🔒Como o San Antonio Spurs tenta parar as estrelas do OKC Thunder

Marcar um jogador fora de série é sempre uma tarefa difícil de se fazer e fascinante de se assistir. Afinal, estamos cansados de saber o que os melhores da NBA fazem, mas mesmo assim ninguém consegue pará-los. Quantas vezes não vemos comentaristas por aí dizendo para não deixar espaço para Steph Curry chutar ou, um clássico do passado que eu mesmo cansei de repetir quando torcia contra o Spurs: por que não tiram o lado esquerdo da infiltração do Manu Ginóbili?

Acontece que os melhores defensores do mundo sabem disso, tentam fazer e mesmo assim dá errado. É esse o nível de qualidade e é por isso que gostamos de ver esse nível de basquete. Esse post especial para assinantes é para analisar como o San Antonio Spurs está encarando o desafio duplo de lidar com o OKC Thunder: esse adversário não apenas um, mas dois dos jogadores mais indefensáveis da Terra. Veremos alguns lances para entender os planos defensivos de Gregg Popovich, as respostas pensadas por Billy Donovan e como, às vezes, o talento bruto passa por cima de toda essa estratégia.


Lance 1: Espaço para Kevin Durant

O OKC Thunder quer dar duas coisas para Kevin Durant, espaço para operar e o melhor confronto individual possível para ele. Nesse lance, Serge Ibaka faz o bloqueio para Durant vir do canto da quadra em direção ao passe de Russell Westbrook. O corta-luz é bem feito e obriga o Spurs a trocar a marcação, LaMarcus Aldridge acaba responsável pelo lance e não tem velocidade o bastante para contestar o arremesso do ala.

Esse lance explica também a opção de Popovich por deixar o melhor defensor da NBA nas últimas duas temporadas, Kawhi Leonard, marcando Westbrook, não Durant. O armador do Thunder gosta mais das jogadas individuais, então Leonard vai ter a chance de realmente marcá-lo. Durant, por outro lado, gosta de usar os bloqueios e, muitas vezes, Leonard acabaria tendo de trocar a marcação com algum outro cara.

Lance 2: Proibida a entrada de Westbrooks

A tentativa de colocar Kevin Durant de costas para a cesta falha neste lance, e ele volta a bola para Westbrook. Aqui vemos como é essencial ter dois grandes defensores de perímetro para lidar com o Thunder. Em uma troca forçada de marcação, Danny Green acaba responsável por Westbrook e Kawhi vai defender Durant. Nada mal!

Enquanto nós focamos a atenção nesses empolgantes duelos individuais, é a hora de olhar para os coadjuvantes: reparem em como Tony Parker está longe de Roberson, ignorando seu arremesso (péssimo) de 3 pontos para poder fechar o garrafão. LaMarcus Aldridge faz o mesmo com Serge Ibaka, que acaba desistindo e parte em direção ao garrafão para lutar pelo rebote. No fim das contas, os 5 jogadores do Spurs fecham o garrafão.

SAS

Um problema com a estratégia? Com os jogadores mais distantes dos homens que deveriam marcar, mais chance deles conseguirem espaço para ir lá brigar pelos rebotes de ataque, um talento que já é acima da média no Thunder. De qualquer forma, foi esse plano de jogo, além da inconsistência do armador nos seus chutes de longe, que explicam o seu péssimo aproveitamento neste Jogo 3 da série.

Lance 3: Na teoria é fácil

A responsabilidade de Tony Parker é fingir que marca Andre Roberson, mas deixar o jogador livre e ser, na verdade, um corpo a mais para incomodar Durant e Westbrook. Isso pode acontecer fechando o garrafão, fazendo marcação dupla ou fechando uma linha de passe mais importante. O que acontece, porém, quando, num contra-ataque, Parker se vê responsável por Westbrook?

Indeciso, Tony Parker faz a pior decisão possível: dá espaço para Westbrook, que tinha a chance de receber o passe de Durant a qualquer momento, mas ao mesmo tempo não fecha o espaço para a infiltração do ala que passou, com maestria, pela defesa de Danny Green. O técnico Gregg Popovich imediatamente pede tempo para dar mais uma bronca homérica no armador, que parece tentar argumentar alguma coisa. Imagino que seja para dizer que ele era responsável por Westbrook naquele momento, mas errou mesmo assim. Sem desculpas: ele errou e espaço é igual a cesta com esses caras.

