Enfim os Playoffs estão rolando! Com o começo da pós-temporada, o Bola Presa muda um pouco a dinâmica: o Filtro faz uma pausa (depois de uma última aparição para encerrar a temporada regular, claro) para a entrada de Previews de todas as séries e os famosos Resumos da Rodada, com comentários de TODAS as partidas que teremos até sagrar-se o grande campeão! Serão posts praticamente todos os dias para todos os leitores, além de ao menos um post exclusivo para nossos assinantes toda semana, com alguma análise tática minuciosa para tornar os Playoffs ainda mais incríveis de se acompanhar. E nosso podcast semanal continua, claro, com o que de melhor estiver acontecendo na NBA e na vida amorosa de nossos leitores!
Depois do Preview das séries que começaram no último Sábado (Cavs/Pacers, Bucks/Raptors, Grizzlies/Spurs e Jazz/Clippers) e hora de falar das quatro séries restantes. Lembrando que dessa vez as prévias vêm com o adendo de uma versão leiga para você tentar animar aquele amigo ou parceiro que não faz a menor ideia do que está acontecendo nessa época do ano. E se você quiser arriscar seus próprios palpites, o grupo do Facebook exclusivo para os assinantes do Bola Presa está fazendo um bolão organizado pelos próprios assinantes que valerá uma camiseta do time campeão, corre lá que faltam poucos dias para fazer suas apostas! Para assinar é só correr no Apoia.se/BolaPresa
Golden State Warriors (1) x Portland Trail Blazers (8)
Vamos ser honestos, qual a chance de alguma zebra acontecer aqui?! Estão espalhando uma frase do Damian Lillard que diz que ele falou que o Blazers iria vencer a série em seis jogos:
Damian Lillard says @trailblazers in 6 games? #NBAplayoffs pic.twitter.com/saNtJvrdWA
— CSN Northwest (@CSNNW) April 13, 2017
Mas é uma polêmica meio vazia para tentar esquentar uma série que ninguém acredita que pode ir muito longe. Na verdade perguntaram para ele, meio que brincando com a super confiança do time, se o Blazers “ganharia em 6 ou 7 jogos”, e Lillard abraçou a brincadeira e disse que seria em seis. Virou ao menos uma boa referência a quando o Brandon Jennings disse que seu Milwaukee Bucks ganharia do então CAMPEÃO Miami Heat em seis jogos nos Playoffs de 2013. Foi varrido…
Sabemos que o Portland Trail Blazers é um time melhor do que indica sua campanha, eles demoraram um tempão para pegar o embalo, mas os últimos dois meses mostraram a equipe que a gente esperava desde o começo do ano: ataque veloz, eficiente e baseado na incessante movimentação longe da bola. Mas é o bastante para passar pela segunda melhor defesa da temporada regular? E pior para o Blazers, a defesa do Golden State Warriors se destaca em especial na comunicação, em saber lidar com movimentação rápida e trocas de marcação após corta-luzes, exatamente a especialidade do time de Lillard e McCollum.
Tem mais notícia ruim? Tem. Um jeito do Blazers tentar engrossar o jogo seria dominar os rebotes ofensivos com Jusuf Nurkic, que tem sido um dos líderes da NBA no quesito desde que foi trocado, mas ele se machucou no fim da temporada e ainda não sabemos se ele vai jogar os primeiros jogos da série.
Por fim, o grande defeito da defesa do Blazers, apenas a 24ª melhor da NBA, está nos seus dois melhores jogadores de ataque: Lillard e CJ McCollum não são lá muito bons em parar os melhores armadores da NBA, e eles terão que enfrentar nada menos que Steph Curry e Klay Thompson. Não vai ser fácil.
Todo esse preview pessimista para o Blazers e nem citei que eles terão que arranjar um jeito de marcar aquele tal de Kevin Durant. Que pesadelo!
PARA LEIGO VER
O Golden State Warriors é o melhor time dos últimos três anos, quebra todos os recordes da história do basquete universal, tem os melhores arremessadores de três pontos e um cara muito falador que às vezes chuta o saco dos adversários. Apesar de todo esse domínio, eles perderam a final do ano passado e responderam contratando o Kevin Durant, um dos melhores jogadores de toda a história desse nosso lindo e azul planeta. É fácil querer torcer contra o grande favorito dominante que atraiu a grande estrela do momento para ficar ainda mais forte, mas é tão bonito ver eles jogando que você corre o risco de se apaixonar. Se você está começando agora no basquete, NÃO se acostume, não é todo mundo que joga bonito assim.
