Resumo da Rodada 23/5 – Ainda imbatíveis em casa

Em basicamente todos os esportes coletivos do planeta ao longo da história o tal “fator casa” faz a diferença. Não importa se um time é bom ou ruim, ele ganha mais em seu ginásio/estádio do que fora dele. E apesar disso ser conhecido desde que o esporte existe, ainda é difícil não ficar se perguntando se o jogo muda tanto só por mudar de lugar. Também não dá para não se espantar: como DIABOS o Boston Celtics consegue parecer tão PERFEITO quando atua no TD Garden e por que não repete essas atuações longe de lá?! De qualquer forma, a sina continua. O Celtics venceu o Jogo 5 da série contra o Cleveland Cavaliers por 96 a 83 e abriu 3 a 2 na final do Leste. Se o ditado do “a série só começa quando um time ganha fora de casa” é real, essa ainda não parece que vai começar tão cedo.

A história do jogo foi um Ctrl+C Ctrl+V das outras QUATRO partidas dessa série: o time da casa começa com tudo, executa seu plano de jogo com perfeição, todo mané que encosta na bola está quente da linha dos 3 pontos, a torcida vai a LOUCURA e o jogo está com 15 pontos ou mais de vantagem no placar para o time da casa já no primeiro tempo. Os visitantes arremessam tijolos ao invés de bola e o jogo acaba. Fim.

Se tivermos sorte até vemos um momento “será-que-dá-pra-virar?” que dura uns poucos minutos no segundo tempo, mas dura só até o time da casa acertar mais um par de arremessos e fechar o caixão. Ontem não foi diferente.

Mas para garantir mais uma vitória em casa, a DÉCIMA em DEZ jogos nestes Playoffs, o técnico Brad Stevens achou que ajustes eram necessários para além da mística do ginásio. Ele tirou Marcus Morris do time titular e colocou Aaron Baynes no seu lugar, tirando do time o principal defensor de LeBron James para conseguir igualar o poder de garrafão e rebote da dupla Kevin Love e Tristan Thompson. Poderia parecer uma vitória tática do Cavs, que foi o primeiro dos times a mudar seu quinteto titular e colocar alguém mais alto, mas a alteração mudou o jogo para o Celtics.

Com Baynes em quadra por mais tempo, o Celtics conseguiu limitar o Cavs a apenas TRÊS rebotes ofensivos em toda a partida!  Três vezes menos do que no Jogo 4. E fica pior quando olhamos em porcentagens, o Cavs pegou 20% dos seus arremessos errados no jogo anterior e apenas 9% nesta quarta-feira. Ou seja, erraram mais arremessos e não transformaram isso em novas oportunidades. Baynes também foi importante para proteger o garrafão com 3 tocos e uma enorme presença física que finalmente conseguiu tirar o Cavs de perto da cesta. Tirando o indefensável LeBron James, ninguém mais conseguiu pontuar lá dentro. Lembram das infiltrações de George Hill? Nem apareceram. As bolas de Kevin Love? Ele até fez um bom jogo ofensivo, mas só com arremessos de fora do garrafão.

Nos dois lances abaixo vemos Baynes salvando a barra do Celtics após raras infiltrações de Hill e Jordan Clarkson:

Mas o mais legal foi seu primeiro toco na partida, também sobre George Hill. Legal porque é uma resposta a uma das jogadas que o Cavs mais explorou em suas duas vitórias, o mismatch contra o baixinho Terry Rozier:

Reparem que a jogada começa com LeBron usando seu tamanho para atacar Rozier, como tem feito em toda a série. O Celtics, para fugir desse pesadelo, imediatamente coloca Jaylen Brown para defender LeBron enquanto Rozier foge para marcar quem ficou livre durante essa troca. A resposta do Cavs foi colocar jogadores cortando na direção da cesta, para pegar Rozier antes de sua recuperação. Deu certo, mas dessa vez, ao contrário dos outros jogos, o Celtics tinha um jogador maior para proteger o garrafão. Baynes se deu ao luxo de deixar Tristan Thompson livre por uns segundos para ir lá dar um prego em Hill.

O entrosamento e a qualidade dessa troca de Terry Rozier é essencial para qualquer plano do Celtics na série. Nesse jogo ela foi mais organizada, mas não é imbatível nem quando bem executada, vejam só:

Nesta jogada Rozier já corre para longe de LeBron assim que o mismatch acontece, mandando Baynes para a marcação. Mas aí significa que alguém está livre e começa a correria: Jayson Tatum deixa JR Smith livre e corre para marcar Thompson, que ficaria livre após Baynes ir ao socorro de Rozier. Al Horford então corre para marcar Love e Rozier cruza atrás dele para ir lá marcar o abandonado JR Smith. Foi lindo, mas Love ganhou espaço por ficar uns dois passos atrás da linha dos 3 pontos, Horford deu um pouquinho mais de espaço do que poderia e foi o bastante para o acerto.

