Resumo da Rodada 14/4 – Ninguém para o Processo

Os Playoffs chegaram já com quatro jogos em sequência para fazer a gente já começar a enjoar dos comerciais da ESPN que vamos ver sem parar pelos próximos dois meses. Boa sorte a todos nós.

A rodada começou com o atual campeão Golden State Warriors e seu duelo contra o San Antonio Spurs. Com um lado sem Steph Curry e outro sem Kawhi Leonard, esse não é um duelo tão interessante quanto poderia parecer, e o jogo deste sábado mostrou porque a ausência de um é menos sentida que a do outro. O Warriors, FINALMENTE, voltou a jogar algo parecido com uma defesa e foi o bastante para acabar com qualquer esperança do time texano. LaMarcus Aldridge conseguiu fazer apenas 14 pontos, pegou ridículos DOIS rebotes e viu o resto do time acertar apenas 40% dos arremessos de quadra. É preciso mais, mas quanto mais esse elenco pode oferecer?

Deu pra ver que o dia ia ser complicado para o Spurs quando, logo no começo do jogo, o Warriors já estava anulando Aldridge mesmo antes de começar as dobras de marcação sobre ele. JaVale McGee teve um primeiro quarto dos sonhos e ainda foi para o ataque e fez NOVE PONTOS só nos primeiros minutos de jogo. Essa posse de bola foi o sinal, logo de cara, que a defesa adormecida tinha acordado para a pós-temporada:

Ela mostra o que o Warriors fez o jogo inteiro: impediu Aldridge de se impôr, não deixou os armadores rivais entrarem no garrafão e ainda conseguiu correr lá pra fora para contestar arremessos. Sem infiltrações a movimentação de bola do Spurs morre. Esse shotchart mostra bem como o Spurs sofreu para arremessar dentro da área pintada:

shotchart

Se você prefere vídeo, olha o McGee de novo fazendo o LaMarcão se arrepender de ter saído da cama neste sábado:

Se segurar o ataque do Spurs já parecia ser o bastante, foi bom sinal para o Warriors ver também a bola se mexendo mais do que em algumas das derrotas recentes. Das 44 cestas que o Warriors marcou no jogo, 32 vieram de assistências dos companheiros. Como é comum em dias de passes rápidos assim, Klay Thompson brilhou: 27 pontos, acertou 11 dos 13 arremessos que tentou. É como Manu Ginóbili disse após o jogo, “cometemos erros que ajudaram Klay, mas alguns arremessos que ele faz são ridículos, ele nem vira pra olhar a cesta”. Nessa aqui ele nem se posiciona direito com as pernas para começar o arremesso…

O difícil de analisar o Spurs é que eles terminaram a temporada numa montanha-russa bem esquisita. Ganharam apenas 14 dos 41 jogos que fizeram longe de San Antonio ao longo da temporada e, com a derrota de ontem, já são NOVE derrotas seguidas fora de casa. Em casa eles tiveram 33 vitórias e 8 vitórias, marca excepcional. Ao mesmo tempo que é difícil imaginar eles vencendo o Warriors, ainda mais com essa defesa de volta, dá pra pelo menos sonhar em complicar as coisas em San Antonio. Até lá a gente vai se divertindo com Gregg Popovich, que antes de dizer que a estratégia para marcar Kevin Durant era “fazer Danny Green crescer”, tirou sarro até do Gatorade-Propaganda que fica na mesa de coletiva de imprensa:


O segundo jogo da rodada foi um clássico dos Playoffs nos últimos anos: o Toronto Raptors estreando em casa! MEU DEUS! Até ontem eram NOVE DERROTAS SEGUIDAS em primeiros jogos de série de Playoff, boa parte delas em Toronto. Será que o Washington Wizards iria conseguir tirar proveito? Foi por pouco, foi bem apertado, mas o Raptors se livrou da maldição e finalmente parte com vantagem em um duelo. Feliz pelos meninos, triste pelo fim da piada.

O jogo foi bem disputado, nenhum time realmente dominou a partida por muito tempo e o placar estava praticamente empatado no meio do último quarto quando o BENCH MOB chegou para abalar: os reservas do Toronto Raptors, que detonaram com tudo e todos na temporada regular, decidiram também o primeiro jogo dos Playoffs. Sem Fred Van Vleet, candidato cult a Sexto Homem do Ano, os reservas Delon Wright, CJ Miles e Lucas Bebê contaram com o apoio de Serge Ibaka e Kyle Lowry na sequência que matou o jogo: eles pularam de uma desvantagem de 86 a 89 para uma liderança de 105 a 96 (ou seja, uma corrida de 19 a 7) em 5 minutos.

