San Antonio Spurs (2) x OKC Thunder (3)
Acho que podemos dizer que quando times que mantém seu núcleo se enfrentam pela terceira vez nos Playoffs já é rivalidade, né? Spurs e Thunder, sem mudarem seus jogadores mais importantes, se pegaram nas finais do Oeste de 2012 e 2014. No primeiro confronto o Spurs vinha de umas 180 vitórias seguidas (ou eram 20?) e abriram 2-0 na série, mas de repente perderam 4 seguidas e o melhor time da temporada deu adeus.
#ThrowbackThursday – most important game & shot in #Thunder history. The silence from SA fans is etched in my brain https://t.co/KdDo4Waxva
— Carson Cunningham (@KOCOCarson) April 28, 2016
Dois anos depois o Thunder ameaçou fazer o mesmo e igualou uma série que perdia por 0-2, mas aí o Spurs colocou Boris Diaw no time titular, reagiu, venceu, foi para a final contra o Miami Heat e se sagrou campeão.
Somando esse histórico a tudo o que aconteceu na temporada regular dos últimos anos, podemos afirmar que o OKC Thunder é um raríssimo time que sabe incomodar o San Antonio Spurs há tempos. Mas será que é o bastante para parar a versão 2016 do time de Gregg Popovich?
É importante lembrar que o Thunder incomodou o Spurs do passado recente porque conseguia não ser esmagado pela intensa movimentação de bola. Com caras gigantes e ao mesmo tempo rápidos, como Kevin Durant e Serge Ibaka, eles conseguiam interceptar passes e cobrir arremessos do outro lado da quadra dando apenas dois passos para o lado. Isso é útil contra qualquer time e ainda vai incomodar o Spurs, mas com um porém: este não é mais o mesmo time de 2012 ou 2014. Aquela versão veloz e focada nos arremessos de 3 pontos do Spurs já era, hoje esta é a equipe lenta que teve o 6º menor número de posses de bola por jogo na temporada e a melhor defesa da liga. Um time lento e pesado como há muito não se via na NBA fora de Memphis.
Essa nova fase do Spurs cria uma nova dinâmica na disputa, mas a capacidade atlética vai seguir sendo um dos trunfos do Thunder no duelo. Ao invés de usar a velocidade para interromper passes, o time de Billy Donovan precisará forçar erros e deixar o jogo com o maior número possível de contra-ataques. Jogar na transição é a única maneira de fugir da melhor defesa da temporada, de um grupo disciplinado e entrosado e que não se intimida com super estrelas que gostam de arremessar muito. Pelo contrário, o Spurs costuma preferir enfrentar times previsíveis que centram o jogo em poucas armas.
O plano de batalha do Thunder, portanto, deveria ser forçar erros e correr como se houvesse amanhã. O problema é o seguinte: o time que era um dos melhores em forçar turnovers até o ano passado, hoje é o 4º que MENOS faz seus oponentes errarem. Isso não impediu o Thunder de marcar DÚZIAS de pontos de contra-ataque ao longo da temporada, é possível fazer isso após um rebote, não necessariamente um roubo, mas fica difícil de acreditar que daria certo contra o Spurs, que costuma se recompor rápido após os seus arremessos. Pior que o tipo de arremesso errado do Spurs é diferente de boa parte da liga, não são bolas longas de 3 pontos que batem no bico do aro e saem voando por aí, este é o time de LaMarcus Aldridge que já lá perto da cesta. Talvez seja a hora de Billy Donovan se voltar aos tempos de Scott Brooks e LET WESTBROOK BE WESTBROOK também na defesa: arriscar, tentar roubos de bola, ousar, forçar dobras e não ser tão conservador como foi ao longo do ano.
