Estamos de volta com a terceira parte da análise do Draft 2019. Como expliquei na parte inicial, nossos assinantes falaram que é obrigação moral do Bola Presa soltar a sua análise anual dos novatos selecionados no Draft da NBA mesmo com meses de atraso. Topamos a brincadeira, mas maneirando um pouco na futurologia: o objetivo aqui é conhecer e apresentar esses personagens que vão ser tão presentes na próxima década de NBA, nem tanto já cravar desde já que um time acertou ou errou em cheio. Somos velhos o bastante para saber que há como ser otimista e pessimista, mas que não dá pra cravar nada.
PARTE 1 – Pelicans, Grizzlies e Knicks
PARTE 2 – Hawks, Cavaliers, Timberwolves, Bulls, Wizards e Suns
PARTE 3 – Hornets, Heat, Celtics, Pistons, Magic, Nets, Pacers e Spurs
PARTE 4 – Todo o resto da NBA =)
Tradição do Bola Presa, os SELOS DE QUALIDADE deste ano são homenagem a um tema recorrente dos nossos podcasts, do grupo de assinantes e da vida de Kobe Bryant: COACH PALESTRANTE QUÂNTICO GOLPISTA. Coaches explicam tudo, por que não o Draft da NBA?
SELOS DE COACH PALESTRANTE
SELO BILIONÁRIO – Você já ganhou todo o dinheiro do mundo e as pessoas te escutam porque acham que sobrou alguma migalha para elas. Selo para os times que fracassaram muito e aprenderam a maior lição da vida: ganhar na loteria apaga todos os seus erros. Bem vindo, Zion Williamson.
SELO ESCADARIA – A NBA já nos ensinou que uma mera boa escolha de Draft não resolve todos seus problemas, John Wall e Bradley Beal estão aí para mostrar que até acertar duas vezes seguidas pode não salvar uma franquia. Mas que isso não apague a importância de agir bem ao selecionar um novato e dar um passo a mais na perigosa escadaria da construção de times. Selo para quem fez bem sua parte.
SELO INFINITA HIGHWAY – Selo para matar os que sofrem de ansiedade. A estrada nunca termina, a construção do time não tem fim, a busca por aquele time que finalmente vai tirar a franquia do meio do caminho é infinita. Selo para continuam perseguindo a cenoura.
SELO PÂNICO – Se estou perdido? Não, estou PIVOTANDO MINHA STARTUP. Mudar de planos antes do projeto original se concretizar pode ser sinal de confusão, de reconhecimento de erros ou de falta de comando. Selo para os times que estão trocando o lugar para onde querem ir e nos deixando confusos com suas decisões.
SELO MAMBA MENTALITY – A pessoa que mais tem chance de morrer atacado por um urso é aquela que acha que pode derrotar o urso. Selo para os times que, confiantes, estão pulando no abismo enquanto pensam mergulhar numa piscina de bolinhas.
Charlotte Hornets
12. PJ Washington, PF
36. Cody Martin, SG
52. Jalen McDaniels, SF/PF
O time mais deprimente da NBA tem em PJ Washington uma chance de ao menos esboçar um sorriso. O ala lembra um pouco outro jogador que fez história com a camisa azul, David West. Ele chama a atenção pelo físico mais na parte da força do que na impulsão, ao contrário de tantos pivôs de hoje em dia, e pode ser mortal com arremessos de meia distância. Teve bom aproveitamento de 3 pontos jogando em Kentucky, mas eram poucos arremessos por partida. O que o Hornets precisa hoje é de um salvador da pátria e dificilmente PJ Washington vai ser esse cara, mas parece que não há muito erro por aqui. Vai ajudar bastante e até pode ganhar destaque rápido dada a vontade do time de desenvolver jovens e a falta de competição de alto nível nas alas.
Na segunda rodada o Hornets foi primeiro em Cody Martin, um ala atlético, versátil e bom defensor do jeito que o time sempre gostou mesmo sob comando de outros managers. Pagaram caro por Michael Kidd-Gilchrist, Nicolas Batum e agora torcem para que Cody faça um pouco do mesmo mas sem custar um caminhão de dinheiro. Curioso que o time também contratou Caleb Martin, irmão de Cody, logo após ele não ter sido selecionado por ninguém no Draft. Menos condecorado na defesa mas mais habilidoso, Caleb foi o segundo cestinha do time no primeiro jogo de pré-temporada da equipe, atrás apenas de PJ Washington.
