Resumo da Rodada 3/6 – O jogo do recorde

Dessa vez não tivemos LeBron James marcando mais de 50 pontos, não vimos um erro colossal custar um jogo nem uma briga para esquentar os segundos finais. Mas se o Jogo 2 foi menos histórico, não foi sem história: Steph Curry acertou 9 bolas de 3 pontos –o máximo por um jogador na história das finais– e comandou a vitória do Golden State Warriors por 122 a 103, que abre 2 a 0 na Final. O Cleveland Cavaliers até voltou a jogar bem, mas não chegou nem perto de ter as mesmas chances de ouro da primeira partida.

O jogo começou com uma mudança no quinteto titular do Warriors. Não foi a volta de Andre Iguodala, que segue machucado, nem a ausência de Klay Thompson, que disse ter sentido muitas dores na perna após o CARRINHO que sofreu no Jogo 1, mas que se recuperou a tempo de jogar de novo. A surpresa foi JaVale McGee no lugar de Kevon Looney! Foi curioso porque mesmo que nosso amado gigante desengonçado tenha atuado bem no Jogo 1, foi por poucos minutos, enquanto Looney não foi mal no seu trabalho sujo. Não demorou muito, porém, para a mudança render. Essa foi a primeira posse de bola do jogo:

O Golden State Warriors queria fugir um pouco das trocas de marcação e das dobras usadas para atrapalhar Steph Curry e, para fugir disso, voltaram a apelar para o slip screen, assim como fizeram na série contra o Houston Rockets. Dá pra ver como McGee finge que vai fazer o corta-luz para Curry, mas já corta em direção à cesta antes mesmo de realmente fazer contato com o corpo do rival. Kevin Love faz a troca para marcar Curry, mas JR Smith nem percebe quando McGee já passou por ele e está enterrando a bola. Obrigue o Cavs a marcar algo diferente e geralmente eles acabam cedendo. Ainda no primeiro tempo o mesmo lance ainda aconteceu com Shaun Livingston

A dupla McGee/Livingston, aliás, não errou um arremesso sequer na partida: 11 acertos em 11 tentativas. Seus 22 pontos combinados equivalem aos pontos somados de JR Smith, Kyle Korver, Jeff Green e basicamente todo o elenco do Cavs tirando o trio LeBron James, Kevin Love e George Hill. Com a diferença que eles precisaram dar DEZOITO arremessos a mais, claro:

As coisas estavam tão fáceis que o Warriors acertou 10 dos primeiros 11 arremessos que tentou no jogo e foi estranho perceber que não estavam já vencendo por uma vantagem gigante. É que mesmo sem um aproveitamento tão bom ou com cestas tão fáceis, o Cavs também estava marcando seus pontos. Diferente do Jogo 1, porém, não estávamos vendo um show de LeBron James atacando mismatches no mano-a-mano ininterruptamente. Sempre que LeBron ia atacar a cesta, o Warriors partia para a marcação dupla. A ideia era tirar a bola da mão dele e forçar o resto do elenco a mostrar que são capazes de fazer alguma coisa. Às vezes a estratégia defensiva deu certo e vimos o Cavs tentar arremessos que na verdade eles nem queriam:

Mas o time também teve seus bons momentos. Não só tiveram boas assistências de LeBron James como bons passes trocados depois do passe inicial do ala:

A história do jogo foi essa até a metade do terceiro período. De um lado o Warriors fazia cestas como quem brincava no parque, do outro o Cavs suava mais e ficava desconfortável por ver a bola longe das mãos de LeBron, mas ao mesmo tempo não deixava o placar ficar muito elástico. As boas atuações de George Hill (15 pontos) e especialmente Kevin Love (22 pontos) mantinham o Cavs perto. E ainda contavam de novo com a ajuda dos rebotes ofensivos: foram DEZESSEIS para o Cavs, três a menos que no Jogo 1, mas ainda um número ridículo de alto.

Foi no miolo do terceiro período, geralmente tão dominado pelo Warriors ao longo da temporada, que o Cavs teve a sua chance de virar o placar. O time voltou mais bem preparado para lidar com as dobras sobre LeBron e trocou passes com velocidade. Em diversas ocasiões a bola sobrou para Kevin Love, que fez 13 pontos e acertou as suas 3 bolas de longa distância no jogo neste período. Na defesa os erros diminuíram também, Steph Curry marcou apenas UM PONTO no quarto onde ele geralmente ACABA COM O JOGO e não à toa foi também quando vimos o Warriors jogar mais individualmente e menos naquele ritmo absurdo de passes e velocidade. O placar não mudou só porque o Warriors arrancou pontos DO JEITO QUE DAVA quando mais precisou.

Por exemplo, em determinado momento Kevin Love fez uma bola de 3 pontos e cortou a vantagem para apenas SETE pontos. Então Kevin Durant foi lá e respondeu com outro arremesso de 3 pontos na FUÇA do George Hill. O armador fez a troca, grudou no ala do Warriors, fez a defesa correta e planejada. Ele só não conseguiu CRESCER 20 centímetros…

O Cavs então batalha de novo: faz algumas cestas, sofre outras, acerta bolas de longe, consegue forçar erros e quando finalmente embala uma boa sequência defensiva e a diferença cai para 6 pontos…

Era justamente esse tipo de erro que NÃO estava acontecendo até então. LeBron James fica na cobertura da infiltração de Curry e atrás dele ficam dois jogadores marcando três, mas ninguém se conversa. Bell sobra livre sob a cesta e ENTERRA.

