Resumo da Rodada 19/5 – Raptors faz tudo certo e vence por pouco

Vocês sabem como é desviar de um tiro vindo em sua direção? Eu não sei, mas se quiser saber como é a experiência vou procurar alguém do Toronto Raptors para me contar. Em mais um episódio da série “o Raptors do passado não sobreviveria a isso”, o time canadense venceu um jogo de DUAS PRORROGAÇÕES contra o Milwaukee Bucks para evitar um déficit mortal de 3 a 0 na final da Conferência Leste. E isso com Kawhi Leonard claramente com dores e com Kyle Lowry eliminado desde a metade do último quarto. Domingo à noite virou dia oficial de vitórias épicas em Toronto.

O jogo começou do jeito que todos esperavam, uma BLITZ  para cima do Bucks. Com apoio de uma sempre barulhenta torcida, o Raptors tentou engolir o adversário logo de cara com muita pressão na defesa e finalmente mais agressividade dos jogadores coadjuvantes. Enquanto Kawhi Leonard arremessou só três vezes no primeiro quarto, Marc Gasol, Pascal Siakam e Norman Powell somaram DEZESSEIS chutes! E com um detalhe importante, acertaram DEZ deles.

Antes do jogo se especulava Powell, que jogou bem nos primeiros jogos da série, no lugar do frio Danny Green no time titular. Não aconteceu, mas o ala entrou na metade do primeiro período e tomou conta do jogo com bolas de 3 pontos, infiltrações e movimentação sem a bola, algo que às vezes falta nesse time quando todos se acomodam demais em ver Kawhi ou Siakam atacando a cesta no mano-a-mano:

Quem se beneficiou desta boa movimentação foi Marc Gasol, que mostrou sua versão mais agressiva em ANOS nessa primeira etapa. Ele arremessou quatro bolas de 3 pontos (fez duas!), deu quatro assistências, infiltrou e tentou fazer o Bucks pagar por toda vez que o deixou livre.

O legal é que é importante Gasol fazer isso sempre, mas ainda mais no começo dos jogos. É uma maneira de poupar fisicamente os jogadores que vão precisar estar mais inteiros no fim da partida e também uma maneira de colocar uma pulga atrás da orelha dos defensores. É importante que Brook Lopez fique inseguro ao dobrar sobre Kawhi porque sabe que está deixando Gasol livre. Nos jogos anteriores o receio foi sumindo aos poucos porque Gasol nunca fazia nada com a bola.

Mas só pontuar melhor não seria o bastante para resolver o trabalho, então ajustes na defesa também foram feitos. O mais importante foi colocar Kawhi Leonard para marcar Giannis Antetokounmpo. A decisão pode parecer óbvia a princípio, é o seu melhor defensor encarando o melhor atacante do outro lado, mas há riscos. Defender o grego é fisicamente desgastante, ainda mais para quem precisa carregar tanto o ataque nas costas como Kawhi. Há também o perigo de se cometer mais faltas, e o Raptors não pode se dar ao luxo de passar muito tempo sem seu cestinha em quadra. O técnico Nick Nurse achou, porém, que era hora de abraçar os riscos.

Os números apoiam a decisão do treinador. Na temporada regular, segundo dados da Second Spectrum, Kawhi marcou Giannis por 31 posses de bola e o grego tentou apenas TRÊS arremessos! A amostragem é pequena e os dados de matchup nem sempre são precisos, mas dá pra ver que Giannis não teve vida fácil e normalmente preferiu achar outros jogadores livres do que encarar um dos melhores defensores do planeta. No Jogo 3, Kawhi marcou Giannis em 41 posses de bola e o grego tentou DOZE arremessos sobre ele, acertando só DOIS. Alguns lances importantes destacados pelo pessoal do Bucks Film Room mostram como Giannis não conseguiu pontuar nas jogadas em que normalmente domina:

Dá pra ver que o plano de jogo não muda muito em relação aos jogos anteriores. Ainda há o Paredão Anti-Giannis™ na cabeça do garrafão e inúmeros jogadores vindo ao resgate quando ele chega perto da cesta, sem medo de deixar outros caras livres. A diferença é a quantidade de vezes que Giannis conseguiu superar tudo isso para uma cesta fácil. Quase não aconteceu ontem e não à toa ele acabou a partida só com 12 pontos. Tirando duas bandejas no começo do último período, Giannis foi quase inofensivo como pontuador ao longo do jogo. Ele pecou também nos lances-livres, onde acertou só 2 de 7 tentativas e até deu airball em uma delas. Em um jogo decidido na prorrogação dá pra lamentar cada ponto perdido.

