O melhor trabalho do mundo

 

Pivô: mamata

No último post o Danilo fez uma ótima análise da contratação do Tyson Chandler pelo New York Knicks. Eles abriram mão de seu armador titular, Chauncey Billups, e de boa parte do espaço salarial que teriam no ano que vem, que tem tudo para ser rico em bons Free Agents. Foi só mais um em muitos casos de times gastando horrores para ter o privilégio de contar com um bom pivô em seu elenco.

Sem dúvida ser pivô é a profissão mais espetacular do mundo. Dá pra ser milionário em vários esportes diferentes, mas em geral você precisa ser muito bom. Até mesmo na NBA é assim normalmente, a exceção são os pivôs. Basta você ter o físico que impressiona e o potencial para um dia, talvez, ser alguma coisa e você já fatura um contrato fora do comum, é só para esse tipo de jogador que o valor pago pela aposta no futuro é maior do que muito cara já consagrado recebe.

E por que isso acontece? Em alguns casos é por burrice dos managers, sejamos sinceros. Tem cara que fica apostando em potencial e abre o bolso, fazendo com que todo o mercado se inflacione. Mas é também porque é sim uma posição que faz a diferença. É fácil pensar e até lembrar de casos de times com ótimos armadores ou alas que eram uma porcaria. Ano passado mesmo o Chris Paul não conseguiu levar o Hornets aos playoffs e o Kobe alguns anos atrás teve média de 35 pontos por jogo e o Lakers não passou do 7º lugar do Oeste. Mas times com bons pivôs são bons mesmo quando são ruins. O Magic do ano passado jogou mal, perdeu muitos bons jogadores e sofreu com instabilidade, mas a presença do Dwight Howard lá garantiu o 5º lugar no Leste e quase uma vaga nas semi-finais de conferência. Pela sua função no time, um bom pivô rende vantagem nos rebotes, na defesa, pontos fáceis e abre espaço para arremessadores. Tudo isso sem precisar ser o melhor da história, apenas sendo bom.

Vocês devem lembrar que o Michael Jordan foi campeão sem um grande pivô. Sim, não é que só se é campeão com um grande pivô, ano passado o Heat chegou perto com o Joel Anthony, mas faz muita diferença. Vamos ver todos os times campeões desde a aposentadoria de MJ:
(Acho que já falei disso uma vez num post, mas vale repetir)

Lakers (00, 01, 02, 09 e 10): Os três primeiros títulos tinham o Shaquille O’Neal no auge da carreira, sem ele o time caiu e voltou ao topo quando somou Andrew Bynum e Pau Gasol. O primeiro um pivô nato e o segundo um ala de força que joga muitos minutos (às vezes os mais importantes) na posição 5. Ano passado Gasol jogou mal nos playoffs contra Tyson Chandler e o time foi varrido.

Spurs (99, 03, 05 e 07): Os dois primeiros títulos tinham David Robinson ao lado de Tim Duncan como pivô, os outros títulos tinham nomes bem menos nobres como Francisco Elson e Rasho Nesterovic. Mas nesse caso o Duncan, mesmo sendo um ala de força, realizava todas as funções do pivô, tomando conta do garrafão no ataque e na defesa. Como Gasol, jogava na posição 5 em momentos importantes.

Pistons (04): Ben e Rasheed Wallace formaram uma das duplas de garrafão defensivas mais imponentes da última década. Pararam Shaquille O’Neal e não deixavam os adversários fazer uma bandeja tranquila. O controle dos pontos no garrafão e dos rebotes eram o trunfo do time que derrubou o Fab Four do Lakers.

Heat (06): Mais uma vez Shaquille O’Neal foi campeão.

Celtics (08): Kendrick Perkins saiu melhor que a encomenda como bom defensor individual, mas em 2008 o time jogava os momentos decisivos com um time mais baixo. James Posey entrava no lugar de Perkins e Kevin Garnett virava a referência no garrafão. Lá o jogador de defesa do ano fechava a porta de todo mundo.

Mavericks (11): O time chegava perto, chegava perto e nunca conseguia. Dessa vez teve Tyson Chandler comandando uma defesa esmagadora e levaram o título. Chandler foi considerado por companheiros de time, técnico e imprensa como o responsável por levar a mentalidade defensiva que faltava ao time.

Ou seja, nos últimos 12 títulos não teve um único time com o garrafão fraco. Ou tinha uma super estrela que dominava o jogo ou, na pior das hipóteses, um ou dois especialistas em defesa. Agora, e armadores? O Spurs foi campeão com o Tony Parker em começo de carreira, todo cagão e burocrático. O Celtics ganhou com um Rondo que não era um décimo do que é hoje, o Lakers venceu TODOS esses com o Derek Fisher. O Mavs usou o JJ Barea no time titular durante as finais.

Não dá pra ser campeão com time mais ou menos, a liga é forte demais pra isso, mas a história recente diz que sem um bom garrafão é simplesmente impossível. Acho que isso, em parte, explica o investimento pesado em pivôs e em alguns casos também em alas-de-força. Mas isso não nos impede de fazer careta ao ver os contratos e pensar que somando o dinheiro desses grandalhões dava pra acabar com a fome na África, resolver a crise do Euro e ainda sobrava pra tomar um milkshake.

