O Jogo 1 entre Boston Celtics e Atlanta Hawks foi cheio de altos e baixos, então ninguém ficou realmente surpreso quando o Celtics começou o primeiro quarto com a mão gelada. É um time que passa por essas coisas, afinal. Mas aí o tempo foi passando, foi passando, o técnico Brad Stevens foi trocando algumas peças e… ONDE ESTÃO OS PONTOS?!? Tudo bem que jogar Avery Bradley machuca na defesa, mas alguém tem que fazer alguma coisa no ataque.
Ninguém fez, e o Boston Celtics marcou inacreditáveis 7 (sete) pontos em todo o primeiro quarto, recorde negativo para um primeiro período na história da franquia na NBA. E poderia ser pior do que perder o quarto inicial por 24 a 7? Poderia, porque o próprio Hawks marcou apenas UM PONTO nos últimos SEIS minutos dessa tragédia basquetebolística. Chega uma hora que não dá só pra elogiar defesa, são jogadores profissionais!
E quando o pivô adversário está empatado com você em bolas de 3 pontos, hora de rever as coisas:
Al Horford has as many 3-pointers as the Celtics do through 3 quarters
Horford: 2-3
Celtics: 2-19— ESPN Stats & Info (@ESPNStatsInfo) April 20, 2016
No segundo período o Boston Celtics começou a jogar basquete, mas o que você faz quando já está perdendo de mais de 20, fora de casa? Para times normais é uma recuperação difícil, mas nesse caso é um time de ataque irregular, contra uma boa defesa e num elenco sem nenhum super pontuador. É nessas horas que um Steph Curry, Kevin Durant ou LeBron James faz 10 pontos seguidos em 1 minuto pro jogo parecer mais alcançável. Como disse o técnico do Hawks, Mike Budenholzer, depois do jogo, partidas que começam assim ficam esquisitas. É até difícil de julgar.
Eu sempre digo que os placares exagerados são culpa/mérito iguais, para os dois lados. Então não foi só o Boston Celtics que não conseguia acertar nenhum tipo de arremesso, o Hawks também fez a sua parte. Com 15 tocos, quebraram o recorde da franquia para os Playoffs. Paul Millsap, sozinho, deu 4. Gostei de ver que ele, finalmente, foi bem votado para o prêmio de melhor defensor do ano. Sempre foi versátil, mas nesse ano parece ainda mais efetivo protegendo a cesta.
The @ATLHawks Set #NBAPlayoffs Franchise Record with 15 Blocks in Game 2! #HAWKSvCELTICShttps://t.co/TOWc3yIgVH
— NBA (@NBA) April 20, 2016
Sabe como a gente aqui às vezes fala que um jogador tem uma “força gravitacional” dentro de quadra? Isso quer dizer que a sua mera movimentação ou presença em quadra faz os adversários se movimentarem de um jeito especial. São como astros gigantes no espaço que, por sua massa, influenciam os outros ao seu redor. Kyle Korver sempre teve esse poder por ser um excelente arremessador, mas foi com Budenholzer, no Hawks, que levou isso ao extremo. No ano passado isso era a principal arma do time, nessa temporada passou mais despercebido por ele estar com uma porcentagem de aproveitamento bem mais humana e normal. Ainda funciona, porém.
No jogo desta terça-feira, por exemplo, ele deslanchou. Acertou 5 das 7 bolas de 3 pontos que tentou, marcou 17 pontos e sua presença em quadra mexeu com o cérebro da defesa do Celtics, que em geral é uma das melhores da NBA em lidar com qualquer ameaça de perímetro. Sua habilidade de trocar a marcação entre qualquer jogador, e a comunicação entre eles, facilita o trabalho. Mas não foi o caso ontem, e alguns vídeos separados pela CBS Sports nos ajudam a entender isso.
No primeiro dá pra ver como essa troca constante precisa ser precisa e bem ensaiada. Um segundo mais lento para perceber que é sua vez e… CESTA
Depois é a vez de Tyler Zeller não perceber que o cara que ele estava marcando era o responsável por um bloqueio para Korver. Não acompanhou, não conseguiu assumir a marcação e viu a cesta bem de longe.
