Paciência, jovem Phoenix Suns

Se tem um time que teve uma semana para jogar no lixo, é o Phoenix Suns. Em um período de poucos dias eles passaram pela vergonha incomparável de perder em casa para o Philadelphia 76ers,  viram seu melhor jogador, Eric Bledsoe, machucar o joelho e perder o restante da temporada, e dois assistentes técnicos foram mandados embora, deixando o treinador Jeff Hornacek com a corda no pescoço. Para completar, a briguinha interna envolvendo o ala Markieff Morris ainda não foi superada mesmo após o pedido de desculpas do ala. Pelo jeito, se dizer arrependido VIA TWITTER por ter JOGADO UMA TOALHA no técnico não é o bastante, tem que ser pessoalmente.

A expectativa para uma boa temporada do Phoenix Suns não é coisa de hoje, desde que eles conseguiram 48 vitórias e um surpreendente 9º lugar no Oeste há dois anos, espera-se que o time deslanche. Aquele foi o primeiro ano de Hornacek como treinador e o time encantou a NBA com um jogo veloz e bem eficiente, a própria torcida se empolgou ao ouvir do seu comandante que ele queria voltar a um jogo veloz de pick-and-roll, dizendo que essa era a cara da franquia. Algo como chegar no Grêmio dizendo que você quer um time raçudo e brigador, já ganhou a galera.

De lá pra cá, porém, só decepções. Desde as brigas por controle da bola entre Goran Dragic, Eric Bledsoe e Isiaiah Thomas, até as ALTAS CONFUSÕES entre os gêmeos Morris e agora um time jovem que simplesmente não engrena. Além a ironia mortal de ter sofrido no ano passado por excesso de armadores e neste estar no brejo por falta deles, reclamando de como Brandon Knight não é um criador de jogadas de verdade. Tem solução para esse time? E como se reconstrói um time que já está em reconstrução?

Eu posso ser só um cara medroso demais, mas acho que na maioria dos casos a melhor coisa é ter paciência. Embora já pipoquem histórias de que os jogadores não tem mais respeito com Hornacek, ele se mostrou um técnico com ótimas ideias nos últimos anos, não parece ser o caso de mandar ele embora. O próprio Suns é um exemplo disso. Eles tinham na mão Alvin Gentry, bom técnico que levou o time até a final do Oeste, mas decidiram trocar de comando após algumas temporadas abaixo do esperado. Na hora de chamar alguém para seu lugar, ao invés de buscar os principais assistentes do time, Dan Marjele e Elston Turner, promoveram o ex-jogador Lindsay Hunter, na época um mero treinador individual de jogadores, para o cargo principal. Os outros assistentes, revoltados, pediram o boné, Hunter foi um desastre como treinador (dizem que não tinha nenhum jeito para a função) e o time afundou por meia temporada, sendo revitalizado só depois pelo próprio Hornacek. E pior, ainda assistiram Alvin Gentry ir para o Golden State Warriors e se tornar o coordenador ofensivo que idealizou boa parte do ataque que está devastando a NBA.

Portanto, se o time resolver mandar Hornacek embora, é bom que tenham um belo plano para não repetir o desastre da última vez que resolver apertar o reset. Mas se não mexer no técnico, é possível que talvez tenham que chacoalhar boa parte do elenco, porque alguma coisa não está rolando. E aí a coisa fica complicada, porque a gerência da equipe fez um bom trabalho em juntar jovens talentos e vai hesitar antes de se livrar deles.

[image style=”” name=”on” link=”” target=”off” caption=”Alguém me tira daqui pfvr”]http://bolapresa.com.br/wp-content/uploads/2016/01/Suns_Hornacek.jpg[/image]

Tudo começa com a dupla de armação. O sonho de Hornacek é atuar com dois armadores principais para ter dois caras capazes de iniciar os ataques a base de pick-and-roll da equipe. O Suns gosta de iniciar o lance assim e depois virar o jogo para fazer um segundo pick-and-roll para forçar o adversários a inúmeras movimentações e trocas de defesa. Para isso conseguiram a sorte grande de ter Eric Bledsoe, jogador completo que ataca, defende e que está melhorando seu arremesso de três pontos. O lado negativo, para não dizer desesperador, é ter sua estrela de 26 anos com duas cirurgias nos joelhos no histórico médico.

Encontrar o parceiro para Bledsoe deu trabalho, mas Brandon Knight parece ter sido uma boa decisão. Além de ainda muito jovem, só tem 24 anos, ele, ao contrário de Dragic e Thomas, está mais para a segunda posição de armador. Então ele ao mesmo tempo pode fazer essa ajuda a Bledsoe sem reclamar que passa boa parte do jogo sem a a bola na mão. O lado ruim? Ele ainda toma más decisões quando precisa organizar o jogo, o que fica claro demais quando Bledsoe está fora do jogo, o que agora é a regra até o fim do ano. Sabe como elogiamos o Golden State Warriors e o San Antonio Spurs por terem bons passadores em todas as posições? Pois é, em alguns quintetos o Suns não tem um grande passador em NENHUMA posição da quadra.

