Resumo da Rodada 20/4 – Aquele jogo do Bogdanovic

A NBA deu uma folguinha para a Conferência Oeste na sexta-feira à noite e então só temos jogos do Leste para palpitar hoje. A noite começou com uma emocionante vitória do Indiana Pacers sobre o Cleveland Cavaliers por 92 a 90. Sim, até outro dia a gente estava falando que LeBron James não perdia um JOGO de 1ª rodada desde 2012, agora ele perdeu dois em poucos dias.

Mas antes de falar do jogo temos que falar sobre todos os jogadores do Cavs chegando ao ginásio usando O MESMO MODELO DE TERNO:

Legal? Um pouco. Brega? Um bocado. Divertido? Talvez para eles. Ideia do LeBron? Acho que nada acontece na CIDADE de Cleveland sem seu consentimento. Mas o mais legal é que o plano parece que era antigo, ao menos antigo o bastante para que o Isaiah Thomas ter dito que ele tirou as medidas para um terno quando ainda estava com o time:

Depois do show fashion, o Cavs seguiu dando show em quadra. Como no Jogo 2, o time pulou na frente logo de cara, mas agora ao invés de LeBron James marcar todos os pontos sozinho, ele compartilhou a bola e, FINALMENTE, o resto do time apareceu para jogar. George Hill fez 11 pontos só na primeira etapa e Kevin Love marcou 16 nos primeiros 24 minutos. Tudo enquanto eles forçavam o Pacers a 10 turnovers.

Mas a vantagem de DEZESSETE pontos desse ótimo primeiro tempo não durou muito. O Pacers voltou do intervalo com uma defesa agressiva e o Cavs voltou aos seus hábitos ruins que volta e meia os perseguem: pouca movimentação de bola, arremessos de longe sem precisão e LeBron James tendo que passar, na marra, em um paredão de cinco jogadores no garrafão adversário. TUDO deu errado, o time marcou patéticos DOZE pontos no período e a diferença foi para o espaço. LeBron acertou apenas 1 dos 6 arremessos que tentou no período, e ver alguns deles mostra como o ataque do Cavs foi no quarto:

O que os lances têm em comum? Simples, nada acontece. Não tem movimentação, passes e, em alguns casos, LeBron nem consegue infiltrar. Em alguns momentos o Rei vai conseguir acertar vários desses arremessos e ganhar jogos sozinho, já cansamos de ver isso, mas é preciso mais de um time ao longo de um jogo tão importante.

Aliás, o Cavs só teve alguma chance de ganhar o jogo porque LeBron acertou alguns desses arremessos no último quarto. Em determinado ponto o Pacers virou o placar e abriu sete pontos de vantagem, aí LeBron foi lá e fez sete desse jeito para empatar o jogo. Essas duas bolas de 3 e dois lances-livres:

Reparem que DE NOVO, nada aconteceu, mas foi a bola caiu. Muito pouco para um time com tanta ambição, mas o talento bruto de um cara tão bom pode te levar a um jogo disputado no final. O Cavs só não saiu com a vitória porque o Indiana Pacers tinha Bojan Bogdanovic! O ala croata estava PEGANDO FOGO na noite de ontem e com 30 pontos (7 bolas de 3!!!) compensou uma noite nem tão inspirada de Victor Oladipo (18 pontos, 5/15 arremessos) e Myles Turner (11 pontos, 4/11 arremessos). 

Nada mal ser o cestinha do jogo, fazer as bolas decisivas no fim, ganhar a partida e tudo isso sendo o principal defensor do LeBron James. Uma noite para contar para os netos.

O Cavs ainda teve uma chance de vencer no segundo final, mas JR Smith errou a bola da virada:

O plano era Kevin Love pegar a bola depois do lance-livre e lançar para LeBron James, como já fizeram outras vezes. Mas Darren Collison ERROU o arremesso e JR Smith pegou o rebote. O plano foi para o ralo e JR Smith, bem, não tomou a melhor decisão possível. A situação era tensa e rápida, mas ele poderia ter passado para LeBron James no garrafão, para Kevin Love no meio da quadra ou para Jordan Clarkson, que estava OBSCENAMENTE LIVRE, na zona morta. Não fez nada disso.

O Indiana Pacers não é um time perfeito e muito menos avassalador, não é daquelas equipes capazes de explodir para 130 pontos a qualquer momento e nem tem tantos grandes pontuadores no elenco. Mas já são três jogos segurando muito bem o ataque do Cavs e conseguindo produzir bons arremessos no ataque. Costuma ser uma receita que funciona a longo prazo.


No segundo jogo da noite, o Washington Wizards finalmente apareceu para jogar e ganhou o Jogo 3 da série contra o Toronto Raptors: 122 a 103 para diminuir o placar geral para 2 a 1.

