Resumo da Rodada 3/5 – LeBron’s plan

Depois de dois anos de muita esperança e de eliminações arrasadoras pelas mãos de LeBron James, o Toronto Raptors decidiu que era hora de refazer todo seu sistema ofensivo do zero. Jogadas novas, uma nova filosofia, mais passes, mais velocidade, menos individualismo, mais bolas de 3 pontos, jogo coletivo. O time canadense então fez a melhor temporada regular da sua história, acabou o ano em primeiro lugar e recebeu um capenga Cleveland Cavaliers na segunda rodada  dos Playoffs. Era a hora da revanche! Era, mas não foi.

Em uma noite que deveria ser de redenção, o Raptors voltou a ser derrotado EM CASA para o Cavs, dessa vez por 128 a 110 e está com 0-2 na série, indo agora para dois jogos em Cleveland. O silêncio do ginásio canadense era um misto de choque, tristeza e arrependimento de ter colocado tanta esperança para ver o mesmo resultado.

No primeiro jogo da série, o Raptors dominou boa parte da partida até simplesmente PARAR DE ACERTAR arremessos no último período e na prorrogação. O susto, porém, parecia não ter afetado a cabeça do time, que veio para o Jogo 2 concentrado e acertando, com paciência, tudo o que podiam ao longo do primeiro tempo. Tiveram infiltrações de DeMar DeRozan, bolas de 3 de Fred VanVleet e novamente boa participação de Jonas Valanciunas, sempre tomando a melhor decisão quando recebia a bola no garrafão após uma dobra de marcação sobre um armador. Com excelente aproveitamento, o Raptors marcou ótimos 60 pontos no primeiro tempo.

A diferença no placar só não foi gigantesca porque a defesa canadense, Top 5 da NBA na temporada regular, não conseguiu achar uma resposta para… Kevin Love?! Pois é, ele renasceu das cinzas e foi IMPECÁVEL marcando 18 dos seus 31 pontos na primeira etapa. Basicamente todas as jogadas do time foram pra ele:

Com bons corta-luzes ele forçou trocas de marcação e soube pontuar ou cavar faltas quando era defendido por DeMar DeRozan ou Kyle Lowry. Quando marcado por Valanciunas, puxou o lituano para o perímetro e depois usou sua maior agilidade para ficar livre sob a cesta, os inúmeros corta-luzes duplos entre ele e Kyle Korver PIRARAM a defesa adversária.

Com o placar apertado e boas atuações dos dois lados, esperávamos então para mais um duelo decidido nos minutos finais, mas LeBron James não quis assim. O plano do Toronto Raptors na partida era bem simples: obrigar LeBron a fazer TUDO no ataque! Não dobrar a marcação sobre ele longe da cesta, impedir suas infiltrações e contestar os arremessos. Se ele vivesse longe do garrafão e não achasse passes para bolas de 3, a estratégia seria um sucesso. Mas o que fazer quando acontece tudo de acordo com o seu plano e ele se torna contra você? Porque é o seguinte, sabe todas as vezes que a gente pensou “se o LeBron tivesse um arremesso melhor, seria indefensável”? Aconteceu:

São arremessos que Dirk Nowitzki diria que são difíceis. São bolas contestadas, longas, forçadas, com giros para longe da cesta, mas todas foram PERFEITAS. O sonho de todo time que enfrenta LeBron é ver ele tentando essas coisas impossíveis ao invés dele viver no garrafão fazendo bandeja atrás de bandeja atrás de enterrada. Quando ele acerta esses chutes, o que resta ao rival além de sentar e chorar? Valanciunas resumiu tudo com sua reação no banco:

De uma hora para outra o jogo simplesmente ACABOU. A genialidade de LeBron James frustrou tanto o Toronto Raptors que nem no ataque eles conseguiram manter o nível do primeiro tempo, o time murchou, ficou lento, com poucos passes e nem os reservas conseguiram salvar a pátria dessa vez. Depois de um jogo decidido por centímetros e outro abocanhado por um DEUS, fica parecendo que o Raptors nem fez tanta coisa errada e mesmo assim já está praticamente eliminado.

Se você não ficou com dó, ou não tem coração ou é o LeBron James.


Na outra semi-final do Leste também temos um 2 a 0, mas dessa vez com o time da casa vencendo as duas partidas. O Celtics superou o Philadelphia 76ers por 108 a 103 e segue invicto em Boston nos Playoffs. Destaque novamente para o BIG 3 verde: Kyrie Rozier fez 20 pontos, Gordon Tatum marcou 21 e Al Horford fez 13 pontos, pegou 12 rebotes e deu 5 assistências. Ah, e Jaylen Brown voltou ao time. É como se eles não tivessem nenhum desfalque.

