O futuro incerto de DeMarcus Cousins

Na última sexta-feira o New Orleans Pelicans fez uma de suas melhores partidas no ano. Venceu o poderoso Houston Rockets, viu grandes atuações da dupla Anthony Davis e DeMarcus Cousins e ainda contou com bons momentos até de coadjuvantes como Darius Miller (20 pontos, 6 bolas de 3) e E’Twann Moore (13 pontos). E não venceram só na marra, jogaram bonito e do jeito sonhado pelo técnico Alvin Gentry: foram 36 assistências em 45 arremessos feitos durante o jogo, segunda maior marca do time no ano. Não foi perfeito porque deixaram o Rockets reagir no quarto final, mas sobreviveram e mostraram todos os elementos positivos sonhados para o time: como defender um time que tem duas TORRES que pontuam de qualquer lugar, que movimenta bem a bola e que ainda possui ajudantes que matam bolas de longe?

A vitória ainda coroou o melhor momento do Pelicans na temporada: 7 vitórias em 8 jogos, superando o Boston Celtics no meio do caminho e apenas com um imperdoável revés para o Atlanta Hawks, nos últimos segundos, como asterisco. Ao fim do jogo eles, finalmente, estariam mais perto do QUARTO lugar do Oeste do que do temido NONO que tanto flertaram ao longo do ano. Tudo bom, tudo lindo, até que a DOZE SEGUNDOS do fim do jogo, o tendão de aquiles de DeMarcus Cousins mudou o rumo de tudo…

A ruptura do tendão deve deixar o jogador fora das quadras por até dez meses e, logo, fora de toda esta temporada. É uma situação péssima para TODOS os envolvidos e deixa milhares de pontos de interrogação em um ano que deveria ser de respostas. Esta é a última temporada do contrato atual de Cousins, que poderá assinar com qualquer time a partir de Julho. No início de 2018-19 já vai ter 28 anos de idade e sem uma partida sequer de Playoff no currículo. E agora, ele segue no Pelicans, onde as coisas finalmente começavam a se encaminhar bem ou parte para um novo rumo onde possa sonhar com vitórias? E será que todos os times vão lhe oferecer um contrato máximo mesmo após uma das lesões que mais encerra carreiras no basquete?

E mesmo que DeMarcus Cousins decida ficar, o que será do próprio Pelicans? Esta era uma temporada vista como “vai ou racha” para praticamente todos os presentes. Era a última chance do técnico Alvin Gentry mostrar serviço após o time PIORAR desde a sua chegada, um ano depois de Monty Williams ter levado o time aos Playoffs. Também era a chance derradeira do General Manager Dell Demps de não ser chutado pela janela. Depois de comprometer boa parte do espaço salarial da equipe e de desperdiçar escolhas de Draft, a troca por Cousins havia sido sua cartada final para manter o emprego. O time deixa Demps lá para tentar renovar com o pivô ou chama um cara com um plano novo e assusta todos ao passar ideia de mais uma reconstrução? E ainda existe a chance do time não querer ficar com Cousins e aí ter que lidar com a insatisfação de Anthony Davis, que certamente não está feliz de se ver preso até 2020 num time que parece não andar pra frente.

Um final de temporada normal indicaria que caminho seguir, a lesão obriga todos a tomarem decisões antes de ver o fim da história. Há argumentos para dizer que o time não tinha futuro e argumentos para falar de uma clara evolução que ainda poderia dar muitos frutos. Fazer um time baseado em dois pivôs funcionar atualmente não é nada fácil, e certamente não daria certo do dia para a noite.

Se a concorrência ajudar, o Pelicans até pode seguir dentro da zona dos Playoffs nestes últimos 30 e tantos jogos de temporada. Basta Anthony Davis jogar no seu nível fora de série, os coadjuvantes ajudarem nos jogos importantes e Jrue Holiday, líder do time em saldo de pontos, assumir um maior fardo ofensivo. Mas mesmo que dê tudo certo e o time se supere em nome do amiguinho é inevitável emendar o papo com um “tá, e daí? E depois?”.

O Kevin Pelton, da ESPN, fez recentemente um levantamento para analisar como atuavam os jogadores que retornavam de rupturas do tendão de Aquiles. Para medir o desempenho dos jogadores, ele usou uma técnica criada por ele chamada SCHOENE, que faz uma estimativa de como o jogador vai atuar nos anos futuros. A fórmula leva em consideração a produção passada do atleta, sua idade, características físicass e o que jogadores semelhantes a ele produziram na mesma época da carreira. A conclusão do estudo é que apenas TRÊS dos DEZENOVE jogadores analisados conseguiram atuar no nível que era esperado deles antes da lesão:

Aquiles

O quarto pode ser Rudy Gay, dependendo de como ele terminar esta temporada com o San Antonio Spurs. Mas não se assuste com os números, o importante é o recado: é raro um jogador voltar dessa contusão atuando no mesmo nível de antes. Não é mais animador ler outra análise da lesão de Cousins, dessa vez do Tom Haberstroh no Bleacher Report.

