é bem comum colocá-lo em quadra nos minutos finais quando eles precisam se segurar na defesa.

D’Angelo Russell – O que vimos durante boa parte da temporada do LA Lakers? Trocentos minutos para Lou Williams, Kobe Bryant arremessando tudo e o técnico Byron Scott, por algum motivo bizarro, falando mal de Julius Randle e D’Angelo Russell para quem quisesse ouvir. E ainda teve aquela fala clássica do General Manager do time, Mitch Kupchak, de que essa temporada não era sobre desenvolver os jovens do time, mas sobre a despedida de Kobe. Como isso resultou em Russell retomando a vaga de titular, pegando fogo da linha de 3 pontos e gritando que tem gelo correndo em suas veias? Não tenho ideia, mas ele é bom!

Russell precisa ainda de muita coisa: defender melhor, ficar mais ligado em alguns momentos do jogo e, claro, de um técnico decente em um time que saiba o que faz. Mas nos últimos tempos tem feito demais para um jogador que nem ainda sabe ao certo a sua posição. Entre as comparações que ele mesmo fez sobre si antes da temporada, ele precisa descobrir se está mais para o lado Curry o Harden de seu espectro de jogo. Meu palpite? Ele deveria deixar a barba crescer.
Devin Booker – Se alguém quer tirar a alcunha de time mais disfuncional da NBA do Kings, este é o Phoenix Suns. E foi lá que Devin Booker caiu para começar a carreira, e no banco de reserva dos únicos caras que tinham vaga garantida no time titular, Brandon Knight e Eric Bledsoe. Mas passaram alguns meses e tudo mudou: Bledsoe machucado, Knight machucado, time sem técnico e o mundo caiu no colo de Booker. De repente, o jogador mais novo da NBA nessa temporada estava comandando o ataque, pedindo pick-and-rolls e chutando 20 bolas por jogo. O que aprendemos sobre Booker até agora? Ele é o Splash Jr., um dos melhores arremessadores da NBA desde já. Mas ele não é um armador nem de brincadeira e precisa estar em um time minimamente organizado para cumprir a promessa de ser o novo Klay Thompson. Ele pode se orgulhar ao menos de ser o ÚNICO ponto positivo nessa temporada do Suns.

Cameron Payne – A situação de Payne não é caótica como a de outros jogadores, ao invés de estar num time que não sabe o que quer, está em um dos candidatos ao título, o OKC Thunder. Por que sua situação não é a ideal? Porque ele não pode errar, a ambição do seu time é alta demais para isso. Vimos isso logo de cara, quando ele demorou um tempão até conseguir roubar os minutos de DJ Augustin como o primeiro reserva na armação. Aí quando ele conseguiu, fez excelentes jogos e parecia que ia deslanchar, o Thunder trocou Augustin por Randy Foye, que passou a ocupar minutos na posição de Payne. O Twitter é louco pelo armador, mas parece que Billy Donovan vai seguir dando preferência para os mais experientes.

Enquanto isso ele vai mostrando seu talento com os melhores cumprimentos ensaiados de toda a NBA:


 

O Draft 2015 ainda trouxe mais gente para além da 14ª escolha. Gosto especialmente de Bobby Portis e Larry Nance Jr, mas são esses 14 jogadores citados acima que podem formar uma das lotteries mais produtivas já vistas. Golpe de sorte ou os times finalmente aprenderam a draftar? Apostaria minhas fichas na sorte, mas acompanharemos os próximos anos para saber. Seguir esses pirralhos é sempre uma das coisas mais divertidas de cada novo ano de basquete, é impossível cair na mesmice.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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