Resumo da Rodada 27/4 – Mitchell, Westbrook e o fim de ‘Playoff P’

No começo do Jogo 6 da série entre Washington Wizards e Toronto Raptors, o narrador Dave Pasch e a comentarista Doris Burke falaram do que significava realmente esse duelo para o time canadense: segundo eles, esse era o tipo de partida que qualquer time que queira dizer que tem ambição de título TINHA QUE ganhar. O Raptors, primeiro colocado na temporada regular, precisava ser capaz de ir disputar um Jogo 6 fora de casa e manter a frieza para eliminar um adversário inferior.

Duas horas e meia depois, todos saíram mais confiantes de que o Toronto Raptors pode ser realmente mais confiável do que nos últimos anos. Não só eles venceram o Wizards por 102 a 92, como venceram com frieza, precisão e sem fugir de suas características: boa defesa, ataque inteligente e mais uma atuação IMPECÁVEL de todos os reservas.

Como era esperado, o Wizards começou o jogo com muita intensidade e velocidade. Mesmo sem Otto Porter, machucado, o time seguiu sua receita de atacar a cesta a qualquer oportunidade. John Wall nem começou o jogo com bom aproveitamento, mas sua mera presença nas proximidades da cesta acabou gerando arremessos para os outros. A ausência de Porter também forçou o técnico Scott Brooks a usar (finalmente!) o Tomás Satoransky, que ajudou o time a ficar mais criativo e veloz no ataque. Mas foi em situações como essa que vimos ontem a nova maturidade do Raptors. Sempre souberam segurar o rojão, cortar a diferença e responder logo em seguida. Nem é tanto questão de ajustes táticos, mas de postura e performance: arremessar melhor, ter mais competência na hora de impedir uma infiltração, cometer menos faltas bobas, etc.

A mesmíssima coisa aconteceu no segundo tempo: o terceiro quarto viu John Wall e Bradley Beal somando 20 dos 25 pontos do time no período, acertando bolas de tudo que era lado. E como o técnico Dwane Casey respondeu? Voltando para o último período de um jogo decisivo, fora de casa, com os adversários pegando fogo, com TODOS OS RESERVAS na quadra. E foi o quinteto de Fred VanVleet, Delon Wright, CJ Miles, Pascal Siakam e Jakob Poeltl que ANULOU o ataque do Wizards, virou o placar, calou a torcida e praticamente não cometeu erros no ataque. E quando erraram, aliás, foram lá e corrigiram: foram OITO rebotes ofensivos só no período final…

A sequência foi tão boa que Casey esperou mais de SEIS MINUTOS para mexer no grupo e colocar Kyle Lowry e Jonas Valanciunas nos lugares de VanVleet e Poeltl, DeRozan foi entrar em quadra só faltando dois minutos, já com o placar totalmente controlado. Vale destacar também a atuação de Lowry nesses minutos finais, quando fez 8 dos seus 24 pontos e foi sensacional na defesa:

Eu gostei especialmente deste lance abaixo: a defesa fecha em dupla sobre a tentativa de infiltração de Bradley Beal, fecha as linhas de passe, consegue bater na bola, Lowry se joga no chão e o contra-ataque é perfeito até a falta-e-cesta de Siakam:


E quem o Toronto Raptors enfrenta na próxima rodada? Não sabemos ainda, porque o Cleveland Cavaliers não teve qualquer frieza ou precisão e foi ATROPELADO pelo Indiana Pacers no Jogo 6 da série. Foi um humilhante resultado de 121 a 87 para forçar o decisivo jogo final em Cleveland.

As coisas deram errado para o Cavs desde o começo, mas foi no segundo tempo que a coisa desandou. O placar de 64 a 40 na segunda parcial é simbólico, mas nem isso mostra o nível de domínio do time da casa, que chegou a abrir QUARENTA pontos no placar! LeBron James não foi tão fantástico quanto precisava e a defesa do Cavs, que estava até dando um caldo com aquelas dobras sobre Victor Oladipo, foi devastada. O ala do Pacers soube atacar quando teve espaço e soube passar quando só essa opção sobrava. Resultado: triple-double com 28 pontos, 10 assistências, 13 rebotes! E Domantas Sabonis, alvo de vários desses passes, fechou o caixão com 19 pontos em 9/11 arremessos.

