No Jogo 1, Boston Celtics e Indiana Pacers foram empatados para o intervalo, mas a paridade acabou no terceiro período. O Pacers marcou patéticos OITO pontos e o jogo praticamente acabou lá. No Jogo 2, na noite desta quarta-feira, o placar estava de novo praticamente igual na volta do intervalo. Será que o Pacers ia entregar o ouro de novo?
Nada disso, mesmo jogando em Boston, os visitantes meteram um 29 a 16 na parcial e foram para o último quarto com onze pontos de frente. O período teve um pouquinho de tudo, bem típico dessa temporada do Pacers: uma bola de 3 pontos de Bojan Bogdanovic aqui, um contra-ataque de Darren Collison lá, uma infiltração de Tyreke Evans, um gancho de Thaddeus Young e de repente a vantagem está lá em cima. A paciência foi o segredo, com o time gastando praticamente todos os 24 segundos em toda posse de bola e tendo paciência e precisão nas suas movimentações passes.
Com o jogo sob controle, o Pacers começou a fazer duas das coisas mais importantes num jogo disputado: acertar arremessos mesmo quando o ataque não é perfeito e impedir cestas mesmo quando a defesa é batida. No vídeo abaixo dá pra ver um arremesso forçado que o Tyreke Evans acerta mesmo com a defesa bem próxima e um toco do Myles Turner mesmo após ter sido batido no drible pelo Jayson Tatum:
Tudo lindo e tudo certo até ficar feio e dar errado. O Indiana Pacers não se recuperou do apagão do Jogo 1, ele apenas trocou a hora de dormir: agora foi a vez de peidar na farofa justo no QUARTO PERÍODO. O Boston Celtics segurou o rival a mais de SEIS MINUTOS sem uma cesta sequer, venceu a parcial por 31 a 12, conquistou a vitória e abriu 2 a 0 na série.
A receita para a virada foi algo que enjoamos de ver o Celtics fazer nas últimas duas temporadas. De um lado a defesa contesta todos os arremessos possíveis e não deixa rebotes para os rivais, do outro Kyrie Irving faz mágica. O armador acabou o jogo com 37 pontos e SOZINHO colocou o seu time de volta na partida com uma sequência digna de NBA Jam no começo do último quarto:
CLUTCH KYRIE pic.twitter.com/2jy2Wx6xZn
— Bleacher Report (@BleacherReport) April 18, 2019
Quando perdeu a liderança, finalmente o Pacers acordou e voltou a jogar. Com cestas de longa distância de Wes Matthews e Bojan Bogdanovic, até retomou a liderança por alguns segundos, mas ela foi embora no minuto final. Bogdanovic tentou uma infiltração sobre Al Horford, mas tomou toco e no contra-ataque Tatum determinou a última mudança de liderança do duelo:
What a sequence! Tatum puts the @Celtics back on top! #Celtics | #NBAPlayoffs pic.twitter.com/LXHyzaK4s3
— NBA on TNT (@NBAonTNT) April 18, 2019
Uma das qualidades de Al Horford é justamente poder cair na marcação de um jogador de perímetro e dar conta do recado. Quando esse cara de perímetro é alguém que não é lá o mais atlético e rápido do mundo, nem dá pra chamar o duelo de mismatch. O lance mostra como a defesa do Celtics pode ser (quando quer!) fortíssima e como o Pacers sente falta de Victor Oladipo nessas horas em que tudo o que você precisa é alguém capaz de transformar um lance difícil em pontos.
Olha o desastre que foi a tentativa do Pacers empatar o jogo a 12 segundos do fim:
Bogdanovic didn’t get the flare screen from Myles Turner but so what?? The show must go on, Bojan!! This is a Brad Stevens play too pic.twitter.com/PTwN9AUdhE
— BBALLBREAKDOWN (@bballbreakdown) April 18, 2019
O Myles Turner simplesmente ESQUECE de fazer o corta-luz para o Bogdanovic, que se desespera e ABANDONA a jogada tamanha a confusão. O Wes Matthews se afoba no passe o jogo vai para o ralo sem o time sequer ter tentado um arremesso para empatar.
Pelo lado do Celtics, os altos e baixos do jogo assustam mas estão longe de serem surpresa. Aconteceu o ano inteiro e nada indica que vai parar, mas foi bom ver Irving indo ao resgate e Tatum com três lindos lances no minuto final para fechar a partida. E falando em minuto final, uma curiosidade: o time fechou o jogo com o quinteto Kyrie Irving, Jaylen Brown, Gordon Hayward, Jayson Tatum e Al Horford, aquele que era o sonho molhado dos torcedores, que falhou terrivelmente no início da temporada e que aos poucos foi abandonado.
No Oeste, o Houston Rockets TRUCIDOU o Utah Jazz mais uma vez e abriu 2 a 0 na série. Sabe aquele jogo que você vê por uns cinco minutos e já sabe que não tem como mudar? Foi assim, e quando o primeiro período acabou com placar de 39 a 19 a favor do Rockets a gente só viu o resto da partida por respeito ao defunto.