Embora a NBA de hoje seja menos focada em duelos pessoais do que no passado, ao menos dois deles podem ser decisivos nessa série. Se Kawhi Leonard limitar Kevin Durant a um aproveitamento baixo de arremessos, fica difícil imaginar que o Thunder terá armas o bastante para pontuar. Se Serge Ibaka ou Steven Adams conseguirem limitar a contribuição de LaMarcus Aldridge, podem forçar o Spurs a jogar mais longe do garrafão, mais no perímetro, na velocidade que o Thunder prefere. Veja como o Thunder PODE (mas nem sempre) defende quando seu oponente tenta rodar a bola de um lado para o outro:
The kind of defense the Thunder must play against the Spurs pic.twitter.com/ozzTLvYdqZ
— Anthony Slater (@anthonyVslater) April 26, 2016
Mas considero o San Antonio Spurs mais favorito do que nunca porque eles são regulares, e aí estará o desafio do OKC Thunder nessa série. Ao longo de todo o ano, incluindo aí a série contra o Dallas Mavericks na primeira rodada, o Thunder passa por longos períodos de SECA MENTAL. De repente Russell Westbrook deixa de ser a maior força da natureza para virar um cavalo doido que bate a cabeça na parede no ataque e DORME na defesa, Kevin Durant, no embalo, acha que só arremessar de meia distância com uma mão na cara é boa ideia. Contra o Spurs um apagão de três minutos vira um deficit de 10 pontos e tchau.
Fatores decisivos
O San Antonio Spurs precisa de paciência, o que não deve ser problema. O Thunder vai querer correr e intimidar, o time é capaz de marcar muitos pontos em pouco tempo e de maneira assustadora: enterradas, arremessos na cara, tocos seguidos de contra-ataque. Nessas horas o Spurs precisa ser o vilão frio e calculista, diminuir o ritmo do jogo, ir para suas jogadas de segurança, deixar Kawhi Leonard e LaMarcus Aldridge tomarem conta do ataque. Na defesa, um desafio para Popovich pode também definir a série: em 2014 ele usou muito Leonard para defender Westbrook, não Durant. Podemos ver mais do mesmo aqui caso Westbrook deslanche contra Danny Green.
Para o Thunder o diferencial pode ser Enes Kanter. Sua capacidade magnética de atrair rebotes de ataque é algo que merece aplausos de Zach Randolph, maior mestre dessa nobre arte, mas, como sabemos, ele é fácil de ser explorado quando está fingindo defender. Ele não é páreo para Tim Duncan, LaMarcus Aldridge ou mesmo Boris Diaw. Quanto mais passes e mais movimentação, mais ele precisa pensar e tomar decisões, aí erra. Se, de alguma forma, Billy Donovan conseguir esconder os defeitos de Kanter na defesa, ele pode ser a peça ofensiva que destrava o ataque do Thunder em situações de meia-quadra, quando o contra-ataque não der conta.
Maldição Bola Presa
Acho que aqui dá jogo e o OKC Thunder vai fazer o San Antonio Spurs ter que jogar seu melhor basquete. Mas quando isso acontecer, adeus Durant e Westbrook. O grande trunfo de Popovich na sua história como treinador é sempre conseguir ver as falhas do adversário e abusar delas até o fim, o Thunder tem vários defeitos e eles serão explorados. Não acredito que encontrem as soluções assim de repente. Vai dar Spurs!
Golden State Warriors (1) x Portland Trail Blazers (5)
Quem diria, até meia dúzia de dias atrás, que o Blazers estaria na segunda rodada dos Playoffs?!? Só pouquíssimo tempo atrás que finalmente aceitamos eles sequer indo para a pós-temporada! Há um ano eles saiam dos Playoffs, com um baita elenco, após sofrerem com lesões, agora se aproveitaram das baixas no LA Clippers para finalizar uma série e passar de fase. História mais inesperada em anos, sem dúvida. São 4 anos de ERA LILLARD em Portland e está já é a segunda vez que avançam para a segunda rodada, nada mal.
