Resumo da Rodada 24/4 – Lou Williams contra o salto alto

Já vi discussões sobre os Playoffs onde se argumentou que não deveríamos ter 16 times se classificando para a pós-temporada da NBA. O argumento é simples e consistente: hoje cada time disputa intermináveis 82 jogos de temporada para que mais da metade das equipes se classifique para o mata-mata. Ou seja, é mais provável ir para os Playoffs do que não ir! Além disso a primeira rodada raramente tem zebras, se tornando mais uma enrolação antes que os verdadeiros grandes times finalmente se enfrentem.

Entendo a lógica por trás desse pensamento, mas não sei se estou pronto para pedir MENOS daquilo que eu mais gosto. De qualquer forma, os Playoffs 2019 estão se tornando ao mesmo tempo um ótimo exemplo de quem defende Playoffs mais enxutos e de quem defende manter tudo como está. Das OITO séries de primeira rodada, em apenas DUAS o time pior ranqueado conseguiu mais de uma vitória. Mas um desses exemplos aconteceu justo na série que envolve o amado, idolatrado e mais que favorito Golden State Warriors! Sem a primeira rodada não poderíamos ver Lou Williams comandando a zebra mais divertida desses Playoffs.

O Jogo 5 tinha um cheirinho de despedida gloriosa para o LA Clippers. A torcida do Warriors estava barulhenta, Kevin Durant quente nos arremessos e o ataque de Steve Kerr fluindo daquele jeito gostoso com muitos passes, corta-luzes e cestas fáceis. A diferença no placar não disparava porque do outro lado o Clippers também estava afiado, mas parecia questão de tempo até Draymond Green comandar alguma sequência absurda de defesas e contra-ataques que matasse o jogo em poucos minutos. Bom, estou esperando até agora.

Depois de brilhar na grande virada do Jogo 2 e de SUMIR nos jogos em Los Angeles, Lou Williams resolveu que queria a chance de jogar em casa mais uma vez. Ele fez 33 pontos e deu 10 assistências, SEIS delas para seu fiel escudeiro Montrezl Harrell. Os passes muitas vezes vieram no bom e velho pick-and-roll, outras em dobras de marcação, mas em outras vieram de ações individuais de Lou Williams, que simplesmente passava por cima de seus defensores como se não fossem nada e obrigava um segundo jogador do Warriors vir ao resgate, deixando Harrell livre para uma enterrada. Abaixo exemplos de tudo isso:

Embora o Warriors estivesse com problemas para parar o rival, era difícil acreditar que a vantagem de 10 pontos que o Clippers abriu na segunda etapa ficaria lá intacta sem uma última ofensiva dos atuais campeões. Ela veio mesmo e com uma ajudinha do adversário: por perigosos três minutos e meio, o Clippers basicamente IGNOROU Lou Williams. Eles ao invés disso ficaram apaixonados pelos mismatches formados na quadra. Danilo Gallinari sendo marcado por Steph Curry? Harrell marcado por Andre Iguodala? Bola neles! Não deu o resultado esperado, desperdícios de bola viraram contra-ataques e um inspiradíssimo  Durant chegou aos seus 45 pontos na partida para finalmente virar a partida com duas enterradas seguidas a pouco mais de dois minutos do fim.

A torcida já estava abrindo a champanhe e enfiando nachos na orelha quando IMEDIATAMENTE depois da virada Lou Williams pegou a bola, botou embaixo do braço, meteu uma bola de 3 pontos na CARA de Durant e ainda sofreu a falta. Foi assustador como o armador venceu duelos individuais mesmo marcado por Klay Thompson, Iguodala e Durant. Adeus virada! Dali em diante, nos últimos 2:30 de partida, o Warriors só foi pontuar de novo numa cesta de 3 pontos de Curry nos segundos finais, quando a diferença já era inalcançável e os times só esperavam o fim da partida. “Levem seus TRASEIROS de volta para Los Angeles”, gritou Montrezl Harrell após a partida:

Para se ter uma ideia do feito do LA Clippers pensem que essa é a segunda derrota EM CASA do Warriors nesta série. Nos últimos QUATRO ANOS somados de Playoffs foram só seis derrotas em Oakland. Duas em 2015 (Grizzlies e Cavs), três em 2016 (Thunder, Cavs e Cavs), NENHUMA em 2017 e uma em 2018 (Rockets). Aliás, essa é só a segunda vez que Kevin Durant vai disputar uma série tão longa com a camisa do Warriors, a exceção havia sido os sete jogos contra o Rockets no ano passado. Esse Clippers parece o novo Memphis Grizzlies, aquele time chato que parece jogar melhor se a situação é mais difícil.