Mas claro que jogadores como ele não ficam de lado só porque não marcam pontos. Ele compensou com 23 rebotes, seu máximo na carreira, 7 assistências e 4 tocos. Defensivamente foi impecável, especialmente como jogador de cobertura.

A vantagem do Raptors no primeiro quarto foi boa, mas nunca dominante o bastante para o jogo parecer ganho. A diferença bateu em 11 pontos em algum momento da primeira etapa, mas logo caiu para nove, sete e ficou nesse vaivém até o último período, quando o Bucks conseguiu finalmente empatar a partida. Parecia um pesadelo para o Raptors: eles estavam segurando Giannis, tinham conseguindo tirar bons jogos de seus coadjuvantes, não estavam sendo aleatoriamente destruídos por Brook Lopez e mesmo assim não conseguiam vencer. Parecia uma reprise do Jogo 1.

O fim do tempo normal e da prorrogação foi curioso pelos protagonistas menos óbvios: com o jogo empatado a três minutos do fim, Fred Van Vleet acertou sua ÚNICA bola no jogo em ONZE tentativas, um arremesso de 3 pontos dado pelo Bucks de graça, tamanha a falta de respeito pelo chute do armador, que parece engolido pela própria falta de confiança. Detalhe: ele só estava em quadra porque Kyle Lowry saiu do jogo com seis faltas na metade do último quarto.

Do outro lado George Hill respondeu de imediato. Nos segundos finais, Pascal Siakam errou os dois lances-livres que poderiam matar o jogo e Khris Middleton, discretíssimo com 9 pontos no jogo, fez sua cesta mais importante na partida para forçar a prorrogação:

Vocês perceberam que eu disse que Giannis fez só 12 pontos no jogo? E que Middleton marcou só 9? Então, faltou Eric Bledsoe, outra estrela do time, que saiu de quadra com míseros 11 pontos. Como diabos esse jogo está na prorrogação com os três maiores pontuadores do Bucks tão mal?! Esse time assusta por causa disso. Na primeira prorrogação, que empatou em 7 a 7, todos os pontos deles vieram das mãos de Malcom Brogdon (20 pontos no jogo) e de George Hill (24 pontos), que entrou no lugar de Bledsoe quando Budenholzer percebeu que este já tinha desistido de atacar a cesta e não acertaria um arremesso nem que sua vida dependesse disso. Sempre alguém aparece.

Os dois foram especialmente eficientes ao se aproveitar dos erros do Raptors. Rebotes de defesa e alguns dos DEZESSETE turnovers do time da casa impulsionaram nada menos que VINTE E NOVE pontos de contra-ataque para o Bucks. Praticamente um a cada quatro pontos do time veio desse jeito, assustador.

Na segunda prorrogação, porém, foi a hora do Raptors finalmente conseguir fechar o jogo. E o principal responsável para isso foi Kawhi Leonard. Logo no começo do tempo extra, Giannis saiu de quadra com seis faltas e abriu o espaço que faltava para ele matar a partida:

Foram duas enterradas de Kawhi em contra-ataques forçados após desperdícios de bola do Bucks, que sentiu falta de Giannis atraindo marcação dupla. Depois, para fechar o jogo e abrir quatro pontos a 37 segundos do fim, Kawhi levou Brogdon na força até embaixo da cesta e fechou a conta. Ao todo, 36 pontos, 9 rebotes, 5 assistências e 2 roubos em CINQUENTA E DOIS MINUTOS para o homem da maior mão do mundo:

Pode parecer só mais uma grande atuação de Kawhi Leonard nestes Playoffs, mas esse jogo foi diferente. Ele sentiu uma lesão na perna ainda no primeiro quarto e esteve mancando por muitos momentos ao longo de toda a partida. Foi até estranho ver ele abrir mão de algumas enterradas, não voltar direito para a defesa e fazer outras coisas que nos acostumamos a ver. Foi pura superação de dor:

Os dois times são muito fortes e a série tem tudo para ir longe, mas os sinais de alerta seguem todos ligados em Toronto. O Bucks parece ter mais armas para usar quando as suas principais falham, o Raptors precisa o tempo inteiro de Kawhi Leonard, no ataque e na defesa, e sua margem de erro parece minúscula. Anima ver Marc Gasol mais ativo e Norman Powell de volta dos mortos, mas mesmo assim isso só serviu para uma vitória muito apertada.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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