Aqui temos Terry Rozier e Al Horford entrosados, conscientes de que jogadas estão enfrentando e se negando a aceitar uma troca de marcação. Dá certo, e Love é forçado a arremessar de longe com Horford na sua cola:

Sem as infiltrações dos outros jogos, sem rebotes ofensivos e sem conseguir explorar os matchups contra Terry Rozier, como o jogo poderia ser pior no ataque? Seria pior com QUINZE turnovers, sendo cinco só no primeiro período, que foi quando o Boston Celtics abriu a diferença no placar que manteve ao longo de toda a partida. Não dá para desperdiçar um raro contra-ataque com um passe assim, né LeBron?

E pelo segundo jogo seguido LeBron comete muitos e tolos desperdícios de bola. Foram SEIS no jogo de ontem, e dessa vez sem os 40 e tantos pontos para compensar. Cometer erros é normal quando se carrega um ataque inteiro sozinho nas costas, mas os tipos de turnovers, alguns passes simples, foram esquisitos e, na atual situação do time e pelo ginásio onde jogaram, imperdoáveis.

Outra coisa que custou o jogo ao Cleveland Cavaliers foi a transição defensiva. Se você erra muitos arremessos ou comete turnovers, como foi o caso ontem, é preciso compensar isso voltando rápido e bem para a defesa. Não foi o que aconteceu. Vimos DEZOITO pontos de contra-ataque para o Celtics contra apenas DOIS do Cavs!!! Dois dos pontos do Celtics em contra-ataque foram os que mataram o jogo de vez no último período, enterrando a última esperança de reviravolta que sobrou para o time: LeBron James erra uma bandeja, fica para trás, Jordan Clarkson se pendura no aro PORQUE É UM MANÉ e o Celtics corre para o ataque com total vantagem numérica:

E o Celtics soube pontuar até em contra-ataques que não são óbvios como esses. Forçar a velocidade às vezes serve para encontrar Al Horford de costas para a cesta, já lá dentro do garrafão, sendo marcado por Kevin Love, que não tem tido chance contra o pivô do Celtics ao longo da série.

Em um ataque lento, Horford provavelmente receberia a bola mais longe da cesta, estaria sendo marcado por Tristan Tristan Thompson e seria preciso muito mais passes e movimentação de bola (ou seja, RISCOS) para conseguir um arremesso assim de alto aproveitamento.

Para finalizar, precisamos registrar coisas estranhas dessa partida: o Cavs só teve chance de reação no começo do segundo e do quarto período porque seu BANCO DE RESERVAS jogou bem! Pelo menos uma coisa fugiu do script nessa partida!!! Pois é, depois de longo e tenebroso inverno, o time teve sucesso colocando Jordan Clarkson e Larry Nance Jr. em quadra. Não foram perfeitos, claro, mas Clarkson acertou bolas de longe, Nance foi ativo na defesa, pegou 2 dos 3 rebotes de ataque do time no jogo e juntos conseguiram acelerar o jogo e forçar o Celtics a alguns erros.

Mas outra coisa foi mais esquisita ainda! Kyle Korver estava nesse grupo que ajudou a colocar o time de volta no jogo DUAS vezes e mesmo assim viu seus minutos caírem em relação às últimas partidas. Por que? Segundo o técnico Tyronn Lue, porque Brad Stevens não colocou Semi Ojeleye em quadra, e era nele que Lue queria “esconder” Korver na defesa.

Para tirar um dos melhores arremessadores do mundo de quadra basta NÃO COLOCAR Semi Ojeleye no jogo? Ok, eu, você, Brad Stevens e qualquer técnico do mundo topamos a troca. Entendo o medo dele ser explorado na defesa, mas até outro dia o próprio Lue estava babando na qualidade e entrega de Korver. Se ao menos o ataque estivesse bem sem ele, haveria uma desculpa, mas um arremessador ontem poderia ter ajudado bastante. Korver saiu de jogo com saldo positivo e nem pisou na quadra naquele primeiro período arrasador.

Com o Celtics a uma vitória da FINAL DA NBA, a gente fica na espera de que time vai ser o primeiro a quebrar o padrão. Terry Rozier e JR Smith são capazes de bons jogos fora de casa? Algum time mandante vai ter um dia frio nos tiros de longa distância? Teremos alguma partida decidida por menos de 10 pontos? Como o Celtics vai responder aos inevitáveis jogos de QUARENTA PONTOS que LeBron James está planejando? E em algum momento Jayson Tatum vai parecer um novato inseguro ao invés do cara mais espetacular da Terra e provavelmente um dos meus jogadores favoritos nos próximos 10 anos? Se ele, além de tirar o Celtics do buraco com arremessos difíceis, começar a dar passes assim todo jogo, acabou pro resto do mundo:

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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