Mais um Clube do Livro no ar. Nesta edição iremos comentar o segundo capítulo do livro “The Victory Machine”, de Ethan Sherwood Strauss. O jornalista acompanhou o Golden State Warriors por boa parte da última década e ganhou notoriedade ao ser o único da ESPN americana a apostar no Warriors campeão antes da temporada 2014-15, ano do primeiro título da dinastia. Parecia bairrismo, mas acabou sendo a previsão perfeita.
Neste livro Strauss conta como esse time histórico se montou, desde a compra da franquia por Joe Lacob em 2010 até a saída de Kevin Durant em 2019, passando, claro, pela revolução da NBA, uma dúzia de recordes, o domínio do imaginário popular e três títulos. No capítulo escolhido ele trata do desejo de Lacob de construir um time que iria esmagar a concorrência, da chegada de Bob Myers como General Manager e do desafio de montar o elenco que iria dominar a liga: são quase trocas de Steph Curry e Klay Thompson, a luta por um técnico e muita coisa achada no draft.
O livro está à venda na Amazon, mas apenas em inglês. Essa versão em português só existe para vocês e é mais uma grande contribuição do nosso amigo, assinante e tradutor Thiago Waldhelm. Valeu, Thiago!
Nas próximas semanas lançaremos nosso podcast especial do Clube do Livro comentando o capítulo abaixo, então não deixe de ler para poder nos mandar perguntas, comentários e acompanhar nossa discussão em breve!
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CAPÍTULO DOIS – ANOS-LUZ
Quais filosofias definiam o Warriors de cima para baixo? Elas foram incidentais para o sucesso? Falando de outro modo, o Warriors foi bom ou sortudo? Ou a dinastia foi movida por um tipo desesperado de fome que transcende teorias? Há uma cena em Mad Men em que um Don Draper frenético faz um discurso de vendas para a Dow Chemical. Ele está exaltado, canalizando quase uma fome animalesca. Ele zomba da felicidade declarada por seus clientes em potencial pelas suas fatias de mercado, informando-os que “Felicidade é aquele momento antes de você precisar de mais felicidade”. Ele termina o discurso forte com “eu não vou aceitar 50% de coisa nenhuma! Você não quer a maior parte das coisas, você quer tudo, e não vou parar enquanto não tiver tudo!”
Joe Lacob tem esse tipo de zelo monopolista, ou pelo menos tenta ter. Ele não joga o jogo para competir, e sim para acabar com a competição. Desde que adquiriu o time, ele tem sido bem vocal sobre o fato de desejar que o Warriors seja uma dinastia eterna, para desespero dos funcionários sob sua tutela. E daí que seu segundo em comando, Bob Myers, GM do Warriors, disse que o esporte é cíclico, que há períodos necessários de preparar o terreno? Isso é para os outros times. Por que o Warriors não poderia ser sui generis? Por que não poderia esmagar a liga de maneira sem precedentes, e perpetuamente? Por que não? Era uma perspectiva insana, mas mostrava a ascensão do Warriors de cima para baixo.
Lacob assiste, com frequência, ao First Take, programa teatral e de debates esbaforidos da ESPN. A justa diária de esportes não é exatamente voltada para os engravatados de colarinho branco, mas Stephen A. Smith e companhia tem pelo menos um investidor de risco completamente viciado. Lacob gosta de poucas coisas mais do que de se acomodar e assistir a eruditos esportivos berrando até cuspir. Há algo na grandiloquência que o atrai. Ele adora assistir a caras que acreditam no poder quase místico de suas próprias opiniões.
“Ele acredita, até certo ponto, e isso vai soar muito engraçado -”, o filho de Joe, GM Assistente Kirk Lacob, pausa no meio da frase, rindo do jeito do pai, “mas de algum modo ele acredita na filosofia LaVar Ball de criar as coisas através da palavra. Provavelmente usará um termo diferente disso, mas a realidade é que ele acredita sim no poder do reforço positivo. Se você acreditar em algo com força o suficiente, há uma chance de que aconteça. Caso contrário, nunca terá a força interior para fazer essas coisas acontecerem.”
Joe Lacob comprou o Warriors e coisas começaram a acontecer. Junto com os títulos de campeão, Joe se tornou um para-raios de desprezo retroativo. Ele está entre os líderes da liga em “esse filho da mãe”, apesar do GM do Lakers, Rob Pelinka, ser ainda mais desprezado. Em um perfil da revista New York Times em abril de 2016, Lacob proferiu a infame frase “o Warriors está anos-luz à frente de provavelmente qualquer outro time em estrutura, em planejamento, em como lidamos com as coisas.”
Muitos ao redor da liga ou soltaram fumaça pelos ouvidos ou reviraram os olhos como resposta a este nível de arrogância presunçosa. Depois, Lacob me revelou que não esperava que aquela citação fosse utilizada. Estava irritado, em parte, porque a citação falava do lado dos negócios, não do basquete. Essas distinções importam, dado que vitórias perpétuas são mais difíceis de conseguir do que, por exemplo, vendas perpétuas competentes de ingressos. Mesmo assim, a citação definiu Joe, para não dizer o Warriors como um todo. E, ainda que Lacob não tenha gostado do uso da citação, e do fato de que esta citação não exatamente o lisonjeava, ela refletia um retrato verossímil, de certo modo. “Joey Anos-Luz” (como ele era ocasionalmente chamado nos grupos online) era uma caricatura; mas até aí, o homem também era. Ele era um arquétipo fictício de arquicapitalista do Vale do Silício, que por acaso virou protagonista conforme sua região se ergueu em preeminência econômica e se tornou um ímã de inveja da Costa Leste. Joe era alguém fácil de odiar em parte porque seu time e o boom tecnológico adjacente eram difíceis de se ignorar.
Pelo menos, Lacob não demonstrava falsa humildade. Sim, às vezes ele passa a impressão de ser um babaca, mas seu tipo de grandiosidade também vem sem muita pretensão. Ouço muito outros tecnocratas que fingem ser benevolentes enquanto vendem os seus dados para manipuladores e chantagistas. Prefiro o Véio da Havan dizendo a seus concorrentes dedicados que “estamos anos-luz à frente”. A frase é evidentemente brega e mesmo assim tem o impacto do Godzilla pulando da Salesforce Tower.
Tenho mais tolerância por Joe Lacob do que muitos dos que competem contra ele ou trabalham com ele. Para ser honesto, eu gosto de Lacob. Consigo achar entretenimento no que poderia ser rotulado como desagradável. A NBA é um negócio de entretenimento e Lacob acaba sendo acidentalmente bastante divertido.
Sempre que está sendo entrevistado, é batata. Talvez essa não seja a melhor métrica para determinar se alguém é ou não uma pessoa boa. Repórteres sempre comentarão que alguns jogadores são “caras legais, com péssimas respostas”. Pode haver uma correlação aí. Babacas geralmente dão citações melhores. Caras legais temem a reverberação de suas palavras e como elas podem complicar dinâmicas interpessoais. Joe não liga pra isso. Ele vai dizer “não é só o Steph”, ao explicar o sucesso de seu time, e só depois, provavelmente a pedido de alguém, vai voltar e pedir desculpas ao seu armador superestrela.
