Na Parte 1 da análise falamos do draft de Cavaliers, Bucks, Sixers, Magic e Jazz
A tradição dos posts do Draft é assim: Analisamos time por time, na ordem das escolhas, e damos a cada equipe um selo de qualidade que resume o que achamos das escolhas no geral. O tema dos selos muda todo ano, já foi baseado em mulheres, números, Michael Jackson, memes da internets e até seleções brasileiras em Copas do Mundo. No ano retrasada usamos usando Redes Sociais como parâmetro e em 2013 apelamos para as manifestações de rua.
Nesse ano, mantendo a tradição, fizemos selos de qualidade baseado em um assunto do momento: futebol. Viva as Copas!
7 a 1: Você vai lá, se prepara, monta um timaço e atropela o maior vencedor de todos os tempos, na casa dele, por um placar humilhante. Simplesmente não dá pra ser melhor do que isso. Selo para os times que tomaram a decisão perfeita no dia do Draft 2014.
5 a 1: Revanche de goleada? Sobre o atual campeão mundial que te derrotou na última final? Só um 7 a 1 supera. Faltou repetir a grande atuação mais pra frente, mas já é um placar se orgulhar. Selo para os times que acertaram, mas não entraram para a história.
1 a 0: Não conquista o público, não vira trauma nacional de ninguém, mas é o bastante pra vencer. Pode ser feio ou bonito, golaço ou de canela, impedido. É o necessário para sair com os 3 pontos ou a classificação. Selo para os times que fizeram o que dava na hora.
1 a 2: Placar honesto, justo, jogo disputado. Mas uma derrota é sempre uma derrota e não dá pra ficar satisfeito depois de ser chutado pra fora do campeonato. Selo para os times que até tentaram fazer tudo certo, mas podem acabar quebrando a cara daqui um tempo.
1 a 7: Afinal, o que poderia ser mais traumático do que perder uma final? Ah é, isso! Selos para times que tomam bola nas costas do Marcelo sem parar.
…..
Marcus Smart, PG (6)
James Young, SG/SF (17)
Cheguei a ler antes do Draft que o alvo principal do Boston Celtics era Aaron Gordon, talvez para começar a povoar o garrafão do time que anda meio fraco, seja de jovens ou veteranos, desde a saída de Kevin Garnett. Mas quando Gordon foi para o Magic, tiveram que mudar de rumo; talvez manter a ideia de alguém de garrafão e selecionar o agressivo Julius Randle ou o bom reboteiro Noah Vonleh. Mas também havia a opção por Marcus Smart, bom armador de Oklahoma State. Escolheram o mais baixinho, ignoraram o garrafão e aumentaram ainda mais os rumores que já eram existentes de uma possível troca de Rajon Rondo num futuro próximo. Conhecendo o trabalho do GM do Celtics, Danny Ainge, essa troca até pode acontecer, mas ele não tem nenhuma pressa e vai esperar a melhor oferta possível. Talvez apareça amanhã, talvez em fevereiro.
A história de Marcus Smart no Draft não é muito comum. Ele abriu mão de entrar no recrutamento do ano passado, conhecido por ser fraquíssimo, e quis entrar em 2014, onde a concorrência era enorme. Correu o risco de se lesionar em mais um ano de NCAA ou de só jogar mal e perder espaço. Importante lembrar que os salários dos novatos são baseados na posição onde eles são escolhidos, então se Smart deixasse de ser, digamos, a 3ª escolha em 2013 para ser a 8ª em 2014, perderia não só um ano de basquete pago, como receberia um salário menor quando finalmente passasse a receber pra jogar. Foi um risco enorme, até porque ele realmente não foi tão bem quanto o esperado na última temporada da NCAA, inclusive se envolvendo numa briga com um torcedor (que supostamente fez insultos racistas ao jogador) durante uma partida. Sabemos o quanto times tem medo de briguentos, ainda mais quando não estão jogando tão bem assim. Mas tudo se compensou, porém, quando ele foi bem selecionado pelo Celtics e fez todos esquecerem de uma temporada de altos e baixos.
Como a NBA está cada vez com menos medo de usar dois armadores ao mesmo tempo, e Smart é um bom pontuador, especialmente nas infiltrações, não será estranho se Smart passar um bom tempo atuando ao lado de Rajon Rondo na equipe. Com os dois e mais Avery Bradley, eles tem 3 jogadores versáteis, competitivos, ótimos na defesa e com poder de pressionar a defesa do perímetro durante todo o jogo. Caso Rondo fique no time, pode ser algo para assustar muita gente nos próximos anos. Mas devemos lembrar que a sombra de um possível sucesso de Randle ou Vonleh possa vir a incomodar caso o time continue fraco entre os grandões.