Lance 4: Novas peças, estratégia parecida

Nesse caso temos Russell Westbrook no banco e um raro momento com o novato Cameron Payne em quadra. Mesmo assim o Spurs não muda muito seus planos: apertam a defesa sobre Dion Waiters (o Westbrook da vez) e escolhem deixar o novato Payne com todo o espaço do mundo para arremessar. Seu marcador, Patty Mills, fecha a linha de infiltração de Waiters, que é obrigado a tocar para o companheiro.

O arremesso é péssimo, mas novamente o OKC Thunder conquista uma segunda chance com Steven Adams e Enes Kanter sempre ativos na briga do rebote. É legal reparar como nenhum dos jogadores de garrafão do time sequer pensa em voltar para a defesa com velocidade, não há nenhum receio em relação ao contra-ataque do Spurs.

Lance 5: A defesa do lado da bola

Billy Donovan coloca em quadra uma versão mais ofensiva do seu principal quinteto, com Dion Waiters no lugar de Andre Roberson. E mesmo com inúmeras opções, o Thunder consegue quase não passar a bola e tentar, no fim das contas, um arremesso péssimo. Mas é claro que a bola entra, né? É o ataque do Thunder resumido em alguns segundos.

Como até comenta o Jeff Van Gundy na hora, o Thunder não aproveita o fato de Kyle Anderson estar marcando Kevin Durant. E pior que isso, o Durant nem sequer fica perto da linha dos três pontos, não se mexe, nada faz para explorar essa situação. Enquanto isso, o Spurs segue sua estratégia de marcar o lado onde está a bola. Vejam que todos os jogadores do time se concentram onde está a laranja, quanto mais para um lado ela vai, mais jogadores do Spurs se juntam por lá. Isso deixa Kevin Durant com algum espaço e Serge Ibaka ABSOLUTAMENTE LIVRE do lado oposto. O Spurs aposta em duas coisas: (1) Ibaka não vai acertar se receber a bola; (2) provavelmente não vai receber mesmo. Acertaram!

Lance 6: Sem hesitar

Aqui temos dois lances consecutivos, idênticos, mas com resultados diferentes. Vamos ver a primeira tentativa:

O OKC Thunder finge que vai fazer um bloqueio duplo para Westbrook com Ibaka e Adams, mas os dois parecem desistir e vão fazer um bloqueio duplo para Durant, que também não utiliza os corta-luzes. Tudo nevoeiro para liberar o outro lado da quadra, onde o cestinha do time vai lá para receber a bola em paz para atacar Danny Green. Tony Parker ameaça dobrar a marcação, hesita, desiste e fica novamente no meio do caminho. Nem cobre Dion Waiters, nem dobra em Durant, que faz dois pontos. O francês errou de novo.

Na posse de bola seguinte o Thunder executa A MESMA JOGADA:

Mas agora Tony Parker não hesita e parte diretamente em direção a Durant. Ele é forçado a tomar uma decisão rápida, então abaixa a guarda por um segundo e Green joga a bola para lateral. Nada como estar decidido.

Lance 7: Todo mundo participa

Uma segunda vantagem de ter Leonard marcando Westbrook ao invés de Durant está no fato de minimizar o poder de uma jogada típica do OKC Thunder, que é o pick-and-roll entre as duas estrelas do time. Durant faz o bloqueio para Westbrook, é forçada uma troca e de repente Durant com seus 2,10m de altura está sendo marcado por um armador anão. Conta o Spurs, não. É sempre Green ou Leonard nos dois, ótimos confrontos.

Mas Billy Donovan foi criativo e decidiu utilizar o bloqueio duplo. Além Durant, Ibaka faz um corta-luz para Westbrook também. No emaranhado de jogadores parados em outros corpos suados, o Spurs consegue deixar Leonard em Durant, mas quem fica com Westbrook é LaMarcus Aldridge:

Aí é talento e máxima concentração de Aldridge, que não se deixa enganar pelos dribles de Westbrook e consegue contestar com precisão o arremesso, evitando pontos importantes em um momento-chave do jogo. Essa jogada tem ainda um bônus, que mostra como a defesa do Thunder peca nessa história de comunicação: QUATRO jogadores apontam o que os outros devem fazer, mas ninguém entende e Tony Parker acaba com um arremesso sem marcação que ajuda a decidir o jogo:


Esses vídeos mostram bem como o San Antonio Spurs tem uma tática bem definida e treinada, mas também mostram que qualquer vacilo, ou às vezes mesmo sem o vacilo, as super mega hiper estrelas do OKC Thunder são capazes de pontuar. Essa série não está nada decidida, e Billy Donovan pode tentar superar a teimosia do seu elenco e criar novas estratégias para responder à defesa do Spurs.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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