8 ou 80: Salary Cap – Parte 1

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LeBron parece entender bem o sistema financeiro da NBA

O texto abaixo foi postado no começo da temporada passada no BasketBrasil, quando a coluna “8 ou 80” ficava por lá. Agora que ela é feita aqui só no Bola Presa eu resolvi reaproveitar (com as correções e atualizações necessárias) esse texto que pode ser muito útil nesse período de offseason. Com muita gente comentando sobre que time tem ou não espaço salarial para contratar os LeBrons e Wades da vida, vale a pena entender como funciona esse complicado sistema de salários e regras da NBA.


O meio da offseason pode parecer uma época sem grandes assuntos na NBA, mas não nesse ano. A verdade é que agora esse se tornou o momento ideal para falar muito de muita coisa, em especial de números, de grana.

São 10 milhões de dólares por ano pra cá, limite salarial pra lá, mid-level exception e outros nomes estranhos acolá e de repente o sucesso de um time na busca de um elenco digno de título está em saber lidar com as nuances das complicadas regras salariais da NBA. Então, para nós que estamos sempre dando palpite na hora de dizer se um jogador merece tal salário ou se outro time é burro na hora de suas contratações, é essencial entender essas regras.

Por isso vamos entender o que é o tal “salary cap“, o teto salarial da NBA. O teto salarial foi criado na temporada 1984-85, estabelecendo o limite de 3,6 milhões de dólares em gastos para cada equipe. Antes disso ainda havia acontecido uma outra tentativa de implantação de teto salarial nos anos 40 mas foi abandonada depois de apenas uma temporada. O teto salarial é definido pela CBA antes do início de cada temporada, em julho, usando previsões de ganhos da liga na temporada seguinte, o BRI (Basketball Related Income) como parâmetro.

A CBA não é a “Continental Basketball Association”, liga de basquete famosa nos EUA, e sim a “Collective Bargaining Agreement“, um contrato legal entre a NBA e a Associação de jogadores que define o salary cap e outras questões relacionadas a contratos e direitos dos jogadores. É esse novo acordo, inclusive, que está causando uma grande polêmica entre jogadores e NBA e que pode causar uma nova greve, como houve antes da temporada 1998-99.

Já o BRI, usado para definir o valor da teto, implica basicamente em tudo o que a NBA vai faturar. Isso quer dizer dinheiro de ingressos para jogos de temporada regular e playoffs, direitos de transmissão para TV, estacionamento das arenas, patrocínios, dinheiro ganho por aparições de mascotes e equipes de cheerleadres em eventos, porcentagem por uso de área de propaganda nas arenas, venda do pacote de League Pass ao redor do mundo, aplicativos da NBA para iPhone e etc.

Depois de analisar tudo isso, o teto-salarial da temporada passada, por exemplo, ficou em 57,7 milhões de dólares, 1 milhão a menos do que na temporada anterior. Essa queda de um ano para o outro não é normal, foi apenas a segunda vez que isso aconteceu. A primeira foi entre as temporadas 2001-02 e 2002-03, quando caiu de 42,5 milhões para 40,3. A justificativa foi que a crise econômica atual faria o dinheiro ganho pela NBA cair um bocado.

Uma característica importante do salary cap da NBA é que ele é um “soft cap“, ao contrário das ligas de hockey e de futebol americano que são “hard cap”. Isso quer dizer que o teto dessas outras ligas são duros como pedra, não há como escapar dele, o da NBA tem um teto solar pra dar uma escapadinha.

As ligas com “soft cap” tem algumas exceções que fazem com que o limite possa ser ultrapassado em alguns casos. E a verdade é que quase sempre os times da NBA estão acima desse limite. Apenas 5 equipes, Grizzlies, Thunder, Clippers, Blazers e Nets, jogaram a temporada 2009-10 dentro do limite do teto salarial.

Se dá pra escapar, por que ter um limite salarial, afinal? A sacada do “soft cap” é que você pode escapar do limite mas paga por isso, ou seja, você pode escapar mas não tanto, com o risco de ter enormes prejuízos. Isso faz com que a diferença entre a maior folha salarial da NBA na temporada 09-10, do Lakers (91 milhões de dólares) e a menor, do Grizziles (53 milhões de dólares) seja de “apenas” 38 milhões. Você entende o “apenas” quando vê que na MLB, liga profissional de baseball, que não tem teto salarial, a diferença entre a folha salarial do NY Yankees e do Florida Marlins é de aproximadamente 165 milhões de dólares.

As punições a quem ultrapassa o teto faz essa diferença ficar menor e assim a discrepância entre os resultados também. Alguns estudos matemáticos feitos na Universidade Estadual de NT em Oswego dizem que ter maiores salários não se traduz em vitórias na NBA (só ver que o Knicks foi o time que mais gastou na última década), ao contrário da MLB em que, entre 95 e 2001, apenas times entre os sete maiores salários venceram o título.

A primeira mamata na hora de ultrapassar o teto salarial da NBA está no chamado “tax level” que é uma quantidade determinada pela NBA da qual os times podem ultrapassar o teto salarial sem serem punidos por isso. Na temporada 09-10 o valor foi de 69,9 milhões de dólares. Ou seja, embora apenas 5 times estejam dentro do limite salarial, não são todas as outras 25 equipes que pagarão multas, serão na verdade apenas 12. Porém as 5 antes citadas dentro do teto terão benefícios que outras não terão.

Essas 12 equipes que passaram desses 69,9 milhões de dólares terão que pagar 1 dólar de multa para cada dólar excedido. Ou seja, se o Lakers paga 91 milhões de dólares em salário, terá que pagar 21,1 milhões de dólares em multas para a NBA. De todo o dinheiro arrecadado, cada time dentro do salary cap (aqueles cinco já mencionados) recebem 1/30 dessa grana cada um, o resto do dinheiro fica para a NBA gastar com ações da própria NBA, como eventos internacionais, jogo das estrelas e em alguns casos até podem ser repassados para algumas equipes caso seja necessário, como foi no ano passado quando alguns times estavam em apuros. Atualmente equipes como o Charlotte Bobcats, o New Orleans Hornets e o Memphis Grizzlies sofrem grandes problemas financeiros. Não é à toa que Hornets fez inúmeras trocas no último ano (desde Tyson Chandler por Emeka Okafor até a do draft na semana passada) só para fugir do tal “tax level” e não precisar pagar multas.

Isso foi o básico para entender os mecanismos dos salários na NBA. Mas não é tão simples assim, pessoal, quando tem pessoas e dinheiro no mesmo lugar nunca é tão simples. As regras deles são mais confusas que cabeça de mulher na TPM. Ainda temos que falar da regra do Larry Bird, da regra do Allan Houston, dos mid-level exceptions, dos bi-annual expections, non-bird exceptions, dos limites de salário mínimo e máximo e por aí vai.

Agora só espero que aquela tolice de “O Segredo” esteja certa e que falar tanto de dinheiro sirva para atrair um pouquinho pra mim.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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