Começamos falando das quatro séries de Playoff que começam neste sábado. Veja o calendário aqui!
Toronto Raptors (2) x Indiana Pacers (7)
Nunca quis alimentar muitas maldições, zicas e tabus aqui no blog. Eles são legais de comentar na hora da brincadeira, mas explicar algo com isso é complicado. Mas não dá pra ignorar o impacto dessas coisas na cabeça de quem está lá dentro da quadra decidindo os jogos. Se um jogador acredita que é amarelão, amaldiçoado ou condenado pelo CAPETA, há mais chances dele perder totalmente a concentração e fazer bobagens no final de uma partida.
Isso tudo para lembrar que o Toronto Raptors teve bons times e mando de quadra na primeira rodada dos últimos dois Playoffs. Em 2014, pegaram o experiente Brooklyn Nets e perderam dois jogos em casa: o primeiro e o último, o sétimo, com um toco decisivo de Paul Pierce. No ano seguinte, algo mais dolorido do que perder no segundo final em casa, uma varrida. Não viram a cor do Washington Wizards! Perderam os dois primeiros jogos em Toronto e nem tiveram a chance de retornar.
Cito anos anteriores porque, novamente, o Raptors mostrou ao longo da temporada que é o melhor time. Não é só número de vitórias, mas no basquete apresentado, desde os seus melhores dias até a consistência. O Raptors era melhor que Nets, Wizards e, hoje, do Indiana Pacers. Mas e se Paul George, um jogador capaz de tudo numa quadra de basquete, resolver fazer um jogaço neste sábado, carregar o time nas costas e abrir vantagem para seu Pacers? Como a cabecinha desse traumatizado time irá reagir? São muitos dos mesmos jogadores, não tem muita gente com experiência de ir longe nos Playoffs, eu não coloco minha mão no fogo.
O Raptors costuma dominar seus jogos com alguns truques: o primeiro é diminuir muito o ritmo do jogo. Não correm no ataque, não apressam as posses de bola, voltam rápido para não sofrer com contra-ataques. Também dominam os rebotes de defesa, cedendo poucos pontos de segunda chance. Por fim, com Kyle Lowry e especialmente DeMar DeRozan, desgastam o time adversário com infiltrações e muitos, muitos lances-livres. Mesmo em um jogo lento (com menos posses de bola por partida) o Raptors é o terceiro time da liga em lances-livres tentados por jogo.
Para responder a isso o Indiana Pacers provavelmente vai tentar usar sua maior força, a defesa de perímetro, para forçar o Toronto Raptors a tocar mais a bola longe do garrafão ao invés de viver lá dentro. Por sorte, seus melhores defensores, George Hill e Paul George, podem ser encaixados na poderosa dupla de armação do Raptors. Os arremessos de longa distância do Raptors, que eles até sabem criar, ficam na mão de jogadores de menos expressão e experiência: Terrence Ross e Patrick Patterson, por exemplo. Será que eles respondem? Patterson foi um dos melhores reservas de toda a temporada, todos os quintetos com ele estão entre os melhores do time, mas é um daqueles caras que ainda precisa de um grande jogo de Playoff para entrar no radar de um torcedor comum. Na hora das trocas de marcação, capaz do Pacers pagar para ver.
O maior desafio do Pacers, porém, pode estar no outro lado da quadra. O ataque do time, que deveria melhorar muito com o small ball que adotaram nesse ano, é uma confusão sem fim. A defesa, que deveria perder valor com um time mais baixo e a despedida de Roy Hibbert, segue de altíssimo nível. Por que insistimos em fazer previsões? Não sei.
O time de Frank Vogel virou piada até na internet porque acumulou muitos jogos onde jogaram partidas disputadas no lixo. Minuto final, bola na mão do Monta Ellis em um pick-and-roll embolado que não acaba em nada? Virou marca registrada quase. Eles vão precisar de mais disciplina e menos turnovers para vencer. O Raptors dá poucos arremessos para o adversário por jogo, a partida é lenta e cada posse de bola mal pensada é um baita prejuízo.
