Resumo da Rodada 19/4 – Bem vindo aos Playoffs, Embiid!

O primeiro jogo da rodada desta quinta-feira foi a estreia do PROCESSO em pessoa nos Playoffs da NBA: Joel Embiid, usando uma máscara negra para proteger o osso que quebrou no rosto, finalmente voltou para o Philadelphia 76ers. O seu primeiro jogo foi com o estilo que só as grandes estrelas tem, marcou 23 pontos, 7 rebotes, 3 tocos e 3 bolas de 3 pontos em um jogo difícil, físico e barulhento contra o Miami Heat, fora de casa. O ambiente hostil não foi problema, e o Sixers venceu por 128 a 108.

A diferença da partida foi o quarto período. Em um jogo decidido por 20 pontos de diferença, o time visitante venceu o período decisivo por 32 a 14! Nada menos que DEZOITO pontos de frente. Nos primeiros 36 minutos de jogo a partida pareceu igual como o placar. A volta de Embiid ajudou a proteger o garrafão das infiltrações do Sixers, mas no ataque o time seguiu sofrendo com a física defesa do Heat e apanhando para achar arremessos sem marcação. Não importa se a jogada era Ben Simmons forçando infiltrações ou Embiid recebendo de costas para a cesta, sempre tinha alguém do Heat no cangote do atacante.

Nesse duelo defensivo, os times incrivelmente foram achando seus caminhos e pontuando bem. O Sixers contou novamente com uma grande atuação de Marco Belinelli, que manteve sua média de VINTE E UM pontos por jogo na série ao acertar arremessos de longa distância até quando ele nem devia COGITAR um chute:

O Heat não teve tanta ajuda do Vintage Wade e foi achando pequenos heróis ao longo do jogo. Tyler Johnson começou quente, depois Goran Dragic comandou o ataque que não deixou o Sixers disparar e Josh Richardson e suas bolas de 3 pontos deixaram o jogo apertado até o começo do último período. Mas aí veio a tempestade…

O último quarto foi uma CLÍNICA DE BASQUETE dada pelo Philadelphia 76ers. Não houve um arremesso do Heat sem contestação, Ben Simmons transformou todo roubo, toco e rebote em contra-ataque, Joel Embiid infernizou a defesa adversária, conseguiu muitas faltas e meteu bolas de média e longa distância. E os passes, ah, os passes. Poucas equipes na NBA atual, às vezes nem Warriors e Spurs, tem passado a bola com tanta qualidade e velocidade como o Sixers. O lance que matou o jogo foi uma obra-prima:

O Jogo 4 tem tudo para ser espetacular. O Heat tem o plano de jogo, tem um espírito de luta absurdo e o time vai estar BABANDO para um jogo que eles TEM QUE vencer. E tudo com uma bagagem emocional pesada, já que o jogo de ontem teve nada menos do que TRÊS FALTAS TÉCNICAS DUPLAS, que é quando dois caras se desentendem e são advertidos de uma vez só. Rolou treta entre James Johnson e Ben Simmons, entre Dwyane Wade e Justin Anderson e Marco Belinelli e Goran Dragic! Mas o duelo mais legal foi entre Justise Winslow e Embiid, os dois se xingaram o jogo inteiro, se provocaram e o ala do Heat tentou até QUEBRAR UM PEDAÇO DA MÁSCARA do camaronês quando ele a jogou no chão:

Mas a melhor sequência aconteceu no quarto período, quando Winslow deu um TOCAÇO em Embiid e saiu falando tudo o que podia, só para na posse de bola seguinte tomar a resposta também em TOCO e ouvir o dobro! Foi o melhor momento da minha semana até aqui!

Não tem série mais legal nesse momento: tem tensão, grandes jogadores, lindas jogadas, ótimas defesas e ataques ainda melhores sendo criativos para superá-las.


Lá no Oeste, vimos o New Orleans Pelicans exibir o terceiro round da NOCAUTE QUE NÃO TERMINA sobre o Portland Trail Blazers. O placar indica 119 a 102 para o Pelicans, mas a sensação ao assistir o jogo era algo mais parecido com 205 a 2. A gente não pode parar por aqui? Não sei se o Blazers consegue levantar…

Se for preciso resumir o Jogo 3 em um lance só, seria esse aqui:

Olha a enterrada do Anthony Davis!!! MEU. DEUS. E olha o placar. E olha o Jrue Holiday APONTANDO PARA A CARA DO NURKIC após o lance, tirando uma com a cara do rival. Ver o Pelicans jogar o melhor basquete da vida é legal demais, mas em certo momento do jogo eu só consegui ficar deprimido pelo Blazers:

Além dessa enterrada avassaladora, as aspas de dois nomes do Blazers ajudam no resumo. Primeiro o técnico Terry Stotts:

Achei que New Orleans jogou muito bem. Eles arremessaram bem, tocaram a bola bem, saíram rápido em transição, nos defenderam bem e tivemos indiscutivelmente um dos nossos piores jogos do ano. Foi uma combinação ruim.