DeAndre Jordan
Los Angeles Clippers, 43 milhões por 4 anos

A oferta desse contrato foi feita pelo Golden State Warriors, mas como o DeAndre Jordan era Free Agent restrito, foi igualada pelo Clippers. Como comentamos no post da troca do Chris Paul, o Jordan é um bom defensor, que se entrosou facilmente com o Blake Griffin e que faz os seus pontos com muitas enterradas. um bom pivô, mas cheio de limitações.

O caso dele me lembra o do Andrew Bynum, que recebeu uma extensão de contrato milionária do Lakers e não era porque achavam que ele era o máximo, mas que era o que faltava para o time ser campeão. Pagaram a mais para não correrem o risco, mesma coisa que Clippers faz aqui. Jordan não vale tudo isso, não fez na carreira algo tão espetacular, mas seu talento nos tocos e nos rebotes defensivos cobrem os dois maiores defeitos do Blake Griffin, com esse exagero garantem um garrafão forte por anos a fio.

Marc Gasol
Memphis Grizzlies, 55 milhões por 4 anos

Mesmo caso de Free Agent restrito para o Gasol, a proposta original foi feita pelo Houston Rockets e prontamente igualada pelo time de Memphis. E quem diria que um dia o caçula Gasol iria receber salário parecido com o do irmão?

O Grizzlies entra na lista de times que só conseguiram alguma coisa por causa do seu garrafão. Infernizaram a vida do Spurs e do Thunder nos playoffs porque tinham Zach Randolph e Marc Gasol pegando mais rebotes ofensivos que o resto do planeta combinado e ainda acertando arremessos de meia distância, fazendo ganchos, acertando bolas de 3 decisivas e comendo as mulheres dos rivais no intervalo dos jogos. Se o Grizzlies queria ter alguma chance de voltar a ir longe no Oeste, precisava reassinar o Marc Gasol e assim o fez. Claro que os novos contratos de Gasol e Randolph deixam difícil uma renovação com o OJ Mayo no ano que vem, mas é o que falamos, hoje em dia o investimento prioritário é no garrafão. Achar outro armador bom é fácil, achar outro pivô bom e que tenha esse nível de entrosamento com o Randolph é bem complicado.

Nenê
Denver Nuggets, 67 milhões por 5 anos

Isso é muito dinheiro. MUITO. Não sei como será o contrato do Nenê em termos de valor por ano, já que geralmente o total não é dividido igualmente, mas cresce ano após ano. Porém, se apenas dividirmos por 5, isso quer dizer 13,4 milhões de doletas por temporada. Nesse ano isso significaria um dos 30 maiores salários de toda a NBA! E se considerarmos Tim Duncan, Al Jefferson, Pau Gasol e Amar’e Stoudemire pivôs, faz do Nenê o 7º pivô mais bem pago da liga, ficando também atrás de Dwight Howard e Andrew Bynum.

Não que o Nenê não seja bom, ele é e muito. No ano passado fez uma ótima temporada e fez parte das discussões para participar do All-Star Game. Mas ao mesmo tempo ele não é nenhum fora de série. Por mais que os números não digam tudo, é bem estranho ver um cara nessa altura da carreira receber um contrato tão grande sendo que nunca teve mais do que 15 pontos, 8 rebotes ou 1 toco de média numa temporada. O brazuca é ótimo, mas mesmo se considerando o valor extra dos pivôs o seu contrato assusta.

O curioso é que dizem que a oferta do Nuggets nem foi a mais alta! Que Rockets e Nets ofereceram mais e ele negou, decidindo voltar ao Nuggets. Por um lado eu entendo, já que a sua mulher é de lá, ele gosta da cidade e o time o apoiou em momentos difíceis como as suas contusões e o câncer, mas por outro ele não tinha dado uma entrevista dizendo que era hora de ganhar alguma coisa? Levar entrevista de jogador a sério é muito complicado.

Para o Nuggets, é bom para o nível do time não despencar tanto. Com Ty Lawson, Rudy Fernandez (se ele não der piti e resolver ficar na Espanha), Danilo Gallinari e Nenê dá pra manter um time aceitável. Mas sonhar com playoffs como no ano passado parece um pouco demais, Nenê vai continuar sem ganhar nada por um bom tempo.

Kwame Brown
Golden State Warriors, 7 milhões por 1 ano

Quer uma prova de como se gasta mal em pivô pelo desespero? O maior salário do Golden State Warriors é do David Lee, 11.6 milhões de dólares, atrás dele vem o Monta Ellis com 11 milhões. E os seguintes, você adivinha? Não é o Dorrell Wright, nem o Stephen Curry e nem seria o anistiado Charlie Bell. Mas é o Andris Biendris com 9 milhões, seguido agora de Kwame Brown com 7.

16 milhões de dólares em Andris Biendris e Kwame Brown! Pivô é o melhor trabalho do mundo.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

Como funcionam as assinaturas do Bola Presa?

Como são os planos?

São dois tipos de planos MENSAIS para você assinar o Bola Presa:

R$ 14

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

R$ 20

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Como funciona o pagamento?

As assinaturas são feitas no Sparkle, da Hotmart, e todo o conteúdo fica disponível imediatamente lá mesmo na plataforma.