Essas coisas acontecem, o técnico dá bronca e aí o jogador fica pilhadão. ONDE ESTÁ KORVER? NÃO VOU DEIXAR ELE RESPIRAR? E é aí que o Hawks monta em cima e brinca com o espaço da quadra. É exatamente por querer ser essa cola sobre Korver que Marcus Smart não faz seu papel em ajudar a proteger o garrafão depois de um pick-and-roll neste lance:
Em outro lance, Smart até fecha o garrafão, mas volta correndo para marcar Korver quando vê que o ala adversário pode receber a bola. Aí o espaço que ele abre nas costas é imediatamente usado por Kent Bazemore e Paul Millsap:
O Altanta Hawks é outro time, ao menos no ataque, quando seus arremessadores estão em um bom dia. Ontem foi esse o caso durante vários momentos da partida, mas não o bastante para passarem por cima do Celtics com tudo. Não dá pra contar a história de ontem só com o ataque, segurar o adversário a 31% de aproveitamento, 17% de 3 pontos, foi a real chave. A pergunta que fica para o próximo jogo, em Boston, segue sendo da onde o Celtics vai tirar pontos! Na temporada regular viram melhores performances de Isaiah Thomas e Jae Crowder, boa parte da pressão está sobre eles. Outras questões, porém, devem ser abordadas: não era o Celtics o time que ia dominar os rebotes desse confronto? Cadê essa vantagem?
O segundo e último jogo desta terça-feira foi sabiamente definido pelo sempre tranquilo e eloquente Matt Barnes:
Matt Barnes: "We're coming to a gunfight with spoons."
— Geoff Calkins (@geoff_calkins) April 20, 2016
Viemos para um tiroteio armados com colheres. O San Antonio Spurs tem um arsenal de metralhadoras, o Memphis Grizzlies tem colheres de plástico. É desleal ver um dos melhores times da história da NBA enfrentar um que já é naturalmente pior, mas sem seus melhores jogadores. Ver numa série de Playoff é ainda mais doloroso porque a experiência é multiplicada por QUATRO e você não tem outros jogos pra ver ao mesmo tempo e trocar de canal.
Seria muito legal o duelo Marc Gasol e LaMarcus Aldridge, que rolou, com vitória do espanhol, na primeira rodada do ano passado. Também seria divertido ver Mike Conley e Tony Parker trocando arremessos de meia distância e, talvez, Mario Chalmers bancando o herói. Podia não dar em nada, mas melhor que ver o Xavier Mumford em quadra. Nada contra ele, é só o Samardo Samuels da vez.
Se o Grizzlies pode se orgulhar de algo, é o fato de entram para a história como o primeiro time a deixar Tim Duncan sem marcar uma cesta de quadra sequer nos Playoffs!
This is the first time Tim Duncan has been held without a made field goal in 243 career playoff games pic.twitter.com/TqBQ6nGziL
— ESPN Stats & Info (@ESPNStatsInfo) April 20, 2016
Tem a ver com o fato do Spurs estar vencendo por 20 pontos sem suar? Pode ser, mas não precisamos falar disso quando enaltecermos o recorde no futuro. VAI GRIZZLIES!
O jogo estava tão interessante, mas tão interessante, que o Twitter desandou a fazer piadas bobas simplesmente para não pegar no sono e se orgulhar que está vendo o jogo até o fim!
Trying to stay up for #InsidetheNBA like… pic.twitter.com/wfrRI4UXAo
— NBA on TNT (@NBAonTNT) April 20, 2016
BREAKING: The Grizzlies scored
— InsideHoops.com NBA (@InsideHoops) April 20, 2016
Avançando no marcador o @spurs! #MEMatSAS #NBAPlayoffs #ThisIsWyWePlay pic.twitter.com/nwEembGV9b
— NBA Brasil (@NBABrasil) April 20, 2016
Mas teve lance bonito também! De um lado, Kawhi Leonard e um lança-foguetes, do outro Matt Barnes e sua COLHER!
HOJE!
Na rodada desta quarta teremos os seguintes jogos:
Charlotte Hornets @ Miami Heat (20h, League Pass)
Detroit Pistons @ Cleveland Cavaliers (21h, ESPN)
Portland Trail Blazers @ LA Clippers (23h30, League Pass)
RIP
Rezem pelas bolas do Harry the Hawk, um grande mascote que ontem passou por um momento difícil na carreira de qualquer animal gigante de pelúcia! E claro que a internet foi atrás de todos os detalhes da história: foi sério? Brincadeira? Ele voltou depois disso? Já aconteceu antes? O jornalismo VIVE!