O placar foi alto, a vantagem larga e a diferença no nível de atuação entre os dois times também bem grande. Mesmo que o Raptors tenha até conseguido manter a diferença um pouco perto dos 10 até meados do segundo tempo, eles nunca esboçaram uma reação de verdade. Foi um típico Jogo 3 de séries onde o time da casa tomou pau nas duas primeiras partidas e, na frente da torcida, quer restabelecer o orgulho.

A chave da vitória do Wizards foi a defesa. Forçaram o Raptors a DEZOITO desperdícios de bola e tiveram muita disposição e atenção para cortar as linhas de passe do adversário. Encolhido, o time canadense passou menos a bola do que de costume e ficou parecendo mais o time individualista dos anos anteriores. Aliás, talvez seja melhor dizer que o Raptors não passou menos a bola, eles até tentaram manter a nova identidade, mas foram forçados a passes que não levavam a lugar nenhum. E aí o fim da posse de bola via uma jogada individual de baixo aproveitamento:

Não à toa DeMar DeRozan foi obrigado a der 22 arremessos para fazer seus 23 pontos! Seus chutes foram bem difíceis, até mesmo os que, por alguma força maior do universo, entraram:

E se a defesa do Wizards foi boa, o ataque foi ainda melhor. Ontem estava difícil ficar na frente de John Wall e toda vez que ele entrou no garrafão conseguiu produzir alguma coisa, foram 28 pontos (13/25 arremessos) e incríveis 14 assistências, boa parte delas para Marcin Gortat apenas finalizar sob a cesta:

E ele ainda roubou 4 bolas e deu esse TOCAÇO no DeRozan:

Pra fechar o pacote, Wall ainda falou alguma coisa para o Serge Ibaka que fez o congolês FICAR MALUCO e querer partir para as cenas lamentáveis. A briga nem era entre os dois, a confusão começou por causa de outros jogadores, mas ele chegaram lá e Wall deve ter tocado algum ponto fraco…

A briga com Ibaka não precisa se repetir, mas se Wall conseguir continuar entrando no garrafão desse jeito e seguir tomar boas decisões quando chegar lá, o Wizards pode causar problemas. O Raptors, por outro lado, precisa voltar a acertar as bolas de longa distância e forçar o Wizards aos arremessos de meia distância que deram, sem sucesso, no Jogo 2.


O último jogo da noite foi parecido com o anterior. No papel do Wizards estava o Milwaukee Bucks, que vinha de duas derrotas e precisava vencer para seguir vivo; o Boston Celtics estava no papel do Raptors, que estava no comando da série, mas ficou atrás no placar durante todo o Jogo 3. Como em Washington, placar elástico em Milwaukee: 116 a 92!

Pela primeira vez na série o ataque do Celtics finalmente foi sufocado. Com disposição e energia, os homens-de-braços-muito-longos que compõem 90% do elenco do Bucks conseguiram fazer a diferença. Começou com Giannis Antetokoumnpo e Malcolm Brogdon e terminou com Thon Maker, que finalmente apareceu para jogar, meteu três bolas de 3 pontos e ainda e deu sonoros tocos que levaram o ginásio à loucura:

Mas surpresa mesmo foi ver o Bucks tocando a bola e dando 28 assistências! Além de Maker, Eric Bledsoe também fez sua “estreia” no duelo com 17 pontos e Jabari Parker, depois de resmungar que não participava de nada, resolveu jogar bola e também deixou seus 17 pontos. O ataque foi tão estranhamente fluido que Giannis só precisou dar 13 arremessos e não teve que dominar tudo e todos como eu imaginei que fosse preciso para o time vencer. Acho que jogar bem na defesa e poder jogar sempre no contra-ataque ajudou, claro.

Mas não é porque Giannis não fez mil pontos que ele não foi destaque do duelo. Ele fez 19 pontos, mas só precisava ter feito DOIS se eles fossem essa enterrada aqui que ele deu na fuça do Aaron Baynes:

O mais engraçado é que ele estava ENSAIANDO essa enterrada sobre o Baynes ao longo do ano inteiro! O duelo é recorrente, com muitos sucessos do grego e algumas faltas. Acompanhe o Baú do Esporte:

Talvez seja a rivalidade aleatória mais legal destes Playoffs depois do já clássico e inigualável Lance Stephenson x LeBron James. 

Eu tenho minhas dúvidas sobre a capacidade do Bucks jogar assim mais vezes. Depois do arrasador primeiro período, vencido por 27 a 12, o jogo já ficou mais parelho. Será bem complicado fazer essa sequência de defesa-sufocante-contra-ataque para sempre, será preciso apresentar mais no ataque ou ter um quarto destruidor como esse mais vezes. Mas de uma coisa importante temos certeza: veremos mais enterradas de Giannis sobre Baynes =)

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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