Ele nos lembra que DeMarcus Cousins se machucou justamente no final do mês em que mais atuou na carreira: Foram 40 minutos por jogo nas últimas 10 partidas, incluindo aí 4 prorrogações e uma desgastante DUPLA prorrogação contra o Chicago Bulls alguns dias antes, onde ele atuou por 52 minutos. A sua entrevista pós-jogo diz mais sobre o seu cansaço do que qualquer número:

Some a isso mais algumas informações: a primeira é de um estudo que mostra que a ruptura do tendão de Aquiles está diretamente relacionada com a fadiga, a outra que 64% das rupturas de ligamento na NBA ocorrem nos segundos tempos de partida, quando os jogadores estão mais desgastados. Por fim, lembramos que o New Orleans Pelicans é o SEXTO colocado na NBA em ritmo de jogo, ou seja, o time disputa mais posses de bola por jogo e seus jogadores passam mais tempo em movimento correndo de um lado para o outro da quadra. Cravar razões para contusões sem ser especialista e sem analisar exames é sempre um risco, mas os sinais indicam que o corpo do pivô simplesmente não deu conta de jogar tanto tempo em um ritmo tão rápido.

Quando DeMarcus Cousins voltar, portanto, seja em que time for, a nova equipe deverá levar ainda mais coisas em consideração. Além do seu humor pouco previsível, das faltas técnicas, do histórico de conflitos, da preguiça em voltar para a defesa e do excesso de faltas, agora também entra na conta uma lesão gravíssima, o perigo dele ter que ter minutos limitados daqui para frente e o questionamento do quanto é sustentável tê-lo como pivô e ao mesmo tempo tentar ter um time com ritmo de jogo veloz. É muita pergunta para alguém que estava sonhando com um contrato máximo de 130 milhões de dólares por 5 anos para daqui poucos meses. Paradoxalmente, é surreal pensar que um dos jogadores mais talentosos e INDEFENSÁVEIS da NBA possa ser obrigado a fechar um contrato menor do que o que teria direito.

Do jeito que as coisas estão hoje, se nenhuma grande troca acontecer, apenas Atlanta Hawks, Dallas Mavericks, LA Lakers, Indiana Pacers, Philadelphia 76ers e o próprio New Orleans Pelicans poderão oferecer a grana máxima para Cousins. Os três times do Oeste, Mavs e Lakers parecem os mais desesperados para voltar a ganhar, então podem assumir o risco, mas não sei se Cousins será a primeira opção deles. Entre esses, o Pelicans está na lista não por ter espaço livre, mas pelo direito de extrapolar para manter o seu jogador. Talvez apostar em sua volta seja a única chance de sonhar em ser relevante, mas ao mesmo tempo não sabemos nem quem vai comandar o time. Um desastre completo.

A temporada perdeu um dos seus times mais enigmáticos e em ascensão, o All-Star Game perdeu um titular, o New Orleans Pelicans perdeu o rumo e DeMarcus Cousins, um dos mais talentosos desta geração, deve estar tendo pesadelos com a chance de ver seus melhores dias no passado. Uma semana para esquecer no basquete.


Mais dois jogadores importantes estão oficialmente fora desta temporada por lesão. Mike Conley, que pouco jogou ao longo deste ano, confirmou que não volta e assim matou qualquer esperança do Memphis Grizzlies voltar a jogar bem no futuro próximo. A anunciada queda do nosso amado Memphão finalmente demorou, mas chegou com tudo.

Em Oklahoma City tivemos a feia lesão no joelho de Andre Roberson, que também não joga mais neste ano:

O caso tem alguma semelhança com o do New Orleans Pelicans: time em crescimento após começo difícil e em uma temporada onde é preciso mostrar algum resultado que possa ajudar a determinar as mudanças na offseason. A diferença aqui, é óbvio, está no nível de importância de Cousins e de Roberson para seus times.

De qualquer forma, Roberson era o melhor defensor do Thunder e chave num elenco que sofre justamente por não ter peças de reposição a altura dos titulares. Desde 1º de dezembro o OKC Thunder está invicto (QUINZE VITÓRIAS e ZERO derrotas) quando o quinteto titular de Westbrook, Roberson, George, Carmelo e Adams jogam junto. Lindo, mas impressiona que só jogaram 15 jogos inteiros de 30 possíveis nesse período! Outra coisa que assusta? Essa estatística:

O número mostra a eficiência defensiva do quarteto Westbrook/George/Carmelo/Adams quando o quinto elemento do time na quadra é Andre Roberson ou outro jogador. A eficiência defensiva é o número de pontos que o time toma, em média, a cada 100 posses de bola disputadas. O número com Roberson é o equivalente a MELHOR defesa da NBA, sem ele é o equivalente a PIOR defesa da liga.

Não quero dizer que Roberson seja o GAMARRA das defesas, certamente tem muito ruído e subjetividades nessa estatística, mas é uma diferença grande demais para ser ignorada. Mostra como a coisa funciona bem com o grupo completo em quadra e como o banco não tem ninguém a altura do ala, por exemplo. Engraçado que os números de ATAQUE do Thunder pioram bastante com Roberson em quadra, mas a defesa melhora TANTO, mas TANTO que o saldo vale a pena. O sistema ofensivo da equipe até tem evoluído nas últimas semanas, mas às vezes ainda engasga e a defesa estava sendo decisiva para manter o nível lá em cima.

Será essencial achar uma solução para essa perda, seja via troca, contratação de alguém dispensado por aí ou até descobrindo algum talento esquecido no banco de reservas. Ninguém quer ver Paul George dando adeus na offseason e ficar imaginando como poderia ter sido se o time tivesse ido mais longe.


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