Maldição Bola Presa (a gente fala o que vai acontecer e aí o Universo conspira pra acontecer tudo AO CONTRÁRIO)
Se Damian Lillard entrar no seu modo DEUS, Nurkic dominar rebotes e Al-Farouq Aminu estiver nos seus melhores dias de stretch-4, o Blazers ganha um mísero joguinho em casa: 4 a 1.
Washington Wizards (4) x Atlanta Hawks (5)
Como vocês lembram, eu tinha apostado que o Atlanta Hawks sequer iria se classificar para os Playoffs, mas calhou que eles terminaram a temporada pegando fogo! Com a sua tradicional movimentação de bola e os arremessos caindo por todo lado, incluindo o de seu fraco banco de reservas, eles abocanharam duas vitórias sobre o Cleveland Cavaliers e viram uma animadora volta de Paul Millsap. Mas CALMA LÁ, amizade! Precisa de mais que isso pra me convencer.
Embora a defesa do Washington Wizards tenha caído de produção nas últimas semanas, no geral eles terminaram o ano com bons números e já vimos eles serem capazes de boas coisas nesse lado da quadra. Um dos talentos do time é conseguir colocar toda a grande capacidade atlética de seus jogadores para conseguir cobrir a movimentação de bola dos adversários. Markieff Morris não é nenhum grande defensor, mas costuma se dar bem contra times que usam alas que são mais ágeis do que fortes, caso do Hawks com Millsap. Com John Wall, o Wizards também deve ser capaz de impedir as infiltrações de Dennis Schröder, que são uma boa válvula de escape para o muitas vezes empacado ataque do time de Mike Budenholzer. Com ele pouco inspirado eles ficam bem mais previsíveis.
Se Millsap e Schröder não conseguirem fazer mais do que a média deles, o ataque do time vira aquela versão light e menos inspirada do San Antonio Spurs: passe, passe, passe até alguém ter a chance de arremessar. Com a diferença que são jogadores menos talentosos/criativos fazendo tudo isso, se compararmos com a versão original texana da estratégia. Não é à toa que o Hawks teve o QUARTO PIOR ataque de toda a NBA na temporada regular.
E se Hawks sobreviveu pela defesa ao longo do ano, não sei se será possível fazer o mesmo contra o veloz e inspirado ataque do Wizards, especialmente em um jogo cheio de erros onde Wall pode pegar rebotes e atacar o adversário na base do contra-ataque. Se o Wizards tiver vantagem nos duelos de Wall e Bradley Beal contra Schröder, Thabo Sefolosha, Tim Hardaway Jr. e Kent Bazemore (ou qualquer outro que talvez Budenholzer invente de marcá-los), vai ser difícil que a série não acabe num piscar de olhos a favor do time da capital americana.
PARA LEIGO VER
Caro leigo, como você viu, temos OITO séries nesta primeira rodada dos Playoffs. Geralmente acabamos deixando uma ou outra de lado para VIVER por algumas horas, sair do quarto e ver se a terceira guerra mundial já começou. Essa série tem grandes chances de ser a ignorada pela maioria. O Hawks não tem grandes estrelas, não tem poderio ofensivo e poucas jogadas de efeito, não costuma ser o time ideal para engajar um novo fã na NBA. O Wizards é mais legal, é um time que finalmente está alcançando as expectativas que colocamos neles há uns anos, mas você pode esperar para se fascinar com a velocidade do João Paredão na próxima rodada. O quão rápido ele é? Segundo ELE MESMO, o jogador mais rápido da NBA.
RT WashWizards: .JohnWall is too fast. #WizNets on CSNMA pic.twitter.com/jXFR3BERzg
— Audible Sports (@AudibleSports) March 25, 2017
Maldição Bola Presa (a gente fala o que vai acontecer e aí o Universo conspira pra acontecer tudo AO CONTRÁRIO)
A movimentação de bola do Atlanta Hawks é um bom tutorial de basquete, mas nos Playoffs é preciso mais do que prancheta para ganhar e o Wizards tem, além de também um bom time, ÓTIMOS jogadores. Devem levar por 4-1!
Boston Celtics (1) x Chicago Bulls (8)
É fácil se apaixonar pela ideia da zebra nessa série. O Chicago Bulls terminou bem a temporada, eles têm o jogador mais completo do confronto em Jimmy Butler, a experiência de pós-temporada de Rajon Rondo e Dwyane Wade e vão enfrentar um time que, embora tenha acabado a temporada em primeiro lugar no Leste, ainda não convenceu muita gente de que são um concorrente sério ao campeonato.