Fatores decisivos
Pelo Pacers, o ritmo de Paul George pode ser decisivo. Sua versão sangue nos olhos daquelas séries contra o Miami Heat há alguns anos é o tipo de coisa que muda séries de Playoff. Sua postura às vezes passiva no ataque, satisfeito com milhares de arremessos pouco inteligentes de longa distância, nem tanto. No Raptors, como estará DeMarre Carroll? Correu risco de voltar só no fim do mês, mas voltou antes. Será que chega em forma para marcar George? Será que está com físico para jogar como ala de força no small ball, como foi sonhado no começo do ano? Veremos.
Maldição Bola Presa
Tá na hora de aprender a lidar com as emoções, né? Raptors faz um bom primeiro jogo, embala e vence.
[image style=”” name=”on” link=”” target=”off” caption=”Um assassino com cara de bebê enfrenta A PESTE: imperdível”]http://bolapresa.com.br/wp-content/uploads/2016/04/WarriorsRockets.jpg[/image]
Golden State Warriors (1) x Houston Rockets (8)
Não vamos dizer que são imbatíveis, isso é urucubaca demais, mas como apostar contra um time que acabou de fazer a temporada regular mais vitoriosa de todos os tempos? O Golden State Warriors disputou 26 jogos contra seus adversários de Playoffs do Oeste, foram 23 vitórias e apenas 3 derrotas. Uma para o San Antonio Spurs, uma para o Portland Trail Blazers e uma para o Dallas Mavericks, esta sem Steph Curry. Eles têm que perder QUATRO em duas semanas para caírem fora.
Feito o óbvio favoritismo, o que um time deve fazer para ter chance contra o Warriors? Ótimos defensores individuais de perímetro, uma rotação defensiva atlética e organizada para limitar as trocas de passes, forçar turnovers, ter um ataque poderoso e um banco de reservas que não seja massacrado pela trupe de Andre Iguodala e Shaun Livingston.
O Houston Rockets teve a 9ª PIOR defesa da NBA, tem um ataque previsível e o banco de reservas é uma incógnita a cada jogo. Foi um dos piores no começo do ano, depois melhorou com a chegada de Michael Beasley (vai entender!), mas nem tanto assim. Forçar turnovers, porém, é a especialidade do Rockets. Será que o Golden State Warriors cai nas armadilhas que o Rockets gosta de forçar, com Trevor Ariza, Patrick Beverley e Corey Brewer? Acho difícil, mas a pequena chance do time passa por isso.
O meu grande porém nesse duelo é a irresponsabilidade do Rockets em quadra. São muitos erros no ataque, muita desatenção na defesa, falta de comunicação e erros bobos. O Warriors monta em cima de quem faz isso. Eles batem em boas defesas, mas simplesmente BRINCAM com as ruins. Claro que Beverley é um bom defensor e pode atrapalhar Steph Curry, mas o Warriors é especialista em forçar o outro time a trocar o marcador de Curry. Basta fazer alguns bloqueios, pick-and-rolls ou simplesmente deixá-lo jogando sem a bola e correndo em círculos. Dê uma pequena complexidade à jogada e o lance termina com Donatas Motiejunas num mano-a-mano cruel com Curry. Se algo que os times que deram trabalho para o Warriors têm em comum é justamente a disciplina e o entrosamento defensivo. Não é o caso do desconexo Rockets.
Fatores decisivos
O Rockets pode ao menos complicar a série se conseguir pegar o Warriors de surpresa. E se jogassem com Motiejunas, Terrence Jones e Dwight Howard ao mesmo tempo? E se começassem com Motiejunas de pivô titular e usassem Howard contra o time reserva do Warriors, que é menos cruel na velocidade e bolas de três pontos? E se botarem Ariza como o cara mais alto do time? Sei lá, se algo vai bater o Warriors, provavelmente é algo que não vimos até agora.
Para o atual campeão, o importante é não ter preguiça, não ter soberba e não achar que a vitória é só questão de tempo. Não podem contar só com talento. Quanto mais se mexerem, menos Beverley marcando Curry e mais bolas na cesta.
Maldição Bola Presa
VASSOURA!
