Primeiras confusões

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UConn + Pistons = Foto brega

A temporada mal tem duas semanas de vida e já temos confusões entre técnico e jogadores e times em crise. Se fosse o Brasileirão já tinha técnico no olho da rua. Felizmente não temos demissões de treinadores após cada rodada na liga como no futebol brazuca, imagina 82 técnicos demitidos por temporada! Daria para um mesmo técnico passar por todos os times mais de uma vez. Só não damos a idéia para os donos de time, porque é bem capaz deles acharem que é uma solução moderna e inovadora. Times estão em crise e perdendo dinheiro, uns podem culpar a economia, outros eles mesmos.

Mas uma coisa o basquete e nosso futebol sagrado de cada dia tem em comum, crises estão sempre relacionadas a derrotas. Só ver o Detroit Pistons, que junto com o Houston Rockets são os únicos times que ainda não venceram na temporada. O Pistons não tem jogado muito mal, mas tem perdido. A dupla de armadores com Rodney Stuckey e Ben Gordon pareceu, durante uns dois ou três jogos, a mais empolgante da NBA. Não a melhor, claro, mas divertia pelos dois serem agressivos e por se completarem com infiltrações e arremessos. Dava pra ver essa dupla ganhando vários jogos por conta própria. Só que não ganharam.

Das cinco derrotas que eles tem na temporada a primeira foi por 3 pontinhos e a segunda por um mísero ponto. A terceira foi por 10, para o Bulls, mas durante 3 períodos eles foram o melhor time disparado e chegaram a liderar por 15. E, por fim, perderam para o poderoso Celtics e para o Hawks, que é o melhor time do Leste nesses primeiros 5 jogos. São derrotas compreensíveis e no meio do caminho o time teve momentos ótimos, mas ainda assim são derrotas e elas irritam a torcida, técnico e jogadores. Como em quase tudo atualmente, não importa se o processo está indo bem se o resultado não é positivo.

Depois da derrota para o Bulls, a da virada, uma série de três declarações mostrou como o clima não foi nada bom no vestiário. Primeiro Ben Gordon, que disse que “Não fizemos os ajustes certos como time (…), precisávamos ter feito algo diferente”. Depois o técnico John Kuester, “Precisamos achar uma outra voz de liderança no time além da minha” e, pra fechar com fatality, Tayshaun Prince, “Isso vale para os dois lados. Ele diz que precisamos de mais voz dentro do time e ele precisa fazer algumas coisas melhor também, se não ganhamos até agora não é culpa só do time”.

Não dá pra achar que um jogador dizendo em público que o técnico precisa fazer um trabalho melhor é boa coisa. No fundo todos tem razão: o time não se ajustou bem ao segundo tempo forte do Bulls, faltou liderança dentro da quadra para acalmar o time e o técnico é parte do grupo de quem errou. O problema está no fato de que nenhum deles disse exatamente o que deveriam ter feito para mudar, ficaram jogando a culpa uns nos outros e ainda o fizeram em público. É a velha história de que não é o que você fala, mas como você fala.

Os problemas do Pistons são vários e todos juntos os levaram a essa situação de já ter discussão digna de Big Brother na segunda semana da temporada. O primeiro é que o time não ganha nada desde que eles trocaram o Chauncey Billups para o Nuggets em 2008. De lá pra cá o time que tinha ido para a final do Leste em todos os anos desde 2003 virou saco de pancadas. E uma coisa é você jogar no Wolves e achar que perder é normal, outra é disputar playoffs todo ano e de repente tomar de 20 de time mediano. Não ajuda que o técnico não tem muita moral, se fosse com alguém com a fama de Larry Brown ou Phil Jackson nunca que o Tayshaun Prince iria se atrever a dizer algo assim, mas com Kuester, que está no seu primeiro trabalho como treinador principal, é mais fácil.

Além disso ainda tem um fator que é muito comum ao do Rockets, o outro time que perdeu todas, excesso de jogadores. O Rockets tem excesso de bons jogadores em todas as posições e parecem estar tendo dificuldades em achar a rotação certa com espaço pra todo mundo jogar bem, no fim das contas tentam dividir muito os minutos e ninguém pega o embalo durante o jogo. O Pistons não está com tanto luxo assim, mas tem excesso em algumas posições. Tentar dividir os minutos nas posições de armação entre Rodney Stuckey, Ben Gordon, Richard Hamilton, Will Bynum e Tracy McGrady não tem sido fácil. Imagina como ficou a cabeça de todos esses quando Gordon se perdeu na conta e nem arremessou a última bola no jogo que perderam por um ponto para o Thunder.