As dúvidas em relação ao Celtics tem muito do mero ceticismo de ainda não termos visto esse grupo vencer uma série de Playoff, mas também tem resquício na própria temporada regular. O Celtics venceu apenas 5 dos 15 jogos que fizeram contra Cavs, Wizards, Raptors e Hawks, os classificados da 2ª até a 5ª posição na conferência. Contra o próprio Bulls a série da temporada ficou empatada em 2 a 2. O receio foi renovado quando os verdinhos, no jogo mais comentado do fim da temporada, foi atropelado pelo Cavs, em Boston.
O Bulls, por outro lado, no meio da MONTANHA RUSSA que foi essa temporada, conseguiu algumas vitórias grandes contra bons times, o que nos faz pensar que o potencial ainda vive no meio desse caos de egos, indiretas no Instagram e um técnico que ninguém leva a sério. Se vários dos jogos chegarem nos últimos minutos com o placar apertado, é absurdo pensar que Jimmy Butler pode resolver as coisas por conta própria? Acho que não.
O Bulls, especialmente com Dwyane Wade e Rajon Rondo em quadra, não tem sido tão bom na defesa, os ótimos números que eles têm nesse lado da quadra são mais mérito do resto do elenco que é realmente MUITO bom parando os outros quando os veteranos sentam. Até esse ressurgimento no fim da temporada veio sem Wade, que estava machucado. E será que o ex-Heatle acorda e joga bem na defesa agora? Saber ele sabe, parecia falta de interesse. Quantos minutos ele ficará em quadra? A verdade é que chegamos nos Playoffs e o time não tem sequer uma rotação que a gente possa prever, tamanhas foram as mudanças ao longo do ano. O Celtics, por sua vez, é um time mais organizado, que roda a bola e que costuma tirar proveito dos erros adversários. Eles só vão precisar que Avery Bradley, o novato Jaylen Brown, Marcus Smart e Jae Crowder aproveitem as chances que certamente terão. Foi o que faltou nos ~jogos grandes~ que eles perderam.
Como dissemos no último podcast, outra questão importante será o espaço que Isaiah Thomas terá para operar sua mágica. Na temporada passada o Atlanta Hawks não teve medo de jogar todas suas armas nele e deixar o resto do time arremessar com mais liberdade, e foi feio: o armador chutou mal, o resto do time não apareceu e o Hawks avançou. Nessa temporada outros tentaram replicar o modelo, mas sem o mesmo sucesso. Isaiah Thomas tem cavado mais faltas quando recebe marcação cerrada e conseguido receber a bola de volta depois que passa na marcação dupla. Dará certo nos Playoffs? Se sim, é difícil imaginar o Bulls conseguindo a zebra. A organização e entrosamento do Celtics, numa série longa, deve fazer a diferença.
Um bônus muito TRISTE de última hora: a irmã do Isaiah Thomas morreu num acidente de carro neste sábado. Não sabemos se ele irá jogar e, claro, como estará sua cabeça nas próximas semanas.
PARA OS LEIGOS
O Boston Celtics é a franquia mais vencedora da história da NBA, dominou os anos 60 e 80. O Chicago Bulls é a que dominou a liga nos anos 90 com Michael Jordan. Nos últimos 20 anos os dois tentaram mil “reconstruções”, mas só o Celtics realmente conseguiu voltar lá e vencer um título em 2008. Esse time campeão se desmanchou há alguns anos e tudo começou do zero, com jovens jogadores, num processo deveria demorar um tempão para dar certo. Mas Brad Stevens, o jovem técnico do time, é um gênio e as coisas ficaram boas antes do previsto! Aí estão eles tentando nos convencer que são pra valer.
O Bulls é um amontoado de caras de renome —Butler, Wade e Rondo, este campeão no próprio Celtics em 2008– que foi juntado de uma hora para a outra, sem estratégia clara, e que estão tentando fazer as coisas funcionar na marra, no meio de muito drama.
Maldição Bola Presa (a gente fala o que vai acontecer e aí o Universo conspira pra acontecer tudo AO CONTRÁRIO)
Embora eu enxergue o Bulls sendo capaz de complicar as coisas, acho que o Celtics vai acordar para a vida e conseguir repetir nos Playoffs o que fez ao longo do ano: boa movimentação sem a bola, jogadas bem desenhadas e todos os coadjuvantes fazendo sua parte em volta dos 30 pontos de Isaiah Thomas. Se a coisa demorar para engrenar, Celtics vence por 4-2.