[image style=”” name=”on” link=”” target=”off” caption=”Vivi pra ver: Kent Bazemore titular em um time de Playoff”]http://bolapresa.com.br/wp-content/uploads/2016/04/HawksCeltics.jpg[/image]
Atlanta Hawks (4) x Boston Celtics (5)
Está aí uma das séries mais difíceis de se prever nesses Playoffs. Vou descrever um time dessa série e vocês vão tentar adivinhar qual é, beleza? Beleza: tem um técnico muito bom, ainda em começo de trabalho, mas que conseguiu colocar sua marca no time. Essa equipe passa muito a bola, tem um ataque NADA egoísta e compensa a falta de uma mega estrela com vários role players que, nesse grupo, fazem sua melhor temporada. O melhor jogador do time, embora não seja visto como All-Star por todos, pode fazer a diferença. Essa equipe é uma potência defensiva apesar de não ter um pivô gigante distribuidor de tocos e chama a atenção por sua entrega e disciplina.
Respondeu Atlanta Hawks pensando em Mike Budenholzer e Paul Millsap? Acertou em cheio. Respondeu Boston Celtics pensando em Brad Stevens e Isaiah Thomas? Também acertou. Esses dois times podem ter detalhes diferentes, mas nas linhas gerais existem muitas coincidências.
Uma diferença que pode ser interessante de se acompanhar envolve o tamanho dos times que entram em quadra. O Celtics sempre usa pivôs, desde Amir Johnson até Tyler Zeller, mas adora, especialmente em finais de jogos, entupir o jogo com armadores em todas as posições e Jae Crowder como o cara mais alto. O Hawks, por outro lado, dificilmente finaliza um jogo sem os seus dois jogadores de garrafão, Millsap e Al Horford. Isso não quer dizer que os estilos são tão diferentes, já que a dupla de Atlanta é bem ágil e não se incomoda nem um pouco em trocar passes fora do garrafão. A questão aqui é: o Celtics vai arriscar esse time baixo por quantos minutos por jogo? O Hawks vai alterar suas jogadas para usar Millsap e Horford mais próximos da cesta e tentar explorar esse suposto mismatch?
Embora o Celtics não chame a atenção por seus rebotes, especialmente os de defesa, estão bem na frente do Hawks, que é o SEGUNDO PIOR TIME de toda a NBA em Rebound Rate, a estatística que calcula qual a porcentagem de rebotes que um time pega em todas as situações possíveis durante um jogo. Isso pode ser um peso complicado ao se enfrentar o terceiro melhor da NBA em rebotes de ataque. Atenção para isso!
No ano passado o Hawks sofreu nos Playoffs porque era incapaz de transformar todos os arremessos sem marcação que criava em cestas. Os caras ficavam livres, mas a bola insistia em não cair. Nesse ano, para piorar, estão sem o mesmo aproveitamento da mágica temporada 2014-15, Kyle Korver não é sombra do que fez naquele ano e estão sobrevivendo mais com uma defesa fora de série (a 2ª melhor em pontos sofridos por posse de bola) do que com seus chutes.
Já o Celtics, apesar de ser o 6º time que mais dá assistências na NBA, é apenas o 28º em aproveitamento de arremessos. É o lado ruim da narrativa “time voluntarioso sem estrelas”, às vezes falta gente com talento puro pra colocar a coisa laranja naquele arco pendurado a 3,05m do chão.
Fatores decisivos
Com dois times tão parecidos, seus fatores também são os mesmos. A defesa, dedicação e plano tático devem se equivaler, mas quem vai ser o primeiro a começar a colocar a bola na cesta? Esperemos para ver se algum time vai ter uma combinação de coadjuvantes aleatórios decidindo jogos (Kent Bazemore? Evan Turner?) ou uma das duas estrelas subestimadas vai tomar conta de um quarto período. Eu consigo imaginar Isaiah Thomas marcando 20 pontos em um quarto ou Paul Millsap com um jogo de 20 pontos, 20 rebotes e 5 tocos.
Maldição Bola Presa
Hoje de manhã pensei uma coisa, depois outra, depois mais uma. Na dúvida, acabo sendo covarde e apostando em quem joga o último jogo em casa. Vai dar Hawks!
