Na última segunda-feira, Anthony Edwards conseguiu algo maior do que um recorde, uma vitória ou um prêmio individual da NBA. Ele entrou no imaginário coletivo com um dos lances mais lindos dos últimos anos: após roubar a bola e iniciar um contra-ataque do seu Minnesota Timberwolves contra o Utah Jazz, Edwards passou a bola para Nickeil Alexander-Walker, correu para o ataque, recebeu a bola de volta e simplesmente voou. Edwards ainda estava na linha de lance-livre quando tocou na bola, mas recebeu o passe já no meio de uma longa passada e quando tocou no solo novamente, imediatamente pegou impulso com os dois pés e engoliu John Collins com uma enterrada violenta. Sua mão esquerda bateu no rosto do rival, machucando ambos, e a direita nem chegou direito no aro, fazendo com que ele praticamente arremessasse a bola de cima pra baixo no ato da enterrada. Foi um lance rápido, atlético, difícil, feroz, plasticamente magnífico e ainda constrangeu um defensor mais acostumado a estar do outro lado desses pôsteres. O ala do Wolves já tinha um repertório impressionante de enterradas, mas essa foi sua obra-prima. Da pose, ao movimento, ao som, à reação de companheiros e da torcida, tudo foi impecável, uma magia que o esporte oferece de tempos em tempos onde um momento de improviso em frações de segundo parece esteticamente mais perfeito que algo ensaiado por uma eternidade.
Dunk of the year? 🤔
Peep all angles of Anthony Edwards' POSTER 💥 https://t.co/PWvBFuQeOx pic.twitter.com/of7LJmNWoP
— NBA (@NBA) March 19, 2024
Na semana anterior, Edwards já tinha sido assunto pelo toco que conseguiu no jogo contra o Indiana Pacers para salvar seu time no último lance da partida. Ele havia errado um lance-livre decisivo e voltou para a defesa para salvar a pátria com uma cortada pra cima de Aaron Nesmith enquanto BATIA A CABEÇA NO ARO, de tão alto que voou. Mais um desses lances que não vemos todo dia. E no último domingo foi a vez de outro cara famoso por jogadas raras mandar um que deixou todos de queixo caído: Kyrie Irving, no último segundo do jogo contra o atual campeão Denver Nuggets, acertou um gancho (!) com a mão esquerda (!) por cima de Nikola Jokic (!) quase da linha dos 3 pontos (!). Releia tudo isso e veja se faz sentido. Não faz! E não foi só um “joga pra cima e vê”, ele claramente viu a situação e julgou ser o único arremesso que poderia dar. É tudo tão suave no seu movimento que parece que ele treina isso todo dia, o que sequer faria sentido. As duas reações possíveis são pular da cadeira ou, como fez Luka Doncic, ajoelhar até seu cérebro processar o que acabou de acontecer.
This might be my favorite shot of Kyrie’s game winner. Literal art pic.twitter.com/Y720LWjhYS
— Jo (@MavsStan41) March 18, 2024
Estes lances estouraram meus miolos e me fizeram lembrar de uma conversa interna que tive sobre música. Estava ouvindo minha já quase famosa playlist “Música de Menina” e me peguei tentando entender por que algumas músicas funcionam tão bem e outras não. Música pop em geral, ainda mais dessas que costumam entrar nessa categoria de “música de menina” que inventei, são tão parecidas, repetem as mesmas fórmulas, temas e são cantadas por pessoas tão semelhantes, que o que faz uma parecer superior a outra? Certamente existem algumas explicações técnicas, mas pra mim acaba sendo algo totalmente emocional. Certas músicas fazem eu me sentir de certa forma e eu gosto. Outras trazem sensações ruins ou parecem que sequer estão “conversando” comigo, aí deixo de lado.
Isso já me frustrou muito ao longo do tempo. Tenho a tendência de querer me aprofundar e entender mais as coisas, saber exatamente o que aconteceu para eu achar certa coisa legal, chata, bonita, feia, irritante ou engraçada. Apenas sentir não parece o bastante, é como se estivesse vulnerável e fosse uma mera marionete caso não consiga entender as razões e origens do que está mexendo comigo. Mas a conversa interna foi justamente sobre a parte boa de às vezes estar meio perdido nas ideia, de não ter metade do cérebro tentando racionalizar, explicar ou catalogar o que está causando aquela emoção. Não que exista algo de errado no aprofundamento, como bem disse o Danilo no nosso podcast recente sobre “camadas de prazer”, é possível achar prazer em conhecer todos os jogadores até entender as regras do salary cap para brincar de General Manager até se aprofundar na parte técnica, tática e estatística dos jogos. Assim como há o prazer estético de ver um lance bonito, há um prazer e reconhecer os pequenos detalhes de um bom plano tático. Depois de 25 anos vendo dribles bonitos, não vai ser qualquer finta que vai me dar arrepios. Chega a bater um medo: será que algum dia vai ser só um trabalho?