E se Smart fez pipocar rumores sobre Rondo, a escolha de James Young fez o mesmo com Jeff Green. A indagação é natural: tanto Rondo quanto Green estão numa idade onde ainda não são veteraníssimos, mas estão calejados e prontos para ajudar um time a lutar nos Playoffs, não parece interessante para eles ficar em um time que, com paciência, aposta numa renovação a longo prazo, baseada em adquirir e desenvolver escolhas de Draft. E quando o time escolhe caras dessa mesma posição entre os novatos, é normal indagar se há algum plano engatilhado. Como com Rondo, acho que não há nada pronto, mas não fiquem surpresos se Young se destacar no começo da temporada e logo Green ser trocado por mais escolhas de Draft e jovens jogadores.
Até lá, é possível que o Celtics use Green ao lado de Young, com o veterano sendo usado como um ala de força mais baixo, que abre a quadra. Young, finalista da NCAA com Kentucky, foi o segundo cestinha de seu time, atrás apenas de Julius Randle, e fez boa parte de seus pontos em arremessos de longa distância. Infelizmente não pudemos vê-lo em ação na Summer League devido a uma lesão no pescoço que ele sofreu em um acidente de carro há um mês.
Julius Randle, PF (7)
Jordan Clarkson, PG (46)
Há várias maneiras de olhar para Julius Randle, muitos altos e baixos em pouco tempo. Ele era um dos cotados para ser a primeira escolha deste Draft quando saiu do colegial para passar um ano em Kentucky, mas uma temporada abaixo do esperado o colocou dúvidas em relação ao jogador. Por outro lado, nem sempre é fácil conseguir bons números naquele time cheio de grandes jovens jogadores. Mas também precisamos ver que uma das apostas em seu jogo era o potencial de ser um bom arremessador de média distância, onde ele acabou acertando apenas 17% de seus arremessos no ano. Voltando a um ponto alto, quando esteve em seus melhores dias, parecia um Zach Randolph mais ágil, engolindo os oponentes com força e presença de garrafão. E caindo de novo para a parte baixa, uma lesão no seu pé preocupou muita gente nos últimos meses.
Afinal, Randle é o potente jogador de garrafão com potencial para ser uma máquina de duplos-duplos? Ou é um jogador de garrafão que vai ter problemas quando enfrentar os jogadores mais altos na NBA? Difícil saber ao certo. Não tenho dúvidas de que o cara é bom, mas ainda estamos naquela neblina densa que não mostra se Randle é bom para ser All-Star no futuro ou bom para ser apenas uma confiável arma ofensiva. De qualquer forma, dizem que foi o cara que melhor jogou nos workouts privados do Lakers e é quem eles mais queriam, até cogitando uma troca para subir algumas posições para pegá-lo. O Lakers precisa de talento no elenco e conseguiu.
Sem escolhas na segunda rodada, o Lakers conseguiu mandar uma graninha para o Washington Wizards e assim levar Jordan Clarkson na 46ª posição. No painel de jogadores do time, Clarkson estava muito mais bem cotado, então não quiseram perder a chance de levá-lo. A situação do novato melhorou desde o Draft até aqui: Jordan Farmar saiu do Lakers para o Clippers, Kendall Marshall foi dispensado e a concorrência caiu um pouco mais; por fim,ele se apresentou bem em Las Vegas, com 15 pontos por jogo, um dos melhores do time na competição. Sem dúvida terá espaço no elenco, mas ficamos com um pé atrás por ele ter sido muito pontuador e pouco armador na Summer League. É um estilo que vai se transmitir bem no jeito de jogar do Lakers? Aliás, qual é o estilo de jogo do Lakers? O time ainda nem tem técnico! Muita coisa a se melhorar por lá ainda, como se pode ver, mas no Draft foram bem.
Nik Stauskas, SG (8)
A coisa mais legal da escolha do Kings foi que eles liberaram para gravação um ambiente que geralmente é completamente fechado. O Grantland fez um de seus sempre ótimos mini-documentários acompanhando o processo de seleção de Nik Stauskas pelo General Manager Pete D’Alessadro
[youtube width=”600″ height=”335″]https://www.youtube.com/watch?v=rEN6ad_Aw-M[/youtube]
Tem tanta coisa legal no vídeo que eu não sei por onde começar. Tem o dono do time, um chato, dando palpite só na hora que o bicho come. Tem o veterano Chris Mullin dizendo, basicamente, que o bom é quando os caras das estatísticas comprovam o que eles sabem, e os próprios caras das estatísticas mostrando, nervosos, suas análises sobre cada um dos principais jogadores do Draft. Eles dão a entender, também, que o Kings tentou, sem sucesso, negociar com o Sixers para conseguir Joel Embiid na 3ª posição. A lousa mostrando como eles enxergam os jogadores em seu melhor e pior caso, é bem legal de observar também.