Com uma das últimas escolhas do Draft o Hornets selecionou Jalen McDaniels. O ala chegou na NBA com o clima pesado após ter sido processado por duas mulheres por filmar e distribuir vídeos delas fazendo sexo com outros jovens sem que elas soubessem. Ele também foi mal na Summer League, com apenas 39% de aproveitamento dos arremessos em geral e pouco mais de 3 pontos de média. Acabou não entrando nem no grupo de VINTE jogadores que começaram o training camp do Hornets.
Miami Heat
13. Tyler Herro, SG
32. KZ Okpala, SF
Logo após da escolha do Hornets tivemos o Miami Heat selecionando Tyler Herro, parceiro de time de PJ Washington em Kentucky. Considerado pelos olheiros como um dos melhores arremessadores do Draft, Herro chama a atenção pela agressividade e confiança com que joga. Dos dribles até a defesa, tudo o que ele faz é com muita energia e força. Às vezes, aliás, ele parece levemente desesperado e gastando energia demais com fintas simples ou até desnecessárias. Embora o aproveitamento nos arremessos não tenha sido exemplar, ele beirou os 20 pontos por jogo nas Summer Leagues da Califórnia e de Las Vegas e parece que vai mesmo conseguir um espacinho na rotação do time desde já. Herro é um jogador com versatilidade ofensiva em um time que sentiu falta disso nos últimos anos. E a raça mostrada combina até demais com o tipo de cultura (para usar a palavra que eles gostam) que Erik Spoelstra tenta implementar e vender na franquia.
Na segunda rodada o Miami Heat apelou para a teoria da Força Nominal e trouxe o ala KZ Okpala. Spoelstra já elogiou a velocidade e a agilidade do jogador durante os treinos antes da pré-temporada: “Ele pode marcar múltiplas posições, pode se mexer muito bem lateralmente, mas ainda tem muito a aprender para ficar confortável em quadra e assim poder usar seu físico”, disse. Antes do Draft muita gente se dizia frustrada por achar que Okpala iria deslanchar no seu segundo ano na Universidade de Stanford, mas que isso não aconteceu como o sonhado. Ele caiu nas previsões, mas foi bem o bastante para ganhar o Heat.
Você provavelmente já viu um vídeo de KZ Okpala rodando as redes sociais. Infelizmente para ele, porém, foi o toco seguido de PALAVRÃO proferido por Jimmy Butler. Faz parte!
😳 @JimmyButler has something to say! #NSFW pic.twitter.com/kosloSSPXL
— Miami HEAT (@MiamiHEAT) October 5, 2019
Boston Celtics
14. Romeo Langford, SG
22. Grant Williams, PF
33. Carsen Edwards, PG
51. Tremont Waters, PG
O ala Romeo Langford se formou no ensino médio sendo considerado um dos cinco melhores novos nomes da NCAA por quase todos os sites especializados. Ele recusou ofertas das gigantes Louisville, Kansas, Kentucky, Vanderbilt, North Carolina, UCLA e Duke para decidir finalmente ir à Universidade de Indiana, estado onde ele nasceu, cresceu e estudou. Sua temporada de estreia no basquete universitário, porém, não foi lá grande coisa. Em novembro ele rompeu o ligamento do dedão e nunca conseguiu deslanchar, acabando o ano com média de 16 pontos e péssimo aproveitamento de arremesso: 27% de 3 pontos, 72% nos lances-livres. Sem um físico dominante e com o chute descalibrado, suas ações só caíram ao longo da temporada.
No Draft é sempre uma expectativa quando aparece um nome com esse tipo de história: em que momento um time vai ter coragem de apostar no talento bruto da estrela colegial que não deslanchou entre os universitários? Um vídeo interessante do BbballBreakdown mostra, por exemplo, como Donovan Mitchell e Kyle Kuzma podem ter passado despercebido em seus Drafts simplesmente por terem sido mal utilizados por seus técnicos na faculdade. E com Langford ainda tem o fator lesão que certamente deve ter atrapalhado. Interessante também pensar que um possível sucesso dele logo em seu primeiro ano pode mudar a ideia do Celtics sobre quanto pagar na renovação de Jaylen Brown, com quem ele deve dividir minutos.
Com sua outra escolha de primeira rodada, o Celtics foi com o ala Grant Williams. Ele é o oposto de Langford: ninguém vê muita chance de virar uma estrela e já disputou três anos de basquete universitário, brilhando nesta última temporada. Com 2,01m de altura, ele é baixo para a posição 4 na NBA, mas todos elogiam a energia com que joga e o técnico Brad Stevens tem falado que Williams impressiona pela inteligência em quadra, algo que pesa em um time que tanto valoriza passes e jogadas ensaiadas.