E como desgraça pouco é bobagem, ontem teve mais problema. No meio do terceiro quarto do jogo contra o Hawks, quando o placar estava bem apertado, o jogo estava parado (por causa de algum lance livre ou algo assim) e Kuester chamou Stuckey para dar instruções, mas o jogador não atendeu. O técnico insistiu, o chamou de novo e nada do armador ir até lá. Imediatamente Kuester chamou DaJuan Summers no banco, fez a alteração e Stuckey, o Nezinho de Auburn Hills, não entrou mais em quadra. Questionado sobre o caso depois do jogo ele só disse que “É o que é”. Esclarecedor, Stuckey.

Pelo o que comentam em Detroit, o comportamento do armador tem a ver com o fato de que ele estava negociando uma extensão de contrato e não conseguiu nada, saiu de mãos vazias. Agora, como não obedecer o técnico ajuda ele a conseguir fazer dar certo é um mistério.

O John Kuester, para quem não lembra, foi a única pessoa que conseguiu fazer o Cavs da era LeBron James ter um ataque realmente bom e eficiente. Ele era assistente de Mike Brown e foi o responsável por fazer o time ser mais veloz, aproveitar o Mo Williams no que ele é bom e fazer o time ser mais completo. Claro que quando a água batia na bunda o Mike Brown corria para mandar eles só isolarem o LeBron, mas tudo bem, não era culpa do assistente.

Em Detroit, porém, nada feito. No ano passado eles foram o penúltimo time em pontos por jogo e o 21º em pontos a cada 100 posses de bola. Eles não tem nenhum jogador que seja uma ameaça no garrafão, Richard Hamilton não é sombra do que já foi um dia e até o Ben Gordon, que foi colocado no mundo para fazer pontos, só teve média de 13 no ano passado.

Quer mais desgraça? Então vamos lá. Um repórter de Detroit disse que o clima entre os jogadores também não é dos melhores, que o grupo de jogadores mais velhos como Ben Wallace, Richard Hamilton e Tayshaun Prince não se bica com os mais jovens como Charlie Villanueva e Ben Gordon. O Pistons deu sinais de que poderia não ser o pior time do Leste, mas durou só dois e meio jogos. Com tanta crise já no começo do ano é de se esperar que em breve eles já estejam em busca de algumas trocas. Que o General Manager Joe Dumars tenha mais cabeça do que teve quando trocou Billups e do que quando pagou uma nota preta para Gordon e Villanueva.

Um outro time parecia que iria ter problemas, mas as coisas até que deram certo. E por incrível que pareça esse time é o Clippers! Lembra que no preview deles eu disse que eles dependiam do Baron Davis para ser um time de verdade? Pois o cara nem se esforçou. Apareceu gordo na pré-temporada, jogou partidas ridículas com mais turnovers que assistências e aí o técnico Vinny Del Negro disse que estava decepcionado com o seu jogador fora de forma. Por incrível que pareça, Baron Davis disse que ele tinha toda razão.

Segundo o armador ele nunca fez exercícios nas férias durante toda sua carreira. A temporada acabava, ele esquecia de tudo e só ia se exercitar de novo em agosto. Acontece que agora ele está velho e isso não funciona mais. O Baron Davis pelo menos admitiu e disse que irá fazer diferente daqui pra frente, só não sabemos se em Los Angeles. No jogo de ontem o novato Eric Bledsoe foi titular e jogou muito, botou um ritmo veloz no jogo, se entendeu perfeitamente com o Eric Gordon e eles venceram o Thunder. Menos de um segundo depois do jogo já pipocavam os primeiros rumores de troca do Baron Davis. Tudo boato, claro, mas garanto que lá dentro do Clippers já cogitam a mesma coisa.

Entrando no desnecessário mundo da especulação daria pra pensar em incluir o Chris Kaman com o Baron Davis para fazer um pacote mais atraente ao redor da liga, afinal pivôs são raros. E ele nem faria muita falta ao Clippers, o garrafão com Blake Griffin e Chris Kaman consegue ser um dos melhores da liga no ataque e o mais frágil na defesa. O problema dessa idéia é que os dois juntos recebem 24 milhões de dólares nessa temporada, quem pode arcar com isso? Talvez o próprio Pistons mandando Hamilton e Prince? Joe Dumars foi questionado há alguns parágrafos. Ok, ok, já parei. Muita coisa para pouca temporada.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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