Suas interações presenciais ocorrem do mesmo jeito. Uma vez eu falei sobre política com Lacob, logo após as eleições de 2016. Ele não votara em Trump, mas se identificava como um eleitor republicano. “Quando você ganha um monte de dinheiro, eles tentam tirar de você”, disse. “Você não entenderia”, adicionou, de maneira desdenhosa, e então saiu sem se despedir para falar com outra pessoa. O livro predileto de Joe é “A Nascente”, e ele age como se estivesse no livro. Seus cachorros hipoalergênicos são nomeados em homenagem aos protagonistas do livro de Ayn Rand. Creio que eles gastam tanto tempo pensando a respeito das pessoas pobres quanto seu dono.
Se é fácil torcer contra um indivíduo assim, não fica muito difícil querer negar o crédito que lhe é devido. No caso de Lacob, alguns simplesmente não lhe dão esse crédito, e isso se aplica a fãs, ex-funcionários e membros da mídia. É muito tentador rejeitar a influência de um dono quando essa influência é tão subjetiva, muito mais do que o impacto estatisticamente relatado de um jogador. A tendência é não ligarmos para os donos a não ser que eles se coloquem sob os holofotes repetidamente, como Mark Cuban, dono do Mavericks, ou que eles tenham comandado décadas de péssima gestão em um mercado gigante, como James Dolan. Caso contrário, o público geralmente prefere agir como se os homens do monopólio do esporte não existissem. Fãs querem que os jogadores sejam o motivo de sua alegria, e às vezes, os técnicos. Ricaços que se autointitulam “donos”? Nem tanto. “Odeio esse termo”, Lacob me confidenciou a respeito da designação “dono”, com uma careta. Saiu de moda na liga, devido a conotações raciais. Adam Silver sugeriu que a NBA deixe o título de lado. A assembleia anual de donos agora é chamada de Conselho dos Governantes.
Ainda assim o termo persiste no uso coloquial, talvez porque forçosamente passe a impressão de poder que a posição tem. O impacto pode ser abstrato, mas posse é provavelmente o aspecto mais importante de uma franquia. É o que rege todos os outros. Esse é o paradoxo da posse: seu poder é tão absoluto quanto invisível. Será que algum fã tem ideia do que faz um dono além de “gastar dinheiro”? E quantos donos será que sabem? Não existe um manual para esse trabalho. Só fica óbvio quando o trabalho está sendo mal feito.
Costumo pensar que Joe Lacob é menos incidental para o sucesso da operação do que muitos na liga podem admitir. Fato: quando Lacob comprou o Golden State Warriors em 16 de julho de 2010, a franquia era uma praga da civilização. OK, talvez isso não seja um fato, mas é fato que a Oracle Arena havia se tornado o bar favorito do técnico Don Nelson, junto com o Smitty’s da Grand Avenue. Metaforicamente, é claro. Fato: cinco temporadas depois, o Warriors venceu seu primeiro campeonato em quarenta anos.
Sob Cohan, a organização gastou quinze anos chafurdando na miséria, exceto por uma gloriosa zebra em um playoff. Então, após a mudança de proprietário, eles rapidamente se alçaram à categoria de dinastia histórica. Isso tudo foi só coincidência? Teria que ser uma baita de uma coincidência.
A estrada para a vitória do time foi cheia de curvas inesperadas e quase acidentes. Ela começa, inevitavelmente, com Steph Curry. Mesmo que o Warriors construa com felicidade uma estátua de Curry quando ele finalmente aposentar seus deselegantes tênis da Under Armour, o time não estava confiante nele, inicialmente. O que Steph se tornou – um jogador que definiu uma era, e quase certamente o maior arremessador da história do jogo – é louvado e celebrado, mas ninguém pode alegar que já sabia. Ele foi um jovem bacana, de modos impressionantes. Calhou que ele era pequeno e frágil demais para o gosto de Lacob, pelo menos a princípio.
Joe Lacob, um cara que não é muito grande, gosta da ideia de tamanho coletivo. Ele me disse isso, na fila para o lanche na sala de imprensa do Dallas Mavericks, logo antes do manda-chuva das Relações Públicas, Raymond Ridder, brotar na conversa segurando um tíquete refeição. “Precisa de outro tíquete refeição?!”, Ridder perguntou, animadamente. “Ele sabe que não preciso de um”, Joe respondeu com uma risada, “só está se assegurando que eu não me meta em encrencas”. Sorriu e brincou com Ridder, “É por isso que eu não te demiti!” Ridder deu uma risada nervosa, e Lacob continuou discorrendo sobre o tamanho do ala-armador Harrison Barnes, além do de muitas outras peças fundamentais. Se isso era uma referência para a construção do time, foi um milagre que Steph Curry tenha sobrevivido aos cortes dos anos iniciais da era Lacob.
Demissões em todos os níveis são grande parte do trabalho inicial de um novo dono. Se apropriar de uma organização geralmente significa procurar e eliminar as fontes de fracasso. Há um período desconfortável em que todos da equipe sabem que estão sendo avaliados para o abate. O técnico de longa data e idade avançada Don Nelson foi demitido imediatamente. Olheiros foram dispensados. Porém a verdadeira chacina aconteceu no lado dos negócios. Lacob estava mais interessado em livrar-se de aspectos da parte de vendas e de marketing do Warriors do que em reorganizar imediatamente as Operações de Basquete. Ele havia forjado seu sucesso nos negócios, portanto tinha opiniões mais fortes sobre o que fazer nesse âmbito. O lado do basquete é um pouco mais opaco, deixado para especialistas.
Na NBA, há uma divisão entre a parte de negócios e a de Operações de Basquete, com uma parte tentando desesperadamente se infiltrar na outra. Isso se tornou um problema no ginásio ao lado do prédio do Warriors em Oakland, onde funcionários de diversos escalões costumavam bater bola. Eventualmente, o pessoal de Operações ficou cansado do lugar, em parte porque muitos caras da parte de negócios se exaltavam durante os jogos. As peladas mudaram para a quadra de treinos do Warriors, um lugar livre do pessoal dos negócios.
Dada esta divisão, em que tradicionalmente as Operações superam os negócios em termos de prestígio, priorizar o lado dos negócios pode ter sido uma estratégia curiosa. Duplamente, considerando como se pensava que os problemas do Warriors eram muito mais ligados ao basquete em si. Foi algo como uma “teoria da janela quebrada” organizacional, ditada por investidores de risco. Lacob acreditava que incompetência nos negócios e em outros lugares ditava uma falta de coesão geral. Em setembro de 2011, o bem visto Rick Welts foi trazido do Phoenix Suns para se tornar o Diretor de Operações. Em breve, ele seria incumbido com o objetivo hercúleo de construir uma arena de basquete em San Francisco, uma tarefa que ele iria concluir.
