Chegamos na última parte da nossa ‘Semana dos Novatos’. Agora é hora de entender as jogadas, saber que nome damos para cada tipo de arremesso ou lance feito numa quadra de basquete. Esse é um assunto amplo e sempre vai faltar alguma coisa, mas o BASICÃO está aqui. Quer mais básico? Leia o que já publicamos nesse especial até agora!
Parte 1: Como começar a acompanhar a NBA?
Parte 2: Entenda os termos do basquete da NBA
Parte 3: Como ler um boxscore com as estatísticas do jogo?
Parte 4: Entenda o sistema salarial da NBA
Parte 5: A prancheta tática da NBA
Podcast Zero: Comece pelo começo no mundo do Bola Presa e da NBA
A jogada básica
Pick-and-roll – Provavelmente a jogada que você mais vai escutar aqui ou em qualquer lugar que decidir acompanhar basquete. Nos últimos 10 anos se tornou a jogada arroz com feijão de todo sistema ofensivo, todo time faz múltiplas vezes por jogo e a maneira escolhida para marcá-la pode definir a qualidade defensiva de um time.
O lance usa dois jogadores, um com a bola e outro que faz o bloqueio, também chamado de corta-luz. O bloqueio (pick) serve para impedir que o marcador do cara com a bola siga com a defesa; após abrir esse espaço, o cara do bloqueio corta em direção à cesta (roll). O jogador com a bola pode então passar, arremessar ou usar o espaço para ele mesmo atacar a cesta.
Muitas duplas fizeram bem esse lance, mas nenhuma como John Stockton e Karl Malone no Utah Jazz dos anos 90 e Steve Nash e Amar’e Stoudemire no Phoenix Suns da década passada. Não existem melhores exemplos para mostrar todas as variações possíveis dessa jogada.
Pick-and-pop – Perceberam que em vários desses lances, especialmente entre Stockton e Malone, o jogador que fez o corta-luz não correu em direção à cesta, mas ao invés disso deu um passo pra fora e arremessou? Essa é uma variação do pick-and-roll, chamada pick-and-pop. E percebam como Nash/Stoudemire costumavam começar a jogada mais longe da cesta, no meio da quadra, enquanto Stockton/Malone preferiam uma jogada já dentro da linha dos 3 pontos, nos cantos da quadra. Este é um lance básico que pode ser usado de muitas maneiras distintas para se encaixar dentro do plantel e do plano de jogo de cada equipe.
Jumper/Jump Shot – É o inglês para o arremesso, a coisa mais básica do jogo. Agora, se alguém falar “pull-up jumper”, está se referindo ao arremesso que o jogador faz depois de driblar a bola. O arremesso quando o cara só recebe o passe e logo chuta para a cesta é o “spot-up”.
Layup – Quando ouvir alguém falando difícil assim, a pessoa está só se referindo à boa e velha bandeja. Às vezes apenas colocam umas palavras em volta para especificar, como a “reverse layup”, que é a bandeja quando você passa por baixo do aro e finaliza do lado oposto ao que começou.
Tear Drop/Floater – Trata-se de um arremesso em que um jogador, geralmente mais baixo, solta a bola antes da marcação chegar com apenas uma das mãos usando um arco mais alto do que a bandeja comum para que a bola passe por cima do defensor. Por ser diferente da bandeja ela costuma enganar os pivôs e é marca registrada de jogadores como Tony Parker e Chris Paul. No Brasil já ouvi ela ser simpaticamente chamada de “pega lá”.
Backdoor – A porta de trás, na tradução literal, é quando um jogador consegue correr para receber um passe por trás da defesa sem que ela perceba. Em geral acontece com algum jogador correndo sem ser notado pela linha de fundo enquanto os defensores estão ocupados olhando para a bola. É uma boa arma para quando o defensor tenta se colocar na frente do atacante para evitar que ele receba a bola.
Cut -É o ato de “cortar” em direção à cesta, ou seja, correr com velocidade e determinação sem a bola para criar espaços para os outros jogadores, atrair a marcação ou receber a bola no meio do caminho. Quando vemos reclamações de ataques “estagnados”, é porque os jogadores não estão fazendo “cuts” corretamente (ou não estão nem se mexendo). E ninguém na NBA faz esses cortes tão bem quanto Dwyane Wade!
