Resumo da Rodada 29/4 – LeBron James e a mexerica

Se eu tinha uma certeza nessa vida, era a de que LeBron James iria colocar o Cleveland Cavaliers nas costas e marcar um gazilhão de pontos no Jogo 7 da série contra o Indiana Pacers. Por mais fraco que seja a atual versão do seu time, ele não iria deixar ser eliminado na primeira rodada, em casa e para um time longe de ser favorito a coisas grandes. A dúvida era outra: os seus gazilhões de pontos vão ser o bastante? Ele vai ter alguma ajuda? Aos trancos e barrancos, descobrimos que sim. O Cavs sobreviveu com uma suada vitória de 105 a 101 e agora enfrentará o Toronto Raptors na segunda rodada.

A resposta para essas questões, porém, veio do jeito mais dramático possível. LeBron, que tinha planejado jogar todos os 48 minutos da partida, deixou o jogo no último minuto do 3º quarto e partiu para o vestiário. Logo reportou-se que ele estava sentindo câimbras, um problema recorrente em sua carreira, e que teria que passar uns minutos descansando o corpo. De repente víamos o Cavs vencendo por apenas DOIS PONTOS, no último quarto de um Jogo 7 e com LeBron no banco comendo MEXERICA!

Mas foi na hora do desespero que George Hill, que não jogava desde o Jogo 4 por dores nas costas e que nem tinha atuado no primeiro tempo deste Jogo 7, entrou em quadra e comandou o ataque do time. Nos 4:45 em que LeBron ficou fora do jogo, o Cavs bateu o Pacers por 11 a 4, usando Hill como armador principal e comandando pick-and-rolls com Kevin Love, que acordou de seu sono para 5 desses 11 pontos, incluindo uma bola de 3. Ele ainda iria fazer outra bola de 3 pontos –em outro passe de Hill– imediatamente depois de LeBron pisar depois em quadra. O armador ainda fez excelente defesa, evitou infiltrações e acabou o jogo com 11 pontos (NOVE em lances-livres). Parece pouco, mas era tudo o que o time precisava para sobreviver nos minutos mais críticos de toda a série. Quando LeBron voltou ao jogo, a diferença de dois pontos tinha subido para SETE!

E com LeBron em quadra, ele apenas finalizou o que já tinha acabado. A cada momento em que o Pacers parecia ameaçar, LeBron respondia com alguma cesta. Foram nada menos que QUARENTA E CINCO pontos marcados! Apenas CINCO vezes um jogador marcou ao menos 45 pontos em um Jogo 7, LeBron tem DUAS dessas marcas.

Mas embora a ajuda de Hill tenha sido num momento mais crítico, não foi o único a ajudar o rei. No primeiro tempo tivemos uma atuação fantástica de Tristan Thompson. Depois de quase não jogar durante toda a série, o técnico Tyronn Lue resolveu que o time TITULAR do Jogo 7 deveria ter apenas jogadores que já haviam passado por jogos tensos assim antes, e Thompson respondeu com 15 pontos e 10 rebotes, sendo que 10 pontos e TODOS esses rebotes só no primeiro tempo!

Na defesa ele fez ótimo trabalho na marcação dos pick-and-rolls. O Cavs estava dobrando a marcação sobre Victor Oladipo e trocando quando era outro jogador atacando, e Thompson é muito mais ágil para fazer tudo isso do que qualquer outro jogador do time, tirando LeBron. No ataque ele foi responsável por CINCO dos DOZE rebotes de ataque do time só na primeira etapa! Se o jogo quase foi resolvido no primeiro tempo, foi porque o Cavs dominou os rebotes de ataque e a batalha de turnovers. Nessa primeira etapa o Cavs desperdiçou apenas UMA vez a bola (no último minuto do 2º quarto) enquanto o Pacers jogou a bola fora OITO vezes. Não à toa a primeira etapa teve uma diferença gritante nos arremessos tentados: 48 a 31 para o Cavs! 

O Cavs poderia ter vencido por mais o primeiro tempo, mas a vantagem EVAPOROU quando Thompson, Kyle Korver e Kevin Love deram espaço para Rodney Hood, Larry Nance e Jordan Clarkson. A pirralhada segue sem grandes contribuições nos Playoffs, mesmo quando atua ao lado de LeBron.

E apesar de todas essas ajudas pontuais, interessante saber que essa é a primeira vez que LeBron vence uma série em que NENHUM de seus companheiros de time marcou 20 pontos em qualquer partida do duelo! E a segunda vez que isso sequer acontece, sendo a primeira a FINAL da NBA de 2007, contra o San Antonio Spurs.