Em abril de 2011, o Warriors contratou Bob Myers, de 36 anos, um agente bem sucedido mas ainda sem renome no mundo de operações de times. Embora Myers ainda não fosse oficialmente o GM, ele seria assim nomeado dentro de doze meses. No lado oposto de idade e solenidade, em maio de 2011, contrataram Jerry West, talvez o maior executivo da história da NBA, como membro do conselho consultivo. West não se mudaria para a Bay Area, mas assistiria a uma tonelada de jogos no League Pass e daria opiniões baseadas em sua vasta experiência.
A contratação de Myers foi inspirada por um novo grupo proprietário, mas o começo foi cambaleante. Quando o Warriors gastou uma valiosa “provisão de anistia” em uma tentativa vã de assinar DeAndre Jordan, um dos antigos clientes de Myers, poucos na liga estavam confiantes na trajetória ascendente do time.
Os movimentos de elenco iniciais de Myers levavam tamanho em conta, e não só porque ele estava fazendo cortes segundo a preferência de seus donos. “Adoro tamanho”, disse Myers quando perguntado por telefone sobre suas filosofias no basquete. “É interessante porque agora somos conhecidos pelo small ball. Não gosto de jogar com pouco tamanho, mas não penso necessariamente que somos baixos. Não sei por que tamanho não é mais valorizado. A cesta está a três metros de altura. O conceito é este. Não vai mudar. Quanto mais perto estiver disso, mais perto está de uma linha de passe ou do aro. Quanto mais longe conseguir alcançar – tudo isso é imensamente valioso em um esporte que mira a três metros de altura a cada posse”. “Priorizar tamanho” não é a mais profunda das teorias, mas há valor em abraçar o óbvio.
O draft, tanto quanto qualquer outra coisa, construiu a dinastia Warriors por dentro. Se você perguntar a funcionários antigos e atuais o que liberou a grandeza de basquete na Baía, eles citam a aberração histórica de um bi-MVP num contrato relativamente barato e inspirado por lesões, combinado com habilidade e sorte na sala de operações do draft. Com contribuições de Myers, Jerry West, Kirk Lacob, o atual GM assistente Larry Riley, o ex-assistente e atual GM do Atlanta Hawks Travis Schlenk e outros funcionários, o Warriors continuou marcando golaços fora das 5 primeiras escolhas.
Como filosofia de draft, além de priorizar tamanho, o Warriors usava uma abordagem de classificação organizada. “Nós classificávamos os 12 melhores jogadores em suas respectivas posições, e então pegávamos esses 12 melhores e fazíamos uma lista com os 60 gerais”, um ex-funcionário relatou. “Esse era o jeito de organizar qualidade geral versus necessidade individual. Era uma abordagem sistemática que oferecia retorno em tempo real de como o draft estava correspondendo à nossa classificação.” Por volta da época do draft, a sala de operações parecia mais algo como uma sala de roteiristas de um programa de TV diário sobre eventos atuais. Notícias do dia sobre várias escolhas de draft eram cogitadas e discutidas. Opiniões eram levantadas, discussões eram tidas, e o produto intelectual final estava num estado constante de fluxo e refinamento.
Em julho de 2011, após ser observado pelos olheiros Larry Riley e Patrick Sund, a inteligência do Warriors selecionou Klay Thompson, um ala-armador alto da Universidade de Washington State. Havia certa controvérsia dentro do departamento de Operações de Basquete do Warriors sobre escolher o jovem, dada sua condenação por posse de maconha e subsequente suspensão dos jogos universitários. Apesar de ser menos verdade atualmente, maconha ainda levanta suspeitas dentro da atletocracia de Operações no geral. Não dá para rejeitar tudo como mentalidade atrasada, também, apesar de ser tentador olhar de cima os olheiros bebuns que gostam do leão do PROERD. Há profissionais de Operações jovens, inteligentes e progressistas que apoiam testes contínuos de detecção de maconha na liga. O universo de prospectos é repleto de histórias de jogadores talentosos que caíram em hábitos lendários de consumo de maconha e nunca conseguiram se recuperar. Talvez estes jogadores encontrassem outras substâncias diferentes ou piores. Certamente, não há falta de alcoolismo na liga, por exemplo. Álcool é mais agressivo no corpo, mas exceto quando há evidência dramática de uso inapropriado, é mais aceito por olheiros como hobby nas horas livres. Klay pode ter caído no draft devido ao estigma da erva, um estigma que ainda existe mas está perdendo poder.
No fim, as facções pró-Klay, que incluíam Jerry West, venceram. Já condecorado como talvez o maior GM de todos os tempos, o crédito pendeu na direção de West em seu papel de consultor suplementar. Apesar de ter, de fato, apoiado um colega arremessador em Klay, ele se beneficia de fazermos uma retrospectiva calorosa. É fato menos conhecido, ou talvez menos falado, que West queria desesperadamente Dion Waiters no draft seguinte. Dion, cheio de de garra mas talvez não o mais eficiente dos profissionais, era o tipo de cara que West gosta.
A princípio, foi difícil saber se West e as facções pró-Klay estavam certas sobre a escolha. Em seu ano de calouro, Thompson chutou bem de três, conforme prometido, mas era pouco eficiente em outras áreas. Pelo menos, era claro que Klay amava o jogo com um tipo de devoção míope. Além de basquete, seu cachorro Rocco, e “encontros”, não havia muito na vida de Klay. O ex-RP do Warriors, Dan Martinez, notou uma vez que Klay era o único jogador que aparecia para a coletiva de imprensa no evento anual do dia das mídias e começava a bater bola. O jogo era sua estrela guia.
Darren Erman, ex-assistente técnico do Warriors, trabalhou muito com Klay no começo de sua carreira, principalmente construindo a renomada defesa que Thompson tem hoje. Erman foi efusivo em seu louvor à diligência de Klay, além de seu foco quase savante. “Ele teria sido um excelente atirador do exército”, Erman disse da habilidade de Klay em se desligar de barulhos externos e fazer o necessário. “Ele faz tudo o que você fala com perfeição, vai atirar no olho esquerdo desse cara, matá-lo segundo a norma da lei sem pensar muito a respeito. Você diz ‘Klay, quero que force Tony Parker para a esquerda e tente ir por baixo nos corta-luzes’ e ele vai fazer isso 100% das vezes.”
Klay incorporou a mira focal dos atiradores, o que técnicos e companheiros de time acharam cativante. Claro, às vezes ele se atrasava para os treinos, mas ninguém duvidava de seu compromisso ou questionava a primazia do basquete em sua vida. E de qualquer modo, todos sabiam que o foco do rapaz podia ser monopolizado por alguns períodos. O ex-assistente técnico do Warriors Luke Walton brincou uma vez que em Memphis, onde Klay adorava um omelete de café-da-manhã em particular, “a cada passo depois do treino de arremessos ele pensava ‘omelete, omelete, omelete’.”
Era tudo parte no minimalismo zen de Klay. Erman contou uma história sobre a interpretação literal que Klay teve de um aviso de Bob Myers. Segundo Erman, Klay lhe disse “Você lembra que uma vez o Bob falou ‘você tem que se olhar no espelho e não culpar os outros’? Bem, então por que está todo mundo fazendo o que Bob disse para não fazermos? Todo mundo está culpando o outro”. Erman, que seria dispensado por gravar secretamente uma conversa entre assistentes técnicos que ele acreditava estarem deliberadamente lhe prejudicando, teve que explicar a Klay sobre a humanidade e suas fraquezas confusas.