Mas a partida não foi fácil para o time da casa, especialmente no primeiro tempo. O Kevin Pelton, comentarista da ESPN gringa, analisou dados do Jogo 1 para dizer que, estatisticamente, o Sixers tinha tentado melhores arremessos que o Celtics. Um “melhor arremesso” é aquele com mais expectativa que vire pontos dado o histórico de cada time arremessando naquela posição e situação ao longo do ano. Por essa análise, o Sixers eventualmente iria acertar esses arremessos e parecer mais perigoso do que foi na estreia da série.

A teoria parecia correta quando JJ Redick e Robert Covington começaram o jogo pegando fogo, acertando diversos arremessos de longa distância e achando espaço na defesa rival. Mesmo com Ben Simmons ainda discreto, o Sixers não demorou para abrir DEZENOVE pontos de vantagem na metade do segundo quarto! Mas já que é pra falar de números, estamos falando do time que mais desperdiçou grandes lideranças na temporada contra o que mais venceu de virada. A resposta não só era quase inevitável como veio rápida: bastaram alguns ajustes na defesa, um par de cestas de Greg Monroe (pois é!), uns contra-ataques e de repente o Celtics estava de volta na briga antes mesmo do intervalo!

No segundo tempo o jogo foi disputado até o final, mas não do jeito que a gente esperava. Quando o Celtics parecia que ia disparar, o Sixers se recuperou com Ben Simmons no banco e uma PARTIDAÇA de ninguém menos que TJ McConnell! Em uma decisão difícil, o técnico Brett Brown resolveu colocar Simmons de volta nos minutos finais e a diferença no placar voltou para o lado verde…

Mais surpreendente do que o reserva jogar bem foi ver o titular fazer o PIOR jogo na vida. Ben Simmons acabou a partida com apenas UM PONTO e 5 desperdícios de bola! Não conseguiu fazer nada e até errou bandeja embaixo da cesta no fim do jogo, para fechar com chave de bosta. Em entrevista após a partida, o novato disse que o problema é que ele estava “pensando demais”.

A chave para anular Simmons foi impedir os seus contra-ataques. Ao invés de apostar na marcação pressão, como fez o Miami Heat na série anterior, o Celtics tem usado uma estratégia coletiva para congestionar a entrada do garrafão toda vez que Simmons traz a bola. O vídeo abaixo do pickandpop.net mostra como o Celtics fez isso no Jogo 1, usando Aaron Baynes e às vezes um segundo ala para formar um PAREDÃO e evitar que Simmons invada o garrafão. Como Joel Embiid está ainda chegando ao ataque, Baynes pode se dar ao luxo de fazer esse papel de porteiro:

Some uma boa defesa a um novato IRRITADO por não conseguir o que quer e temos essa atuação BISONHA do provável vencedor do prêmio de Novato do Ano. Cruel que aconteça justamente quando outro novato, Jayson Tatum, esteja brilhando do outro lado da quadra. Olha a dificuldade dele em partir para a cesta:

Mas além da defesa sobre o Simmons, o segredo para o sucesso do Celtics na virada de ontem esteve nos contra-ataques. Foram muitas cestas fáceis ou mismatches forçados só por pegar rebotes e partir para cima com uma facilidade até estranha para o nível das equipes. Vejam nesse lance como o Sixers tem um jogador arremessando na zona morta (JJ Redick) e TRÊS brigando pelo rebote ofensivo sob a cesta (Simmons, Saric e Embiid), nenhum em posição de se recuperar de um eventual erro e evitar o contra-ataque. PÉSSIMO posicionamento. Sobrou só o pobre Covington, que nada pode fazer para evitar a jogada mais legal da noite:

Outra arma de sucesso do Celtics foi o pick-and-pop com Al Horford. O pivô recebe a bola longe da cesta e força Embiid a sair de sua zona de conforto, aí é só arremessar ou tirar proveito da lentidão do camaronês para bater pra dentro e fazer a bandeja ou achar algum arremessador na zona morta:

E Embiid só morde a isca por lembrar de como foi no Jogo 1. É um cobertor curto:

A série não acabou, mas traz diversas questões importantes: o Sixers vai conseguir dar espaço para seus arremessadores? Ben Simmons vai conseguir finalmente entrar nessa série? Embiid vai conseguir parar Horford longe do garrafão? E, mais importante: o Celtics vai finalmente repetir o seu melhor basquete também fora de casa? Para os tarados por tática, vale cada minuto.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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