O Pacers voltou para o jogo no segundo tempo e até chegou a liderar por poucos minutos, e a solução foi bem simples: PARAR DE FAZER BOBAGEM. O time já estava acertando 51% dos seus arremessos no primeiro tempo, bastava não cometer tantos turnovers nem ceder tantos rebotes de ataque. Foi o que eles fizeram, e contaram com um período inspirado de Victor Oladipo (onde fez 14 dos seus 30 pontos) para dar o susto que durou até o fim do terceiro quarto. Para evitar as dobras de marcação, decidiram simplesmente nem fazer corta-luzes para ele, deixaram ele PASSAR VOANDO pelos seus marcadores:

O Pacers vai embora feliz por ter se tornado um time respeitado após um ano onde todo mundo começou duvidando até se eles iriam sequer ameaçar brigar por Playoffs, mas também fica o gosto amargo de poder ter ido além. O placar foi apertado e eles tiveram inúmeras chances de vencer. Apesar de boa série, Bojan Bogdanovic decepcionou no Jogo 7 ao acertar só um dos NOVE arremessos que tentou; Myles Turner, que teve o melhor saldo de pontos do time, jogou apenas 25 minutos porque saiu com 6 faltas! Algumas posses de bola mais bem pensadas no final, algumas defesas mais inteligentes e menos faltas cometidas e eles poderiam ter arrancado essa vitória.

Poucos MINUTOS depois do jogo, orgulhoso mas frustrado, Victor Oladipo mandou uma mensagem para seu treinador pessoal perguntando “Quando a gente começa? Estou pronto para levar para outro nível”, como dedurado no Instagram do cara:

Férias talvez sejam um bom começo, Dipo! Ser obcecado por vitórias e por melhorar é louvável, mas passa por saber a importância do descanso. Veja LeBron, por exemplo. Na coletiva após o jogo, ao ser perguntado sobre o Toronto Raptors, disse que só vai pensar nisso depois. “Estou cansado, quero ir pra casa”:


O segundo jogo do domingo foi o primeiro do duelo entre Houston Rockets e Utah Jazz. Talvez o time de Donovan Mitchell tenha chance de fazer frente ao Rockets, mas não ontem. Nem eu, assistindo de casa, estava fisicamente recuperado daquela batalha tensa, épica e emocional de sexta-feira contra o OKC Thunder, imagina os jogadores! Sem contar que foram eles que correram, que tiveram que pegar um avião para Houston e que tiveram basicamente só um dia para enfiar na cabeça todo o novo plano defensivo para enfrentar um time completamente diferente… e melhor. Não deu outra, o Rockets já começou o jogo pulando na jugular e não deu chance, 110 a 96 com 41 pontos de James Harden:

O plano de marcar Harden não deu muito certo. Quando acontecia um pick-and-roll, Rudy Gobert recuava e tentava dar o arremesso de meia distância para o barba, como fez o Minnesota Timberwolves, mas ele respondeu melhor, atacando o corpo de Gobert ou fazendo floaters. Quando o ataque era no mano a mano, Harden ou fazia um chute na cara do defensor ou passava por ele brincando e então acionava Clint Capela, sempre muito bem posicionado atrás do pivô francês. O Rockets acertou 8 dos 9 arremessos próximos à cesta que fizeram com Gobert defendendo e, pela primeira vez nos Playoffs, o pivô não deu um toco sequer:

Nada de novo na verdade, né? É o que vimos o ano inteiro. O Jazz precisa se preparar melhor para o Jogo 2 e fazer pequenos ajustes, como ter alguém para pegar Capela e liberar Gobert para contestar Harden com mais força. Também precisam achar alguém que consiga fazer Harden pelo menos suar mais um pouco, o que provavelmente seria a função de Ricky Rubio se ele não estivesse machucado. Curiosamente, ontem a melhor defesa que o barba enfrentou foi de Dante Exum:

Defensivamente o Rockets também foi impecável. Com seu time mais baixo, utilizaram inúmeras trocas de marcação bem ensaiadas para não deixar ninguém do Jazz livre por um segundo que fosse. A intensa movimentação sem a bola e os passes do Jazz não surtiram muito efeito porque o Rockets conseguia cobrir os espaços sem precisa se mexer muito. Nos minutos sem Donovan Mitchell em quadra o time mal conseguia entrar no garrafão rival:

Com um time mais alto, a esperança do Jazz poderia ser dominar os rebotes de ataque para compensar os arremessos errados, mas nem isso aconteceu. Rudy Gobert pegou 4 rebotes de ataque, mas o time como um todo teve só 6. O Rockets conseguiu OITO. Nada, nada deu certo para o time visitante…

O Rockets é o melhor time do duelo e perder Ricky Rubio (TALVEZ volte em um dos jogos em Salt Lake City) tira do Jazz defesa sobre os melhores jogadores do adversário, mas espero mais ajustes e preparação (mental e tática) para o time de Quin Snyder no Jogo 2.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

Como funcionam as assinaturas do Bola Presa?

Como são os planos?

São dois tipos de planos MENSAIS para você assinar o Bola Presa:

R$ 14

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

R$ 20

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Como funciona o pagamento?

As assinaturas são feitas no Sparkle, da Hotmart, e todo o conteúdo fica disponível imediatamente lá mesmo na plataforma.