OKC Thunder fisga Carmelo Anthony

Grandes poderes e grandes responsabilidades, né? É como nos sentimos agora. Depois de sortearmos a camiseta do Kyrie Irving no dia de sua troca no mês passado, repetimos a dose agora com um sorteio da camiseta de Carmelo Anthony um dia antes dele ser negociado. A NBA está em nossas mãos?! Quem manipularemos no próximo mês?

Brincadeiras à parte, bora falar desse grande negócio. Depois de MESES E MESES de novela, Carmelo Anthony finalmente aceitou ser trocado pelo New York Knicks. Ele tinha uma cláusula que poderia barrar qualquer negociação mas topou ser enviado para o OKC Thunder, que em troca mandou Doug McDermott, Enes Kanter e uma escolha de 2ª rodada do próximo Draft. Eu diria que é muito pouco para uma estrela, mas foi exatamente isso que falamos sobre as trocas de DeMarcus Cousins, Paul George e Jimmy Butler nos últimos meses. Pelo jeito o mercado simplesmente não está fácil. Ganha quem arrisca na hora certa, com o xaveco certo e tem uma boa dose de sorte.

A gente não fez o sorteio da camiseta do Carmelo pensando que a coincidência iria acontecer de novo, mas parecia que algo se movimentava nos bastidores. O dia do início dos treinamentos está bem próximo e todo time quer começar com tudo pronto, sem dramas, então era de se imaginar que Houston Rockets, Portland Trail Blazers e qualquer outro interessado por Melo estaria fazendo ligações, e que o Knicks estaria disposto a algum negócio. Nos últimos dias, comprovando que algo acontecia, o jogador, que dizia que só aceitaria uma troca para o Rockets, afirmou que também toparia negócios com o Cleveland Cavaliers e OKC Thunder. Tinha coisa aí.

Neste sábado descobrimos que o Thunder não apareceu por acaso. Eles tinham uma proposta e tinham Russell Westbrook e Paul George ligando para o colega All-Star para vender a ideia de que eles poderiam fazer algo grande por lá. Deu certo. O xaveco do Rockets empacou no fato do Knicks não querer topar o contrato gigaaaante do Ryan Anderson em troca, enquanto o do Thunder passou com Enes Kanter.

Assim como aconteceu nos casos das outras estrelas trocadas que citamos acima, deve ter muito time batendo a cabeça na mesa dizendo “poderíamos ter mandado coisa melhor”. Alguns até podem de fato enviar coisa melhor, mas essas trocas são confusas. O timing é importante, o desejo do time de não querer mandar o jogador para um rival também, e nesse caso, pela cláusula “no-trade”, o desejo do atleta era decisivo. Nos próximos dias devem vazar informações das negociações e aí ficará mais fácil descobrir quem mandou bem e quem mandou mal nessa aí. Por ora falamos de OKC Thunder, NY Knicks e da nova fase da carreira de Carmelo Anthony.

Durante muitos anos, Sam Presti, o General Manager do OKC Thunder, foi conhecido por ser o estrategista a longo prazo, o cara da paciência e que montava um time baseado em boas escolhas de Draft (Westbrook, Harden, Durant, Ibaka, Reggie Jackson, Steven Adams) e trocas e contratações pontuais por veteranos (Kendrick Perkins, Thabo Sefolosha, Patrick Patterson, Derek Fisher). Tudo isso mantendo o time dentro de um limite razoável de gastos – exigência do dono – e sem sacrificar o futuro do time.

É um jeito de ser General Manager – um outro é ser como o agressivo Daryl Morey, do Houston Rockets, que já disse que a NBA se ganha com super estrelas e que vale QUALQUER coisa para atrair uma para o seu time, não importa preço, duração de contrato ou encaixe perfeito no esquema. A ideia é: traga a estrela, resolva os problemas depois.