Se a análise dos geeks de Sacramento estiver certa, Stauskas realmente traz uma coisa que o time muito precisa: arremessos de longa distância. E com o bônus de poder fazer isso por conta própria, sem depender apenas de um eficiente armador ou sistema ofensivo. Algo que Jimmer Fredette, escolha do Kings de alguns anos atrás, nunca conseguiu.
O lado negativo é como essa escolha se encaixa no elenco. Embora eu sempre seja adepto da teoria de escolher o melhor jogador ao invés de escolher a posição que o time precisa naquele momento, pelo seu valor a longo prazo, entendo que um conflito de posições possa acabar atrapalhando um pouco. Como Ben McLemore, que não foi muito bem ano passado, vai encarar o fato de, um ano depois, escolherem um cara da mesma posição? E como a atuação de ambos, McLemore e Stauskas, será influenciada pelo fato do time não ter ainda definido um armador? O valor de troca dos dois pode cair por isso. Mesmo na época do Draft, era bem previsível que o Kings não iria investir muito em Isaiah Thomas e que ele sairia se alguém oferecesse um contrato um pouco mais gordo, foi o que acabou acontecendo.
Gosto que Stauskas dá uma ótima opção ofensiva e até imagino que deva ser titular num futuro próximo, por oferecer algo importante demais para o time. Mas sua performance, e a do time, podem sofrer no curto prazo por não terem selecionado Elfryd Payton que, além dos passes, ajudaria muito o Kings em outra área que eles tem problemas, a defesa. Poderiam ter escolhido melhor a curto prazo, mas Stauskas, que acertou incríveis 42% de suas bolas de 3 pontos no título do Kings na Summer League de Las Vegas, onde foi discreto e muito eficiente, tem tempo para provar que mereceu a seleção.
Noah Vonleh, PF (9)
PJ Hairston, SG (26)
Alonzo Gee, SF (via troca)
Não sei ao certo se Noah Vonleh vai ser um grande jogador no futuro, mas pelo o que sabemos dele hoje, o Hornets/Bobcats ganhou na loteria. Muita gente da imprensa especializada nos EUA acha ele melhor do que Aaron Gordon e Julius Randle, os dois de sua posição escolhidos antes dele. Calha também de ser uma posição que o Hornets precisava, já que o titular da última temporada, Josh McRoberts, era Free Agent disputado e que, no fim das contas, acabou saindo para o Miami Heat mesmo.
O ala de Indiana ainda é muito jovem e é um imã de rebotes, o que ajuda muito ele a ser útil na defesa mesmo ainda não sendo uma força física, e no ataque, onde pontua após arremessos errados. Na NCAA, seu jogo ofensivo lembrou um pouco o de Chris Bosh, pelos arremessos média distância, mas na Summer League ele decepcionou com apenas 28% de acerto de seus chutes, sendo sofridos 12% da linha dos 3 pontos. Embora todos estejam ainda empolgados com os tocos e a média de 10 rebotes que ele teve em Las Vegas, eu apostaria que, no começo da temporada, o titular da posição seja a escolha do Hornets do ano passado, Cody Zeller, que fez ótimo final de temporada em 2013-14.
Mas mesmo assim, não há muito o que criticar na decisão. O Bobcats se impôs na última temporada como um time que intimidava pela presença de Al Jefferson no garrafão e pela versatilidade de McRoberts. Com o crescimento de Zeller e a chegada de Vonleh, eles podem manter o jogo pesado que força os outros times a jogar num ritmo mais lento e com jogadores mais altos. Quando o melhor jogador disponível na posição é também um que se encaixa com você, aproveite.
