O último passo do Processo

Sabe o clássico “só falta assinar” que todo jornalista esportivo já falou alguma vez na carreira? Às vezes é para dizer que o Drogba já é do Corinthians, em outras é para falar de um negócio já certo, mas ainda não oficializado. É nesse ponto em que está uma bombástica troca entre o Boston Celtics e o Philadelphia 76ers.

O Celtics irá mandar a PRIMEIRA ESCOLHA do Draft 2017, que acontece nesta quinta-feira, em troca da TERCEIRA escolha, que é do Sixers, e de uma escolha dos próximos anos que o time da Philadelphia é dono. Ou a do LA Lakers de 2018 ou a do Sacramento Kings de 2019. Será a do Lakers se ela for sorteada entre as posições 2 e 5, se não cair nessa altura no SORTEIO, eles ficam com a do ano seguinte. Deu pra entender o negócio? Porque agora é hora de entender as razões por trás disso!

A primeira coisa que impressiona é ver o Celtics finalmente fazendo uma troca grande. O time tem uma tonelada de escolhas de Draft e de jovens jogadores há anos e sempre hesitou na hora de fazer negócios, por que trocar agora que eles têm nas mãos Markelle Fultz, considerado o melhor jogador do Draft deste ano e, para muitos, uma certeza de se tornar um dos grandes nomes da NBA nos próximos anos? A resposta é que eles vão trocar justamente por Fultz ser tão idolatrado. Sempre frio na hora de negociar, o General Manager Danny Ainge esperou seu ativo estar no máximo de seu valor. Há alguns meses, a escolha do Brooklyn Nets era a que tinha mais CHANCE de ser valiosa, hoje ela É a mais valiosa, e fica mais ainda depois que os outros times já chamaram Fultz para treinos, avaliaram sua temporada e estão perdidamente apaixonados pelo seu jogo.

A troca faz sentido se você avalia a NBA como avaliava o saudoso Sam Hinkie, ex-manager do próprio Sixers. Ele queria sempre tirar o máximo dos ativos que tinha na equipe, mesmo que isso significasse dar uns passos para trás e perder alguns anos de muitas derrotas. Lembram do CAOS que foi quando ele decidiu trocar Michael Carter-Williams, recém vencedor do prêmio de Novato do Ano, por uma futura escolha de Draft? Acabaram com ele, disseram que ele não queria ganhar e que iria arruinar a NBA. Agora essa escolha que eles receberam lá atrás, a do Lakers de 2018, é peça-chave para eles adquirirem Markelle Fultz que, se for 10% do que promete, será mil vezes melhor que Carter-Williams, que hoje apenas mofa no banco do Chicago Bulls.

O que Danny Ainge quer, portanto, é transformar Fultz em mais coisas valiosas a longo prazo. Eles continuam com uma escolha boa nesse Draft, podendo selecionar Josh Jackson ou Jayson Tatum, por exemplo, e ganham mais uma boa escolha futura, seja para selecionar um novo jogador ou para envolver em outro negócio. O que dizem na mídia americana é que pesou o fato de existir pouco espaço para armadores no atual elenco com Celtics. Com Isaiah Thomas, Avery Bradley, Jaylen Brown e Marcus Smart, seria mais trabalhoso encaixar Fultz na rotação e dar os minutos que todo novato precisa para se desenvolver. Eu, pessoalmente, não acredito nessa teoria. Numa versão EXAGERADA, é como o Cleveland Cavaliers não draftar o LeBron James em 2003 porque eles já tinham o Darius Miles e o Ricky Davis na posição. Quando o cara é O MELHOR de um Draft você não deixa de selecioná-lo só porque no seu elenco tem uns bons role-players na posição. Faz mais sentido acreditar que o Celtics não vê tanta diferença de talento entre Fultz e outros jogadores de diferentes posições, como os citados alas Jackson e Tatum.

Outra teoria para essa troca é que ela foi necessária para o Boston Celtics conseguir finalizar outros negócios que ainda não conhecemos. Não é mistério que eles já cogitaram trocar por Jimmy Butler e Paul George, e que estão com o faro para cima do Free Agents Gordon Hayward, Blake Griffin e qualquer outro All-Star que cogite mudar de ares. A ideia é, de preferência, conseguir mais de um deles. É preciso pensar grande para bater LeBron James no Leste, né? Será que a 3ª escolha visa a troca por um jogador e a escolha do Lakers é essencial para um segundo jogador? Tudo especulação, mas parece bem claro que o Celtics não irá parar por aqui nessa offseason.

Pelo lado do Sixers, a troca sai muito cara, mas o preço alto também faz sentido. Depois de tantos anos de DERROTAS para juntar jovens jogadores, chega uma hora que chega. Depois de ver Joel Embiid e Dario Saric jogarem tão bem e ainda com a esperança de que Ben Simmons seja mesmo tudo isso, o time está com a sua base montada. Perder por muito mais tempo serviria só para frustrar os jovens jogadores que estão ansiosos para disputar coisas maiores. Nesse caso faz sentido abrir mão de uma escolha futura –a do Lakers ou do Kings— em nome de melhorar a posição neste Draft, pular da para a posição e abraçar a ideia de ter Fultz. Se tudo for como o planejado, o Sixers terá o melhor jogador de três Drafts (Embiid, Simmons e Fultz) e terá finalmente a base para começar a ambicionar coisas grandes para o futuro próximo.

Se pensarmos bem, essa é a visão que Sam Hinkie tinha antes de dar o fora da Philadelphia. Ele queria, através do Draft, imitar o OKC Thunder e juntar a sua tríade de All-Stars criados em casa. Embiid, Simmons, Fultz e Saric são a versão deles para Durant, Westbrook, Harden e Ibaka. O problema? Fultz e Simmons ainda não pisaram numa quadra da NBA e Embiid tem só 32 jogos disputados e algumas cirurgias complexas nos últimos três anos. O desenho está feito, falta ver na prática.

Em qualquer análise desse negócio é preciso tentar adivinhar o futuro ou dar um passo pra trás e aceitar que o “vencedor” só será desvendado daqui alguns anos. Demoraremos algumas temporadas para descobrir se Fultz é tudo isso, se o Celtics achou um nome tão bom quanto na 3ª escolha e que fim vai levar a pick futura negociada aqui. É sempre possível entender as razões por trás de cada negociação que envolve jovens jogadores, mas nunca dá pra cravar se está certo ou errado logo de cara.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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