Tivemos a sorte de nessas últimas décadas acompanhar uma revolução na maneira em que se joga basquete na NBA, então não é que vivemos em um tédio ou excesso de repetição. O século 21 pode até ter overdose de informação e estímulos, mas novidade nunca falta. A necessidade da novidade também tem seus perigos, mas isso é outra discussão. É um vício que nem sempre o entretenimento vai ser capaz de dar conta.
É no meio dessas viagens que aparecem Edwards, Kyrie ou mesmo Jalen Green fazendo malabarismos que de alguma forma ainda parecem novos e emocionantes. Já tive medo de tentar aprender sobre música e, ao perceber truques e padrões, perder a enxurrada de emoções que ainda sinto ouvindo algumas canções, mas o basquete volta e meia mostra que a capacidade humana de criar e emocionar são infinitas. É legal que o basquete consegue empolgar nos seus detalhes e pequenas histórias, mas mesmo após tantos anos ainda dá pra sentir aquela empolgação de ver um lance que é só muito bonito. E que esporte bonito é o basquete! Não são todas as modalidades que podem ter uma segunda versão artística, como é o streetball (lembro de como parecia patético e fora de lugar quando os famosos streetballers da And-1 ficavam competitivos) e não há outro esporte que sofre tanto ao ver que sua versão do All-Star Game não está rendendo.
Depois de tanto discutirmos eficiência na última semana, precisamos de lances como os que vimos nos últimos dias para nos lembrar que o começo de tudo é a beleza. Nos apaixonamos pelo basquete porque é prazeroso demais de assistir o que os melhores do mundo são capazes de fazer. E embora existam prazeres para além disso, todos desmoronam se não formos capazes de achar o jogo bonito. E ver uma boa enterrada de Anthony Edwards é quase tão bom quanto curtir um bom hit da Olivia Rodrigo.
FOTOS DA SEMANA
Além de Anthony Edwards, Zion Williamson e Jalen Johnson também deram enterradas fenomenais e todas renderam grandes fotos e algumas ótimas piadas. Segue para apreciação geral das grandes imagens dos últimos dias (só clicar para vê-las em tamanho maior):
- Capa do Celular
- Zion
- Zion de novo
- Pôster encomendado
- Pobre John Collins
- Boca cheia
- Art but make it sports
- Kyrie e a mão esquerda
Ainda sobre a enterrada, um esclarecimento: esse vídeo de Edwards dizendo que vai dar a camisa dele para o John Collins depois do jogo foi mal interpretado. Ele diz “Collin”, não “Collins”. E repórteres viram ele trocar a camisa com o amigo Collin Sexton após o jogo. Era uma troca de camisas normal, não mais uma provocação em cima do coitado humilhado.
PLACARES BAIXOS
Falamos um pouco de placares mais baixos nas últimas semanas e devemos discutir isso no próximo podcast, então toma mais um número sobre o assunto: o Philadelphia 76ers bateu o Miami Heat por 98 a 91 na noite de segunda e com isso alcançou sua TERCEIRA vitória na temporada em um jogo que NÃO bateu os 100 pontos. Isso coloca o time ao lado do New Orleans Pelicans como time com mais vitórias abaixo de 100 pontos. Dos 30 times da liga, DEZESSEIS não têm sequer uma vitória nessa condição.
Monday's 98-91 win by Philadelphia was the third time this season that they won a game while scoring fewer than 100 points.
