Os Prêmios Alternativos do Bola Presa datam do longínquo ano de 2008, quando o mundo ainda era um lugar habitado por espécies estranhas como Matt Harpring, Chucky Atkins, Ike Diogu, Troy Murphy e Daniel “Boobie” Gibson. Os tempos mudaram, a NBA mudou, mas os prêmios seguem nem tão firmes e fortes.
A tradição nasceu como resposta aos enfadonhos prêmios de fim da temporada que rendem tantas discussões infrutíferas na internet. Se é pra dar prêmio que não vale nada, se é pra gerar discussões vazias e premiar coisas aleatórias, vamos fazer do jeito certo!
Abaixo os links para os vencedores dos anos anteriores. Divirtam-se!
1. Jogada Bola Presa do Ano
A NBA tenta fazer frente ao Bola Presa com sua compilação de ‘bloopers‘ e o Shaquille O’Neal acha que pode sair impune aos nos copiar com o seu Shaqtin’ a fool, mas só existe uma prêmio de jogada Bola Presa do Ano.
E embora Mason Plumlee tenha derrubado mais cerveja que suor em quadra; mesmo que Lance Thomas tenha jogado handball; ainda que Brandon Kinght tenha sido DESLIGADO no meio de um salto e que DeMarcus Cousins tenha esquecido de que lado da quadra deveria estar…. nada superou Norris Cole. O atual armador do New Orleans Pelicans, quando ainda estava no Miami Heat, praticamente jogou uma partida no lixo só porque quis mostrar para o Hassan Whiteside que era ele que deveria bater o fundo-bola.
De todos as jogadas citadas, essa foi a mais RACIONAL de todas. Não foi no meio de uma correria, Cole pensou, agiu, voltou. Inexplicável! O placar do jogo e o tempo restante também foram decisivos na premiação. Tem que ser clutch até na hora de fazer merda.
2. Troféu Kareen Rush de melhor atuação de um jogador ruim
Todo ano uma homenagem ao jogo 6 da Final do Oeste de 2004: Lakers e Wolves numa série apertada e emocionante, 3 a 2 para o Lakers e aí Kareen Rush resolve que é dia de acertar uma gazilhão de bola de 3 pontos (6, na verdade, a maioria no fim do jogo) e tirar de Kevin Garnett a chance de disputar um jogo 7 em casa. Kareen Rush. Não é um jogo acima da média de, sei lá, Derek Fisher, é o KAREEN RUSH! Deu pra entender, né?
O prêmio é para a temporada regular, senão é claro que o vencedor seria Matty Delly (para os que não são íntimos, Matthew Dellavedova) e seus 19 pontos que pareceram 95 na vitória decisiva do Cavs sobre o Bulls no Jogo 6 da semi-final do Leste. Ou talvez para MATTY DELLY DE NOVO com seus 20 pontos no Jogo 3 da FINAL DA NBA! Fica então um TAPINHA NAS COSTAS simbólico ao australiano, que quase torceu meu tornozelo ao ser informado que tinha perdido a honraria.
O vencedor está na lista abaixo. Olhe as 10 melhores performances em pontos na temporada e diga se alguém não parece pertencer ao grupo…
Sim, amigos, vocês lembram. Mo Williams marcou 52 pontos em uma partida da NBA. Em 2015. E não foi contra qualquer defesinha mais ou menos não, foi em um jogo disputadíssimo contra o Indiana Pacers.
3. Troféu Lonny Baxter de jogador que só joga nas Summer Leagues
Esse divertido prêmio é para atletas que só ameaçam virar grandes jogadores e aí nem entram em quadra na temporada. Muitos jogadores aparecem nas ligas de verão e ganham lugar na NBA, como Jeremy Lin. Outros brilham lá e… funhé. Lembram do Lonny Baxter? Então está justificado o nome do prêmio.
Nesta temporada o prêmio vai para Glen Rice Jr. O ala do Washington Wizards foi o MVP do torneios de pirralhos e ASPIRANTES do último verão americano. E ele estava em um time que precisava de jogadores para sua posição, especialmente porque Paul Pierce estava sabiamente se guardando para os Playoffs. Mas quando chegou a temporada pra valer, cadê Glen Rice? Jogou só 5 partidas no ano e foi deixado de lado porque Rasual Butler (!!!) renasceu das cinzas e resolveu se tornar um dos melhores arremessadores de 3 do começo da temporada. Com o crescimento de Otto Porter, Rice ficou de escanteio e, em Janeiro, foi dispensado.
