Resumo da Rodada 14/4 – Um dia de favoritos (e de Enes Kanter)

Se a NBA se livrasse das conferências e levasse para os Playoffs os 16 times com melhor campanha na temporada regular, o duelo entre PRIMEIRO e DÉCIMO SEXTO colocados seria entre Milwaukee Bucks e Detroit Pistons. O Leste viu neste domingo o começo da série entre o time de melhor campanha da temporada regular e o pior entre os classificados, e com um bônus: o pior time estava desfalcado de seu melhor jogador, Blake Griffin.

A descrição soa como se estivéssemos próximos de assistir um massacre e foi exatamente isso que aconteceu. Jogando em casa, o Bucks começou o jogo agressivo no ataque e na defesa, onde foi fácil perceber que o Pistons não tinha a menor ideia do que fazer com a bola sem Blake Griffin. Eles até tentaram o óbvio, os pick-and-rolls com Reggie Jackson e Andre Drummond, mas eles não deram qualquer resultado. O que não acabava em turnover virava algum arremesso de 3 pontos que amassava o aro. Na transição ofensiva o Bucks se mostrou INDEFENSÁVEL:

O primeiro quarto acabou com placar de 38 a 18 para o Bucks e o resto da partida serviu só para admirarmos Giannis Antetokounmpo e gastar tempo até começar Game of Thrones. Nessa primeira parte da partida o Pistons errou TODAS as bolas de 3 pontos que tentou e acertou só 30% dos chutes em geral. O Bucks não só acertou 56% dos seus arremessos como bateu NOVE lances-livres, a maioria em cestas seguidas de faltas sobre Giannis. Não deu nem para o cheiro.

Pelo Pistons a solitária notícia boa foi ver Luke Kennard provar que existem pessoas em Detroit que são capazes de acertar arremessos de longa distância. Ele veio do banco, comandou os únicos bons minutos do time e saiu de quadra com 21 pontos. O time precisa dele e de Wayne Ellington quentíssimos de longa distância se querem perder por menos de 30.

Sem um grande defensor de perímetro, Giannis entrou no garrafão como e quando quis. Lá sofreu faltas duras de Thon Maker (tem hora que a Lei do Ex não tem chance) e de Andre Drummond, que até acabou expulso por empurrar o grego quando ele estava no ar no segundo tempo. Giannis acertou nove arremessos, OITO deles dentro do garrafão. O mais bonito deles por pouco não começou FORA da área pintada:

Com a notícia que saiu nesta segunda de que Blake Griffin pode não conseguir voltar nessa semana, é bem provável que essa série seja encerrada em quatro doloroso jogos. Tem algo na regra que diz que Dwane Casey pode só derrubar seu rei, cumprimentar Mike Budenholzer e encerrar tudo antes de quatro jogos?


No outro jogo do Leste o Indiana Pacers teria vencido o Boston Celtics se a NBA fosse decidida por SETS, tal como vôlei ou tênis. Mas como já está tarde para mudar as regras, o Pacers foi mesmo derrotado por 84 a 74, placar digno de um joguinho de 2003 ou 2004.

Eu explico: o Pacers venceu o segundo período por 25 a 18, venceu o quarto período por 21 a 20 e empatou o primeiro período em 20 a 20. O problema foi ter marcado míseros OITO PONTOS no terceiro quarto, perdido por 26 a 8. É algo que sempre alertamos nesses times arrumadinhos, organizados, mas que não têm um cara capaz de colocar o ataque nas costas. Como vão se salvar dessas espirais de fracasso? Sem alguém do nível de Victor Oladipo para sair do buraco, o Pacers acertou só DOIS ARREMESSOS em 19 tentativas ao longo do quarto, sem contar os cinco turnovers.

Foi só a 22ª vez na história dos Playoffs da NBA que um time fez só oito pontos ou menos num período. A maioria, tal como o Pacers, saiu de quadra derrotado.

Sem Marcus Smart, machucado, o Boston Celtics começou com Jaylen Brown no time titular. Ele não fez um grande jogo ofensivo e marcou só DOIS pontos, mas foi o principal responsável por defender Bojan Bogdanovic e segurar o principal cestinha do Pacers com 12 pontos. Segundo dados da NBA, Brown marcou Bogdanovic em 31 posses de bola que renderam só uma cesta. Mas mesmo com sucesso no duelo e com seu time vencendo por 20 pontos, Brown achou que deveria empurrar o rival tipo briga de escola:

Frustrações à parte, a defesa sobre Bogdanovic foi perfeita ao longo do jogo. No lance abaixo vemos como o jogador do Pacers não consegue espaço para arremessar nem infiltrar mesmo após bloqueio de Myles Turner. Ele é afogado no meio dos braços de Jaylen Brown e Aron Baynes e ainda não consegue o passe para Turner, que fica livre só por meio segundo e num ângulo esquisito:

O placar baixo dedura o sucesso das defesas ao longo de todo o jogo. Os dois times chegaram no jogo com aquela “energia extra” dos Playoffs e até Kyrie Irving parecia estar se importando com a defesa. Foi legal por um tempo, mas frustrante que nenhum dos times tenha achado soluções para driblar a postura defensiva rival.

O jogo amarrado e de placar baixo era tudo o que o Indiana Pacers queria, era o jeito do time conseguir ganhar jogos mesmo sem ter um grande cestinha ou uma enxurrada de bolas de 3 pontos. Será que aparece outra chance igual fora de casa?


Alguém ouviu no último podcast quando comentamos que Enes Kanter teria muita responsabilidade em quadra pelo Portland Trail Blazers e que era difícil confiar nele? Pois bem, o turco saiu de quadra com 20 pontos, 18 rebotes, 2 tocos e cestas decisivas nos minutos finais para garantir a vitória de 104 a 99 sobre o OKC Thunder. Foi o melhor jogo do domingo e o Blazers finalmente acabou com sua sequência de OITO DERROTAS seguidas em Playoffs.