Na segunda rodada o Celtics apostou primeiro em Carsen Edwards, que está sendo chamado em Boston de Eddie House 2.0. Lembram dele? Eddie House foi campeão pelo time em 2008 e era um baixinho que vinha do banco arremessar de longa distância qualquer bola que tocasse em sua mão. Passar a bola? Nunca ouviu falar. E a confiança sempre lá no topo mesmo após erros consecutivos. Foi exatamente a mesma coisa que Edwards mostrou em seus três anos em Purdue. O aproveitamento dos arremessos de 3 pontos chegou a 40% em seu segundo ano, mas no último caiu a 35% quando ele também passou a arremessar mais. Dá pra esperar que Edwards receba suas chances e que fique bastante em quadra nos dias em que estiver quente.
Por fim o Celtics levou Tremont Waters, armador que conseguiu um contrato two-way para esta temporada. Este tipo de acordo garante vaga ao jogador na G-League, a liga de desenvolvimento da NBA, e deixa que ele passe no máximo 45 dias com o time principal ao longo da temporada. Seu salário é relativo com quantos dias passou com cada equipe. Uma boa para jogadores que, como Waters, foram escolhidos só no fim da segunda rodada. Elogiado mais por sua inteligência e leitura de jogo do que pela habilidade de quebrar defesas, Waters terá a chance de algum protagonismo na liga menor.
O armador foi notícia durante a Summer League de Las Vegas, onde teve média de 11 pontos e 5 assistências, por uma tragédia: enquanto ele estava com o time, semanas após ter sido selecionado no Draft, seu pai foi encontrado morto em um quarto de hotel em aparente caso de suicídio. Ele decidiu seguir no torneio, disputou uma partida contra o Memphis Grizzlies dois dias depois e sua família que se deslocou até lá para apoiá-lo. Alguns dias depois, Waters postou uma mensagem no seu Instagram falando da relação com o pai e o agradecendo por tudo.
Ah, e não estou me esquecendo de Tacko Fall. O novato de 2,26m (!!!) de altura que é ídolo cult na internet não foi selecionado no Draft por qualquer equipe. O Celtics o pescou logo depois, quando se tornou Free Agent. Ele também terá um contrato two-way.
Detroit Pistons
15. Sekou Doumbouya, SF/PF
37. Deividas Sirvydis, SG
57. Jordan Bone, PG
Olhar a história do Detroit Pistons no Draft não é das coisas mais animadoras do mundo. Não importa quem está no comando das decisões do time, em geral a coisa não dá muito certo. Desde 2010 podemos achar apenas três nomes que realmente deram certo na NBA e que ainda hoje são relevantes: Andre Drummond, Khris Middleton e Spencer Dinwiddie. O primeiro é o pivô titular do time, os outros dois foram trocados e se tornaram os caras que são hoje só depois de terem deixado a franquia. O resto da década é marcado por Greg Monroe, Stanley Johnson, Brandon Knight, Kyle Singler, Kentavious Caldwell-Pope e outros que não fazem brilhar os olhinhos de ninguém.
Agora é a vez de Ed Stefanski (que não responde com o título de General Manager, mas faz tudo o um faz) entrar na brincadeira do Draft e tentar limpar a imagem do time. Ele assumiu em maio do ano passado, mas em 2018 só teve escolhas de segunda rodada para brincar. A de primeira rodada estava nas mãos do LA Clippers pela troca de Blake Griffin.
De volta ao palco principal, o Pistons foi de Sekou Doumbouya, ala de apenas 18 anos que nasceu em Guiné e cresceu na França. Um dos jogadores mais novos entre os inscritos no Draft, Doumbouya se tornou profissional aos 15 e foi o cestinha da seleção francesa campeã da Europa na categoria Sub-18 em 2016. Ele é considerado um ala versátil e atlético, o que é ideal para a época de hoje onde técnicos querem caras que marquem diversas posições diferentes, mas seu grande problema é o arremesso, o que não é nada ideal para os tempos de hoje. O que mais incomodou a torcida de Detroit, porém, não é isso, mas como um cara ainda tão em desenvolvimento se encaixa nesse time: Blake Griffin já tem 30 anos de idade, Derrick Rose também e Andre Drummond tem 26. Não era a hora de ter um maior senso de urgência? Sem contar o histórico citado acima, e se Doumbouya se tornar mais um que só vai deslanchar mais velho, já em outro time?