A confiança do homem tava tão grande que ele tentou não uma, mas DUAS enterradas na cara do LeBron! Primeiro não deu muito certo…

…mas depois ele mandou bem:

Depois de tudo isso, a única notícia boa para o Cavs é que LeBron James passou só 31 minutos em quadra e vai poder chegar um pouco mais inteiro no Jogo 7. Pelo o que vimos até aqui, o Cavs precisa dele atacando a cesta com todo o seu fôlego pelo máximo de tempo possível para ter qualquer chance de vitória. Se não conseguir, nem quero imaginar quantas DANCINHAS do Lance Stephenson vamos ser obrigados a assistir…

Teve treta com o LeBron? Sempre!

Tivemos até Lance achando que tinham pedido um tempo e INVADINDO A QUADRA para dançar com o jogo em andamento! O Jogo 7 vai ser ÉPICO!


Mas o jogo mais esperado da rodada era o último: será que o Utah Jazz iria conseguir eliminar o OKC Thunder ou Russell Westbrook e Paul George iriam tirar mais uma da cartola? O jogo teve de tudo: lesões, momentos históricos, cestas maravilhosas, polêmicas com a arbitragem, final eletrizante, atuações incríveis e atuações péssimas. Depois de horas de tirar o fôlego, o Jazz sobreviveu, fez 96 a 91 e se classificou para enfrentar o Houston Rockets.

Tenso desde a primeira posse de bola, o jogo não começou bom para qualquer um dos lados. O Jazz teve enormes dificuldades para conseguir qualquer coisa do seu ataque ao longo do primeiro tempo e não ajudou que após poucos minutos Ricky Rubio saiu do jogo com uma lesão na coxa. Sem seu principal criador de jogadas, o fardo (e a defesa) ficaram mais pesadas sobre Joe Ingles e Donovan Mitchell, e restou ao técnico Quin Snyder apelar para Dante Exum, que entrou, jogou mal por poucos minutos e saiu. A segunda tentativa foi com Alec Burks, que até então só tinha jogado nos minutos finais de jogos já decididos e deu conta do recado: fez 11 valiosos pontos em 16 minutos.

A situação do Thunder não estava tão melhor assim. Embora estivessem com a liderança e frustrando muito as ações do rival, não deslanchavam no placar porque Paul George e Carmelo Anthony não conseguiam acertar um arremesso por nada neste mundo. E quanto mais eles erravam, mais se escondiam do jogo e mais Russell Westbrook se tornava maior, maior e mais controlador. Com os dois times insatisfeitos, o placar estava empatado ao fim de dois quartos.

Na volta do intervalo, o novato Donovan Mitchell, que estava mal e sendo até então dominado pela defesa de Paul George, resolveu que era hora de botar o jogo no bolso. Sabe aquele Utah Jazz que toca a bola, solidário, cheio de movimentação e boas sacadas? Esquece, o que vimos no terceiro quarto de ontem foi Mitchell recebendo a bola no meio da quadra, usando um ou dois corta-luzes na cabeça do garrafão e aí fazendo o que ele mais sabe fazer, CESTAS! Foi como assistir Dwyane Wade em 2006 tudo de novo:

O grau de dificuldade das cestas que ele fez não é brincadeira não, amigos. São bandejas passando no meio de Paul George e Russell Westbrook ou scoop shots em volta da muralha Steven Adams, com o corpo todo caindo para o lado. Se havia alguma dúvida, não há mais, o moleque já é uma estrela.

O jogo só não acabou nessa sequência MONSTRUOSA, porque se de um lado Mitchell fez 22 pontos só no 3º quarto, Russell Westbrook respondeu com 20, incluindo aí 4 das 5 bolas de 3 pontos que ele fez no jogo. Como no Jogo 5, Westbrook sentiu o cheiro da eliminação no ar e simplesmente foi ao ataque. Ele já hesita pouco em arremessar, mas quando está no MODO SOBREVIVÊNCIA, ignora qualquer companheiro e joga sozinho. Aí vem o grande DILEMA que ninguém sabe responder desde o tempo em que Kobe Bryant causava inquietações parecidas: por um lado o time só tem chance de ganhar porque ele é pirado; por outro, seu jeito de jogar aliena todo o resto do elenco, que sempre parece PIOR ao seu lado.