Houston Rockets (3) x OKC Thunder (6)
Enquanto todos vão estar olhando para o duelo entre James Harden e Russell Westbrook só para estender um pouco mais o já interminável papo sobre quem é o MVP da temporada, dois times de estilos bem diferentes estarão em quadra tentando impôr seu ritmo goela abaixo do adversário.
Nenhuma novidade de ambos os lados: o Rockets vai buscar acelerar o jogo, ter um jogo com mil posses de bola e chutar de 3 pontos em todas elas. James Harden fica com a bola na mão, ataca a cesta e espera seus companheiros ficarem livres. Entre Eric Gordon, Ryan Anderson, Trevor Ariza e Lou Williams, ele só precisa que um ou outro estejam quentes a cada noite. Do outro lado, o OKC Thunder vai até fazer seus pontos de contra-ataque com Russell Westbrook, mas há menos interesse na correria. Como eles chutam muuuito menos bolas de 3 pontos, precisarão compensar de outra forma, conseguindo mais rebotes de ataque, mais lances-livres e forçando mais desperdícios de bola do adversário.
Os rebotes de ataque virão de Steven Adams e Enes Kanter, que precisarão usar sua força física para ganhar o duelo com Nenê e Clint Capela. Será que o Rockets vai ser obrigado a usar mais seus jogadores altos para dar conta dos rebotes, abrindo mão de arremessadores? Ou é o Thunder que não vai conseguir usar seus pivôs ao mesmo tempo porque eles não dão conta de marcar os arremessadores de 3 do outro lado? Quem piscar primeiro perde.
Duelos individuais também podem definir a série. Tanto Westbrook como Harden são todo o SISTEMA ofensivo de suas equipes, será que Patrick Beverley, um dos caras que o armador do Thunder mais ODEIA na vida, e especialista defensivo, vai conseguir forçar Westbrook a um baixo aproveitamento? Vai sair sangue dessa batalha. E Andre Roberson, um dos melhores defensores que ninguém comenta na liga, vai forçar Harden aos turnovers que o time precisa que o Rockets cometa? Outra decisão-chave aqui: quanta ajuda o Rockets vai mandar para Beverley? Eles podem congestionar o garrafão e forçar Westbrook a passar a bola, ou podem deixar o duelo no mano-a-mano e obrigar o Sr. Triple-Double a arremessar TUDO, algo que certamente ele faria.
From @freemaneric: Russell Westbrook's dagger dunk on the Rockets was an instant classic: https://t.co/2RZwSVJ3p4 https://t.co/t5wERh0r5z
— Ball Don't Lie (@YahooBDL) November 17, 2016
Patrick Beverley fue vital para detener a Westbrook con defensas como esta https://t.co/IHxbBa3oVt
— The Red Rocket (@TheRedRocket_) December 10, 2016
PARA OS LEIGOS
O Russell Westbrook é aquele cara que apareceu até em matéria da TV RECORD de tão que o mundo leigo ficou impressionado com sua média de triple-double. Ele quebrou o recorde histórico de mais trile-doubles numa temporada e foi o segundo jogador a acabar um ano com média de ao menos 10 pontos, 10 rebotes e 10 assistências. Tudo isso logo na temporada em que foi abandonado pelo amiguinho Kevin Durant, que traiu o movimento e foi jogar no time que os eliminou no último ano. Ele abraçou a ideia do herói da cidade que deve carregar o time nas costas e fez exatamente isso, carregou o time até aqui.
Do outro lado, James Harden é outro que já jogou no OKC Thunder, mas ele não é traidor porque foi trocado, não saiu por conta própria. Ele tem uma barba grande e não era armador até essa temporada começar, mas topou a brincadeira e se tornou APENAS o líder da NBA em assistências no ano. A mágica é culpa do técnico Mike D’Antoni, que faz seus times sempre jogarem com velocidade, espaço e um monte de gente arremessando de longe demais. O Rockets é o time que começou a levar as estatísticas para a NBA, eles que descobriram que se 3 vale mais que 2, para que fazer outra coisa?
Maldição Bola Presa (a gente fala o que vai acontecer e aí o Universo conspira pra acontecer tudo AO CONTRÁRIO)
Westbrook vai, de novo, tentar fazer tudo sozinho. Vai dar certo algumas vezes, mas é difícil demais pra ele marcar mais pontos do que um time que teve um dos melhores ataques da HISTÓRIA da NBA. Sim, os 114.7 pontos a cada 100 posses de bola colocam o time de Harden lá em cima no ranking histórico. No fim das contas o Rockets sofre, apanha, mas vence: 4-2.