Pois Sam Presti resolveu mudar de estratégia. Depois de ver o time gastar demais para ser mediano na última temporada, algo que já foi bem esquisito numa franquia que trocou James Harden para evitar pagar multas por ultrapassar o teto salarial, eles resolveram tacar pro inferno esse papo de montar tudo aos poucos, com garantias para o futuro. O motivo é claro, Russell Westbrook entra em seu último ano de contrato, está no AUGE da sua forma e não deu nenhuma garantia de que irá renovar por lá. Para não desperdiçar, o time teria que ser agressivo e tentar a sorte. Pois quem diria que esse time, sem grandes ativos, jovens jogadores, boas escolhas de Draft e sequer teto salarial flexível, sairia da offseason com Paul George e Carmelo Anthony depois de abrir mão apenas de Victor Oladipo, Domantas Sabonis, Doug McDermott e Enes Kanter?! Simplesmente mágico. Ninguém diria (e ainda não diz!) que o quarteto tem grande valor de troca, mas lá estava o incansável Sam Presti tentando sem parar, criando propostas e rezando para alguém topar. O raio caiu duas vezes no mesmo lugar.

O time da cidade pequena, que sempre disse que nem briga por Free Agents porque ninguém quer morar lá, arranjou seus All-Stars na base da troca mesmo. Pelo menos por um ano – além de Westbrook, o contrato de Paul George também se encerra em 2018 – o Thunder terá um elenco experiente, cheio de estrelas e com chance e esperança de brigar pelas cabeças no Oeste.

Pensando por um lado otimista, esta pode ser a chance da gente ver a melhor versão de Carmelo Anthony, o Carmelo da Seleção Americana. Comentamos isso aqui há ANOS, que Melo é um pontuador imparável quando joga na seleção americana cercado de outros vários grandes criadores de jogada. Ao invés de ficar driblando a bola por dias e empacando o ritmo de jogo, como faz desde que chegou na NBA, na seleção Carmelo abraça o ritmo rápido e recebe a bola apenas para finalizar. Não raramente ele pouco chamava a atenção e terminava como o cestinha da equipe recheada de super mega estrelas. Ele se posiciona bem e o arsenal ofensivo é praticamente infinito. Por outro lado, essa versão do jogador só foi vista lá mesmo, naqueles curtos campeonatos onde o time era mais que favorito e superior ao resto dos adversários. Na NBA ele nunca abriu mão do protagonismo, e ele associa protagonismo a um jogo antigo, lento e individualista.

O mais desanimador de pensar na carreira de Carmelo Anthony é ver que ele é capaz de tudo. Ele defende mal? Sim, mas já vimos bons momentos. Passa bem a bola? Sim, mas raramente se dá ao trabalho. Sabe ser um bom líder? Sem dúvida, mas pode estragar um vestiário com desanimo, ciúme bobo e falta de comprometimento. Que garantia temos de que Carmelo vai aceitar dividir funções com os controladores Westbrook e Paul George, dois que também têm a tendência de só se motivar quando fazem tudo sozinhos? Claro que hoje eles estão felizes e empolgados, mas bate o medo de como vão lidar quando o entrosamento não vier no automático.

No papel, o poder de fogo é infinito. Imaginem quando Westbrook, George, Carmelo e Patrick Patterson estiverem em quadra ao mesmo tempo, é arremesso que não acaba mais, pra todo lado e com espaço na quadra. E combinações com Andre Roberson e Steven Adams podem ainda manter o time alto, físico e com bons reboteiros, como é a identidade da equipe. Para isso acontecer, porém, é preciso o técnico Billy Donovan quebrar a cabeça, colocar todo mundo na mesma página e fazer os três jogadores funcionarem ao mesmo tempo. É um desafio tático, que precisa de boas ideias, mas também psicológico. É necessário convencer todas as partes de que essa solução tática vai funcionar para todos.

Não dá para Russell Westbrook, por exemplo, começar e terminar todas as jogadas. Paul George não pode parecer desinteressado e ficar parado quando o lance não for para ele. E Carmelo Anthony não pode só ficar esperando a bola na sua mão para brincar de 1-contra-1. E existe a questão da posição 4, a de ala-de-força. Num mundo ideal, é lá que Paul George e Carmelo Anthony iriam atuar eventualmente. Abriria espaço na quadra, deixaria o time mais ágil e permitira usar Andre Roberson na posição 2, criando um quinteto versátil que poderia defender com inúmeras trocas de marcação. Mas tanto George quando Carmelo já estiveram em times onde foram solicitados para jogar nessa posição e os dois resmungaram, implicaram e acabaram desistindo. Eles não gostam de receber a bola no perímetro menos vezes, não gostam das obrigações de fazer corta-luzes a toda hora e muito menos de ficar lá no garrafão, seja na defesa ou no ataque, se engalfinhando com caras mais altos em busca de rebotes. Não sei se vão topar a brincadeira agora.