O draft de 2012 provou ser tremendo para a organização. O ala Harrison Barnes foi selecionado com a sétima escolha. Mais cedo, no processo de draft, o Warriors pensara em pegar o pivô Andre Drummond, mas ele havia sido horrível nos treinos. Em seu lugar, o time selecionou outro pivô com tendências a lesão, Festus Ezeli, no final da primeira rodada. Barnes fora o melhor prospecto do mundo antes de suas duas temporadas na UNC. Em seus anos de universidade, não fechou a conta muito bem. Ele certamente parecia ser o que prometia, e em um ambiente de treino conseguia pular mais alto do que qualquer um. Seu caráter era louvável. Sua ética de trabalho elogiada. Era um jovem claramente esperto. Não tocava em álcool.
E mesmo assim, essas qualidades nunca o lançaram rumo ao estrelato. Barnes era um jogador de rotação da NBA, certamente, e em uma posição valiosa para se começar. Ele foi uma parte importante dos primeiros grandes times da era Kerr. O Dallas Mavericks então ofereceria um contrato de US$95 milhões por quatro temporadas. O Sacramento Kings se comprometeria com US$85 milhões por outros quatro anos. Porém, apesar de possuir talento e ética de trabalho para conseguir salários gigantes, Barnes ultimamente não tinha um certo fator unificador em seu jogo. Jerry West me disse, sem papas na língua, após um treino em 2015: “O jogo de pés está todo fodido, os movimentos são lentos”. Quando perguntei sobre a possibilidade de pagar Barnes mais de $20 milhões por ano, o nativo de West Virginia olhou para o elevador e mexeu a mão devagar com certa petulância lânguida: “Tchau tchau.”
Talvez o que faltava em Barnes não pudesse ser ensinado. Bruce Fraser, assistente técnico do Warriors, me contou uma história sobre ensinar basquete no Japão. Lá, os jogadores podiam executar uma jogava de maneira magnífica, melhor que os estadunidenses. Os japoneses tinham problemas quando a jogada quebrava. Por qualquer razão, lhes faltava a improvisação do jogo estadunidense em meio ao caos. Fraser explicou que “eles não conseguiam navegar nos tons de cinza.”
“Os tons de cinza”, as “áreas cinzentas”, separam quem são os melhores e quem são os jogadores de rotação. A capacidade de prosperar e produzir ao sair do roteiro é rara e indicadora de imensa confiança combinada com habilidade inata. Harrison Barnes era um jogador decente o suficiente, mas não era apropriado para os tons de cinza. Isso era OK para o Warriors, porque na noite em que escolheram Barnes, também escolheram um homem que podia liberar o poder dos tons de cinza como se estivesse desembainhando Excalibur da rocha. Ao contrário de Barnes, ele não parecia um superatleta. Às vezes, seu físico parecia pertencer mais a uma pista de boliche do que a uma quadra de basquete. Ao contrário de Barnes, ele iria xingar seus oponentes, gritar com técnicos e festejar implacavelmente. Ao contrário de Barnes, ele seria escolhido na segunda rodada e teria baixas expectativas. No fim, ele teria um dedo enorme na mudança de um esporte no qual poucos acreditaram que ele conseguiria se manter.
“Minha jogada favorita é sem jogada”, Draymond Green me disse em um treino em 2016. O rapaz prosperava em meio ao caos por pensar um pouco mais rápido do que os demais. É óbvio que Draymond poderia executar qualquer jogada que pedissem, mas preferia depender de sua intuição sobrenatural. Seus instintos, especialmente seus instintos na defesa, continuaram dando-lhe minutos. Eventualmente, ele poderia reivindicar com legitimidade ser o segundo melhor jogador em um time com setenta e três vitórias. Após a temporada bem sucedida de 2012-13, na qual o Warriors não só chegou aos playoffs como venceu o Denver Nuggets na primeira rodada, uma peça essencial foi adicionada ao quebra-cabeça. Foi a troca que Myers declarou seu “Monte Everest”, um negócio que deixou o geralmente bem apessoado GM com visual desleixado e meio fora de si na coletiva de imprensa em que anunciou sua conclusão.
Andre Iguodala, a então estrela do Nuggets, ficou intrigado com o que o Warriors era e acreditou que poderia melhorá-lo. Rob Pelinka, o agente de Iguodala na época, tinha um relacionamento com Myers, da época em que trabalhavam juntos. Isto deu a Myers uma porta de entrada, além de um plano. O objetivo era adquirir os serviços de Iguodala ao mesmo tempo em que abria mão de pouco valor nas quadras.
“Por muitos dias e noites a troca esteve na UTI”, Myers disse depois. “Eu falava para minha esposa que a pior coisa era que havíamos gastado tantas horas nisso e simplesmente não ia acontecer.”
Para criar o espaço salarial necessário, Myers trabalhou incessantemente por telefone, procurando um time que poderia receber contratos expirantes. Finalmente, o Utah Jazz concordou em ficar com o lixo do Warriors, aceitando os contratos de Andris Biedrins, Brandon Rush e Richard Jefferson. Houve um custo associado, é claro. O Warriors teve que mandar duas escolhas de draft.
O negócio com o Jazz pode ter tido elementos bem habilidosos em sua execução. Duas das escolhas que o Warriors trocou eram desprotegidas da primeira rodada (2014 e 2017), algo que times odeiam ceder. O Warriors apostou que ficaria fora da loteria e dependeu do fascínio das “desprotegidas” para fechar o negócio. Quando escrevi pela primeira vez sobre como este negócio aconteceu em um artigo, omiti alguns dos detalhes mais precisos sobre o despejo salarial. Uma semana depois que o artigo havia sido publicado, Myers me pegou pelo ombro no túnel do vestiário e se certificou de me lembrar. Aquela troca havia sugado muito de sua força vital. Ele queria no mínimo que cada elemento fosse honrado na publicação.
Os esforços de Myers não foram em vão. O Warriors havia rapidamente, mais rápido do que qualquer um poderia razoavelmente esperar, construído um elenco que acabaria pegando a liga de surpresa. Lacob e companhia tinham herdado Steph Curry. Dentro de um período de mais ou menos dois anos, o núcleo de Thompson, Green e Iguodala foi adicionado, além de Andrew Bogut e Shaun Livingston como peças complementares importantes.
O time catalisaria uma revolução defensiva na liga, concomitantemente à chegada de Steph Curry como um poder ofensivo que mudaria o jogo na quadra para além da linha de três pontos. Esta última revolução ganhou mais holofotes; a anterior mudou a liga mais radicalmente. O Warriors submeteu a NBA a uma defesa embasada na versatilidade. Usava jogadores com tamanho de alas (caras próximos aos 2 metros de altura) na maioria das posições, e com frequência usava Draymond Green, com altura de ala, no lugar do pivô. O quinteto com Draymond de pivô, flanqueado por Barnes, Iguodala, Thompson e Curry passou a ser chamado de “quinteto da morte”, um termo cunhado pelo escritor Vincent Goodwill para descrever o grupo que corria no placar enquanto os adversários engatinhavam.