Talvez esse seja o grande defeito do time, porque o resto da equipe está recheado de jovens talentos bem interessantes. Devin Booker é o queridinho dos olheiros de plantão, o novato ainda não tem números acima da média, mas sua movimentação de bola é exemplar e o moleque sabe arremessar. Algo entre JJ Redick e Klay Thompson pode sair dali, é só investir e ter paciência com o menino. A questão é só que um cara desse tipo precisa de um time organizado e de bons passadores para o encontrar, só ver como Redick deslanchou de vez assim que virou parceiro de Chris Paul. Será que Booker terá isso no futuro próximo?

Outro jovem bem animador é TJ Warren. Ele tem um estilo de jogo vindo diretamente dos anos 80, com arremessos de meia distância e excelente movimentação sem a bola, é minha aposta para quem vai herdar boa parte dos pontos que Bledsoe não vai mais fazer. O ponto é, novamente, que ele não cria para ninguém. Warren é um tipo de pontuador que nenhum time reclamaria em ter, mas que não costuma forçar defesas a se adaptar, não atrai marcações duplas ou comanda pick-and-rolls. Isso, aliás, é o que mais vai exigir adaptações de Jeff Hornacek: o time não vai mais sobreviver só a base desse lance, vão precisar de mais jogadas desenhadas, precisam ser mais quadrados e talvez até mais lentos. Não dá pra viver no improviso e nos passes do elenco que está agora na quadra.

Por fim, eles ainda tem Alex Len, um promissor pivô de apenas 22 anos que está em sua terceira temporada na NBA. O ucraniano sofreu horrores nos seus primeiros anos, mas nessa temporada mostrou bons lances e disse que tem feito a diferença receber instruções de Tyson Chandler. Aliás, esse não é o sonho de todo time? Eles tem 13 jogadores com 5 anos ou menos de experiência e, como mentor, um pivôzão que já conquistou o título da liga e foi eleito o melhor defensor da NBA. Até em role players eles parecem ter feito bem, com Jon Leuer (um favorito alternativo Bola Presa), PJ Tucker e Mirza Teletovic. 

Embora nem todas as apostas tenham dado certo, em especial Archie Goodwin, que pareceu bom em seu primeiro ano e depois só andou para trás, o time soa como um que está no caminho certo. Parece um caso de uma equipe que se atrapalhou por ter ficado boa demais antes do esperado, criando uma expectativa que não eram capazes de entregar.

Suns

A situação fica ainda mais esquisita de ser avaliada porque o time começou bem a temporada. Chegou a figurar na lista de classificados para os Playoffs e após algumas semanas do ano esteve no Top 7 da liga tanto em eficiência ofensiva (pontos por posse de bola) como em eficiência defensiva. Um pouco mais de um mês depois disso, são 20º e 21º, respectivamente, nessas categorias. A imagem acima, via NylonCalculus, mostra o saldo de pontos do time jogo após jogo, lá pela partida 13 ou 14 a coisa começou a desandar FEIO. Da identidade inicial do Suns, apenas a velocidade é a mesma, com o time sendo o terceiro que mais gera posses de bola por jogo.

[image style=”” name=”on” link=”” target=”off” caption=”Vamos combinar, quem joga de pijama merece perder”]http://bolapresa.com.br/wp-content/uploads/2016/01/Suns3_uni.jpg[/image]

As próximas semanas irão definir o futuro do time e de Hornacek, mas, por incrível que pareça, a lesão de Bledsoe pode ter sido boa para o treinador. Sem a grande estrela do time por perto, parece precipitado tentar mudar tudo, afinal não vão para lugar nenhum mesmo que contratem o melhor técnico do mundo. E se o plano é afundar o máximo possível para se dar bem no Draft, que mantenham Hornacek perdendo por lá. Por fim, é bem mais fácil escolher um novo líder durante a offseason, quando mais técnicos, da NBA ou até universitários, estarão disponíveis no mercado.

Uma perigosa, triste e preocupante lesão pode ter criado uma situação da qual o Suns pode se aproveitar. Podem manter o técnico, buscar assistentes novos que possam entregar o que falta ao time e ainda terão tempo e menos pressão para desenvolver esse jovem e promissor grupo. Se for para mudar alguma coisa, e acho que ao menos um pouco eles vão querer mudar, o esquema é mexer em Markieff Morris. A liga inteira está babando por jogadores como ele, alas altos que arremessam de longe, e apesar dos problemas de comportamento deve ser possível conseguir algo de valor pelo jogador. Difícil falar isso para quem torce ou estar envolvido, mas fazer menos e esperar mais pode resolver boa parte dos problemas em Phoenix.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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