Na segunda rodada o Pistons fez uma troca para subir da posição Deividas Sirvydis, outro gringo de 18 anos. O lituano é filho de jogador de basquete, já é profissional há um tempo no Rytas Vilnius e é considerado um ala inteligente e de bom arremesso. São ainda poucos minutos de jogo entre os adultos, mas com otimismo dos olheiros. É a prova de que o Pistons olhou esse Draft com visão de muito longo prazo.
Por fim, na antepenúltima escolha do Draft, o Pistons selecionou o armador Jordan Bone, que terá um contrato two-way nesta temporada. Será difícil para ele ficar na NBA, mas já é um caso de sucesso: quando saiu do ensino médio ele não estava nem na lista dos 150 melhores jogadores que estavam se formando no ano.
Orlando Magic
16. Chuma Okeke, SF/PF
John Hammond, depois de anos como General Manager do Milwaukee Bucks selecionando todos os caras do mundo com braços longos e que não sabem arremessar, foi para o Orlando Magic e finalmente encarou o fato de que saber colocar a redonda dentro da cesta é importante. O escolhido da vez foi Chuma Okeke, que com quase 2,05m de altura, atlético e ótimo arremesso (39% de acerto de 3 pontos nos dois anos que passou na Universidade de Auburn) tem tudo o que se pede num ala contemporâneo. Por que caiu até a décima sexta posição então? Uma primeira preocupação é sua saúde. Ele rompeu um ligamento do joelho e provavelmente sequer vai jogar neste seu primeiro ano na NBA.
Muitos apontam também como fator de risco a sua falta de consistência, com noites inesquecíveis seguidas de outras onde pouco chamava a atenção mesmo cercado de jogadores que sequer tinham ambições de chegar à NBA. Para os que levam os grandes jogos em consideração, porém, ele brilhou ao longo dos primeiros jogos do NCAA Tournament até machucar o joelho no Sweet Sixteen contra North Carolina. Seu time ainda iria até o Final Four, onde perdeu para Virginia em uma partida recheada de polêmicas na arbitragem nos segundos finais. Será que se a lesão não tivesse ocorrido estaríamos aqui falando de um Okeke campeão universitário? Quantas posições ele poderia subir?
Para um time que só no ano passado voltou a ter alguma relevância é curioso que o Magic tenha apostado tanto na paciência, mas muitos acreditam que esse é o único jeito correto de se abordar o Draft. São raros os novatos que já chegam ajudando e o ideal é ter o melhor jogador daqui alguns anos. Será que em 2023 estaremos chamando Markelle Fultz, Jonathan Isaac e Chuma Okeke de Big 3?
Brooklyn Nets
31. Nicolas Claxton, PF/C
O Brooklyn Nets tinha a 17ª escolha no Draft de 2019, mas pouco antes do dia do recrutamento a trocou para o Atlanta Hawks como recompensa pelo rival levar junto o colossal contrato de Allen Crabbe. A limpeza salarial foi essencial para que o Nets pudesse, dias depois, contratar Kyrie Irving, Kevin Durant e DeAndre Jordan. Perder escolhas de primeira rodada em nome da CHANCE de contratar um Free Agent é sempre um risco, mas nesse caso não só o negócio deu certo como o Nets recebeu mais coisas em troca!
O Hawks mandou o ala Taurean Prince que, nos seus altos e baixos, ainda é bem jovem e bom defensor, e uma escolha de Draft vinda do Philadelphia 76ers no ano que vem. Ou seja, o Nets segue com uma escolha de primeira rodada, rejuvenesceu na ala e ainda faturou quem queria com o espaço salarial extra. Se isso não é vitória, não sei mais o que é.
Na segunda rodada eles ainda foram atrás do ala Nicolas Claxton, grandalhão bem atlético que deve jogar quase sempre como pivô na NBA embora tenha sido escalado também na posição 4 na Universidade da Georgia. Seu veterano DeAndre Jordan diz que vê no novato muito dele quando mais novo e ver ele em ação passa essa impressão mesmo: grande, pesado, mas sem perder a capacidade de dar passadas largas, saltar para pontes aéreas ou acompanhar um contra-ataque. Perigoso no pick-and-roll, pode aproveitar situações de bom espaçamento e sua intensidade incrível para se tornar uma versão de Montrezl Harrell. Vai ser difícil achar minutos logo de cara considerando que DeAndre Jordan e Jarrett Allen disputam a mesma posição e compartilham muito de suas características, mas parece mais um achado do GM Sean Marks no Draft.
