Raptors aposta e precisa da defesa para bater o Warriors

O texto a seguir foi realizado numa parceria com a UOL e está disponível para leitura também no portal como parte de uma iniciativa para apresentar as principais histórias da NBA para um público mais geral e nem tão bitolado em basquete como vocês, velhos leitores deste blog =)


Um dos clichês mais repetidos da NBA é o de “ataques ganham jogos, defesas ganham campeonatos”.

Na verdade, ganhar um título da NBA é tão difícil que você não consegue sem um ataque bom, defesa boa, uma boa dose de sorte e, claro, um punhado de excelentes jogadores em dias inspirados. Mas a frase cumpre uma função educativa, a de mostrar para quem acompanha ou começa no basquete que não se vai muito longe no esporte se não levar a defesa a sério. É a parte menos glamourosa, a que costuma passar batido para os fãs casuais e que só aparece nos melhores momentos na hora de raros tocos.

Para a Final da NBA que começa nesta quinta-feira (30), o azarão Toronto Raptors conta com dois jogadores que simbolizam a mentalidade de colocar a defesa à frente de tudo para tentar evitar o terceiro título seguido do Golden State Warriors. Ambos vencedores do prêmio de Melhor Defensor do Ano, Kawhi Leonard e Marc Gasol podem ser excelentes armas ofensivas, mas devem liderar o time canadense na retaguarda se querem ter uma chance de chocar o mundo.

KAWHI LEONARD

Selecionado pelo Indiana Pacers no Draft de 2011, Leonard foi imediatamente trocado para o San Antonio Spurs em troca do armador George Hill. A ideia do time do Texas ao adquiri-lo era achar um novo Bruce Bowen, ala que foi uma peste defensiva ao longo da década anterior e que tinha se aposentado alguns anos antes. A função era simples: defender, defender, defender mais um pouco e no ataque acertar eventuais arremessos de 3 pontos do canto da quadra.

Acontece que o Spurs mirou um carro popular e acertou um caça militar. Ano após ano Kawhi Leonard evoluiu drasticamente em todos os aspectos do seu jogo. O arremesso ruim virou bom e depois ótimo, o controle de bola pulou de raro para uma arma perigosa e sua defesa que já era ótima se tornou temida até pelos melhores jogadores do mundo. Na Final da NBA de 2014, aos 22 anos, ele foi o responsável por marcar LeBron James, então no Miami Heat. Em um dos jogos, em uma cena que já se tornou icônica, LeBron percebe Kawhi voltando para quadra e faz uma cara de quem percebe que sua chance de marcar pontos fáceis acaba de ir para o espaço:

O Spurs acabou se vingando da derrota no ano anterior e Kawhi foi eleito o terceiro mais jovem MVP de uma Final da NBA, prêmio dado ao melhor jogador da série decisiva da temporada. Nos dois anos seguintes ele venceu o troféu de Melhor Defensor do Ano da NBA. Dono de mãos gigantes e braços longos, ganhou o apelido de “Klaw”, a garra. Quando ele te pegava, já era.

Nessa mesma época ele passou a receber maior fardo ofensivo no Spurs e, claro, se tornou um dos pontuadores mais eficientes e mortais da NBA. Nesta temporada, após um ano machucado e depois negociado para o time canadense, o Toronto Raptors até passou a fazer com Kawhi Leonard o inverso do que se viu ao longo de sua carreira: eles passam uma função defensiva mais simples para o ala para que ele não se desgaste tanto e possa carregar o time nas costas marcando mais de 30 pontos por jogo no ataque.

O plano foi interrompido na decisão da Conferência Leste quando o Raptors enfrentou o Milwaukee Bucks do fenômeno Giannis Antetokounmpo. Após sair perdendo a série por 2 a 0, o técnico Nick Nurse puxou sua arma secreta do bolso: colocou Kawhi para marcar Giannis e mudou a série. O grego tentou míseros 34 arremessos ao longo de toda a série quando marcado por Kawhi e só acertou doze. Números minúsculos para alguém tão bom, em tantos jogos e ainda com aproveitamento terrível.

Nesta decisão Kawhi Leonard pode não ser o cara mais indicado para marcar o pequenino Stephen Curry e seus pés que não param de correr pela quadra, mas certamente ele vai estar por perto se o jogo chegar nos minutos finais com placar apertado. E não há dúvidas de que Kawhi pode decidir a série se conseguir segurar Kevin Durant quando o ala, hoje machucado, voltar ao longo do confronto. Depois de segurar LeBron e Giannis em confrontos decisivos, Durant é o último chefão para consagrar Kawhi como um dos melhores defensores da sua posição na história da NBA.


MARC GASOL

Na NBA das últimas décadas se convencionou, nem sempre de maneira justa, encarar jogadores europeus como “softs“. É um jeito tosco e gringo de dizer que eles não são durões, que evitam contato físico e especialmente que não gostam de sujar as mãos na defesa. Não sei qual é o oposto completo de “soft”, mas pode chamar de Marc Gasol se quiser.

O pivô espanhol chegou na NBA meio lento e fora de forma, mas não demorou muito para conquistar todos dentro do Memphis Grizzlies, time que defendeu a carreira toda até ser negociado no meio desta temporada rumo a Toronto. Ao lado de Zach Randolph, Tony Allen e Mike Conley, Gasol formou o melhor time da história do Grizzlies no começo desta década. O grupo ficou conhecido como o “Grit and Grind“: É difícil traduzir exatamente a expressão, mas o ‘Grit‘ é o que nós costumamos chamar de raça, coragem e determinação. O ‘Grind‘, que ao pé da letra pode ser MOER, é usado para expressar luta, esforço bruto, persistente e, geralmente, sem muita inspiração. É na marra. O Grit and Grind, portanto, é a identidade de um time que não é o mais talentoso, o mais iluminado e muito menos o mais criativo, mas que supera seus adversários na base do suor. Enfrentar o Grizzlies em Memphis era entrar no moedor de carne e torcer para sair inteiro.

Como líder de uma das defesas mais temidas da NBA, Gasol venceu o prêmio de Melhor Defensor do Ano em 2012-13. Hoje, aos 34 anos, ele não consegue mais impactar o jogo como naquela temporada, mas ainda faz a diferença. Ele foi o responsável por fazer a vida de Joel Embiid um inferno na série contra o Philadelphia 76ers há algumas semanas, por exemplo. Gasol é o sonho do todo técnico: ao mesmo tempo em que foge do perfil clichê do europeu na questão da defesa, é 100% padrão velho continente no que diz respeito a jogar em equipe, ter pavor de estrelismo egoísta, possuir bons fundamentos e entender taticamente do jogo.

Gasol tem um enorme leque de funções importantes na defesa nesta série final contra o Warriors: garantir rebotes, segurar a barra quando eventualmente ficar na marcação de jogadores mais baixos, ser a voz que coordena a defesa quando o adversário começar com seu redemoinho de jogadas em velocidade e, ufa, marcar DeMarcus Cousins. O pivô rival pode ser um dos melhores da posição quando está em forma e inspirado e deve voltar de lesão na Final.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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