A semana das conclusões precipitadas

A primeira semana de temporada 2017-18 ainda está acontecendo e vivemos aquela fase onde queremos-mas-não-podemos tirar conclusões: é a Small Sample Size Week, a semana da amostragem pequena. “Meu Deus, o Tobias Harris tem média de pontos igual a do Michael Jordan… por três jogos”, esbravejamos, num misto de empolgação pela volta do basquete e a angústia para entender logo o que está acontecendo.

Como blogueiros sérios que somos, vamos disfarçar nossas conclusões precipitadas como meros questionamentos. Separei, portanto, 8 questões que me chamaram a atenção nesses primeiros jogos e que merecem nossa atenção nas próximas semanas para ver como as coisas se desenrolam.


1. A defesa do Phoenix Suns e o emprego de Earl Watson

Eles sofreram a maior derrota da história em uma estreia na NBA, por 48 pontos, em casa, contra um Portland Trail Blazers que não tinha CJ McCollum, suspenso. Logo depois perderam e tomaram 132 pontos do Los Angeles Lakers, e só não tomaram outra lavada porque o time de Lonzo Ball –que quase fez triple-double contra o Suns– fez bobagens em sequência e não soube capitalizar quando vencia por 11 pontos e dominava a partida no 3º período. Aprenderam com a lição? Que nada, um dia depois tomaram mais 130 pontos e perderam por 42 pontos de diferença do Los Angeles Clippers.

Sabemos que o Suns é um time jovem, que está em reconstrução, que seu foco é ofensivo e no jogo em velocidade. Ok, nada disso é desculpa para atuações tão vergonhosas. Especialmente porque o time não é SÓ de pivetes, as presenças de Eric Bledsoe e Tyson Chandler deveriam amenizar as coisas.  Por mais que o tempo de training camp tenha sido reduzido, NADA justifica que um time profissional cometa erros assim:

São os CINCO jogadores passivos, errando ao mesmo tempo. Uma sincronia quase tão impressionante quanto essa aqui, só que pro mau:

A offseason não teve demissão de técnicos, mas isso não quer dizer que não vá acontecer nada durante a temporada. Tanking é uma coisa, não demonstrar qualquer sinal de organização é outra. Earl Watson teve apoio dos jogadores do time no passado recente, mas vai precisar mostrar que essa foi só uma semana fraca para manter seu emprego por mais de um mês.

E é isso que dá começar o post em um dia e terminar no outro. Earl Watson JÁ FOI DEMITIDO! Se já é ridículo ver técnico chutado após três rodadas no Brasileirão, que só tem 38 jogos, o que dizer de uma liga com OITENTA E DUAS partidas? E por ridículo não quero dizer que não deveriam ter o chutado, mas deveriam ter percebido sua incapacidade antes. É por essas e outras que a reputação do Suns vai de mal a pior.


2. Ben Simmons, gênio do passe

O Philadelphia 76ers não teve medo de dar a armação do time para o gigante Ben Simmons e deixar Markelle Fultz vindo do banco de reservas. Simmons jogou três partidas e eu já não tenho nenhuma dúvida de que ele tem um futuro mais que brilhante na NBA, a sua visão de jogo e a qualidade e precisão dos seus passes são de outro mundo.

Dito isso, parece bem claro que enquanto ele não desenvolve as MANHAS que só a experiência vai lhe dar, o ideal é que ele jogue em velocidade. É infiltrando, em contra-ataques, com a defesa ainda se arrumando, que ele causa mais estragos. O problema é fazer o Sixers funcionar em velocidade nos momentos em que eles não param de tomar cestas: a defesa ainda tem muitos altos e baixos e os contra-ataques não estão sempre disponíveis.

Para contornar isso, o técnico Brett Brown tem feito jogadas de meia-quadra onde Simmons pode receber a bola em velocidade e usar suas largas passadas para pegar a defesa atrasada, um artifício para que ele possa agir como faria num contra-ataque. Essa aqui, usada contra o Toronto Raptors, causou algum estrago. Quanto mais Simmons atacando em velocidade, mais sucesso para o Processo:


4. O arremesso de Markelle Fultz

Ficando na Philadelphia, mais um tema polêmico: o que acontece com o arremesso de Markelle Fultz?! Pelo o que foi reportado nas últimas semanas, ele mudou, sem avisar ninguém, toda sua mecânica de chute durante a offseason. Agora, seu arremesso de meia e longa distância parece uma coisa, o lance-livre, outra completamente diferente. Diferente e HORRÍVEL, diga-se de passagem. Se você vai reinventar seu arremesso, por que se espelhar em Shaquille O’Neal?

Pelo jeito ele está reclamando de dores no ombro, mas os médicos não conseguem identificar o problema. Para um cara que infiltra bem e que sabe tão bem se virar no garrfão não é VIÁVEL ter esse lance-livre. Assim como não dá para sair mudando a mecânica de arrmesso quando der na telha, sem avisar ninguém, especialmente quando a anterior estava dando certo. Seu lance-livre precisava de ajustes, acertou menos de 70% na faculdade, mas não era tenebroso. Fultz, o cara mais apaixonado pelos frangos da rede Chick-Fil-A em todo o mundo, é mais um personagem confuso e divertido neste apaixonante Sixers e veremos o causo de seus lances-livres de perto.