Indiana Pacers
18. Goga Bitadze, C
Não que a gente precisasse de mais exemplos, mas o georgiano Goga Bitadze (haja Força Nominal!) é mais um que mostra como os pivôs tradicionais perderam valor na NBA. É quase consenso entre sites especializados que Goga é o pivô mais talentoso e completo deste Draft: bom jogo embaixo da cesta, veloz jogo de pernas, ganchos, um confiável arremesso de meia distância, prêmio de melhor jovem jogador da Euroliga e isso só foi o bastante para ele ser selecionado na DÉCIMA OITAVA colocação.
Sabemos que hoje os times estão preocupados com o espaço que esses pivôs ocupam, atrapalhando infiltrações do próprio time por ficarem muito no garrafão, sem contar o problema defensivo de ter um cara pesado e alto precisando caçar armadores e arremessadores quadra afora, mas mesmo assim foi uma surpresa ver Goga cair tanto. O medo de ter só mais um Enes Kanter em mãos é grande demais, embora ache que há muito valor em ter um Kanter no time.
Curioso que o time que o selecionou foi justamente um que já sofre com problemas para colocar seus jogadores de garrafão juntos em quadra: o Indiana Pacers tem Myles Turner como grande promessa e Domantas Sabonis como alternativa. Os dois ainda não renderam tão bem juntos, mas jogam bem sozinhos e criam assim um problema de difícil solução para o time no futuro próximo.
O Pacers decidiu aqui ir com o talento ao invés do imediato. Vai saber quem, entre Sabonis e Turner, estará no elenco até o fim da temporada. Trocas podem acontecer, Sabonis pode não renovar. O sucesso de Goga, aliás, pode facilitar a decisão de quem é dispensável e quem não é. Ter vários jovens da mesma posição pode ser um problema, como o Sixers nos ensinou com Jahlil Okafor, Nerlens Noel e Joel Embiid, mas é sim possível manejar o espaço de três deles antes de decidir quem fica e quem vai.
San Antonio Spurs
19. Luka Samanic, PF
29. Keldon Johnson, SG/SF
49. Quinndary Weatherspoon, SG
A bola mais cantada do Draft era a de Goga Bitadze no San Antonio Spurs. Pivô europeu tradicional GRITA tanto Spurs que os deuses do basquete acharam óbvio demais para acontecer e deixaram o Indiana Pacers selecioná-lo uma posição antes. A resposta do time de Gregg Popovich foi simples: selecionar outro bom jovem e gigante europeu no seu lugar.
O escolhido foi o croata Luka Samanic. Apesar da altura igual a de Goga, o estilo de ambos não poderia ser mais diferente. Samanic tem muito mais facilidade de jogar no perímetro, sabe colocar a bola no chão, arremessar de longa distância e impressionou muita gente ao se mostrar absurdamente atlético no Draft Combine, evento onde todos os participantes do recrutamento correm, pulam e medem suas capacidades físicas. Dá pra ficar otimista se juntarmos o fato de Samanic ter apenas 19 anos, já estar muito mais forte fisicamente hoje que na época do Draft, parecer bem completo tecnicamente e estar no time que provavelmente é o melhor da NBA em desenvolver jovens jogadores, com talento especial para tirar o melhor de estrangeiros. No curto prazo pode acabar sendo apenas uma boa alternativa à perda de Davis Bertans, mas tem potencial para muito mais que isso.
O curioso é que no dia do Draft muita gente esperava que Samanic fosse selecionado no fim da primeira rodada e que Keldon Johnson fosse escolhido antes. O Spurs foi na ordem inversa, mas saiu com os dois. Aqui o Spurs foi com um padrão seu dos últimos muitos anos: um cara que parece saber um pouco de tudo, com boa reputação defensiva, vontade de aprender, bom físico e que pode virar muito mais se conseguir se desenvolver. Em diferentes níveis, pegar esses caras e lapidá-los deu certo com Danny Green, Kawhi Leonard, Dejounte Murray, Derrick White, Bryn Forbes e tantos outros. Johnson teve grandes jogos na Summer League de Las Vegas e mostrou que pode causar problemas batendo para dentro e finalizando contra-ataques. Precisa de melhor arremesso para realmente fazer parte do ataque do Spurs. Sem pressa deve chegar lá.
No fim da segunda rodada o Spurs apostou em Quinndary Weatherspoon, ala mais rodado que disputou todos seus quatro anos de basquete universitário por Mississipi State. Elogiado por ser um versátil e agressivo pontuador, ele assinou um contrato two-way com o Spurs e passará a maior parte do ano na liga de desenvolvimento.