Não parece saudável que Russell Westbrook tenha tentado, prepare-se, QUARENTA E TRÊS arremessos no jogo de ontem. Nem que DEZENOVE deles tenham sido bolas de 3 pontos! Mas não é como se o resto do grupo estivesse lá muito inspirado. Em um jogo de eliminação, Paul George foi embora com PÍFIOS 5 pontos em 2/16 arremessos; Carmelo Anthony fez 7 pontos em 3/7 arremessos e se despediu dos Playoffs sem ter marcado um ponto sequer em TODOS OS QUARTO PERÍODOS DA SÉRIE!!!

Pior, Melo acabou a série com um total de saldo de 59 pontos negativos com ele em quadra, contra +29 de Jerami Grant, seu reserva imediato. Considerando os bons poucos minutos de Raymond Felton e Alex Abrines em diferentes jogos, dá pra cravar que Melo foi O PIOR JOGADOR do time nos Playoffs… e receberá 28 milhões de dólares na próxima temporada.

Mas apesar de tudo isso, o jogo só foi decidido lá no final mesmo. Mitchell esfriou um pouco após o fogo do 3º quarto e depois se afobou, fez sua quinta falta no começo do último quarto e foi obrigado a ficar no banco por importantes minutos. Não fossem cestas chave de outro novato, Royce O’Neale, o Thunder poderia até ter virado o placar. E méritos aí para o ataque do Jazz, que soube virar a chavinha e voltar a jogar coletivamente assim que Mitchell saiu do jogo. Funcionou bem o pick-and-roll entre Joe Ingles e Derrick Favors, sempre achando o passe por cima da defesa e dando a opção do grandalhão finalizar ou passar para um arremessador:

Com o jogo em um nível palpável de tensão, Favors fez um importante arremesso de meia distância, abriu três pontos de vantagem para o Jazz e então entramos no minuto final com 94 a 91 para o time da casa. O que aconteceu nos próximos QUARENTA SEGUNDOS merece ser visto em vídeo, não lido em tolas palavras:

É isso mesmo. NADA, mas NADA caiu para o Thunder mesmo depois do que pareceram ser uns setenta rebotes ofensivos seguidos! Não faltaram chances e ainda tiveram a sorte de conseguir o lateral a seu favor quando a bola saiu.

A jogada seguinte foi, então, a mais polêmica dos Playoffs até aqui: Paul George, ao invés de simplesmente arremessar de 3 pontos, tentou cavar uma falta de Rudy Gobert, que realmente caiu na finta e acertou o ala do Thunder. O problema é que os juízes não deram nada! Confira comigo no replay:

Até o Quin Snyder, técnico do Jazz, coloca as mãos na cabeça em desespero achando que foi falta! Eu só hesitei um pouco e quase mudei de opinião quando vi este ângulo aqui:

Dá pra argumentar que o Gobert conseguiu sair do corpo do George e que o ala do Thunder que forçou o contato. Ainda daria a falta, mas pareceu menos gritante.

Depois disso o Thunder se desesperou, demorou DEZ SEGUNDOS para conseguir fazer uma falta em um jogador do Jazz e Mitchell matou o jogo nos lances-livres. O erro da arbitragem no final foi decisivo, mas o Thunder não pode reclamar de falta de oportunidades. Tiveram a lesão de Rubio, o ataque fraco do Jazz, a 5ª falta de Mitchell e uns VINTE arremessos só no minuto final. Passou um ano, saiu Victor Oladipo e chegou Paul George, saiu Enes Kanter e chegou Carmelo Anthony e aqui está a gente de novo vendo Westbrook arremessar infinitas bolas e ser eliminado na primeira rodada enquanto o resto do time joga mal. Será que Paul George vai querer ficar mais um ano pra ver se tem solução?


Mudando de assunto um pouco: no intervalo da partida, um torcedor MANÉ foi falar merda para o Russell Westbrook, que não aceitou nem um pouco…

Ao fim da partida o clima não foi muito mais amistoso…

Os caras devem ter pensado que tavam no Twitter e que poderiam xingar famosos sem ouvir nada de volta. A situação fez Westbrook criticar a torcida do  Jazz, dizendo que está cansado de ouvir xingamentos “vulgares” e  pessoais, envolvendo seus filhos e família. Está longe de ser a primeira vez que a torcida do Jazz é acusada de ser a mais mal educada da liga…

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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