Neste formato, o “pequeno” Draymond expunha os pivôs adversários, impedindo-os na defesa e correndo na direção deles no ataque. Seu jogo foi influente, e outros times começaram a copiar o estilo small ball em um fenômeno que eventualmente inverteria por completo a estrutura salarial da NBA. O próprio Green falou sobre o fenômeno quando se envolveu numa picuinha de Twitter com Hassan Whiteside, pivô do Heat na época. Em 26 de agosto de 2015, Whiteside tuitou “Small ball só funciona em pivôs que não sabem pontuar #tragoverdades espero que coloquem alguém de 2m pra me marcar #recordedacarreira #basquetecolegial”. Draymond tuitou como resposta “Mas você consegue pontuar? Pivozões estão virando dinossauros.” Whiteside acabaria assinando um contrato de US$98 milhões com o Miami Heat da velha-guarda naquela offseason, e a partir de então começou a pontuar com eficiência pior em cada uma das quatro temporadas seguintes.
Antes de Draymond e companhia virarem a liga de cabeça para baixo, os grandões eram pagos abundantemente para serem, entre outras coisas, âncoras defensivas. Na verdade, foi por isso que o Warriors trocou por Andrew Bogut assim que Myers assumiu as rédeas. Defesa nas alas não era tão priorizada. Era muito abstrata, muito difícil de medir. O Warriors acreditava que tinha um método para medir esse valor, portanto continuou estocando jogadores de perímetro defensivos com alturas na faixa dos 1,97m aos 2,02m. Até 2014, o Warriors tinha Draymond Green, Andre Iguodala, Klay Thompson, Harrison Barnes, Shaun Livingston e Justin Holiday, todos no mesmo elenco.
Em outra época, essa coleção de defensores talvez não tivesse o mesmo impacto. Nos anos 90, quando a NBA tinha regras de “defesa ilegal” que legislavam bolsões de espaço para pivôs no garrafão, esse talento defensivo provavelmente seria desperdiçado. Porém, chegara uma nova era, na qual times continuariam adicionando mais e mais arremessadores de três. Todo o perímetro estava se tornando a zona de perigo. Neste ambiente, o Warriors aproveitou uma ineficiência de mercado. “Não é que simplesmente acontece”, Travis Schlenk me disse em 2015, quando era GM assistente, a respeito de encher o time de alas defensivos. “Quando você olha pros jogadores, além de Andre e Shaun, são todos caras que escolhemos no draft. Nos focamos desde que eu entrei na diretoria. Os jogadores que tentamos draftar eram todos compridos.”
O assistente técnico Ron Adams, que começou sua carreira como técnico durante a administração de Lyndon B. Johnson, foi contratado para o grupo técnico de Steve Kerr como um tipo de sábio experiente. Adams era conhecido como um guru defensivo, e ao contrário do estereótipo de alguém idoso, estava aberto à experimentação. Na segunda rodada dos playoffs em sua primeira temporada no Warriors, Adams iria mudar a liga com uma escolha aparentemente maluca. O Memphis Grizzlies liderava a série por 2×1, graças em parte ao gênio defensivo Tony Allen causando caos nos esquemas ofensivos do Warriors. Adams sugeriu que o Warriors defendesse Allen, um ala-armador sem arremesso, com Andrew Bogut meramente observando-o do garrafão. O time tentou isso no jogo 4, inspirando arremessos errados horrorosos de Allen enquanto o ataque do Grizzlies enguiçava. A série acabou pouco depois. Outros times perceberam e começaram a usar a mesma tática em não-arremessadores como Ben Simmons, do Sixers, em situações de playoffs. Agora é temporada de caça aos não-arremessadores, de maneira nunca antes vista. Por isso, estes esquemas no estilo Adams tiveram implicações enormes em elencos e distribuição salarial.
Para Adams, o ajuste estratégico era óbvio, se não tedioso. Ele já havia visto isso ao longo de suas cinco décadas. Adams fora técnico por tanto tempo, em tantos lugares, que as linhas entre o novo e velho ficavam borradas. Ele podia inventar uma tendência a partir de algo que havia funcionado para seu esquadrão universitário nos anos 60. No início da concentração em 2014, Adams afirmou, “Sabe, acho que podemos ser um ótimo time ‘vermelho’”. Na NBA, defesas tendem a ser codificadas por cor, apesar das cores terem significados diferentes em times diferentes. Para Adams, “vermelho” significava “trocas”. Troca, a prática defensiva de defensores trocarem a marcação quando um deles recebe um corta-luz, era vista com muita suspeita por tradicionalistas do basquete, mesmo que tivesse funcionado para Adams lá na Fresno Pacific. Há um elemento de machismo nisso. “Trocar” significa desistir da marcação inicial, abandonar o desafio de marcar seu oponente direto. Também podia simplesmente parecer não-natural. De repente você tem um armador marcando um pivô ou vice-versa. Pode aparentar ser um desastre conscientemente escolhido.
Em um segmento do “Inside the NBA” em 2015, Charles Barkley, com apoio do colega apresentador Kenny Smith, destruiu o Dallas Mavericks por trocar, na ocasião. “Acho que qualquer time que troca em todo pick and roll sempre cria desvantagens de tamanho e destrói sua defesa”, disse. “Significa que não é um bom time defensivo.” O dono do Mavs, Mark Cuban, defendeu seu time em seu blog e disse que as estatísticas validavam a prática. Isso já era verdade há anos. Apesar de tradicionalistas não confiarem e evitarem as trocas na marcação, as estatísticas tendiam a favorecer a prática em detrimento de outros métodos que concediam espaço na tentativa de recuperar o jogador marcado.
Quase uma década depois, o que fez o Warriors diferente foi apenas o quão bem ajustado o elenco estava para esta prática que recebia tanta resistência. Muitos de seus defensores tinham tamanhos parecidos. Escrevi em meu artigo de 2015 sobre a ascensão da defesa: “A intercambialidade da resistência abala os ataques. Faça um corta luz em Iguodala, e aí vem Green, que é do mesmo tamanho. A defesa de Golden State é como o T-1000, vilão de Exterminador do Futuro, que regenera com tranquilidade qualquer parte do corpo que você explodir de sua carcaça.”
Draymond Green era a chave para a dominância da defesa, já que podia trocar em qualquer marcação, de 1 a 5, armador a pivô. Sua habilidade de marcar todos era diferente e essencial. Ele caiu no draft porque ninguém estava tão certo de sua posição na quadra. Do mesmo artigo: “Especialistas em draft e times não souberam como lidar com um cara de 1,96m sem tênis, com gordura corporal de uma pessoa comum e que raramente criava o próprio arremesso. Ele era um clássico caso de jogador de duas posições simultâneas, preso em algum lugar entre um pivô e um armador – exceto que, de algum modo, aprendeu o suficiente para transitar de um “meio-termo” para um “faz tudo”. É um tipo raro de jogador que consegue roubar a bola de Chris Paul e dar toco em Dirk Nowitzki.