4. Troféu Isiah Thomas de troca do ano
O célebre armador, um dos melhores da história da NBA, viveu o bastante para dar nome ao troféu de troca mais estúpida da temporada. Não dá pra vencer todas, né? Mas dá pra continuar tentando. Isiah Thomas está de volta não só à NBA, mas a Nova York, local onde fez suas trocas mais estúpidas. Agora ele dirige o time de basquete feminino da cidade. Pelo menos de basquete feminino a gente não entende nada e não pode perceber seus erros, né?
Nessa temporada não tem nem o que falar, né? O Dallas Mavericks trocou muita, mas muita coisa boa para conseguir Rajon Rondo e quebrou a cara tão feio que não dá nem pra considerar outro negócio. Não gostei do Phoenix Suns se livrando de Isaiah Thomas (o outro), mas nada se compara ao que aconteceu em Dallas.
Na época a gente considerou os enormes riscos da troca, mas era uma aposta que poderia dar muito resultado se desse certo. Deu tão errado, mas tão errado que não dá nem pra relevar a coragem e ousadia da tentativa. Para quem não lembra, o Mavs enviou escolhas de Draft, Brandan Wright, Jameer Nelson e Jae Crowder pelo armador. Como todos lembram, cada um desses caras dispensados fez uma falta tremenda nos Playoffs, justamente quando Rondo teve a última de suas muitas brigas com o técnico Rick Carlisle e foi afastado da equipe. Em resumo: o Mavs perdeu seu melhor defensor de perímetro, seu principal reserva, um bom arremessador e escolhas de Draft por um aluguel de poucos meses de Rajon Rondo brigando com seu treinador.
5. Troféu Grant Hill de jogador bichado do ano
Eu, como todo amante do basquete, era apaixonado por Grant Hill. Um LeBron James antes de LeBron James, chegou na NBA novinho, destruindo tudo e todos, com um jogo completo, um point-forward criativo, elegante e que colocava seus lances em todo santo Top 10 da semana. Foi assim até as lesões começarem a devorar seu corpo. A dupla Grant Hill-Tracy McGrady no Orlando Magic ficará para a história como uma das maiores que nunca aconteceu. Para não esquecermos de Hill, que foi conseguir jogar para valer só com os médicos milagreiros do Phoenix Suns, batizamos com seu nome este triste prêmio.
Todo ano é recheado de lesões, esta temporada viu muitos nomes caírem pouco antes ou durante os Playoffs, aumentando o rol de opções. Mas acho que Grant Hill representa mais a insistência das lesões, não o seu timing. O prêmio fica então para outro jogador que adora fazer parte de qualquer lista de jogadas bonitas– quando está inteiro: Ricky Rubio, um dos queridinhos do Bola Presa. Ele fez apenas 22 jogos nesta última temporada. Em 4 anos de NBA o espanhol jogou os 82 jogos apenas uma vez, nas outras não passou das 57 partidas.
A gente sabe que você não consegue arremessar, Rubio, mas preferimos ver você soltando tijoladas do que só de terninho aplaudindo o Mo Williams marcar 52 pontos. BE HAPPY, RICKY! ENJOY!
6. Troféu Darius Miles de atuação surpresa na última semana da temporada
Com o nosso aniversário de 8 anos do blog fico tentado a mudar alguns dos nomes desses prêmios. Alguém aí da garotada sequer conhece o Darius Miles? Eterna promessa, o ala garantiu um bom contrato novo depois de anos de fracasso só por acordar na última semana de um último ano de contrato. Meteu 40 e muitos pontos num desses confrontos bizarros (e cheios de reservas) nas partidas finais da temporada regular e fez parecer que ia deslanchar. Cogito mudar o nome para Troféu Ramon Sessions, ainda não superei as 24 assistências que ele deu há alguns anos.
Eu jamais iria esperar que Danilo Gallinari iria marcar 47 pontos (!) nessa temporada, especialmente depois de tantas lesões e de uma temporada onde ele estava ralando para pegar o ritmo da NBA. Foi o máximo da carreira dele justamente quando ele está a anos-luz de seu melhor basquete, vai entender! Os 32 pontos de Jabari Brown (tudo bem, pode não conhecer) pelo Los Angeles Lakers contra o Sacramento Kings também merecia o prêmio.