Se algo pode fazer os três finalmente toparem algum sacrifício é a experiência. Os três jogadores já tiveram bons momentos coletivos na carreira, já disputaram jogos grandes e nenhum deles ganhou um campeonato. Todos do trio veem esses grandes momentos no passado cada vez mais distante e apanharam nas últimas temporadas ao ficarem cercados de jogadores limitados. Essa é uma chance de ouro para todos eles. Também está na hora das estrelas da NBA pararem de só xingar o Golden State Warriors e começar a tentar aprender com o que eles fazem direito. Lá Klay Thompson pouco toca na bola, Steph Curry faz uns 15 corta-luzes por posse de bola, Kevin Durant joga até de pivô e Andre Iguodala topa ser reserva. Ganhar alivia esses sacrifícios, é claro, mas esses sacrifícios tem que começar em algum momento.

O OKC Thunder, portanto, resolveu ir com tudo para brigar por um título. Juntou um trio de estrelas, pagou para manter bons coadjuvantes (Roberson, Patterson e Adams serão fundamentais) e terá um ano para mostrar para Westbrook e George que vale a pena ficar lá para tentar mais vezes. Não há qualquer garantia de sucesso ou sintonia, mas o jogo é esse: não havia razão para manter um time médio. Arriscaram, mudaram, fizeram negócios que pareciam impossíveis e agora parecem entrar de vez no Top 4 do poderosíssimo Oeste com Warriors, San Antonio Spurs e Houston Rockets.

Fica o recado de Enes Kanter, que se apegou à cidade de Oklahoma após ser deserdado pela família e chutado do seu país por desavenças políticas: “Obrigado por tudo e vençam o Golden State Warriors por mim”


O New York Knicks, se tem algo para celebrar, é o fim da novelinha chata. Depois de tanto tempo, iremos acompanhar jogos deles sem passar o tempo todo discutindo sobre as baboseiras de Phil Jackson ou se/quando Carmelo Anthony dará o fora. Finalmente Kristaps Porzingis vai poder dar uma entrevista sem falar sobre se o time é dele ou do veterano, de uma vez por todas os comentaristas não vão relembrar como o time PÍFIO está desperdiçando os últimos bons anos de Carmelo. Agora é só mais um time jovem, com alguns bons jogadores, nenhuma mega estrela como dirigente e buscando seu lugar ao sol. O que eles receberam em troca do jogador não deve fazer qualquer diferença, mas o alívio de virar a página e iniciar uma nova fase já é considerável.

Será interessante para o time ter Enes Kanter, uma máquina de fazer pontos e excelente reboteiro ofensivo. Sua péssima defesa sempre machuca, mas não sei se eles vão poder se dar ao luxo de deixá-lo muito tempo no banco. Vão precisar da sua capacidade de pontuação. Falta só ver se o novato Frank Ntilikina ou o recém-chegado Tim Hardaway darão passes tão bons para ele no pick-and-roll como fazia Westbrook. Interessante também dar mais uma chance para Doug McDermott, mas alguém ainda acredita que sai alguma coisa de lá? Pelo menos aqui a concorrência será menor. E a escolha de 2ª rodada que chegou é do Chicago Bulls, então grandes chances dela ficar bem colocada e pode ser negociada no futuro. Repito: receberam muito pouco, mas não sei se tinha algo melhor nas condições atuais. Os outros time sabem do desespero do Knicks e sabem que Carmelo Anthony precisava aprovar a troca, eles não tinham muita margem para negociar.

Agora falando sobre o cenário geral da NBA: é mais um All-Star que sai do Leste para o Oeste. A diferença das conferências já é gigantesca há mais de uma década, e nos últimos meses times do Leste perderam Jimmy Butler, Paul George, Carmelo Anthony e Paul Millsap, enquanto o Leste ganhou apenas Gordon Hayward. Qual a chance de um cara beeem mais ou menos acabar com uma vaga no All-Star Game pelo Leste nesse ano? Teremos um novo Jrue Holiday no jogo que deveria reunir os 30 melhores jogadores do mundo…

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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