É claro, se Draymond Green foi essencial em alavancar o Warriors a novos ares, o que isso diz sobre a teoria “Anos-Luz” de que ele foi a trigésima quinta escolha no draft? O Warriors ativamente deixou-o passar duas vezes, escolhendo jogadores piores nas duas oportunidades. O time poderia argumentar que merece crédito por treinar Draymond e enxergar seu potencial. Outros times poderiam ter escolhido Green também. Não foi só por coincidência que ele acabou indo parar em Oakland.
Na verdade, ninguém dentro do Warriors viu a carreira de Steph Curry se desdobrar da maneira como se desdobrou, também. Ninguém no QG do Warriors gosta de admitir, mas muitos GMs sabem: Curry foi oferecido em trocas muitas vezes antes de se tornar Steph Curry. Isso reflete de maneira negativa na organização? Não necessariamente. Curry aparentava ter problemas crônicos nos tornozelos e tinha dificuldade para se manter em quadra sob o cuidado da equipe médica do velho Tim Abdenour.
Mesmo assim, mostra que o Warriors não era médium. Você pode estar à frente da curva, talvez mesmo anos-luz à frente, sem saber do futuro. Em uma movimentação em potencial que teria alterado radicalmente a NBA, o Warriors tentou trocar Steph Curry junto com Klay Thompson por Chris Paul em 2011. E isto está longe de ser a única vez que Curry foi oferecido em trocas, mas na ocasião, o negócio ficou muito próximo de ser fechado. Myers fez a oferta e o GM do Hornets, Dell Demps, foi a favor. O que pegou foi Chris Paul, que queria sair de New Orleans mas não tinha a menor intenção de jogar para o abatido Warriors. Paul avisou o Warriors que poderiam fazer a troca, mas que ele não continuaria no time quando seu contrato terminasse no fim da temporada. Com isso, o Hornets perdeu a oportunidade de ter a maior dupla de armação de todos os tempos. Em vez disso, na troca por Paul, o Hornets recebeu Eric Gordon, o pivô Chris Kaman, Al-Farouq Aminu e uma escolha de draft que se tornaria Austin Rivers. Um pouco aquém da oferta inicial, um tanto compensada por terem ganhado a loteria de Anthony Davis naquela offseason.
O Hornets não foi a única organização que perdeu por pouco o negócio de uma vida. De acordo com um GM, “O Warriors foi sortudo sem querer por ter sido mal sucedido nas tentativas de trocar Steph e Klay juntos pelas estrelas que eles pediram em troca. Houve muitos, muitos jogadores que eles tentaram adquirir e não conseguiram.”
Uma bifurcação notável na estrada aconteceu em 2012, nos estágios iniciais da troca por Bogut. Um negócio envolvendo Curry foi discutido num processo que chegou longe o suficiente para que seus documentos médicos fossem enviados para Milwaukee. Os documentos foram um sinal de alerta para a equipe médica do Bucks, e não sem razão. A equipe determinou o que se provou ser verdade: Curry precisaria de uma cirurgia nos tornozelos, procedimento que acabou ocorrendo em abril do mesmo ano. A cirurgia foi bem sucedida o suficiente para que Curry recuperasse sua carreira. Após o procedimento, o jogador aceitou uma extensão contratual de US$44 milhões em quatro anos. Apesar disso ser um tanto bom de dinheiro, o contrato se provou uma barganha histórica maravilhosa por um jogador que iria ganhar dois MVPs.
Em sua cerimônia de Executivo do Ano em 2015, Bob Myers foi perguntado sobre assumir um grande risco que deu certo. Jogadores do Warriors haviam se infiltrado na cerimônia, vindos de suas quadras de treino alguns andares acima. Curry estava largado contra a parede do fundo do hall, vestindo moletom e sandálias, absorvendo o discurso. Em resposta à pergunta sobre grandes riscos, Myers citou a extensão de Curry, dadas todas as dúvidas circundando a saúde e a trajetória de Curry. A História, em todo o seu bizarro determinismo, não viu a assinatura da extensão como uma jogada corajosa. Ninguém deu os créditos ao Warriors logo de cara por fazerem a escolha correta. No meio da explicação de Myers, Steph se levantou, abriu a porta dupla com um empurrão e saiu.
As quase trocas envolvendo Curry foram deslizes dolorosos? Será que o Warriors sabia mesmo o que estava fazendo? Uma perspectiva é de que o Warriors teve sorte por falhar em agir de acordo com suas vontades. A perspectiva interna é de que ainda teriam conquistado sucesso de algum jeito, se alguns resultados tivessem sido diferentes. Lacob, um devoto jogador de pôquer e blackjack, acredita em probabilidade ao mesmo tempo em que acredita no poder da crença. Se o Warriors limpasse a organização, estaria pronto para mudar as chances de suas tomadas de decisão a seu favor. Se abraçasse a sabedoria de uma multidão informada, sua inteligência engajada e coletiva prevaleceria.
O Warriors pode apontar uma quase-falha em particular como evidência de seu processo vitorioso. É fato conhecido que, no verão de 2014, após muita deliberação, o Warriors quase trocou Klay Thompson por Kevin Love. O Minnesota Timberwolves queria descarregar um All-Star aborrecido e o Warriors, segundo a visão de quase todos os observadores da liga, não tinha estrelas o suficiente para vencer o campeonato. Até aquele ponto de sua carreira, Klay tinha mostrado apenas flashes do que se tornaria mais tarde, mas não com eficiência de alto nível. Em contraste, Love tinha acabado de terminar uma temporada em Minnesota que angariou votos de MVP.
Jerry West era uma voz altamente pró-Thompson nesse processo, assim como o técnico recém-contratado Steve Kerr. West tinha certeza de que o ataque executado por Mark Jackson – o técnico do time por toda a carreira de Klay até o momento – havia prejudicado sua produção. Sob Jackson, o Warriors estava com a menor média de passes da liga, e Thompson era um jogador que se sobressaía ao receber passes em movimento. Apesar de não ser um especialista em estatísticas modernas, o velho Jerry West intuitivamente captou a ideia de que mais passes ajudariam um arremessador que dependia de ritmo. A História iria provar que Jerry estava certo, e ela não hesitou nem um pouco. Klay se tornou uma estrela naquela temporada, e o Warriors venceu seu primeiro campeonato em quarenta anos.
Há alguma lição na quase-troca por Klay? Uma em particular pode ser a seguinte teoria: times não sabem muito bem o que estão fazendo até que encontrem o técnico certo. Se um técnico não está otimizando o talento, erros gigantescos de avaliação de talentos ocorrem, do tipo que custam dezenas de milhões de dólares em salários nos jogadores errados para as franquias.