That's tied for the most such wins in the NBA this season.#NBA | #BrotherlyLove pic.twitter.com/uGxWKloWAN
— Basketball Reference (@bball_ref) March 19, 2024
RECORDE NÃO QUEBRADO DA SEMANA
No fim das contas Daniel Gafford não conseguiu alcançar o recorde de 35 arremessos certos seguidos de Wilt Chamberlain. Ele ficou em 33! O triste é que o arremesso errado, logo na primeira posse de bola do Dallas Mavericks no jogo contra o OKC Thunder, nem pareceu um arremesso de verdade, foi um tapinha de rebote ofensivo que não foi a lugar nenhum. Se ele tivesse só tentado pegar o rebote, tudo teria funcionado, já que depois disso ele acertou mais quatro arremessos certos em sequência. Fica pra próxima:
JOGADA BOLA PRESA DA SEMANA
Sabe como fazer apenas 01 (hum) ponto em uma cesta que não é um lance-livre? É só marcar uma cesta ao mesmo tempo que seu companheiro, ambos com a mão na bola ao mesmo tempo na hora de disparar o arremesso. Aí cada um leva um ponto de crédito pelos dois do arremesso, certo? CERTO? Deveria ser assim e foi o que Santi Aldama e DeJon Jarreau tentaram, mas a NBA só deu o rebote e a cesta para Jarreau. Eu protesto! Mudança de regra pra ontem!
everyone was talking about ant and jalen’s dunks but this was actually my favorite dunk from last night. just two dudes dunking a basketball together. they should’ve gotten 2 points for vibes and 2 for friendship pic.twitter.com/e88AHFBsCE
— Molly Morrison (@mollyhannahm) March 19, 2024
Marcar o Golden State Warriors por 24 segundos é difícil? Tente por QUARENTA! O relógio do jogo contra o Los Angeles Lakers falhou inúmeras vezes, mas essa aí passou batido pra todo mundo. Constrangedor demais para a NBA. Quem não se compadeceu com as celebridades entediadas no fim da partida? Que todos fiquem bem!
Only the Warriors get 40 second shot clocks 😭 pic.twitter.com/A1lzkSCw3J
— MVP43🐐 (@StepBackPascal) March 17, 2024
Entre as jogadas da semana também tivemos duas defesas INESPERADAS. Qual te pegou mais desprevenido, o técnico Joe Mazzula tentando dar um toco em Royce O’Neale ou James Harden contestando o arremesso do seu COMPANHEIRO Kawhi Leonard? E tem gente que diz que ele não defende.
QUINTA SÉRIE DA SEMANA
Cresceu nos últimos anos na NBA a tradição de jogadores trocarem de camisa após as partidas. Fazem isso geralmente com amigos, ex-companheiros ou mesmo entre nova e velha geração com admiração mútua. Até aí tudo bem, poréeeeeeem… e quando o trocadilho chama mais a atenção que a amizade? Sabe todas as piadas que nós fizemos quando o Bilal foi draftado? Na NBA eles fizeram com o Gradey DICK, do Toronto Raptors, pelo mesmíssimo motivo. E quando ele resolveu trocar de camisa com o amigo Anthony Black, também novato no Orlando Magic, aconteceu isso: Pinto Preto.
bruh pic.twitter.com/ecZQf7vGWA
— LakeShowYo (@LakeShowYo) March 18, 2024
Eles são amigos e queriam trocar de camisa, mas também sabiam o que estavam fazendo. Um vídeo mostra eles conversando rapidamente e mandando um “dane-se, vamos fazer”, e até mudam de posição para o PINTO PRETO ficar na ordem certa na gramática da língua inglesa. O Nassir LITTLE já questionou por que tanta gente quer que ele seja o próximo a tirar foto trocando camisa com o Dick. Ele sabe, eu sei, todos sabemos. Por mim tudo bem.
FRASES DA SEMANA
DeAndre Ayton está jogando seu melhor basquete desde que chegou ao Portland Trail Blazers: 27 pontos e 15 rebotes de média neste mês de março, com três partidas de 30 pontos ou mais no período. Mas até quando a gente quer elogiar o pivô, não conseguimos. Ele sempre dá um jeito de abrir a boca e estragar tudo. Impossível torcer pra ele. Ele culpou seu começo ruim de temporada a um… COLCHÃO DE AR!
“Meu corpo não estava sendo meu corpo. As pessoas esquecem a diferença humana de eu me adaptar a tudo. Isso inclui algo rotineiro como dormir bem, estar confortável ao acordar. Fiquei muito tempo sem cama. Eu estava em um colchão de ar.”
Ele sabe quanto ele ganha? Ele sabe que não precisava se mudar para uma república de estudantes perto da faculdade quando chegou em Portland? Ele tem noção do próprio salário? Quanto tempo ele passou dormindo em um maldito COLCHÃO DE AR para fazer tão mal para o seu corpo em todo início de temporada?!? Por que não morou num HOTEL CINCO ESTRELAS até o colchão novo chegar? Eu só quero agredir ele.