[image style=”” name=”on” link=”” target=”off” caption=”Todos nessa foto ganharam o total de 1 (um) prêmio de jogador da semana ao longo desta temporada”]http://bolapresa.com.br/wp-content/uploads/2016/04/ThunderMavs.jpg[/image]
OKC Thunder (3) x Dallas Mavericks (6)
Lembram do OKC Thunder entregando lideranças no quarto período contra o Golden State Warriors duas vezes seguidas? Seria ruim por ter sido contra um adversário direto pelo título, mas vira trágico por ser só duas das muitas vezes que eles jogaram partidas no lixo. Aconteceu o ano inteiro! E isso que, segundo dados do John Schumann, da NBA.com, a dupla Westbrook/Durant arremessou 70% dos arremessos do time em situações denominadas ‘clutch‘, que são aquelas nos últimos minutos do jogo com uma diferença de menos de 5 pontos no placar.
Aprendemos que apesar de ter dois dos melhores jogadores do planeta, isso nem sempre é o bastante quando a água bate na bunda. O motivo é claro e o mesmo desde os anos anteriores: o time previsível demais. Culpávamos Scott Brooks, mas Billy Donovan chegou e não vimos uma revolução tática. O próprio Brooks comentou isso ao longo do ano, dizendo que não era assim porque ele queria, mas ocorria por falta de opção. Não há muito o que inventar quando o resto do elenco é limitado no ataque, especialmente quando os caras mais versáteis no ataque comprometem na defesa (estou olhando para você, Enes Kanter).
Isso vai totalmente de encontro ao Dallas Mavericks, que é o time onde qualquer um pode aparecer para decidir um jogo. O esquema tático de Rick Carlisle é bem democrático e ótimo em dar chances para todos os jogadores. Ninguém é escondido no ataque, o elenco é montado com dúzias de jogadores que podem criar alguma coisa no drible, muitos arremessadores e ótimos passadores. É ruim que Chandler Parsons esteja machucado, mas Deron Williams, Raymond Felton e especialmente JJ Barea foram decisivos na corrida maluca do Mavs neste último mês. É sério, qualquer um pega fogo nesse time.
O teto deles, porém, é definido por Dirk Nowitzki. Até a parada do All-Star Weekend, o alemão estava VOANDO, depois disso começamos a lembrar que ele já tem 37 anos nas costas. Um dos motivos para o ataque do Mavs parecer tão cheio de espaço está na FORÇA GRAVITACIONAL que Nowitzki provoca com seu poder de fogo. Onde ele vai é seguido por algum defensor, pick-and-pops são impossíveis de marcar desde sempre. Eles superaram a fase difícil de Nowitzki com muita defesa: nos 15 jogos que fizeram em Março, sofreram quase 110 pontos a cada 100 posses de bola, nos 7 jogos em Abril, tomaram somente 97,7.
Gosto da definição do Amin Elhassan, da ESPN, que diz que existem dois níveis de defesa. O primeiro é a defesa individual, que é estar na frente do atacante e saber o que fazer, como se movimentar, etc. O segundo nível envolve o time inteiro, a comunicação do que fazer em situações rápidas e complexas. Quando trocar, onde se posicionar quando a bola está do outro lado da quadra, como agir quando os matchups trocam durante um contra-ataque. O OKC Thunder é muito bom no primeiro tipo, mas peca no segundo. O Mavs é o contrário.
Fatores decisivos
Para explorar essas falhas defensivas do Thunder o Mavs precisa de todos os seus jogadores engajados, inspirados e com pontaria certeira. Não tem acontecido sempre, mas contra o Thunder não vai dar pra jogar um por vez. Sem dúvida que Rick Carlisle vai criar maneiras de complicar a vida do Thunder, mas é o jogador que acerta o arremesso. Dá pra não mudar o estilo de jogo desse último mês mas acertar os chutes de longe?
O OKC Thunder precisa acelerar o jogo. Essa insurgência defensiva do Mavs não chegou do nada, veio junto com um ritmo de jogo muuuuito mais lento, que diminuiu em 7 posses de bola por partida a média da equipe. Jogo amarrado, transição defensiva, defesa por zona e garrafão congestionado é tudo o que Russell Westbrook NÃO quer ver pela frente. E se for possível resolver tudo antes dos minutos finais…
Maldição Bola Presa
Vejo o Mavs complicando essa série, fazendo alguns jogos difíceis e até vencendo em casa, mas para por aí. Achamos mais defeitos do que devíamos no Thunder porque a NBA nos apresentou times INSANOS neste ano, mas numa temporada padrão eles seriam amplos favoritos. Devem levar.