Screen/Corta-luz – “Screen” ou “corta-luz” é quando um jogador, sem a bola, usa seu corpo como uma barreira para impedir que um jogador adversário passe por aí. Para não ser falta (o “Illegal screen”, um corta-luz ilegal), o jogador que faz a barreira não pode estar se movendo quando o adversário entra em contato com ele.
Fade Away – O verbo “to fade away” quer dizer desaparecer, mas no basquete é o termo utilizado para se referir àqueles arremessos em que o jogador lança o próprio corpo para trás durante o arremesso para criar espaço entre ele e a marcação do adversário. Michael Jordan e Kobe Bryant imortalizaram esse tipo de arremesso, mas atualmente na NBA ninguém é mais eficiente nele do que o alemão Dirk Nowitzki.
Finger roll – “Finger” é dedo, “roll” é rolar. É aquela bandeja, que ficou famosa pelo grande George Gervin, em que a bola vai rolando pelas pontas dos dedos até sair da mão e ir devagarinho para a cesta, uma das jogadas mais bonitas do basquete.
Estilos e estratégias de jogo
Tempo – É estranho ver algo aparentemente do português sendo usada pelos gringos, mas em inglês a palavra “tempo” é usada para se referir a andamento, ritmo. Na NBA, controlar o “tempo” não é olhar para o relógio, é saber quando correr e quando diminuir a velocidade do jogo para conseguir o melhor resultado.
Up-tempo – Um sistema up-tempo é aquele que usa um andamento de jogo rápido. O Golden State Warriors, por exemplo, joga o tempo todo em up-tempo, enquanto o Memphis Grizzlies prefere ir com calma, devagar e gastar todos os 24 segundos de posse de bola.
Run-and-Gun – É o sistema de jogo “up-tempo” que ficou famoso nas mãos do Mike D’Antoni quando ele comandava o Phoenix Suns na década passada. Trata-se de uma estratégia onde o time tenta sempre jogar em velocidade, correndo (run) e atirando (gun) o mais rápido possível, aproveitando os primeiros segundos de posse de bola, momento em que a defesa adversária ainda não se postou de maneira adequada. No esquema de D’Antoni o arremesso ideal, aquele que tem mais chances de ser dado livre porque a defesa não acompanhou ou se atrapalhou, deve ser dado nos primeiros 7 segundos da posse de bola.
Triângulo – O popular sistema ofensivo usado por Phil Jackson, técnico ganhador de nada menos que onze títulos, em que três jogadores (em geral um armador, um pivô e um ala) formam uma espécie de triângulo de um dos lados da quadra e reagem uns aos outros, com alguma das pontas desse triângulo podendo se mover para o outro lado da quadra para formar um novo triângulo com os dois outros jogadores que sobraram.
Trata-se de um modelo complexo de movimentações que exige que os jogadores conheçam bem seus princípios para poder reagir e improvisar de acordo com as respostas da defesa, sendo incrivelmente difícil de ser marcado, mas também bastante difícil de assimilar. Hoje em dia os times usam, às vezes, aspectos do triângulo e não se prendem em sempre usá-lo em toda posse de bola como fizeram os times de Phil Jackson.
Na Quadra
Zona Morta – É o cantinho da quadra, as esquinas. Lá a linha de 3 pontos é mais curta e a presença de um jogador especialista no arremesso de longa distância pode ser fatal taticamente. Obriga o adversário a deixar um defensor lá perto, abrindo espaços no resto da quadra.
Garrafão – É aquela área pintada embaixo da cesta. Volta e meia vocês vão nos ver falar que alguém está invadindo o garrafão, com fobia de garrafão ou na cabeça do garrafão. Sei que é uma palavra engraçada, mas depois de um tempo vira normal. Ah, a cabeça do garrafão é aquela parte mais longe da cesta, onde os jogadores batem os lances-livres.
Meia distância – Um arremesso na área entre o garrafão e a linha dos três pontos costuma ser chamado de um chute de meia distância. Costumam ter um aproveitamento bem mais baixo do que os arremessos de dentro do garrafão, por isso são cada vez menos incentivados. Costuma-se preferir o chute mais de longe, já que o aproveitamento é parecido, mas pelo menos a cesta vale 3 pontos.