Deandre Ayton says that sleeping on an air mattress earlier in the season could have contributed to his early season struggles
“My body wasn’t just my body. People forget the humane difference of me adjusting to everything. That included something as routine as getting proper… pic.twitter.com/qkEglqQ14c
— NBACentral (@TheDunkCentral) March 18, 2024
Outra boa frase veio de Will Hardy, técnico do Utah Jazz que já mostrou que não tem o menor pudor em descer a lenha nos próprios jogadores. Veja o que ele falou depois da derrota para o Wolves:
“Tiveram umas 30 posses de bola que você podia ver que tinham muitos jogadores livres e seguíamos forçando. Estatísticas não significam merda nenhuma. Não me importo com seus números pessoais. Não me importo com quantos posts você tem no Instagram. Não importa. Já disse e repito: ninguém vai ganhar minutos de graça por aqui”.
MULTA DA SEMANA
O Detroit Pistons estava empatando com o Miami Heat e tinha a chance de arremessar a última bola do jogo, mas Cade Cunningham inexplicavelmente tentou um arremesso marcado de longa distância a DEZ SEGUNDOS do fim do jogo. Tempo de sobra pra dar merda. Ele errou, o Heat pegou o rebote e ganhou o jogo com a QUARTA bola de 3 de Bam Adebayo na temporada! Revoltante, né? Dá pra ver pela BICUDA que o Evan Fournier dá na bola imediatamente depois. Tomou multa de 25 mil dólares pelo tiro de meta.
Evan Fournier punted that bih lmaoooo https://t.co/Q3pu4lBWL1 pic.twitter.com/gyZjAKTGjL
— Hater Report (@HaterReport_) March 17, 2024
GAFE DA SEMANA
O pessoal do entretenimento do OKC Thunder colocou um casal pra se beijar na câmera do beijo e nada rolou. Torta de climão com cobertura extra: a garota em questão é a Hailey Summers, namorada do Shai Gilgeous-Alexander! O cara ao lado era só o irmão dela mesmo.
WATCH: Shai Gilgeous-Alexander's Girlfriend Hailey Summers Awkwardly Caught on ‘Kiss Cam’ Talking With Another Boy During NBA Game; Video Goes Viral Online pic.twitter.com/Jh7qo7Z92x
— LuKaiSzn 🏹⭐️ (@cookedbylukai) March 18, 2024
TORCEDOR DA SEMANA
Quem é essa mulher na primeira fileira do ginásio do Utah Jazz?! Quem usa o cabelo assim? Cada time tem a Radmila Lolly que merece.
Obsessed with this Utah Jazz fan pic.twitter.com/Q0hbRurFgF
— theboylynxpod (@theboylynxpod) March 19, 2024
IDEIA DE PRESENTE DA SEMANA
Liberado mandar de presente para decorar os Estúdios Bola Presa de Rádio e TV:
This painting of NBA players and their jumpshot is ISANE 😱
(via basketball__wallart0 / IG)pic.twitter.com/cdFiOerPDr
— ClutchPoints (@ClutchPoints) March 16, 2024
DRAMA PESSOAL
Desde a temporada passada, quando se afastou por problemas pessoais, que o Andrew Wiggins não é o mesmo jogador. Ele também ficou afastado um pouco neste ano e ninguém sabe o que tá rolando exatamente. Claro que não é obrigação de ninguém divulgar, problema pessoal é problema pessoal, mas bate uma curiosidade de saber o que de tão grave tá rolando pra um cara no auge da forma simplesmente murchar em quadra. Nessa semana foi a vez de Nick Wiggins, irmão de Andrew que joga na Indonésia (e já jogou no Brasil!), anunciar que vai deixar o time no meio da temporada por “sérios problemas familiares”. Só nos resta torcer muito para tudo se resolva.
Andrew Wiggins’ brother just announced he had to cut his season short due to “personal issues back home”. 🙏🏽 pic.twitter.com/AStVndZbr7
— CERTIFIED WARRIOR BOY (@sumiiitup) March 20, 2024
Em outra notícia devastadora, foi reportado pela imprensa que Nathan Barrett, irmão do RJ Barrett, de apenas 19 anos, morreu na última semana. Disseram que ele ficou doente e estava de cama há algum tempo, mas a causa não foi divulgada.