O ala/armador PJ Hairston penou um bocado para chegar na NBA. Depois de uma temporada difícil de freshman em North Carolina, ele ganhou a titularidade no seu segundo ano e foi um dos principais jogadores da tradicional universidade, que fica no mesmo estado do Hornets. Mas pouco tempo depois, foi detido com drogas e armas, junto de alguns amigos, em um carro alugado. Com a difícil legislação esportiva da NCAA, Hairston foi suspenso e acabou por não ser reintegrado pela universidade. Sem opção, ele decidiu ir jogar na D-League na última temporada, onde impressionou com média de quase 22 pontos por jogo. Aí se inscreveu no Draft e acabou no Hornets, que estava desesperado por um grande arremessador como Hairston. Seu histórico de estar fora de forma e de se envolver em problemas judiciais fora da quadra certamente preocupam, mas vale o risco para um dos times que mais penou ofensivamente no último ano.
Doug McDermott, SF (11)
Cameron Bairstow, PF (49)
Uma das perdas que o Chicago Bulls mais sentiu nos últimos anos foi, sem dúvida, a de Kyle Korver. Sabemos que ele não é nenhum gênio, mas evoluiu demais na defesa a ponto de não fazer mais feio em quadra e suas bolas de 3 eram um constante alívio para o empacado sistema ofensivo de Chicago. Muitos bons jogadores chegaram nos últimos anos para ocupar seu espaço vindo do banco, mas nenhum oferecia tanta precisão no arremesso.
A solução que o Bulls encontrou foi, portanto, um clone. Doug McDermott é fisicamente parecido com Korver, embora mais alto, o rosto é um pouco parecido, ambos são brancos, ambos são especialistas em arremesso de 3 pontos (que tem uma mecânica até similar) e ambos vieram da Universidade de Creighton.
O resultado na Summer League de Las Vegas foi o melhor possível: McDermott fez boa dupla com Tony Snell e saiu de lá com médias de 18 pontos, 44% em acerto de 3 pontos e 95% nos lances-livres! Mais Kyle Korver que isso, só se o chamassem de Ashton Kutcher. O lado negativo da troca é que o Bulls abriu mão das escolhas 16 e 19 para alcançar a 11 e chegar em McDermott. Será que não dava pra sair com dois bons jogadores ao invés de apenas um? Talvez Gary Harris e James Young, por exemplo. Colocaram todos os ovos numa cesta e McDermott vai ter que suar pra repetir o que fez em Las Vegas, mas eu aposto que foi uma excelente decisão.
E já que me criticaram nos comentários e no Facebook, uma pequena explicação: McDermott é clone do Korver porque achei os dois fisicamente parecidos, e quando você coloca isso com dois caras com a mesma especialidade e a que vieram da mesma universidade, a piada está pronta! Mas se é pra ser mais exato, McDermott é um Korver 2.0: a base é a mesma, mas veio mais alto, com um pouco mais de recursos e, consequentemente, desempenho diferente em quadra. Mais passes, arremessos à lá Dirk Nowitzki e menos velocidade. Estamos acertados? Ótimo!
Na segunda rodada, Cameron Bairstow chega para ajudar um garrafão que tinha tudo para perder uma de suas forças físicas, Carlos Boozer. Embora na época do Draft ninguém tivesse certeza da chegada de Pau Gasol, era quase certo que Boozer seria trocado ou anistiado, o que acabou acontecendo. O ala fez boas atuações na Summer League (10 pontos, 7 rebotes de média), o bastante para garantir o seu barato contrato para o próximo ano. Não deve ser muito usado, até porque Tom Thibodeau não é muito de abusar do banco de reservas, mas está na liga, como esteve Erik Murphy no ano passado…
Zach LaVine, SG (13)
Glenn Robinson III, SF (4)
Como bem disse o pessoal da ESPN gringa, Zach LaVine é o nome mais apropriado para um jogador até que apareça um outro especialista em enterradas chamado Putmeon LaYouTube. Esperem muitos vines, GIFs e tudo mais de inúmeras enterradas de LaVine no próximo ano! Ele não só tem uma impulsão de 1,16m, como vai jogar ao lado de Ricky Rubio. Kevin Love pode achar chato, mas ver o Wolves perder no próximo ano tem tudo para ser uma das coisas mais divertidas do League Pass.