Neste caso, a demissão de Jackson validou a abordagem “mãos na massa” de Lacob. “Joe é muito envolvido nas coisas do dia a dia que fazemos, o que é bom”, o GM assistente Larry Harris reportou por telefone. “Ele é muito engajado”. Na noite do draft, Joe fica na sala de operações, imerso junto com seus contratados. O Golden State Warriors não é um projeto paralelo luxuoso para ele. Nem todos da parte de operações gostam de admitir, mas geralmente é necessária certa pressão vinda do topo. Uma ausência de pressão gera um vácuo de poder, e vácuos de poder levam a problemas de gerência desestabilizadores. Era esse o estado do Warriors sob o antigo dono, Chris Cohan. Várias vezes, ninguém sabia quem é que mandava, e o caos constante se instalava. Em dado momento, o então presidente de operações Bobby Rowell estava trabalhando com o GM Chris Mullin e negociando contratações imprudentes, como uma extensão de três anos desnecessária para Stephen Jackson quando Jackson ainda tinha dois anos em seu contrato. Marcus Thompson, que trabalhava como repórter para a Bay Area News Group, conta uma anedota dos dias precedentes à assinatura do contrato. Jackson estava engajado numa conversa com Thompson até ver Rowell do outro lado da sala. “Espera um pouco”, Jackson disse, “deixa eu fazer esse otário pensar que eu gosto dele para que eu possa pegar seu dinheiro”. Jackson pegou o dinheiro e pediu uma troca ainda naquela temporada. É isso o que acontece sob proprietários ausentes.
Há, é claro, um equilíbrio a se alcançar. Você não quer um dono impaciente demais, do tipo que toma decisões apressadas baseadas na última coisa que leu no jornal. O dono do Suns, Robert Sarver, tem essa reputação, mas está longe de ser o único. Interferência sensível demais às adversidades é um problema.
Joe pode não ter sido tão intrometido quanto outros novos donos, apesar de estar bastante envolvido. Por quê? Bem, ele parecia ter menos opiniões sobre o que fazer do que outros donos. “Os Lacob nunca dão suas opiniões sobre jogadores”, um funcionário do Warriors me disse certa vez, com um suspiro. No mundo de Operações de Basquete, isso pode ser visto como um erro, um tipo de fuga para alguém que nunca quer colocar o seu na reta. No mundo de Operações, se você mergulha de cabeça em um jogador que dá errado, você carrega essa falha. Isso pode causar sua demissão. Essas opiniões não são só opiniões. Não dá para transformá-las em combustível para entretenimento do jeito que Colin Cowherd faz em seu segmento “Colin estava errado” no rádio. São erros terríveis, marcas persistentes de que não se é confiável. Mas os Lacob, ainda que tivessem todo o poder, não arriscaram tanto assim suas reputações.
Essa é uma leitura de sua ausência de opiniões. Há outra perspectiva, um pouco mais caridosa. Pode haver certa metodologia em perguntar em vez de dizer. Larry Harris afirmou que “às vezes, o melhor conselho é ouvir. Joe é muito bom nisso. As pessoas podem fazer todo tipo de suposição sobre que tipo de dono ele é, ‘Anos-Luz’ e tudo o mais. A melhor habilidade de Joe Lacob como dono, e ele não precisaria fazer isso já que é o dono do time, é ouvir. Ele de fato ouve o que temos pra dizer. Não é ‘eu já sei, e vou só deixar vocês falarem e vocês fazem o que eu mandar’. Nunca foi assim.”
Joe Lacob, malgrada sua aspereza, se orgulha de “fazer o dever de casa, estilo investidor de risco”. Isso significa angariar tantas opiniões quanto possível. É assim que muitas decisões do Warriors foram feitas vez após outra, segundo Harris. “Nós falamos e falamos, e Joa solta um “gente, só quero ouvir uma coisa, vocês fariam isso ou não? Só quero ouvir o que vocês tem a dizer’. Nós tomos dizemos o que temos pra dizer, e ele ‘Quer saber? Temos um consenso. Concordo com o que vocês estão dizendo. Faz sentido. Está definido’.”
Essa angariação não é desprovida de pressão, ou mesmo de jogos mentais. Uma das movimentações fundamentais da franquia aconteceu logo após Lacob assumir, quando o chamativo armador Monta Ellis foi trocado para o Milwaukee Bucks pelo baluarte defensivo Andrew Bogut. O departamento de Operações de Basquete do Warriors estivera trabalhando para isso já há algum tempo. Ellis não era uma figura popular dentro da organização; todo mundo o achava um babaca. Mais importante, o achavam pequeno demais e suspeito na defesa para continuar naquela escalação de armadores. O próprio Ellis admitiu, declarando no dia de mídia de 2009, “Você não pode colocar dois baixinhos em quadra… quando tem caras da posição 2 altos na liga.”
Sobre a troca, Kirk Lacob se lembra: “Ao longo da semana, houve muito esforço de Joe Lacob para nos colocar em posição de termos voz no assunto, e confiança nas pessoas que ele havia contratado para trabalhar. Então, o que ele queria mesmo saber no fim era ‘OK, trouxe vocês todos aqui pra fazermos isso, então vamos fazer isso, mas o quanto vocês acreditam mesmo nisso? Ou vão só deixar que isso aconteça?’ Porque tem diferença entre ajudar alguém a atravessar a linha de chegada, e só deixar que aconteça.”
Com o negócio quase fechado, Lacob entrou na sala de operações e anunciou uma opinião inconveniente. Kirk reconta: “Ele entrou e disse ‘gente, não quero fazer isso’.” A sala, incluindo Bob Myers e os assistentes Larry Harris, Travis Schlenk e Larry Riley, lutou e argumentou novamente para que a troca acontecesse. Joe estava testando o compromisso dos demais com a escolha. O Warriors acabou fechando o negócio, uma troca impopular o suficiente para que Lacob fosse vaiado durante a cerimônia de aposentadoria do GM Chris Mullin. A despeito da repercussão negativa inicial, a troca provou ser a que ajudou o Warriors a melhorar sua defesa e liberar os talentos de Steph no ataque.
Tomada de decisão coletiva pode ser o processo mais inteligente, mas acaba dependendo da força da equipe tomando as decisões. Ainda assim, após o Warriors construir sua dominância, aspectos teoricamente importantes da franquia começaram a desaparecer. “Com Joe, todo mundo tem um preço”, reportou um ex-funcionário do time. Junho de 2017 forneceu evidências para esta doutrina, quando Jerry West deixou o Warriors após seis anos com a equipe. Ele fora uma contratação simbolicamente importante em 2011, nos primórdios da posse de Lacob e Peter Guber, e uma posição fixa no topo da organização. Mas ele decidiu deixar o Warriors após ter sido recomendado a aceitar uma redução salarial. “Você precisa ser desejado”, West disse a Marc Stein no New York Times. “Deixar o Warriors foi provavelmente a coisa mais difícil para mim em toda a minha vida. Eu não queria sair. Você chega em um ponto onde talvez não se sinta tão valorizado, mas é só algo que aconteceu. Não tenho nenhum dolo com ninguém de lá.”
West foi provavelmente a saída de maior relevância, mas houve outras notáveis. Sammy Gelfand, um renomado gerente de análises, foi para o Detroit Pistons na offseason de 2018. A terapeuta Chelsea Lane, também renomada, foi para o Atlanta Hawks na mesma offseason. O Hawks, que já atraíra os supracitados Schlenk, Lane, Dan Martinez e outros ex-funcionários do Warriors, foi apelidado “Warriors do Sul”. Lacob tinha a reputação de ser sovina com salários da equipe no lugar mais caro do mundo. Em Atlanta, o dinheiro de qualquer um vale muito mais.