O Jazz até tentou executar melhor seu plano defensivo para defender James Harden, mas não fez a menor diferença. Ele até prefere atacar pelo lado esquerdo, mas mesmo pelo direito oferecido pelo rival conseguiu seus step backs, infiltrações e inúmeros passes: teve ponte aérea para Clint Capela, passe cruzado para PJ Tucker na zona morta, passe para trás para Danuel House e todo o arsenal que cansamos de ver ao longo da temporada. Lembra que nos últimos dois anos Harden tinha começado os Playoffs com baixo aproveitamento? Não dessa vez. Nunca o vi tão à vontade num jogo de pós-temporada.
🚀 @JHarden13's (32 PTS, 13 REB, 10 AST) 3rd career #NBAPlayoffs triple-double leads the @HoustonRockets to a 2-0 series edge! #RunAsOne pic.twitter.com/v4V00wEWsJ
— NBA (@NBA) April 18, 2019
Para o Barba faltou só acertar um arremesso. Aquele em que ele fez Ricky Rubio SUMIR DA TELA, deu uma sacolejada e… acertou o aro:
Harden shimmied a little too early… 💀#NBAPlayoffs pic.twitter.com/ZTAVn0p8rp
— NBA on TNT (@NBAonTNT) April 18, 2019
O mais assustador dessas duas lavadas do Rockets é que o Jazz é uma grande equipe. O time não tem desfalques, foi uma das melhores defesas da temporada e fechou o ano jogando o basquete mais convincente do Oeste ao lado do próprio Rockets. Claro que a série ainda não acabou, mas está sendo até agora uma daquelas surras à la New Orleans Pelicans sobre Portland Trail Blazers no ano passado onde até começamos a sentir pena do time derrotado tamanha a diferença em todos os aspectos do jogo. Até TOTAL DOMÍNIO de Clint Capela sobre Rudy Gobert a gente viu nessa partida.
Ao fim da partida Donovan Mitchell disse que “não apareceu para o jogo” e que não importa o plano para defender Harden se o time não entrar em quadra com mais confiança e energia. Ele tem razão e acho que o Jazz deve começar o próximo jogo com mais vigor, mas se Harden continuar nesse nível o desânimo volta rapidinho.
Para fechar tivemos mais uma vitória tranquila do Milwaukee Bucks sobre o Detroit Pistons, que segue sem Blake Griffin. Dessa vez até deu jogo no primeiro tempo, mas depois do intervalo foi uma reprise da sacolada do Jogo 1. Confesso que ficarei bem surpreso se o Pistons roubar uma partidinha na série.
Talvez o primeiro jogo tenha sido tão fácil que o próprio Bucks botou um salto alto. Como li no Twitter, é vergonhoso que um time que não ganha uma série de Playoff há DEZOITO ANOS tenha mostrado tal nível de tédio depois de uma mísera vitória, mas foi o que pareceu. A defesa sufocante do duelo de domingo não foi vista no primeiro tempo e o Pistons fez seus ajustes para conseguir pontuar com mais facilidade.
Principal cestinha do time no primeiro jogo, Luke Kennard virou titular e deu ao Pistons mais uma opção de arremesso de longa distância. De novo ele liderou o time com 19 pontos marcados. Outro ajuste do técnico Dwane Casey foi simplificar o livro de jogadas e se focar mais nos pick-and-rolls entre Reggie Jackson e Andre Drummond, limitando as chances do Bucks cortar linhas de passe e puxar contra-ataques. Com Wayne Ellington de um lado e Kennard do outro, o time encontrou mais espaço para fazer o pick-and-roll e bombardear bolas de meia distância e floaters para cima de Brook Lopez, que sempre executa o “drop” e fica dentro do garrafão quando defende a jogada:
No segundo tempo, porém, duas mudanças na defesa do Bucks mudaram a partida: primeiro que a intensidade de Eric Bledsoe e dos demais defensores do perímetro do Bucks aumentou, forçando a bola para longe de Reggie Jackson e fazendo mais jogo duro para ele passar pelos corta-luzes. Depois a defesa do Bucks passou a respeitar menos os arremessadores do Pistons, congestionando essa área da meia distância que antes estava livre.
Dá até pena porque vários desses lances não foram decisões erradas do Pistons, eles lidaram da maneira certa com o fato da meia distância e do garrafão estarem congestionados, mas falta talento e poder de fogo para punir o adversário. Vale uma crítica, porém: eles deveriam ter insistido mais no pick-and-roll e menos no uso de Andre Drummond como criador de jogadas na cabeça do garrafão. Ele sabe fazer isso, mas era a primeira opção que estava dando mais resultado.
E não ajuda que eles não tenham ideia do que fazer para defender Giannis Antetokounmpo do outro lado da quadra. Ele liderou a virada ao lado de Bledsoe, Khris Middleton e do surpreendente Pat Connaughton, que fez 18 pontos, 12 deles no segundo tempo. Bastaram cinco minutinhos de bom basquete no ataque e na defesa no começo da segunda etapa para que o Milwaukee Bucks abrisse QUINZE PONTOS de vantagem e nunca mais olhasse para trás. É uma diferença brutal de qualidade entre as equipes.