[youtube width=”600″ height=”335″]https://www.youtube.com/watch?v=1_FJCPBUvJQ[/youtube]
Embora LaVine venha da mesma UCLA de Kevin Love, assim como Shabazz Muhammad e Luc Mbah a Moute, outros contratados recentes, não deve ser o bastante para fazer a estrela do time se sentir em casa. LaVine parecia na universidade e comprovou na Summer League que ainda tem muito o que aprender antes de ser alguém que realmente faça a diferença num time com pretensões de Playoffs. Seus números em Las Vegas foram bons, com 15 pontos por jogo e 4.3 rebotes, mas foram muitos arremessos errados (39% geral, 25% de 3 pontos), até chegar neles. Ainda falta refinamento no arremesso e melhores decisões para transformar toda a capacidade atlética em diferença na quadra. Ajuda muito um time que jogue em velocidade, algo que o Wolves busca embora nem sempre com sucesso, mas ainda falta. Só esperemos que ele demore menos para pegar o jeito do que outro cara que parece com ele, Gerald Green. A análise sobre Green era parecida quando ele chegou, mas demorou quase uma década, com D-League e Rússia no meio do caminho, para o cara finalmente mostrar a que veio.
Posso desabafar algo que me incomoda? Por que eu estou aqui comentando sobre Glenn Robinson III, Glen Rice Jr e Tim Hardaway Jr?!?!? Estou tão velho assim pra ver a segunda geração de caras que eu costumava assistir? O dia que o LeBronzinho entrar na NBA eu me aposento e vou morar num chalé tomando sopa. Mas falando do que interessa, GR3 é mais atlético e bem menos preciso nos arremessos do que seu pai. Mas é ambidestro, rápido e outro que tem grande impulsão, dando a entender que o Wolves realmente planeja um time para correr ao lado de Rubio. Uma boa escolha para uma posição tão distante no Draft, mas pode demorar um pouco para fazer impacto. Será na era pós-Love?
#14 TJ Warren, SF (14)
#18 Tyler Ennis, PG (18)
#27 Bogdan Bogdanovic
#50 Alec Brown
O caso de TJ Warren é um dos mais interessantes deste Draft. Ninguém duvida de seu talento para pontuar, mas foi muito comentado antes do Draft que vários times estariam com medo de como seria sua transição para a atual NBA. O ponto é o seguinte: nos últimos anos, virou verdade incontestável que a maneira mais eficiente que um time tem de pontuar é com arremessos de 3 pontos (valem 50% a mais que o de 2!) e atacando a cesta (aproveitamento maior, mais chance de cavar faltas). Isso meio que minou o jogo de meia distância, tão comum no passado, ainda herança da época sem linha de 3 pontos.
E aí chega TJ Warren, com um jogo da máquina do tempo. Muitos arremessos curtos, giros de meia distância, um estilo old school bem divertido de assistir, mas questionado pelas estatísticas. Segundo os gurus numéricos da liga, só vale a pena arremessar de meia distância se você tiver um aproveitamento muito, muito acima da média da liga, como tiveram nos últimos anos Chris Bosh, Dwyane Wade e especialmente Dirk Nowitzki. Será que Warren entra no grupo? Em Las Vegas, o ala conseguiu média de 17 pontos por jogo apesar de ter tido um jogo bem fraco, onde marcou apenas 4. Em geral, sempre passou dos 20 e se manteve acima dos 50% de acerto, sem mudar seu estilo de jogar.
Foi uma boa escolha, mas será um desafio encaixar seu estilo de jogo num time tão adepto dos 3 pontos e dos contra-ataques, como é o Phoenix Suns. Com entrosamento, dá pra enxergamos isso como uma nova arma ofensiva ao invés de uma peça que não se encaixa, mas só o tempo vai dizer o que predomina.
A escolha de Tyler Ennis provocou a reação em cadeia que culminou com Bruno Cabolco indo para o Toronto Raptors, já que o time canadense disse que o armador local era sua primeira opção. Foi uma escolha estranha na hora, já que o Suns já tem Goran Dragic e tudo indicava, na época, que iriam reassinar com Eric Bledsoe. De lá pra cá, as coisas mudaram mas continuam estranhas: o Suns ainda quer Bledsoe, embora haja um impasse de salário, e também contrataram Isaiah Thomas. Há espaço para Ennis em um time com tantos armadores, mesmo num que gosta de usar mais de um ao mesmo tempo? Na Summer League não chamou a atenção e é candidato forte a ser presença constante na D-League.
Não confundir Bogdan Bogdanovic com BOJAN Bogdanovic, draftado em 2011 e que assinou esta semana com o Brooklyn Nets. O sérvio do Suns tem contrato de 4 anos na Turquia e deve demorar para das as caras na NBA. Já Alec Brown, pivô com gosto por arremesso de fora, se encaixa na teoria do Suns, mas não parece ter talento o bastante para entrar num elenco já cheio de jogadores. Sua performance fraca em Las Vegas também não ajudaram a melhorar o cenário, foram só 3 pontos de média em 10 minutos jogados, com 22% de acerto nas bolas de 3 pontos.