Depois da partida o técnico Steve Kerr culpou o próprio time pela vacilada: “Tudo o que fizemos em Los Angeles, não fizemos aqui na defesa”. Ele destacou que o time não foi displicente no ataque, cometeu só 8 turnovers e soube usar Durant numa noite em que Curry e Klay estavam mal, mas do outro lado da quadra “nós não lutamos”, disse.

A avaliação de de Klay Thompson foi ainda mais sincera. Ao ser perguntado sobre se o time já estava pensando na frente, na próxima rodada contra o Rockets, ele admitiu que era isso mesmo: “Sim, e começa comigo. Eu estava pensando neles. Achei que viríamos aqui e ganharíamos. Às vezes a vida não acontece como planejamos”.

Não sou de me apaixonar tanto pela historinha a ponto de achar que qualquer derrota de favorito é um mero “salto alto”, mas aí está o cara admitindo! Fantástica a sinceridade de Klay Thompson, que ainda disse que agora o negócio “é vencer na sexta. Vencer por muito. Vamos vencer por 30 pontos”:


No primeiro duelo da noite, o Utah Jazz fez jogo duríssimo fora de casa e ameaçou estender a série contra o Houston Rockets, mas tropeçou de novo nos próprios defeitos e teve um fim de jogo digno de grudar como trauma na retina de torcedores, do técnico Quin Snyder e principalmente do General Manager Dennis Lindsey.

O time errou os últimos cinco arremessos que deu na partida e viu a estrela Donovan Mitchell cometer um turnover quando tinha a chance de empatar o placar. O pior é que todas as jogadas foram boas, bem trabalhadas e, claro, muito mal finalizadas. Se você tiver estômago, veja como o Jazz gastou suas chances de vencer o jogo:

E não entrou no vídeo ainda uma das NOVE bolas de 3 pontos que Mitchell errou ao longo da partida. Segundo dados da Second Spectrum, o Jazz criou OS MELHORES arremessos desses Playoffs, mas teve o pior aproveitamento. A conta é baseada na posição em que o arremesso é dado, o aproveitamento geral da posição e se há ou não um defensor próximo no momento do chute. Após os primeiros quatro jogos da série o time tinha acertado só 19 dos 84 (!!!) arremessos de 3 pontos desmarcados na série, a pior marca dos últimos cinco anos de Playoffs.

Muito se falou da defesa esquisita do Jazz sobre James Harden, mas ela acabou sendo secundária ao fim de tantos jogos. O Barba tirou proveito dela tranquilamente nos primeiros dois confrontos, depois sofreu um pouco mais quando ela foi ajustada e no fim estava um duelo mais igual. Ontem Harden precisou apelar mais do que gostaria para os floaters e sem seu stepback acertou só 3 de 12 arremessos de longa distância, mas ele ainda é fantástico e saiu de quadra com 26 pontos, 6 rebotes e 6 assistências. Foi o bastante.

Com problemas respiratórios que ainda não tinham sido revelados, Clint Capela jogou mal nos jogos em Salt Lake City e só ontem voltou a parecer mais o pivô fantástico de sempre. Ele saiu de quadra com 17 pontos, 10 rebotes e 3 tocos e as aspas mais comentadas da noite. Perguntado sobre a perspectiva de enfrentar o Golden State Warriors (a pergunta foi antes da partida em Oakland), Capela não disfarçou e mandou um “eu quero o Warriors!”. Veterano, Chris Paul só balançou a cabeça e disse que isso iria para o Bleacher Report. Dito e feito:

Se no ataque o Rockets não pegou fogo nas últimas três partidas, também nunca pareceu muito fora de controle e a defesa cada vez mais lembra a versão arrasadora da temporada passada. A quantidade de arremessos sem marcação do Jazz assusta se pensarmos em um duelo contra o Warriors, mas pareceu algo calculado e que eles só iriam ajustar se o rival acertasse a mão, o que nunca aconteceu.

Antes de ir embora apenas uma despedida ao Utah Jazz: Foi desesperador ver como o poder ofensivo do time morreu pelo fato de Joe Ingles atuar tão abaixo do seu padrão na série. Bastou um grande arremessador ter uma sequência fria (acertou 29% de 3 pontos na série, na temporada regular beirou os 40%) e o time se viu sem opções. É preciso alguém, em qualquer posição, que possa marcar pontos. Pode ser um novo armador para o lugar de Ricky Rubio, um ala para o lugar de Ingles ou Derrick Favors, mas esse time precisa desesperadamente de uma nova arma que possa botar a bola na cesta com regularidade.

O time ainda é jovem, a base de Donovan Mitchell e Rudy Gobert tem tudo para brigar lá em cima por anos a fio, mas não sozinhos. Pelo segundo ano seguido o Houston Rockets explorou isso com maestria e agora é a hora do Jazz começar a pensar em respostas.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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