Essas despedidas importaram? Ou Joe Lacob possuía algum tipo de toque mágico quando chegasse a hora de achar substitutos? Talvez essas posições fossem secundárias depois das partes principais do elenco terem sido garantidas e o técnico certo encontrado.
Chegar no momento do “técnico certo” foi uma jornada turbulenta. Mark Jackson fora contratado em 6 de junho de 2011, numa contratação de eficácia discutida até hoje. Alguns dizem que Lacob, que se impressionara com o carisma de Jackson na entrevista, errou na contratação. Joe adorava que Jackson – que ministrava em sua própria igreja em Van Nuys, Califórnia – tivesse um toque de pregador, porém acabou não gostando tanto da bagagem que vinha junto com isso. Jackson insistiu em continuar sendo um pastor na região de Los Angeles mesmo enquanto cumpria seus deveres como técnico em Oakland. Ser um pastor é estar integrado na comunidade de um jeito que deixa difícil sair da região. Você tem raízes profundas e questões contínuas para resolver.
O Warriors não estava exatamente preparado para ver seu técnico enxergar o time como um de dois trabalhos de tempo integral. Foi difícil para Joe Lacob, um judeu libertário secular, imaginar um compromisso religioso importante o suficiente para roubar horas e horas da vocação de alguém. E tão importante quanto, Lacob não estava pronto para a tendência de Jackson de tentar isolar por completo o time para protegê-lo da parte de Operações e da de negócios. Foi essa parte que acabou se provando fatal para o mandato de Mark Jackson como técnico.
Mesmo com Steph Curry se tornando uma superestrela sob o comando de Jackson e o Warriors indo aos playoffs, o final da era Jackson foi caótico. Ele não estava disposto a contratar assistentes melhores, preferindo empregar homens que nunca ameaçariam seu status como técnico principal. O assistente técnico Brian Scalabrine foi demitido efetivamente na frente de outros empregados com onze jogos restantes na temporada. Poucas semanas depois, foi a vez do assistente técnico Darren Erman ser demitido por tentar gravar o que ele sentiu ser um esforço, da parte dos assistentes favorecidos por Jackson, para prejudicá-lo. Um desses assistentes, Lindsey Hunter, acabaria ameaçando esse que vos escreve em um treino para os playoffs, rosnando que queria me ver na rua para brigar comigo. Eu escrevera um artigo que mostrava a falta de um histórico vitorioso dentre os assistentes remanescentes e aparentemente toquei num ponto sensível. É suficiente dizer que foi um tempo desorganizado para o time.
Apesar de a franquia ter se elevado sob a direção de Jackson, era fácil concluir que muito do talento presente não estava sendo otimizado durante o período. Muitos ainda acreditam que Jackson foi um bom técnico para um time jovem e que o time cresceu sob sua tutela. Jackson levou o time do ponto D para o ponto B. Há uma filosofia a respeito de técnicos dentro da NBA. Eles não são necessariamente classificados no modelo binário de “bons” ou “ruins”. Acredita-se que certos técnicos são ideais para levar um time jovem na direção certa, mas não para fazer algo melhor que isso. Eles podem elevar o teto de um time, mas chega um ponto em que tornam-se eles mesmos o teto do time. Lacob e companhia provavelmente diriam que Jackson é um desses técnicos.
Alguns enxergam essa teoria como complicada demais, acreditando no modelo binário mencionado acima. Andrew Bogut certa vez afirmou sobre a temporada de quarenta e sete vitórias de Jackson, “Um cachorro, literalmente, poderia ter nos levado a 47 vitórias”. Na offseason de 2014, após o time liderado por Mark Jackson ter perdido a série melhor de sete para o Clippers, o Warriors demitiu seu técnico.
É difícil ver o Warriors como clarividente nessa parte dos técnicos, e não só devido ao tumulto da era Jackson, mas também porque, após a demissão de Jackson, Lacob tentou atrair o ex-técnico do Magic, Stan Van Gundy, que demonstrara certa facilidade em empregar um ataque carregado de arremessos de três pontos. No fim, sua oferta foi superada pelo Detroit Pistons, que deu a Van Gundy um papel duplo como técnico e GM, um poder tentador, se não corruptivo, para alguém que fora expulso de uma cidade por sua superestrela, em Orlando. Em retrospectiva, a contratação de Van Gundy provavelmente teria sido um erro para o Warriors. Mark Jackson era um técnico “dos jogadores”, mais favorável a dar treinos leves e a manter o vestiário unido ao se colocar como o único aliado dos jogadores contra as intenções ingratas da administração. Van Gundy era focado em detalhes e notoriamente difícil na hora de lidar com os jogadores. “Os times sempre exageram quando tentam se corrigir”, o agente de técnicos Warren LeGarie me disse sobre as práticas de contratação dos times. “É psicologia humana. Você vai em busca do oposto do técnico que acabou de demitir, e talvez vá longe demais”. Ir de um para o outro teria sido de fato um ajuste, para dizer o mínimo.
Ao invés disso, o Warriors contratou um tipo mais tranquilo de técnico, um rebento de acadêmicos do sul da Califórnia. Ele era um homem com status e dinheiro o suficiente para evitar manter as aparências e preferir confrontá-las. Isso abriu possibilidades para o Warriors. Em um almoço em dezembro de 2014 para investidores, Lacob elogiou seu novo contratado, “Acho que ele será ótimo. E ele fez a coisa mais importante que eu queria mais do que qualquer outra de Mark Jackson e que ele se recusava a fazer, honestamente, que é contratar o melhor do melhor.” Lacob continuou, “Carta branca. Aqui está minha carteira. Faça o necessário para ter os melhores assistentes que existem no mundo. Ponto final. Fim da história. Não quero mais ouvir sobre isso. E a resposta de Jackson era… ‘bem, eu tenho a melhor equipe’. Não tem não. E com Steve, é muito, muito diferente.”
Steve Kerr era de fato diferente. Jackson animara seus jovens jogadores com elogios públicos, mas seu reinado foi, de muitas maneiras, definido por insegurança interna. Ele não permitia que seus assistentes técnicos falassem com a mídia. Esta é uma prática bastante comum na NBA, mas, nesse caso, os assistentes eram avisados para não brilharem demais. Sua recusa em aceitar ajuda complementar foi a gota d’água, de certo modo, baseada no medo. A decadência do time foi uma lição de quão desestabilizadora a insegurança pode ser para a dinâmica de um grupo. É uma força prejudicial e pulverizadora, especialmente no universo da administração de um time. Kerr não só permitiu que Lacob contratasse assistentes de alto escalão como Alvin Gentry e o já mencionado Adams, mas também era muito caloroso com eles, o que não é comum, buscando conhecer suas ideias e dando-lhes o devido crédito perante a mídia. No geral, Kerr era obcecado com as mentes de técnicos de todas as vertentes, em todos os esportes. Isto teve alguma coisa a ver com o motivo dele, quando chegou em Oakland, pronto para deixar sua marca na liga, ter futebol americano em mente.