A fala de Damian Lillard é mais direta, marcante e, para os torcedores do Blazers, desesperadora:

Eu já vi dobras de marcação antes, o Clippers fez muito isso comigo nos Playoffs. Mas geralmente quando há uma dobra ou uma blitz, um dos defensores sai depois da pressão inicial. Eles não estão saindo, estão me obrigando a me livrar da bola (…) é uma defesa diferente de qualquer coisa que já vi antes em qualquer momento da minha carreira.

O que ele está dizendo é mais ou menos isso aqui:

Dá pra ver que quem vai ajudar na defesa do Lillard não vai embora nem quando o armador do Blazers parece que desistiu do ataque, eles ficam em cima urubuzando até forçar o turnover ou o passe para algum jogador que não sabe o que fazer.

O pior é que mesmo quando o Blazers não chama o pick-and-roll para evitar a dobra e deixa Lillard jogar no mano-a-mano, ele está sendo ENGOLIDO pelo Jrue Holiday. Até agora na série o Lillard só acertou DOIS dos DEZOITO arremessos que tentou quando marcado pelo rival. E ontem foram três roubos do Holiday, basicamente arrancando a bola da mão do Lillard. É uma destruição total!

O resumo da ópera é que NADA mudou desde o primeiro jogo da série, nenhum ajuste teve efeito. Ninguém para Anthony Davis, Rajon Rondo tem total controle do jogo, a dupla Lillard-McCollum não produz ofensivamente e Jusuf Nurkic se tornou um fardo defensivo: não segura o Monocelha quando essa é sua função e não acompanha Nikola Mirotic quando mudam o seu alvo. Aliás, os melhores momentos do Mirotic (30 pontos!) são uma coleção de cenas do Nurkic chegando atrasado em alguma situação…

Como todos devem saber, nunca um time saiu de um 0-3 para virar uma série. Resta ao Blazers não passar por tantos momentos humilhantes em sua despedida…


O último jogo da rodada foi a vitória do Golden State Warriors sobre o San Antonio Spurs. Os atuais campeões fizeram 110 a 97 para abrir 3 a 0 na série em uma partida que pareceu uma reprise do Jogo 2: o Spurs jogou bem, venceu o primeiro tempo, demonstrou raça e disciplina, mas eventualmente não deram conta do poder de fogo de Klay Thompson, Kevin Durant e toda a turma.

Eu me sinto um pouco tolo de ter achado que essa série poderia ser mais disputada, mas até o Draymond Green,  ressaltou como tem sido importante para o time ter esses resultados depois de alguns meses “jogando muito mal”, nas palavras do próprio ala. Não é uma reviravolta tão automática quanto parece de longe, mas o Warriors parece ter conseguido. O time está jogando bem e coadjuvantes importantes estão finalmente aparecendo, nos últimos jogos vimos bons lances de David West, Shaun Livingston, Andre Iguodala e, especialmente ontem, Kevon Looney.

Se você é torcedor do Spurs, resta reagir como Kyle Anderson no fim desta jogada:

O que foi triste foi não ter Gregg Popovich no ginásio. Sua esposa faleceu antes de ontem e ele, obviamente, não tinha condições de ir lá trabalhar. O Spurs foi treinado pelo italiano Ettore Messina, seu principal assistente. Com a série praticamente encerrada, fica a dúvida se veremos Pop de novo em quadra até o próximo ano.

No fim do jogo, Danny Green comentou como foi difícil para o time ter foco para se preparar e se concentrar para esse jogo após notícia tão triste. O ala disse que um fato assim com alguém tão próximo “coloca as coisas em perspectiva” e relembra como foi um ano difícil para o grupo, com perdas nas famílias de Joffrey Lauvergne, Kyle Anderson e com a morte de Rasual Butler, ex-jogador da NBA que atuou no próprio Spurs há alguns anos. “A gente acha que é o fim do mundo se perdermos, mas no fim é um jogo de basquete”:

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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