O Chicago Bulls venceu suas três primeiras partidas, então perdeu as três seguintes. O San Antonio Spurs parecia o time perfeito quando MASSACROU o Golden State Warriors na noite de abertura, mas extremamente frágil nas derrotas em casa para LA Clippers e Utah Jazz. Já são mais derrotas no seu território do que em toda a temporada passada! E o que achar do super time de Steph Curry e Kevin Durant, que é capaz de perder para o LA Lakers ou de vencer o OKC Thunder por 20 pontos de diferença?
As primeiras semanas de campeonato trazem muitas perguntas e poucas respostas. Ansiosos, nós queremos logo desvendar as dúvidas que alimentamos e todos esses meses de abstinência de NBA. Mas o que é ânsia de respostas rápidas e o que podem ser sinais de coisas reais acontecendo? Separei alguns assuntos para ver o que podemos tirar deles com uma amostragem tão pequenas de jogos.
Por exemplo, será que Klay Thompson não está acertando seus arremessos por que está incomodado com o novo papel no Warriors? O Splash Brother que já marcou 37 pontos em um período, um dos melhores arremessadores da história e atual campeão do torneio de 3 pontos está com inacreditáveis DEZENOVE PORCENTO de aproveitamento nos chutes de longe! Apenas 9 acertos em 46 tentativas. Para se ter uma ideia, a média da NBA inteira é de 35% e o próprio Klay nunca chutou menos de 41% em uma temporada na sua vida.
A tabela acima mostra o aproveitamento de Klay Thompson separado pela distância do seu defensor mais próximo. Desde 0 a 2 pés (0 a 60 centímetros, bem próximo) até +6 pés (+ de 180 centímetros, completamente livre). Veja como mesmo sem nenhum marcador por perto ele acerta só 26% de seus arremessos, e míseros 28% nos chutes exclusivamente de 3 pontos, a sua especialidade.
O que podemos tirar disso é que o objetivo tático do Golden State Warriors está sendo alcançado. A presença de Kevin Durant deveria ser a garantia de mais arremessos sem marcação para ele, e eles estão surgindo como previsto. A maior parte de seus chutes (28%) são classificados como “livres”, sem defensores muito próximos. Falta só (!) ele acertar, algo que esperamos que aconteça ao longo de uma temporada de 82 longos jogos.
Como critério de comparação, está é a mesma tabela de Klay Thompson para arremessos por distância do marcador na temporada passada: basicamente o mesmo número de chutes, mas o DOBRO de acerto.
Um último fator importante é que no ano passado Klay Thompson tinha 17.3 arremessos tentados por jogo, agora esse número é de 16.5. Não acho que ele esteja muito magoado por dar UM mísero arremesso a menos a cada partida, o seu papel não mudou tanto assim. Essa justificativa parece encontrar apoio apenas na narrativa que muitas pessoas estão tentando criar para explicar um time que não foi, ao menos até agora, tão dominante quanto a gente imaginava.
O meu palpite de começo de temporada é que quase todos os problemas do Golden State Warriors estão na defesa. São muitos erros de comunicação, muita gente dos outros times aparecendo livre para arremessar e, principalmente, dentro do garrafão para bandejas, enterradas e rebotes de ataque. A frustração no rosto da equipe, que se orgulhava DEMAIS da defesa até o último ano, é notória. Com os erros eles perdem os contra-ataques, a confiança, a chance de ditar o ritmo do ataque e muitas vezes precisam jogar atrás no placar. Essa é a preocupação real e o tema que o técnico Steve Kerr deve quebrar a cabeça para resolver, o mal começo de Klay Thompson parece ser só algo temporário.
Existe um caso inverso, onde o saldo dos primeiros jogos é bastante positivo, mas que uma análise mais profunda mostra problemas que não são apontados ainda pela tabela do time. Falo do líder do Oeste, o OKC Thunder, que tem 5 vitórias e apenas uma derrota até aqui.
O time tem sido uma boa versão daquilo que imaginamos em nosso preview do começo da temporada: uma das melhores defesas da NBA, usando um dos elencos mais atléticos e físicos da liga para incomodar os adversários, mas também com muita dificuldade de criar um ataque envolvente e fluido.