Mas nesse ano vou além dos pontos: alguém aí previa um quase-triple-double de MICHAEL BEASLEY em 2015? O maluco mandou uma partida de 34 pontos, 11 rebotes e 8 assistências no seu season-finale contra o Philadelphia 76ers. Era pensando neste jogo, e somente neste, que eu tinha sugerido que ele deveria ter sido escolhido antes de Derrick Rose no Draft de 2008.
7. Troféu Shawn Bradley de enterrada na cabeça
Não precisa ser a enterrada mais bonita, nem a mais difícil. Não é a mais importante e nem a sobre o cara mais alto. Aqui o assunto é desmoralizar o oponente, e não mudaremos o nome do troféu até que outro jogador seja motivo de um Top 10 só com enterradas que SOFREU na fuça.
As minhas favoritas foram a do Derrick Williams sobre Bismack Byiombo e a do Nikola Vucevic na orelha de Pau Gasol (como deve ser legal enterrar na cara de um cara que você estava trashtalkeando). Mas a vencedora do ano é esta obra-prima de Jeff Green sobre o Kevin Seraphin.
Tudo no lance é perfeito. A finta, as passadas, a força da enterrada, o jeito que a bola bate na cabeça de Seraphin, a sincronia em que todo mundo no ginásio salta das cadeiras, a pose de Green. Tudo perfeito. Devastador.
8. Troféu Adriano Imperador de volta frustrada do ano
O prêmio poderia se chamar Michael Jordan para homenagear aqueles seus anos de Washington Wizards, mas não quero passar o resto dos meus dias discutindo com Jordanzetes nos comentários. O prêmio se chamava Michael Schumacher, pelos prêmios terem sido inaugurados quando o alemão dava uma de MJ na F-1. Mas com o heptacampeão mundial à beira da morte, em estado vegetativo, achei que o prêmio ficou com um nome no mínimo deselegante. Nos comentários do último sugeriram o nome de Adriano Imperador, achei correto.
A vida de veterano não é fácil, e apesar de toda a emoção de ver Kevin Garnett sendo ovacionado na sua volta ao Minnesota Timberwolves, não deixa de ser bem frustrante que ele tenha atuado em apenas 5 partidas desde o seu retorno. O Wolves gastou uma escolha de Draft para ter Thaddeus Young, depois trocou o ala por 5 jogos de Garnett, que talvez agora se aposente. A gente não esperava um All-Star, mas mal pisar em quadra foi bem feio. A vitória no primeiro jogo e a festa da torcida fizeram valer a pena pelo menos.
9. Troféu Zach Randolph para melhor jogador em time que só perde
Quem chegou na Era Memphis Grizzlies pode não saber, mas o nosso muso-mor do blog já passou maus bocados na carreira. Em seus tempos de Portland Trail Blazers, New York Knicks e Los Angeles Clippers ele sofreu por ser sempre o cara que era ao mesmo tempo talentoso e fracassado. Um desastre que não aproveitava seu potencial e estava perdido em times medíocres. Essa fase ficou para trás, mas #NeverForget
Nos últimos anos os prêmios ficaram sempre com jogadores de garrafão: Kevin Love em seus anos de Wolves, depois Anthony Davis no New Orleans Pelicans. Mas Love foi para o Cavs, o Pelicans cresceu junto com o Monocelha. Quem não melhora nem por decreto é o Sacramento Kings, mesmo que no ano passado DeMarcus Cousins tenha sido um dos melhores jogadores de toda a NBA. É um dos pivôs mais dominantes da atualidade, mas incapaz de carregar seu time nas costas para as vitórias. Como diria o gênio do Alladin: PODERES CÓSMICOS E FENOMENAIS…dentro de uma lampadazinha.
10. Troféu Gary Payton de jogador que mais involuiu
Gary Payton foi de ser um dos melhores armadores do mundo para esquentar banco do Derek Fisher em questão de meses, é sempre exemplo de jogadores que, de repente, param de jogar o que sabem.
Nesta temporada não tem jeito, vou ter que dar um segundo prêmio para Rajon Rondo. Um dos motivos da troca ter sido ruim é que o Rondão da massa simplesmente parou de ter qualquer valor em quadra. Defesa sufocante? Não vamos faz um tempo. Pick-and-roll devastador? Agora parece lento e pouco ameaçador. Aprendeu a arremessar? Nem de perto, nem de longe. Sem velocidade e sem infiltrações, era melhor ter JJ Barea em quadra.
O que será do Kings nesse ano com o melhor jogador num time ruim + o jogador que mais involuiu?