DICA DE LEITURA
Vale muito a pena essa matéria do Nick Friedell no The Ringer sobre Markelle Fultz. É a primeira vez que o armador do Orlando Magic conta sua versão com detalhes de todo o processo que passou logo após ser a primeira escolha do Draft de 2017 e simplesmente PERDER a sua mecânica de arremesso de um dia para o outro. É curioso como muito se falou da parte mental na época, mas pelo jeito ele só tinha uma condição raríssima entre jogadores de basquete, a Síndrome do Desfiladeiro Torácico, que só foi diagnosticada depois que ele já tinha feito seu último jogo pelo Philadelphia 76ers e era alvo de todo tipo de especulação.
O interessante é que a parte mental eventualmente pegou ele mesmo, mas mais pelo desespero de ter certeza que seu ombro não estava funcionando direito e mesmo assim nenhum médico conseguia dizer que algo estava errado. Um caso único, estranho e que vale o registro detalhado de como ele deu a volta por cima, mesmo que as lesões (agora outras) sigam atormentando sua carreira.
Estreou nesta semana o “Mind the Game”, podcast do JJ Redick com LeBron James com a proposta de ser uma conversa para celebrar o basquete e discuti-lo de maneira mais profunda, sem polêmicas vazias e sem gritaria, como o próprio Redick criticou semanas atrás. No primeiro episódio eles conversam sobre o que faz um jogador de basquete ser um grande jogador de basquete. O papo é divertido, mas achei mais interessante o trecho que viralizou antes mesmo do episódio estrear de fato. Um corte usado como teaser de LeBron falando sobre como gostaria que fosse diferente a defesa de uma das jogadas mais comuns em fundo bola na NBA:
.@kingjames and @jj_redick are obsessed with basketball.
Consider their podcast, Mind the Game, a celebration of the sport as they discuss the state of the game, dissect X’s and O’s (like they do here), and wax poetic about the game they love. pic.twitter.com/lDf8ToVlHE
— Mind the Game (@mindthegamepod) March 18, 2024
Não entendeu nada? Você não foi o único, e LeBron não ajudou. Um BOB é uma “Baseline Out of Bounds”, uma jogada de linha de fundo, que normalmente é chamada de BLOB. O “pick the picker” a gente lê mais por aí como “screen the screener”, que nada mais é do que fazer um corta-luz para liberar o cara que vai fazer mais um corta-luz. E o lance em si, que eles chamam de “America’s Play”, é mais chamado de “Triangle” pela galera que comenta tática. Mas basta ver o lance em movimento que imagino que a maioria de vocês entenda mesmo sem saber nomes. Praticamente todo time já fez. Tem exemplos abaixo com vídeos que peguei do Half Court Hoops, NBEinstein, Yashwant Kumar e Collin Hatfield:
Dá pra ver que há inúmeras variações dentro do tema, mas em geral, para a DEFESA, exista a ação de correr atrás de um arremessador que sai de um corta-luz ao mesmo tempo que é preciso proteger a região embaixo da cesta, para evitar bandejas fáceis.
O que o LeBron propõe é que o padrão seja trocar a marcação envolvendo o cara que está defendendo a cobrança do lateral. Ele ficaria os primeiros segundos protegendo a cesta, depois correria para assumir o arremessador, poupando o trabalho do cara original que sempre fica preso no corta-luz. Ele, por sua vez, correria para assumir a função de atrapalhar e tirar ângulos de quem cobra. Muito legal, né? Tão legal que tem time universitário que faz o tempo todo! E o OKC Thunder já fez algumas vezes na NBA também.
Aqui juntei vídeos do Half Court Hoops e do HoopVision68 para ilustrar:
A ideia do LeBron, embora não completamente nova, é interessante e talvez devesse ser mais usada mesmo. Existem riscos, como os mismatches criados a partir das trocas, mas em geral é uma boa para tirar o passe mais óbvio e desejado da jogada.
De qualquer forma, o mais interessante nem é a parte tática em si. O interessante mesmo foi ver que o objetivo de JJ Redick foi alcançado: por ao menos um dia, a internet basqueteira estava discutindo detalhes táticos de um ajuste defensivo para uma jogada ensaiada específica de fundo bola. Não era o que o Redick queria quando desabafou sobre seus vídeos mais profundos não darem audiência? É o poder de LeBron James. Se ele fala, o mundo do basquete escuta.