A defesa do Raptors tinha um bom plano de jogo, deixando John Wall livre para arremessar de longe, mas eles falharam muito nos pick-and-rolls e o Wizards entrou no garrafão quando bem quis. O segredo dessa sequência final foi conseguir evitar os passes que o Wizards achava para cada cara que cortava em direção à cesta. Quando isso funcionou, o time deslanchou: defesa, contra-ataque, Wizards pego de calça curta e aí bastou o Raptors movimentar a bola para achar jogadores livres. Delon Wright fez cestas decisivas, CJ Miles matou bolas de 3 em momentos-chave e Kyle Lowry, que pouco pontuou (fez só 11 pontos) guardou as cestas para a hora certa, além de distribuir 9 assistências. 

Mais do que uma vitória para começar a série, valeu por como ela aconteceu: momento de pressão, jogo empatado, poucos minutos no relógio. Era o cenário perfeito para o time se desesperar como no passado, mas ao invés disso eles simplesmente jogaram bem como fizeram ao longo do ano. Ótimo sinal.


Lá na Philadelphia, no primeiro jogo do Sixers nos Playoffs desde 2013, Joel Embiid não jogou, mas estava com sua máscara de Fantasma da Ópera do Processo para bater o sino que eles tocam antes de todas as partidas:

A previsão de Erik Spoelstra, técnico do Miami Heat, era que os primeiros 5 minutos de jogo seriam elétricos, caóticos e que só depois o jogo de basquete iria acontecer. Ele não só acertou como seu time se deu bem na previsão: o Sixers começou agitado e na frente, mas logo o Heat acalmou o ritmo, passou forçar erros, cavar faltas e quando fomos ver, era intervalo com vantagem de 4 pontos do time da Flórida.

No intervalo, porém, o técnico Brett Brown resolveu botar fogo no jogo como naqueles minutos iniciais. Tirou o pivô Amir Johnson, colocou Ersan Ilyasova como “pivô” e basicamente cercou o genial Ben Simmons com uma porrada de grandes arremessadores. Some isso com uma defesa precisa, com o ataque hesitante do Miami Heat e vimos um TRATOR acabar com o jogo em poucos minutos: o placar do 3º período foi 34 a 18. Folga no último período? Que nada, eles meteram mais QUARENTA PONTOS na fuça do Heat.

O Heat tentou vários defensores para cima de Ben Simmons, começou com o ótimo Josh Richardson, passou por James Johnson, arriscaram Justise Winslow, mas ninguém impediu o novato de invadir o garrafão, puxar contra-ataques e distribuir passes para todo lado. Aí ajuda lembrar que todos estavam inspirados: JJ Redick marcou 28 pontos (4 bolas de 3), Marco Belinelli ajudou com 25 (4 bolas de 3 pontos), Dario Saric fez 20 (TAMBÉM 4 bolas de 3) e Ersan Ilyasova marcou 17 (3 bolas de 3). Posso não saber o segredo de uma futura vitória do Heat, mas sei que passa por NÃO TOMAR 18 BOLAS DE 3!

Mas não se engane, vejam de novo as assistências de Simmons e reparem quantas vezes ele simplesmente achou alguém livre embaixo da cesta. As bolas de 3 provocaram o placar elástico de 130 a 103, mas o Heat precisa acertar muito mais coisa na defesa para achar uma resposta no próximo jogo.

Ah, outra coisa importante: Hassan Whiteside jogou só DOZE minutos e saiu com 2 pontos e 6 rebotes. Ele bem que poderia aparecer para tirar proveito da ausência de Embiid.


O último jogo da rodada foi o único decidido nos segundos finais. O Portland Trail Blazers chegou a ficar mais de 20 pontos atrás do New Orleans Pelicans, se recuperou no final e aí teve que ver a reação parar nas mãos de Jrue Holiday. Primeiro com esse roubo de bola ESPETACULAR no minuto final…

…depois com esse TOCO de outro planeta:

Foi um final maluco e divertido para um jogo que, bem, foi maluco e divertido. O primeiro tempo foi completamente dominado pelo Pelicans, que teve Anthony Davis (35 pontos, 14 rebotes, 4 tocos) em modo “vou fazer cestas até vocês provarem que alguém aí consegue me marcar” enquanto Damian Lillard e CJ McCollum somaram incríveis TRÊS pontos em 15 arremessos na primeira etapa.

Foi só depois do Pelicans deslanchar na frente que o Blazers acordou pra vida. A dupla de armadores começou a acertar arremessos, Zach Collins e Shabazz Napier entraram para sacudir o jogo e o Pelicans simplesmente AMARELOU. Sim, porque não há boa defesa adversária que explique a quantidade absurda de passes errados e decisões questionáveis que deram a chance do Blazers cortar a vantagem. Tudo bem que o Pelicans liderou a liga em posses de bola por jogo na temporada regular, mas é preciso saber PARAR DE CORRER quando a sequência de turnovers estraga um primeiro tempo quase perfeito.

Sorte deles que a defesa de Holiday (e até de Nikola Mirotic, vai entender) salvaram o time de uma entregada constrangedora e garantiram mais um triunfo de “Playoff Rondo”, o ser que desce do Olimpo em Abril de todos os anos para iluminar o mundo do basquete. Abaixo, suas DEZESSETE ASSISTÊNCIAS!

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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