11. Troféu Bruce Lee Bowen de jogada suja da temporada
Antes de ter caras gente boa como Kawhi Leonard, o Spurs usava das VOADORAS de Bruce Bowen para vencer campeonatos. Que bom que isso mudou, né? Mas mesmo sem Bowen por perto as jogadas sujas continuam. Como o prêmio é só para a temporada regular vou me abster do julgamento de intenções de Matty Delly, ok?
O prêmio poderia ir facilmente para Tyson Chandler e seu TOCO DE TÊNIS, mas foi ao mesmo tempo tão cômico que não sei se merece levar o nome de Bruce Bowen. O vencedor do pouco nobre prêmio é Tony Allen, que inexplicavelmente descontou sua frustração intensa e energia infinita em uma câmera de TV e acabou machucando o cinegrafista. Amo ele, mas que babaca…
12. Troféu 8 ou 80 de estatística bizarra do ano
Separei alguns números bem impressionantes desta temporada, mas um se sobressaiu e quero ver se vocês concordam comigo:
– O Phoenix Suns acabou a temporada com o amarelíssimo recorde de apenas 4 vitórias e 12 derrotas em jogos decididos por 3 pontos ou menos. Eles perderam TRÊS JOGOS no último segundo!
– Damian Lillard, em um jogo contra o LA Clippers, conseguiu uma das combinações mais estranhas para um armador na história: 5 pontos, 5 turnovers, 1/13 em arremessos de quadra e DEZOITO rebotes. Seu saldo em quadra foi de +14 pontos. E aí, jogou bem ou mal?
(Nos últimos 30 anos apenas 25 jogadores tiveram jogos onde tentaram mais de 10 arremessos com apenas 1 acerto e, ao mesmo tempo, pegaram 10 rebotes ou mais. Os únicos armadores da lista são Damian Lillard, Evan Turner e Jason Kidd)
– No dia 8 de março Tim Duncan terminou uma partida sem acertar um único arremesso sequer. A última vez que isso tinha acontecido? Fevereiro de 1994, quando ele era um novato na Universidade de Wake Forest.
– Essa aqui eu nem preciso explicar, esse número vai além da compreensão humana:
– Mas acho que vou ter que ceder e dar o prêmio para outra aberração vinda do mesmo Golden State Warriors: o time de Steve Kerr acabou a temporada regular com 47 vitórias e nenhuma derrota em partidas em que lideraram por 15 pontos ou mais. O que é mais impressionante, a incapacidade de tomar viradas ou o fato de que em 47 dos 82 jogos eles lideraram por tantos pontos? E pior, nos Playoffs eles repetiram a dose mais 12 vezes! Em 12 dos 22 jogos da parte mais difícil da temporada eles abriram 15 pontos de frente e não tomaram a virada. Esse time é real?!
13. Troféu Buscapé de foto do ano
Foi na temporada regular? Não. Eu me importo? Não. DeAndre Jordan sabia a dimensão do que estava acontecendo? Não.
PRÊMIOS NOVOS QUE NÃO NECESSARIAMENTE VÃO SE REPETIR NO FUTURO
14. Troféu Clarice Lispector/Caio F Abreu de frase do ano
A frase não precisa ser da Clarice para estar por aí sendo creditada à ela, o importante é impressionar as amigas e ser colada dentro de uma montagem bem brega. Então vamos lá!
Quem entende Joakim Noah, né Kyrie Irving?
Menção honrosa para essa do Stan Van Gundy quando seu time só precisava não tomar uma ponte aérea a 0.3 do fim do jogo para garantir uma vitória? APENAS FAÇAM O CARALHO DE UMA PAREDE!
15. Troféu Jason Kidd de papagaiada de técnico do ano
Jason Kidd foi um espetacular armador e está se tornando um técnico muito bem sucedido, impressionou demais com o que fez com o Bucks nessa temporada. Mas dá pra superar o incidente do refrigerante? No mundo real dá, no mundo da zoeira não.
Vai que é sua, Randy Wittman
Kevin McHale ficou agressivo depois de perder o prêmio…
16. Troféu Web 2.0 de GIF do ano
A garotinha mais fofa da Terra foi num jogo do Kings, viu DeMarcus Cousins fazer uma cesta e tomar falta. A reação dela é a mesma de qualquer um de nós: imitar o ídolo
E tem que ser níveis surreais de FOFURA para superar o mais preciso GIFbomb da história recente da NBA
Tirar selfie na última posse de bola de um jogo é Web 2.0 ou só babaquice?
Sim, faltou muita coisa, cornetem! Ano que vem tem mais.