Contra o LA Clippers, a dupla Damian Lillard e CJ McCollum confiou nos jogadores secundários que receberam espaço proposital dado pelo adversário. Caras que até ano passado eram um bando de zé ninguém tomaram conta da série, um de cada vez, para vencer jogos decisivos. Quando o Clippers resolveu mudar sua estratégia, já no Jogo 6, foi a vez da dupla de armação jogar como ao longo da temporada regular, centralizando o poder de fogo ofensivo e despejando pontos na cara de todos. Mano-a-mano, pick-and-roll, não importa. Discípulo de Rick Carlisle, Terry Stotts sabe criar espaço na quadra e tem dois jogadores com repertório para pontuar quando recebem essa abertura.
O problema para o Blazers nesse confronto contra o Golden State Warriors é que a defesa do atual campeão é bem mais versátil que a do Clippers. Os quintetos mais baixos do Warriors são capazes de dobrar a marcação em Lillard, mas também conseguirem se recuperar depois disso para pressionar os passes de Mason Plumlee. O Clippers não conseguiu isso e, com a quadra aberta, o pivô do Blazers virou justamente uma versão light de Draymond Green.
Na temporada regular não vimos o Warriors pressionar tanto assim Lillard, o trabalho era individual para Steph Curry, que sempre foi muito bom em passar pelos bloqueios e manter uma honesta batalha pessoal. Mas sem o armador, sem saber como Shaun Livingston ou Klay Thompson irão enfrentar o duelo, talvez Steve Kerr imite a estratégia de Doc Rivers para tirar a estrela do Blazers do jogo. Apenas se preocupando, depois, em fazer uma melhor cobertura sobre Plumlee e Aminu. Outro motivo para essa estratégia? Lembrar dos 51 pontos que Lillard meteu no Warriors neste ano em uma das 9 derrotas do time no ano:
Ofensivamente o Golden State Warriors precisa fazer o que fez nos últimos dois jogos contra o Houston Rockets, quando já não tinham Steph Curry: intensa movimentação de bola. É a especialidade deles, sabemos, mas com Curry é tão mais fácil que às vezes era até natural deixarem ele resolver algumas coisas sozinho. Sem o MVP no elenco sobram menos espaços e às vezes é preciso gastar mais tempo do relógio de posse de bola, mas mesmo assim tudo se acerta. Ainda são, sempre, cinco excelentes passadores e pontuadores, entrosados, em quadra no mesmo tempo. O que não pode acontecer é Klay Thompson e Draymond Green estarem em dias ruins de arremesso no mesmo dia, quanto menos armas, menos elas podem se dar ao luxo de não atuarem no melhor nível. Steph Curry já livrou Klay Thompson de dias ruins, e o contrário também, mas agora só um deles vai jogar.
Fatores decisivos
O banco de reservas do Warriors massacrou o Rockets, especialmente porque Mareese Speights, sempre de lua, resolveu jogar como se fosse um Dirk Nowitzki com verruga na cabeça. Se Speights, assim como Ian Clark (que arrasou na primeira rodada) e Andre Iguodala, jogarem bem, simplesmente não há profundidade o bastante no elenco do Blazers para dar conta disso. Não há malabarismos com os minutos de Lillard e McCollum que deem conta de 48 minutos de Warriors em alto nível.
O Blazers precisa, de novo, do seu elenco de apoio. Mesmo contra o Clippers desfalcado nos Jogos 5 e 6 eles tiveram que contar com cestas decisivas de Moe Harkless, Gerald Henderson e Al-Farouq Aminu, nomes bem pouco confiáveis nos arremessos de longa distância. Será que eles conseguem, contra uma defesa bem melhor, o mesmo aproveitamento? Pode fazer toda a diferença, contra ou a favor.
Maldição Bola Presa
Apesar de ser bem mais difícil sem Steph Curry, não vejo o Golden State Warriors perdendo jogos em casa para o Portland Trail Blazers. Não há motivação de “nós contra o mundo” que salve Lillard para sempre. Warriors vence!