Até o momento, segundo a métrica de pontos a cada 100 posses de bola, o Thunder tem a 4ª melhor defesa da liga mas apenas o VIGÉSIMO TERCEIRO melhor ataque. O teste visual não é dos mais animadores: tirando o talento bruto e quase imparável de Russell Westbrook, o Thunder tem muitos problemas para criar bons lances no ataque. Faltam arremessadores de longa distância em todas as posições e, ao contrário do que pode fazer o Chicago Bulls, não há jogadores o bastante com habilidade no controle de bola para compensar isso com infiltrações e talento bruto. O começo cheio de altos e baixos de Victor Oladipo, claro, não ajuda.
O lance acima mostra bem como os outros times sabem o que esperar do Thunder no ataque, e entopem o garrafão de jogadores sabendo que são limitadas as suas opções de ataque. Westbrook acha o jogador livre, mas Andre Roberson não nasceu para arremessar de longe. Em compensação, o time sabe voltar para a defesa como poucos e impede a cesta de Chris Paul.
O preocupante para os torcedores do Thunder é enxergar neste elenco uma solução para que o ataque melhore. Sabemos que eles nunca serão o Houston Rockets ofensivamente, nem precisam, mas é impossível se sustentar no topo da conferência com tanta dificuldade para marcar pontos, especialmente quando Wesbrook não está em quadra.
Como qualquer time especialista em defesa e com elenco atlético, uma solução tem sido apelar para o contra-ataque. Força-se o erro, usa-se a velocidade e pronto, cestas fáceis sem precisar enfrentar uma defesa organizada que sabe os seus defeitos. O Thunder lidera a NBA com 20,5 pontos em contra-ataques por jogo. Eles também ficam no Top 5 em rebotes de ataque, outro jeito de melhorar o poder de ataque mesmo com muitos erros. Estão sabendo contornar seus defeitos, mas será o bastante?
Isso tudo quer dizer que o OKC Thunder não tem como ficar entre os melhores do Oeste? Não. O melhor jeito de dizer é que será difícil se manter na frente de times mais organizados sem que o ataque melhore. Mas é animador que eles estejam vencendo jogos apertados, que estejam cometendo poucos turnovers e já se mostrem bons no que deveriam ser logo de cara: defesa, contra-ataques e rebotes de ataque. Só não devemos acreditar que o time, por começar bem, é um time PRONTO. Longe disso, a adaptação está em curso.
Por fim, outro time se encaixa nesse grupo do “é muito cedo para qualquer conclusão”, que é nosso querido New York Knicks. Mas esse, devo dizer, nem sei como classificar. É um começo ruim com provável melhora como Klay Thompson? Não sei. É um começo bom, mas que ainda precisa de ajustes com o Thunder? SEI LÁ!
O ataque do Knicks é aquela eterna novela sobre se eles estão executando o sistema tático dos triângulos, se não estão, se vão usar mais ou menos no futuro. Não chegamos a 10 jogos no ano e Carmelo Anthony já disse que não aguenta mais questões sobre isso. O que vimos até agora é que em alguns jogos eles usam mais, em outros menos, muitas vezes dependendo de quanto o time consegue sair em velocidade para o ataque. Se conseguem um ataque rápido, com Derrick Rose puxando o time em velocidade, nada de triângulos. Se tudo quebra, às vezes vemos o próprio Carmelo recebendo a bola no pivô para movimentações típicas do sistema tático.
Às vezes dá tudo certo, às vezes dá tudo errado. Contra o Chicago Bulls, o Knicks pareceu um timaço completo e cheio de opções de ataque entre seus titulares. Contra o Detroit Pistons, nada funcionou. Contra Utah Jazz neste domingo, depende de que período do jogo você assistiu. A defesa é inconsistente de um jeito tão consistente que é confuso:
Knicks, this season:
1st halves: Allowing 31.4% from 3pt range (4th-best)
2nd halves: Allowing 45.3% from 3pt range (Dead-last)— Chris Herring (@Herring_NBA) November 6, 2016
O time é um dos melhores da NBA defendendo arremessos da linha dos 3 pontos em primeiros tempos, e O PIOR DE TODOS em segundos tempos. Afinal, o que podemos tirar de um número assim? O time se desconcentra? Não sabe se adaptar às mudanças dos adversários? Não sei, parecem mais respostas desesperadas para explicar um número do que algo que realmente acontece. De certeza só a falta de certeza com esse time.
Eles são o exemplo máximo de como nós devemos nos segurar na hora de analisar esses times no começo da temporada. Podemos fazer observações do que está acontecendo, de COMO está acontecendo e até previsões do que pode ou deve ocorrer, mas não podemos esquecer que são muitos times novos, enfrentando outros times novos, todos em uma caótica fase de adaptação.