O Cavs não desiste e não para de fazer cestas sobre o Warriors: lances-livres para Love, outra bola de 3 para Love, enterrada de Tristan Thompson. Diferença agora cai para CINCO pontos! O Warriors vai para o ataque e, a exemplo do que aconteceu em diversos momentos da série contra o Houston Rockets, os passes não funcionam e eles morrem com a bola na mão precisando de uma jogada individual. Pior, a bola está na mão de Klay Thompson, o menos habilidoso dos All-Stars na hora de botar a bola no chão, driblar e criar algo do nada. Mas ontem não era dia do Cavs… foram os 4 mais importantes pontos dos 20 que Klay marcou:

A diferença chegou a cair para cinco mais uma vez? Sim, alguns minutos depois. E dou um biscoito para quem adivinhar o que aconteceu…

E não sei se você repararam bem, mas essa bola de 3 pontos do Klay Thompson foi basicamente um contra-ataque criado a partir de uma cesta SOFRIDA pelo Warriors. LeBron James fez a bandeja e Draymond Green logo pega a bola e já CORRE o mais rápido que pode para pegar a defesa do Cavs desmontada. Deu certo demais, só ver como Kevin Love e JR Smith pareciam galinhas sem cabeça.

Mas se vocês lembram lá do primeiro parágrafo, esse foi o jogo em que nosso querido Steph Curry fez nada menos do que NOVE bolas de 3 pontos, recorde da história das Finais da NBA, superando as 8 de Ray Allen em 2010. Depois de um péssimo terceiro período, ele entrou no último quarto com 17 pontos e “apenas” quatro bolas de longa distância. Acabou a partida com TRINTA E TRÊS pontos e o recorde. As derrotas do Cavs estão sendo tão doloridas nessa série que eles conseguiram sentir o gostinho da liderança no segundo tempo só para primeiro serem frustrados por arremessos difíceis do Warriors e logo depois serem chutados pra fora da quadra pelo espetáculo mais devastador da NBA atual: o Steph Curry Encapetado.

Não acontece sempre, mas com frequência o bastante para já dar traumas a Houston Rockets e Cleveland Cavaliers nos jogos mais decisivos do ano. Quando Curry está inspirado nas bolas de 3 pontos parece que não há o que fazer. É preciso marcá-lo muito de perto, fisicamente e frustrá-lo o jogo todo, porque quando a confiança dele vai lá pra cima aí vira video-game: a bola está programada para cair e vai entrar não importa o que você faça. De todos os nove acertos, nenhuma representa mais isso do que esse arremesso abaixo em cima do Kevin Love: a defesa foi boa, Curry perdeu o controle da bola e mesmo assim tudo deu certo. O jogo disputado acabou num piscar de olhos. O barulho da torcida e os pescoços despencando no banco do Cavs contam melhor do que eu:

E se você quer ver as nove bolas do recorde, faça um favor a você mesmo e assista com a narração em ESPANHOL, ganha muito mais emoção:

Ao fim do jogo eu não sabia se ficava otimista ou pessimista em relação ao Cavs. Por um lado eles conseguiram duas boas partidas ofensivas apesar de abordagens bem diferentes do Warriors: no Jogo 1 obrigaram LeBron a fazer tudo sozinho e ele quase fez; no Jogo 2 o forçaram a passar a bola e durante boa parte do jogo eles foram corretos o bastante para criar bons arremessos e ficar perto no placar. Se, como na série anterior, JR Smith, Kyle Korver e Jeff Green acertarem a pontaria com a mudança de cidade, tudo ficará bem. Por outro lado, o Warriors não parece nem um pouco incomodado. Até nas posses de bola mais complicadas, sem seu quinteto ideal em quadra, eles tiveram paciência para achar o melhor arremesso:

E mesmo quando não conseguiram e tiveram que apelar para as jogadas individuais, deu certo e ninguém do outro lado parece ter resposta para Steph Curry ou Kevin Durant, que fez a partida de 26 pontos, 9 rebotes e 7 assistências mais discreta e sem esforço aparente dos últimos tempos. Será que em Cleveland as coisas ficam mais complicadas? Será que JR Smith consegue uma partida cheia de bolas de 3 pontos para compensar o erro do Jogo 1? E, pergunta mais importante: o Cavs conseguiu deixar o Jogo 1 para trás?! Pode ser só eu jogando as minhas ideias na tela em branco dos outros, mas eu tive a impressão de que o elenco passou o Jogo 2 pensando NAQUELE lance-livre.

Aliás, vocês viram o vídeo SEM CORTES que saiu ontem da reação do Cavs pós-cagada de JR Smith? É PURO LUTO e raiva. Condiz com o depoimento do Brian Windhorst, da ESPN, de que nunca havia visto o vestiário do Cavs tão ARRASADO. Na ocasião ninguém se fala e a única reação de LeBron James é lá no fim do vídeo, quando ele basicamente sofre um infarto ao descobrir que eles ainda tinham um tempo para pedir. Não surpreende que tenham começado tão mal a prorrogação:

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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