4. Andadas

Vocês também estão percebendo um crescimento nas marcadas de andadas nesse começo de temporada? Nem tanto nas bandejas, mas muito quando um jogador está parado e dá o primeiro passo antes de botar a bola no chão. Na temporada passada a NBA teve média de 0.7 marcações de andadas por jogo, nesta temporada já são mais de 2 a cada partida:


5. Quem vai puxar a DR no Golden State Warriors?

Até agora foram três jogos para o atual campeão, todos com atuações bem abaixo da média. Os minutos de êxtase basquetebolísticos estão lá, mas agora misturados com turnovers tolos, desatenção e, segundo o técnico Steve Kerr, péssimo condicionamento físico. Mesmo com Kevin Durant LIDERANDO A NBA em tocos (4,7 por jogo!), a defesa ainda não chegou para esta temporada.

Não acho que há qualquer motivo de real preocupação, eles vivem o relaxamento natural que vemos ao longo da história em times que vão para tantas finais seguidas e certamente vão se ajeitar em breve. A minha curiosidade se dá em COMO esse processo vai acontecer: entre o barulhento Draymond Green, o brincalhão Steph Curry e o ex-escoteiro Kevin Durant, quem vai puxar o grupo e falar que #basta? Ou Steve Kerr vai ser obrigado a ser um técnico menos paz e amor logo em novembro? O resto da liga torce por CAOS.


6. É boa fase ou é pra valer?

Se alguém tem uma boa semana de arremessos no meio da temporada, achamos que o cara está simplesmente “quente” e seguimos em frente. Mas se essa boa semana é a PRIMEIRA da temporada, automaticamente achamos que ele treinou muito na offseason e que está mostrando o seu NOVO EU. Às vezes é isso mesmo, às vezes é sorte.

No Minnesota Timberwolves, Andrew Wiggins está quente nos chutes de longa distância. Era uma evolução necessária para o seu jogo e que abre a quadra para o time de Tom Thibodeau. Por mais que ele seja meio buraco negro, sem jamais passar a bola a não ser que seja ameaçado com arma de fogo, se tornar um pontuador de longa distância já facilita a vida de Jimmy Butler, Karl-Anthony Towns e grande elenco. Depois de alcançar a média da NBA no último ano –35%– o canadense acertou 42% das suas bolas de 3 pontos até aqui. Incluindo essa:

Quem começou muito bem também é a dupla do Indiana Pacers que veio na troca de Paul George. Se a negociação provavelmente nunca vai parecer ótima, ao menos parece menos pior com Victor Oladipo e Domantas Sabonis começando a temporada com tudo. Oladipo parece melhor nas infiltrações, conseguindo usar sua potência física para gerar pontos. Era algo que faltava em seu jogo. Já Sabonis, além da evolução natural e esperada para jogadores que sobrevivem ao ano de novato, está dando GRAÇAS A DEUS de não ficar escondido no canto da quadra como em Oklahoma City. Veja o estrago que o menino faz no pick-and-roll e de costas para a cesta contra o pesado time do Miami Heat:

Ah, e o exemplo lá do começo do texto não foi zoeira não. O Pistons ganhou 2 dos seus primeiros 3 jogos e Tobias Harris teve médias de 24,3 pontos! Está voando.


7. LeBron James, pivô

Em um texto antigo, o Danilo defendeu que LeBron James deveria ser usado lá dentro do garrafão, numa função de pivô, para ter mais chances de vencer o Golden State Warriors. Essa realidade parece cada vez mais próxima. O ala volta e meia vai lá pra baixo da cesta, especialmente quando é marcado por um cara mais baixo, mas nesse começo de temporada estamos vendo cada vez mais jogadas desenhadas só para isso. É uma decisão inteligente, já que a NBA tem cada vez mais times com quintetos baixinhos e quase todo mundo é mais baixo e/ou mais fraco que LeBron.

Quando o técnico Tyronn Lue decidiu colocar Kevin Love na posição 5 do time titular, jogando Tristan Thompson para o banco, pensamos que poderia ser para ter mais espaço para as infiltrações de LeBron, Dwyane Wade e Derrick Rose, mas é possível que uma grande motivação tenha sido não embolar os post-ups de LeBron. Contra o Boston Celtics, como mostra o CleaningTheGlass no vídeo abaixo, o Cavs decidiu a partida com dois lances iguais desenhados para jogar LeBron contra um defensor baixo. Na primeira vez, num vacilo de Kyrie Irving (LeBron está acostumado com eles), virou uma ponte-aérea; o segundo lance virou o arremesso de 3 pontos de Kevin Love que matou o jogo:


8. A volta discreta do post-up?

O jogo de costas para a cesta tem ficado mais raro na NBA contemporânea. Em parte porque sua eficiência não é tão alta, em parte porque é fácil dobrar a marcação e também porque a atual geração de pivôs é especializada em outras áreas do jogo, como o pick-and-roll. Mas aos poucos vemos alguns jogadores abusando do lance, e a maioria sequer é jogador de garrafão.

Como citamos acima, Domantas Sabonis tem feito isso pelo Pacers e LeBron James no Cavs. Mas também vemos muito de Devin Booker no Suns, quando é marcado por baixos armadores rivais. O Lakers tem colocado Brandon Ingram nessa situação, já que ele é gigante e tem sido defendido por pequeninos alas-armadores. A diferença nesses casos é que são post-ups criados para virarem arremessos, não ganchos próximos da tabela, mas ainda assim é o retorno de um lance que era cada vez menos visto. Será só impressão, moda passageira ou os técnicos estão focados em se aproveitar do small ball alheio? Tal como Messi x Taison, o tempo dirá.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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