O Blazers chegou na quadra sabendo que Damian Lillard e CJ McCollum seriam muito pressionados no perímetro toda vez que tentassem usar um corta luz de Kanter e que o Thunder não hesitaria em deixar o pivô rival livre para tentar ganhar o jogo. Um jeito de resolver isso foi arremessar antes de qualquer dobra pensar em chegar:

Ele iria repetir o lance mais vezes, incluindo em uma das posses de bola mais importantes dos minutos finais:

Em outro lance muito legal, Lillard antecipa a dobra de marcação e passa no meio dos dois defensores do Thunder que iriam fazer pressão sobre ele. Mas ao invés de simplesmente se livrar a bola para que alguém arremessasse, Lillard continua se movimentando e o time continua passando até que o armador receba livre, sozinho, na zona morta para matar de três pontos:

Na varrida sofrida para o New Orleans Pelicans na última temporada Lillard nunca conseguia receber a bola de novo após ser obrigado a passar para algum companheiro. E quanto mais arremessos dele ao invés de chutes de Al-Farouq Aminu ou Moe Harkless, melhor.

A vantagem de 16 pontos aberta no primeiro quarto foi eventualmente cortada pelo OKC Thunder. Não há plano de jogo que impeça os braços longos de Russell Westbrook, Paul George, Jerami Grant e Terrence Ferguson de muitos roubos de bola, passes quebrados e tocos. Quando o ataque do Blazers quebrou, especialmente com os reservas em quadra, o Thunder conseguiu acelerar o jogo e marcar pontos fáceis no contra-ataque. Ao todo, o Blazers cometeu 18 turnovers na partida, metade deles no segundo período.

Há alguns anos o técnico Billy Donovan, do Thunder, foi flagrado dizendo “Can’t play Kanter” durante um jogo de Playoff. Ele achava que não era possível usar o pivô em quadra pelos inúmeros erros defensivos que ele cometia, se tornando um alvo gigante para os ataques rivais. Ontem, contra seu ex-técnico, Kanter mostrou que embora ainda cometa vários erros, também é capaz de compensá-los de outras formas. Um exemplo de erro bobo é esse abaixo, quando ele tenta interceptar um passe para Steven Adams, não consegue, e dá a enterrada de brinde:

Mas Kanter premiou seu time em outros momentos. Com SETE rebotes de ataque, ele gerou cestas em lances que poderiam não ter dado em nada e ainda puniu o Thunder por levar Steven Adams para o perímetro nas dobras de marcação sobre Lillard e McCollum. Nos minutos finais ele ainda pegou dois rebotes ofensivos impressionantes que deram segundos valiosos de posse de bola e ainda marcou a cesta que selou a vitória a 11 segundos do fim.

Foi engraçado ver que no primeiro quarto Lillard estava tentando cortar as dobras no meio ao invés de passar a bola para Kanter, com medo da sua inabilidade de dar passes. Mas olha só o que ele fez quando a bola escapou do armador nas mãos do pivô:

Chamado pela estrela do seu time de “MVP da partida”, Kanter disse que foi esquisito jogar contra o ex-time e em especial contra Steven Adams, de quem ficou muito próximo nos tempos de Thunder. “Eu tentei falar com Steven, mas ele nem olhou na minha cara”:


Para encerrar as estreias destes Playoffs, o Houston Rockets recebeu o Utah Jazz e venceu com alguma tranquilidade por 122 a 90. A diferença de placar nem faz parecer que o jogo estava disputado no início do terceiro período, mas o Rockets tem esse poder: se eles acertam a defesa e uma boa sequência de jogadas no ataque, ADEUS.

A estratégia do Jazz era forçar James Harden para o seu lado direito, mas não deu muito resultado. Quase todo time tenta fazer isso contra o Barba e ele já está acostumado, passou o ano inteiro infiltrando pelo lado direito e transformando isso em bandejas, enterradas, pontes aéreas para Clint Capela e etc. A estratégia seria mais eficiente se houvesse uma boa cobertura no garrafão, mas Rudy Gobert ficou lá sozinho o tempo todo e entre marcar Harden e impedir enterradas de Capela, não conseguindo parar nem uma coisa nem outra.

Vejam como Harden ataca pelo lado direito, vê Gobert na sua frente mas não tem qualquer problema em achar Capela. O pivô finge estar longe do lance, fazendo bloqueios para outros jogadores, mas de repente corta em direção ao aro sem resistência:

A ideia em si não é ruim, mas muito mal executada. Os jogadores que marcam Harden precisam estar mais bem posicionados para impedir os arremessos com um passo para trás e o resto do time precisa povoar o garrafão ao lado de Gobert para evitar o 2-contra-1. O melhor exemplo está no vídeo abaixo que mostra como o Milwaukee Bucks defendeu o Barba na temporada regular:

O jogo, no fim das contas, foi bem parecido com a série de Playoff do ano passado quando o Rockets venceu por 4 a 1. O Jazz ainda não achou solução para parar Harden nem Chris Paul, que fez chover no pick-and-roll com Clint Capela e, depois, com Kenneth Faried. E mais que isso, no ataque falta poder de fogo para incomodar o Rockets. Além de Donovan Mitchell e eventuais enterradas de Rudy Gobert, faltam pontos para ficar pau a pau nesses jogos de placares altos. Dois dos melhores arremessadores de toda a NBA, Joe Ingles e Kyle Korver precisam somar mais do que CINCO PONTOS para que o time tenha alguma chance.

Ou o técnico Quin Snyder acha uma solução menos batida para segurar Harden ou a série vai acabar rápido demais.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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